"Médiuns curadores: os
que têm o poder de curar ou de aliviar o doente, tão
só pela imposição das mãos, ou pela prece."
(1)
Em uma série de posts, realizaremos
aqui um pequeno estudo sobre a faculdade e os fenômenos de
cura.
Fora do aspecto das curas obtidas
pela medicina convencional, esse é, certamente, um importante
fenômeno que tem sua gênese na vontade ou em certas
propriedades desconhecidas que podem ser produzidas por seres humanos
no sentido de prodigalizar o que, de outra forma, somente pode ser
compreendido como uma coincidência (2).
Há muito ainda a ser descoberto sobre como se processa esse
tipo cura, o que é suficiente para justificar a importância
do estudo. Algumas questões que são de nosso interesse
na série são:
- Por que adoecemos ?
- Como podemos entender o processo de cura?
- O que o Espiritismo tem a dizer sobre as enfermidades?
- Existem curas espirituais?
- Onde estão realmente determinadas as
causas últimas das enfermidades?
- Médiuns curadores: quem são eles?
Introdução
Para quem está doente, pouco importa a explicação
que se vincule ao fenômeno, uma vez que seu objetivo é
alcançar o estado de saúde plena ou um estado considerado
satisfatório. Porém, é importante o estudo
das curas realizadas por meio dos Espíritos ou de outras
faculdades inerentes ao ser humano, porque podem funcionar como
auxílio a tratamentos já existentes, se não
constituem tratamentos per se. O mecanismo pelo qual tais
curas são operadas ainda está envolvido em mistério,
principalmente no caso de doenças consideradas complexas.
A medicina chamada 'convencional' dispõe de inúmeras
ferramentas, técnicas e teóricas para reconstituir
a um doente o seu estado de saúde. Nada há a ser contestado
aqui. Porém, é amplamente reconhecido pelos médicos
que o organismo dispõe de mecanismos automáticos para
o restabelecimento do equilíbrio. É aceito que o tempo
e processos bioquímicos ministrados durante um tratamento
- que se baseiam em teorias geradas por pesquisa em ambientes controlados,
sistemas simplificados (3) e estatística
de grandes amostras (4) - são
os mais importantes recursos usados pela medicina moderna em direção
a obtenção da cura.
Mas, o organismo humano é um sistema muito complexo. Sendo
formado por um número incrivelmente grande de células
(5), que são as unidades da vida, é absolutamente
impossível descrever o corpo e as interações
que ocorrem em seu interior por meio de teorias puramente mecânicas
envolvendo relações entre essas unidades. Tamanho
grau de complexidade implica que são inúmeras as causas
que concorrem para alterar o estado de saúde do organismo.
Certamente, há doenças muito simples, onde um conjunto
restrito de causas pode ser facilmente identificado, mas há
casos complexos onde, certamente, inúmeras causas concorrem.
Quando essas causas são conhecidas, há chance de se
obter tratamentos eficientes. Isso ocorre quando conhecemos completamente
as circunstâncias físicas que geram o desequilíbrio
e o próprio estado do organismo, a ponto de prever com antecedência
os resultados. Mas, quando as causas são desconhecidas, as
portas estão abertas para o fracasso dos tratamentos e, principalmente,
para o martírio dos doentes...
O papel da natureza espiritual
do ser humano na gênese das enfermidades.
Sendo o ser humano um sistema de natureza dual,
formado pelos princípios material e espiritual, é
obrigatório considerar o Espírito como uma das causas
relacionadas à ocorrência das enfermidades. Portanto,
ao não se considerar o Espírito e sua relação
com a natureza material em uma contexto mais amplo na gênese
das doenças, a medicina moderna está naturalmente
limitada, rejeitando muitas das curas espontâneas como meros
efeitos do acaso. Quando muito, médicos frequentemente consideram
o efeito da 'mente' como uma espécie de 'ressonância'
ou 'feedback' interno do corpo. É importante ressaltar
o caráter independente da chamada 'mente' e de como ela pode
alterar o estado de saúde.
Fig. 1 - Concepção
materialista do corpo, onde a mente é um subproduto de
arranjos internos desse corpo. As enfermidades são oriundas
de influências externas e predisposições
internas ao organismo (incluindo a própria mente).
Porém, isso não é tudo. Há um segundo
corpo associado ao Espírito que recebe, na denominação
espírita, o nome de perispírito (6).
Esse segundo corpo é formado por matéria não
visível (ou seja, pertence ele à natureza material),
mas que interage de alguma forma com o corpo visível. E é
justamente esse segundo corpo que irá representar o terceiro
elemento associado a causas não conhecidas para o aparecimento
de doenças ou a novos mecanismos para a cura. Tudo o que
aqui descrevemos é uma consequência do conhecimento
espírita e, portanto, poderá ser usado como base para
o estabelecimento de novos tipos de tratamento no futuro, ao mesmo
tempo que permite compreender fenômenos de curas inexplicáveis
para o conhecimento presente.
Nossa discussão está representada de forma esquemática
pelas Fig. 1 e 2. Na Fig. 1, a visão presente do conhecimento
não espírita está representada, onde é
possível identificar diversas causas externas e internas
ao corpo como causando o desequilíbrio da saúde. Dentro
de uma concepção que não admita a existência
de nada além do corpo, doenças são desequilíbrios
no estado de saúde gerados por influências externas
ao organismo e predisposições internas (ou interação
entre esses dois fatores), incluindo a própria mente que
é, em última instância, uma função
ou subproduto do organismo. Na visão materialista, a consciência
seria uma função do cérebro, da mesma forma
que a digestão é função do aparelho
digestivo. Com base nessa limitação de objetos, os
precedimentos médicos procuram desenvolver tratamentos que
corrijam as supostas causas associadas aos sintomas.
Na Fig. 2 adicionamos os outros elementos que também concorrem
para esse desequilíbrio segundo a visão espírita,
ressaltando que ele permite expandir nossa compreensão sobre
a origem, gênese e desenvolvimento das doenças. Nessa
nova visão, não existem apenas influências que
atuam sobre o corpo ou predisposições internas do
corpo que potencializam enfermidades.
Fig. 2 Concepção espírita
do ser humano. Influências externas atingem todo os diferentes
elementos que constituem o ser e se propagam nele, atingindo o corpo
onde tornam-se manifestas publicamente.
Existem igualmente influências externas que atuam sobre
o perispírito, assim como predisposições
internas do perispírito que engendram potenciais doenças.
Da mesma forma, influências externas atuam sobre o espírito
que, além disso, possui predisposições
internas que podem resultar em doenças. Destacamos:
Como há uma comunicação
entre os três elementos, o corpo físico, sendo
a parte 'visível', acaba sendo também o repositório
onde enfermidades serão observadas "publicamente".
Assim, por exemplo, o comportamento
do doente revelará o estado de seu espírito e poderá
influenciar a doença. Seu comportamento se manifesta pela
maneira como ele se comporta, como se expressa, pelo que diz etc.
Mas, quando se fala em 'influências externas', no caso do
perispírito e espírito, quais são elas? Isso
é o que iremos discutir futuramente, porque, da mesma forma
que a medicina precisa de conhecimentos e ciências auxiliares
para conhecer os mecanismos pelos quais operam as influências
externas sobre o corpo (7), com o objetivo
de isolar tais causas materiais, uma nova ciência
terá que ser criada para descrever e explicar como outros
tipos de influência externa podem se impor sobre a parte não
visível do ser humano.
De nosso raciocínio acima, também podemos prever que,
pela atuação correta em cada um dos três elementos
(via elementos curadores), corpo, perispírito e espírito,
será possível eliminar as causas e, portanto, conseguir
a cura para variedades de doenças que escapam a tratamentos
exclusivamente "físicos". Portanto, ao longo de
uma série de posts, detalharemos a relação
simbiótica que existem entre os três elementos, indicando
na literatura espírita onde essa nova visão do ser
humano está erigida.