Fig. 1 - Elementos constitutivos
do ser humano em uma visão representativa por blocos.
No post
anterior, iniciamos um estudo sobre a faculdade de cura e precisamos
avançar na explicação de alguns conceito apenas
citados brevemente lá. Aqui, desenvolvemos um pouco mais
essas ideias, fazendo uso do conhecimento legado por A. Kardec em
diversas obras da codificação. Isso é importante
porque, como dissemos, o desequilíbrio que se manifesta como
doença não tem sua origem apenas no corpo físico.
Precisamos de uma visão integrada do ser humano. Também
não é possível simplesmente descrever essas
doenças como origem apenas no Espírito. Há
outro elementos que concorre para a gênese de desequilíbrios
e que deve ser considerado. O ser humano ou Espírito encarnado
é um todo complexo, sujeito a influências de inúmeros
fatores, tanto físicos quanto espirituais.
Elementos constitutivos do ser humano.
O diagrama da Fig, 1 ilustra os
elementos principais que formam o ser humano (e, talvez, muitos
animais) de acordo com a visão espírita. Cada elemento
está identificado na figura. Ao invés de propor a
existência de uma multiplicidade de 'corpos' para a contraparte
não física do ser humano, o Espiritismo representa
a parte 'extrafísica' mais próxima do corpo material
por meio do perispírito (1),
conforme pode-se ler na questão #93 de 'O Livro dos Espíritos':
93. O Espírito, propriamente
dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está
sempre envolto numa substância qualquer?
Envolve-o uma substância, vaporosa para ti, mas ainda
bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto,
para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.
Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma;
do mesmo modo, um envoltório que, por comparação,
se pode chamar perispírito, envolve o Espírito
propriamente dito.
Ressaltamos que é difícil
contestar a existência desse veículo de comunicação,
desde que se admita o dualismo e a necessidade de haver uma conexão
entre o corpo físico e o Espírito. Ou seja, o
perispírito segue como corolário da noção
dual do ser humano.
O diagrama é uma representação unidimensional
da relação entre cada um dos elementos e a interação
entre eles é mostrada por meio das regiões de interseção.
O que são tais zonas? Elas representam os laços
que unem um elemento a outro. A natureza ainda 'material' do
perispírito é mostrada na mesma cor do corpo físico,
que está mais 'translúcido'. Existe, portanto, uma
interface entre o corpo físico e o perispírito. Essa
interface é responsável pela comunicação
entre o centro superior (o Espírito) e o corpo.
Da mesma forma como se pode falar numa interface entre o corpo físico
e o perispírito, é também previsível
a existência de outra interface, desta vez entre o perispírito
e o Espírito propriamente dito. A natureza e propriedade
dessa ligação está envolvida em profundo mistério.
Se ela se dá na forma de outros corpos ainda mais sutis que
o perispírito, ou é de natureza totalmente diferente,
não nos é possível afirmar.
O que é a desencarnação?
Existe uma assimetria na maneira como cada elemento determina sua
ação sobre cada um dos outros. A morte é provocada
pela cesssação, no corpo físico, dos processos
vitais (2). Isso causa o abandono ou
desligamento das outras partes. Isso está representado esquematicamente
na Fig.3. Em dois momentos: 1) quando o laço se estreita
entre o perispírito e o corpo, porque esse não mais
suporta os princípios vitais necessários para manutenção
de seu metabolismo e 2) quando a ligação se rompe
e, finalmente, o Espírito desencarnado segue sem sua contraparte
material. Nas palavras de A. Kardec (3):
Então, o perispírito
se desprende, molécula a molécula, conforme se
unira, e ao Espírito é restituída a liberdade.
Assim, não é a partida do Espírito que
causa a morte do corpo; esta é que determina a partida
do Espírito.
Fig. 3 Esquema representativo do processo de
desencarnação. Em 1) está representado o rompimento
dos laços que unem o corpo ao perispírito. Em 2) o
rompimento foi efetivo, mas o ser continua a existir como um Espírito
desencarnado.
Como um Espírito desencarnado, o 'ser' continua sua existência
e interage com o seu ambiente. A estrutura de seu perispírito
tem a densidade do meio apropriado e conforme o seu grau de adiantamento.
Como um Espírito desencarnado, o 'ser' continua sua existência
e interage com o seu ambiente. A estrutura de seu perispírito
tem a densidade do meio apropriado e conforme o seu grau de adiantamento.
Um diagrama esquemático do 'Espírito desencarnado'
pode ser visto na Fig.4. É importante entender que é
o espírito (princípio inteligente) a sede da personalidade
verdadeira e integral do ser. Nele estão contidas todas as
paixões, memórias, inteligência do indivíduo
e sua essência. Determinada classe de espíritos trazem,
de seu passado, complexos, angústias e outros problemas psicológicos
que permanecem gravados em seus espíritos, mas que têm
impacto direto na formação e estrutura do perispírito.
Isso está representado na Fig. 4 pela seta que vai do espírito
para o perispírito na interface entre esses dois princípios.
Da mesma forma, o meio ambiente, onde está o perispírito,
exerce sobre ele uma influência (que está representada
pelas setas externas). O perispírito possui cor, forma, estrutura
e dimensão sendo a contraparte perceptível do espírito,
que é usada pelo ser para interagir com seu ambiente e com
outros espíritos. De importância considerável
é a descrição que A. Kardec faz das propriedades
do perispírito, bem como de seu caráter mutável,
conforme o grau de adiantamento do espírito (4):
Os Espíritos chamados
a viver naquele meio tiram dele seus perispíritos; porém,
conforme seja mais ou menos depurado o Espírito,
seu perispírito se formará das partes mais puras
ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele
encarna. O Espírito produz aí, sempre por
comparação e não por assimilação,
o efeito de um reativo químico que atrai a si as moléculas
que a sua natureza pode assimilar.
Resulta disso este fato capital: a constituição
íntima do perispírito não é idêntica
em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que
povoam a Terra ou o espaço que a circunda. O mesmo
já não se dá com o corpo carnal, que, como
foi demonstrado, se forma dos mesmos elementos, qualquer que
seja a superioridade ou a inferioridade do Espírito.
Por isso, em todos, são os mesmos os efeitos que o corpo
produz, semelhantes as necessidades, ao passo que diferem em
tudo o que respeita ao perispírito.
Também resulta que: o envoltório perispirítico
de um Espírito se modifica com o progresso moral que
este realiza em cada encarnação, embora ele encarne
no mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnando
excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm
perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas
desse mundo.

Fig. 4 Um Espírito encarnado, conforme
nossa convenção de diagramas.
A diferença de formação
e influência do espírito sobre o corpo espiritual é
fundamental para se compreender a origem e dinâmica de determinadas
doenças que transcendem a determinações do
corpo material.
As interfaces entre o corpo e o espírito.
De fundamental importância
para compreender o processo de adoecimento e a proposta de terapias
para várias doenças complexas de difícil tratamento,
será o desenvolvimento do conhecimento (uma ciência
própria) para as interfaces entre o corpo físico e
o perispírito, e deste com o Espírito.
Pode-se compreender, pela análise desses diagramas, que doenças
também podem ocorrer com o Espírito desencarnado.
De fato, a assimetria que citamos na causa da desencarnação
(como resultante da falência do corpo) está refletida
na assimetria da influência maior das causas espirituais em
muitas das doenças. As enfermidades mais graves que atingem
a existência física no corpo procedem todas de desajustes
que ocorrem a partir dos centros superiores. Por isso, é
possível falar em 'lesões do corpo espiritual' da
mesma forma como falamos em 'lesões do corpo físico'.
No segundo caso, essas lesões são provocadas por desajustes
internos do corpo ou pela influência de fatores materiais
externos. No primeiro, desajustes equivalentes (que partem do espírito)
ocorrem e podem ser magnificados também por fatores externos
que atuam sobre o perispírito. Como esse 'habita' na atmosfera
em que melhor está 'sintonizado', é natural que sofra
as influências desse meio.
Dada a ligação que existe entre os três corpos
no estado de encarnado, pode-se falar também que a influência
do espírito se estenda até o corpo físico,
por meio de mecanismos ainda a serem desvendados envolvendo a influência,
no corpo, do perispírito, no momento da formação
do corpo físico. Assim, embora o corpo material seja formado
por elementos do mundo material, sua estrutura pode modificada,
até certo ponto, por impositivos que descem dos centros superiores.
Justamente pela ligação que existe entre esses diferentes
princípios que formam o ser é que novos processos
terapêuticos para certos desequilíbrios podem ser divisados
quando se considera a gênese das doenças não
apenas no corpo físico, mas também como oriundas das
profundezas do espírito e se seu veículo de expressão,
o perispírito.
A enfermidade, como desarmonia
espiritual (...) sobrevive no perispírito. As moléstias
conhecidas no mundo e outras que ainda escapam ao diagnóstico
humano, por muito tempo persistirão nas esferas torturadas
da alma, conduzindo-nos ao reajuste. (A.
Luiz, 1)