"Ao lado desses céticos
endurecidos, há aqueles que querem ver a sua maneira; que
tendo formado uma opinião, querem com ela tudo relacionar:
eles não compreendem que os fenômenos não possam
obedecer a sua vontade; eles não sabem, ou não querem,
se colocar nas condições necessárias."
A. Kardec, "O que é Espiritismo,
2o Diálogo, "O Cético"
É instrutivo comparar o ceticismo que
existe contra determinados fenômenos de efeitos psíquicos
(que passam por todas as classes de eventos mediúnicos -
efeitos físicos etc) com o ceticismo em relação
ao pouso lunar, que ocorreu pela primeira vez a 20 de julho 1969
e que se tornou um dos triunfos do projeto Apolo.
Em primeiro lugar, cumpre observar que várias características
do pouso lunar (consequência do programa espacial americano
da época) alimentam o ceticismo contra a sua ocorrência:
- Trata-se de um evento extremamente raro: em toda a história
da Humanidade (que podemos datar como início a cerca de
10 ou 20 mil anos atrás) ele aconteceu algumas vezes;
- 'Pousar na lua' não pode ser facilmente reproduzido
(ou, pelo menos, reproduzido quando se quiser) que é uma
exigência comum de céticos para fenômenos considerados
'anômalos';
- O evento foi divulgado publicamente através de imagens
de televisão e fotografia. Não havia 'testemunhas'
in loco (além dos próprios astronautas) para 'comprová-lo'.
Essas 'provas fotográficas' estão longe de serem
suficientes para os céticos do evento. Como discutimos
em nosso post anterior (2), há que se considerar a chance
de fraude pela manipulação de imagens e videos.
Confirmando nossa teoria do ceticismo, podemos encontrar inúmeros
céticos do evento do pouso do homem na Lua, céticos
que se dedicam a análises detalhadas da 'fraude do pouso
lunar' (chamado em inglês, 'moon hoax', ver Referências
1)
Usando esse feito notório como exemplo, podemos tirar várias
lições interessantes com relação às
dúvidas e questionamentos que um tipo muito comum de ceticismo
tem em relação aos fenômenos mediúnicos
(em particular os fenômenos de efeitos físicos). É
que a raridade e grau de dificuldade em se reproduzir essas ocorrências
contribuem para aumentar a suspeita de fraude. 'Teorias de fraude'
se adaptam muito bem como 'explicações que fazem sentido'
à mente refratária à existência de ocorrências
insólitas ou muito raras.
O objetivo do pensamento expresso no texto no link da primeira referência
em (1) está sinteticamente descrito
nas suas palavras introdutórias:
"Este artigo foi escrito
para provar de uma vez por todas que não estão dizendo
a verdade sobre os filmes que a NASA tem das missões Apolo.
Ele irá perturbar mesmo o cético mais empedernido
e convencerá muitas pessoas de que todo o projeto Apolo
do final dos anos 60 ao começo dos 70 não passou
de uma fraude completa." (1)
Figura 1. Uma estratégia que os 'céticos
do pouso lunar' tem em comum
com os céticos dos fenômenos de efeitos físicos
é a desqualificação de 'provas fotográficas'.
O 'cético empedernido' aqui é
justamente o 'crente no pouso lunar'. Analisemos a estratégia
de desqualificação das provas. A Fig. 1 traz uma imagem
tirada do site da referência (1).
O texto diz:
"De uma olhada nessas imagens
que são apresentadas aqui e veja como partes das cruzes
da imagem desapareceram. Isso é impossível, a menos
que o filme tenha sido violado. As cruzes devem estar sempre visíveis
em todas as tomadas e não ocultas além de objetos
na cena. A única solução para isso é
que a NASA tenha sido obrigada a retocar certos objetos ou adicioná-los
posteriormente sobre as cruzes!"
Outro exemplo é o da Fig.
2. Uma vez que os princípios da dúvida são
os mesmos, a argumentação e a estratégia
de desqualificação é idêntica. Fotos
e imagens são 'analisadas' e demonstradas como sendo 'fraudulentas',
acusando interesses ocultos de modificar qualquer registro produzido
durante o evento (Ver também Ref. 2).

Figura 2. O texto diz:
"Alguns dos sistema de iluminação dos 'vídeos
oficiais da NASA' são muitos suspeitos. Esta imagem da
NASA à esquerda deveria mostrar o astronauta na sombra
completa porque o Sol está atrás dele mas, mesmo
assim, por que seu corpo inteiro está iluminado? A imagem
deveria se assemelhar à da direita, que é uma
simulação feita por David Percy."
Dificilmente entra na cabeça do crítico aqui que
o solo lunar é, para todos os efeitos, praticamente branco
(como uma superfície salina) e a luz que ilumina o corpo
do astronauta (à esquerda) provém desse reflexo.
A explicação da direita é a correta para
o crítico, pois ele realmente acredita na suposta
fraude e despreza (ou desconhece) o efeito da superfície.
Inexiste assim limite para
as teorias da dúvida e se podem fazer isso com o pouso lunar,
também podem fazer o mesmo com qualquer evento ou fenômeno
raro que exista. Portanto, concluímos novamente que o ceticismo
dogmático não passa, ele sim, de uma fraude intelectual
(3).
No passado, médiuns idôneos foram
acusados de organizar uma operação para enganar e
ludibriar comunidades ou cidades inteiras. Isso não é
nada se comparado ao que fazem os autores da ref. 1 que acusam a
agência americana (NASA) de ter orquestrado um acontecimento
e ludibriado bilhões de pessoas no mundo a partir
de 1969 e vários anos após.
Conclusão
O caso 'do pouso na Lua' é um prato
cheio para as crenças céticas que acreditam que esse
evento não passou de uma fraude perpetrada por altas autoridades
dos governos mundiais (as chamadas teorias da conspiração).
O tipo de estratégia de debunking ('refutação')
que céticos do pouso lunar usam é exatamente o mesmo
usado por céticos de carteirinha contra fenômenos de
efeitos psíquicos, em particular os 'efeitos físicos'.
Ao se analisar atentamente o tipo de crítica, vemos que ela
se aplica perfeitamente tanto ao primeiro pouso do homem na Lua
como a um caso de materialização de Espíritos
ou qualquer outro evento psíquico, fenômeno anômalo
ou efeito raro que produz algum efeitos tangível registrável
por imagens. Como as motivações para se duvidar são
as mesmas, tanto as estratégias de 'desqualificação'
dos fenômenos como a retórica da crítica são
idênticas.