De uma maneira
bastante geral, o Espiritismo é uma doutrina filosófica de implicações
científicas, religiosas e filosóficas (principalmente éticas). Não
há, assim, dentro dele uma "enquadração de ritos" como você se refere
abaixo.
Na verdade,
o que o Espiritismo procura fazer é compreender a vida humana em
seus múltiplos aspectos dentro de um ponto de vista espiritualista,
isto é, aquele que prevê a sobrevivência do ser ao fenômeno da morte
corporal e sua existência antes do ingresso nele, ou seja, do nascimento.
O objetivo fundamental do Espiritismo (assim como o de qualquer
doutrina do pensamento, ao menos em suas origens) é a felicidade
do ser humano.
Assim, a doutrina espírita prevê
que essa felicidade é conseguida na razão direta em que conhecemos
as coisas importantes ao nosso redor, bem como soubermos aplicar
esse conhecimento em favor de nós e de nossos semelhantes. As fases
a que você se referem são, assim, simplesmente estágios da existência
humana que devem ser compreendidos plenamente dentro de uma visão
do mundo (o que inclui todo o Universo) e não "ritualizados".
O nascimento é o regresso da alma
à vida corporal, regresso esse que não é único mas apenas um entre
muitos já ocorridos e que estão para ocorrer.
A morte é o regresso dessa mesma
alma à vida espiritual, fenômeno igualmente comum na vida maior
do Espírito.
A puberdade é entendida dentro do
conhecimento fisiológico atual, bem como uma fase de amadurecimento
do ser recém encarnado e vivendo seus primeiros estágios de adaptação
à difícil realidade do mundo.
O casamento de forma alguma constitui
uma instituição dentro da prática espírita. Trata-se apenas da união,
segundo as consciências de cada um, de dois seres que se reconheçam
como devendo mútuas responsabilidades por se amarem. Essa união,
também, de maneira alguma deve ser obrigatória já que a liberdade
de consciência é um princípio fundamental, e ninguém deve tê-la
violada em nome de qualquer outra idéia secundária.
A oração é uma prática saudável
de relacionamento da criatura (que já dispõe de semelhante conhecimento
para tal) com seu criador e com outros seres (os Espíritos), mais
próximos, visando o equilíbrio do corpo espiritual que é fundamental
para o equilíbrio e sucesso da vida do ser. Esse equilíbrio é conseguido
não somente pela prece mas igualmente pelo ajuste das atividades
do indivíduo segundo as práticas do bem.
Não existe nenhuma fórmula explícita
para a oração, nem número ou extensão, mas tem como quesito fundamental
que seja praticada com o coração acima de tudo. Isto quer dizer
que o indivíduo deve estar consciente de suas responsabilidades
perante as faltas que houver cometido contra os outros (se as tiver)
antes de procurar qualquer ajuda divina.
Não existe, também, "troca de favores"
entre os homens e os Espíritos ou Deus. Os que assim pensam
agir estão mal informados a respeito da verdadeira relação que deve
existir entre os homens, Deus e os espíritos.
Finalmente, para dizer alguma coisa
sobre a "libertação" vou fazer uma interpretação pessoal dessa palavra.
Libertar significa restituir a liberdade aquele que se lhe foi subtraída.
Se tratamos aqui da liberdade do ser, esta se encontra em sua liberdade
de ir e vir, pensar e agir. Essa liberdade implica em certas Responsabilidades,
já que ela tem um limite traçado no lugar onde começa a liberdade
alheia.
O ser (ou Espírito) adquire liberdade
a medida que ele evolui. Coincidentemente, ele também adquire felicidade.
A evolução espiritual da criatura é, assim, sinônimo desse ganho
de liberdade. O Espiritismo prescreve que isso é conseguido tão
só (como disse) pelo ajuste dos atos da criatura à regras do bem,
da ética e da felicidade dos semelhantes.
Toda moral espírita resume-se, portanto,
àquela prescrita por Jesus em seus evangelhos e que foram resumidas
pela regra áurea de "não fazer aos outros aquilo que se não
gostaria fosse feito a si mesmo" acrescida do "amar
aos outros como assim mesmo". Por "outros" ou "próximos"
o Espiritismo entende todas as criaturas que estão próximas, ou
seja, em contato com o ser (e não aquelas que lhe são caras).
Como Jesus ainda tenha acrescentado
o "assim como eu vos amei", a prática desse amor tem
como modelo o próprio Jesus.
O ponto fundamental da regra áurea
trazido por Jesus está na misericórdia que deve guiar os atos do
indivíduo, princípio enunciado no "amar aos seus inimigos", de ainda
muito difícil aceitação na atualidade. Finalmente o Espiritismo
entende que essa "libertação" espiritual se estende a todos os indivíduos
na Terra, não há condição para que eles pertençam a essa ou aquela
denominação religiosa (nem mesmo ao próprio Espiritismo).
Essas regras ou leis que cito acima
são leis naturais, assim como as leis da Física, Química etc e,
portanto, regem e julgam os atos de todos os seres. É claro que
o conhecimento facilita o avanço evolutivo e isso é a razão de existir
de todas as religiões da Terra, a refletir parcelas do conhecimento
divino entre nós.