Por sugestão da Igreja Católica, no Brasil, em tempos
passados, ficou determinado o 2 de novembro como o dia de
reverenciar os mortos, por decreto das autoridades nacionais, que
oficializaram o evento, tornando-o feriado.
Dia de Finados... De Finados? Não!
De espíritos, vivos, tanto quanto nós, que se desposaram
do invólucro carnal e adentraram em outra dimensão,
a espiritual. Assim, a doutrina espírita transforma completamente
a perspectiva ante o porvir. A vida futura deixa de ser uma mera hipótese
para se transformar em realidade, palpável, vívida.
O estado das almas depois da morte
não é mais um simples sistema teórico, mas o
resultado da observação de que a vida continua e que
continuamos a ser exatamente aquilo que éramos enquanto vivos.
A experimentação científica,
por sua vez, fundada nos fenômenos espíritas, se repete
a cada sessão mediúnica, em que os ex-mortos vêm
declinar suas considerações, atestando sua condição
de imortalidade.
Eles vêem, sentem, vivem...
Conforme o modo de encarar a vida - enquanto estavam na Terra, seus
gostos e crenças - será seu despertar na espiritualidade.
Por isso, a grande dificuldade de alguns espíritos em aceitar
a realidade, ao encontrar um estado de coisas completamente diferente
daquele cenário pintado pela maioria das religiões e
filosofias morais de todos os tempos.
Assim, ergue-se o véu: o mundo
espiritual - segundo a idéia espiritista - aparece-nos na plenitude
de sua realidade prática. Não foram os homens da ciência
materialista que o descobriram; tampouco os escritores imaginaram
sua constituição, em livros de ficção
científica; foram os próprios habitantes deste mundo
que vieram nos descrever sua situação: eles ocupam diferentes
graus de evolução na escala espiritual, desfilam suas
peripécias e seus feitos além- túmulo, suas fases
de felicidade e de desgraça.
O ensino dos espíritos nos
dirige à serenidade e à tranqüilidade para se encarar
a morte como um fenômeno de transformação... Da
crisálida que rompe o casulo e alça seus primeiros vôos,
a esperança se transforma em certeza: a vida futura é
a continuação da atual, certamente em melhores condições,
caso nos esforcemos para tal. Essa a lógica espírita,
fundada na justiça e na bondade de Deus, correspondendo às
legítimas aspirações da humanidade terrena.
O Dia de Finados é, então,
o dia dos vivos que, pela mediunidade, estão próximos
de nós, numa realidade transcendente à qual todos pertencemos.
publicado no Jornal "A Notícia",
de Joinville (SC), em 1 nov. 2007.
(*) Marcelo Henrique Pereira, Mestre em Ciência Jurídica,
Presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo
de Santa Catarina e Delegado da Confederação Espírita
Pan-Americana para a Grande Florianópolis (SC)