Marcelo
Henrique Pereira
> O Método de Kardec para dialogar (Conversar)
com os Espíritos
"Aí
foi que iniciei os meus estudos sérios em Espiritismo,
menos ainda devido a revelações do que pelas observações.
Sujeitei essa nova ciência, como o fazia a tudo, ao método
da experimentação; jamais formulei teorias preconcebidas;
observava acuradamente, comparava, tirava consequências;
procurava, pelos efeitos, atingir as causas através da
dedução, pelo encadear lógico dos fatos,
não aceitando como válida uma explicação,
a não ser quando ela possa resolver as dificuldades da
questão. Procedi sempre assim em meus trabalhos anteriores,
desde os meus quinze e dezesseis anos. Aprendi, desde o início,
a gravidade da exploração que ia realizar. Percebi
nesses fenômenos a chave do problema tão obscuro
e tão discutido do passado e do futuro, a solução
que em toda minha vida andara procurando; em uma palavra, era
uma total reviravolta nas ideias e nas crenças, necessário,
pois, era agir circunspecta e não levianamente, ser positivista
e não idealista, para não permitir que as paixões
me arrastassem."
- Kardec, segundo Henri Sausse
em "Biografia de Allan Kardec", in O Principiante Espírita,
p. 17-18.
I – INTRODUÇÃO
Foi aí
que, pela primeira vez, presenciei o fenômeno das mesas que
giravam, saltavam e corriam em condições tais que não
deixavam lugar para qualquer dúvida. Assisti então a
alguns ensaios, muito imperfeitos, de escrita mediúnica numa
ardósia, com o auxílio de uma cesta. Minhas ideias estavam
longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria
de uma causa. Eu entrevia, naquelas aparentes futilidades, no passatempo
que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério,
como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim
estudar a fundo.
- Kardec (Obras Póstumas. "A
minha iniciação no espiritismo", p. 216).
Ao ensejo da comemoração
dos 152 anos da Doutrina Espírita, recém-comemorados
nestes 18 de abril (1857-2009), focamos nossa atenção
para o método de Kardec para dialogar (ou conversar) com os
Espíritos, circunstância que, por si só, qualifica
a obra do Codificador ao materializar, sob a forma de criteriosa metodologia
científica, o trabalho que ele criou, desenvolveu e aperfeiçoou,
desde seus primeiros contatos com os fenômenos de natureza espiritual.
O debruçar sobre a prática original daquele professor
francês, desde os primeiros contatos com os Espíritos
até a delimitação da estrutura central do processo
de comunicação mediúnica e da análise
dos resultados obtidos com a experimentação são,
nos dias de hoje, fundamentais tanto para o resgate da cientificidade
do método de Kardec quanto para a permanência da proposta
filosófica do Espiritismo como uma diretriz para o melhor entendimento
das questões que gravitam em torno da vida (física e
espiritual) dos homens que habitam a Terra.
II –
GENERALIDADES
"Entre o nascimento de Denizard e o de Allan Kardec há
meio século de distância. Não obstante, são
ambos o mesmo espírito, a mesma criatura de Deus, a serviço
dos homens na Terra. Duas pessoas distintas, num único espírito
verdadeiro. [...] Hoje sabemos, graças ao conhecimento da lei
das vidas sucessivas, que um mesmo espírito desempenha o papel
de várias pessoas, no plano existencial, no processo natural
do seu desenvolvimento, da sua evolução. Kardec é
a primeira prova e a primeira confissão pública, universal,
dessa verdade tantas vezes revelada e tantas vezes negligenciada pela
Humanidade."
- Herculano Pires ("Quem foi Allan
Kardec", in Moreil, Vida e obra de Allan Kardec, p. 9).
Muitos falam
de Kardec. Muitos tentam entender o processo que levou o cético
cientista lionês a interessar-se pela fenomenologia mediúnica,
entender-lhe os mecanismos e estabelecer, em concurso com os Espíritos
Superiores, o conjunto de princípios e fundamentos a que deu,
depois, o nome de Doutrina dos Espíritos. Contudo, nem todos
conseguem captar o substrato do trabalho hercúleo e solitário
do homem Rivail, sobretudo por considerar que a sua continuidade dependeria
de uma suposta "autorização" dos espíritos
para, em dado(s) momento(s) permitirem eclodissem "novas revelações".
Kardec, ou Hipollyte Leon Denizard Rivail (1804-1869), viveu numa
época de grande aceleração cultural, pós-idade
média, recebendo acurada formação pedagógica
sob inspiração de um dos maiores educadores de todos
os tempos, Pestalozzi, e tanto se esmerou que o sucedeu em diversas
atividades, dedicando-se à Pedagogia por mais de 50 anos, até
alcançar o patamar de homem de elevada cultura, intelectual
por excelência. Paris era, por sua vez, o cérebro do
mundo naqueles dias, um caldo cultural com herança de notáveis
homens como Bacon, Descartes e Rousseau. Além disso, vivia-se
a intensa realidade do confronto entre a dogmática religiosa
e filosófica em contraponto ao desenvolvimento da ciência
de observação.
O problema do seu tempo era, então, uma questão de método.
Como a Ciência (e seus métodos) rejeitavam a realidade
espiritual, invisível e, portanto, inverificável, mas
os fenômenos espirituais eclodiam a todo instante de modo cada
vez mais evidente e inquestionável, Rivail, convencendo-se
da existência de forças inteligentes como causa dos fenômenos,
criou e desenvolveu um método específico de investigação
experimental dos fenômenos espíritas, já que o
método das ciências naturais não poderia investigar
e demonstrar esta realidade paralela, a da existência do Mundo
Espiritual, preexistente e sobrevivente a tudo.
Na investigação dos problemas/questões espirituais
o método dedutivo teve de ser substituído pelo método
indutivo, tendo o Espírito como objeto de investigação.
E a base investigatória, que levou às verdades gerais
ou universais, foi o processo comunicativo (dos Espíritos com
os homens). Toda a descrição da metodologia e do próprio
processo comunicativo encontram-se em O Livro dos Médiuns.
Método Dedutivo |
Método Indutivo |
É aquele caracterizado quando se parte
de uma situação geral e genérica para uma
particular. |
É o processo mental por intermédio
do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados,
infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas
partes examinadas. |
Destarte, o trabalho do Codificador nunca partiu de ideias pré-concebidas
(negações ou afirmações). Utilizou, então,
a indução para construir a fundamentação
teórica da Doutrina Espírita, no seguinte esquema:
OBSERVAÇÕES
> TEORIZAÇÕES
A partir do trabalho
de Kardec, a Revelação Espiritual aproximou-se da Revelação
Científica, abrindo importantes flancos para a pesquisa experimental
que já começam, nos dias de hoje, a se tornar efetivas,
na comprovação dos princípios espíritas.
Mas, ao contrário do que possa parecer, não é
a Ciência material que irá chegar às conclusões
espíritas, porquanto seu método não permite divisar
realidades além-matéria.
Ou, como afirma PIRES (2001: 9), "[...] as pesquisas espíritas
não se prendem aos fenômenos em si, ao mundo fenomênico
ou material, e por isso mesmo exigem métodos diferentes dos
utilizados nas ciências físicas."
2.1. O que despertou a atenção
do homem Rivail
"[...] Só acreditarei se vir ou se me provarem que
a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode
tornar-se sonâmbula. Até então, permita-me que
considere isso uma história fabulosa."
- Kardec (Obras Póstumas, "A
minha iniciação no espiritismo", p. 215).
Foi no final de 1854 que o homem Rivail ouviu falar das mesas girantes,
por meio de notícias que vicejavam nos jornais e nas rodas
sociais de Paris, dando conta do ineditismo e da circunstância
de entretenimento – espetáculo quase circense –
que envolvia as mesmas. Da repetitividade de sua ocorrência,
não havia mais como ficar indiferente e Rivail, pouco a pouco,
se viu atraído a comparecer a algum ambiente em que tais fenômenos
se produziam, senão com o fito de descobrir-lhes a causa de
prestidigitação e ilusionismo. No início de 1855,
pela vez primeira, ele ouve falar que algumas pessoas haviam desenvolvido
um meio de comunicação com as forças que moviam
as mesas e que estas, ao serem perguntadas, teriam respondido serem
espíritos.
Diz-se que Rivail teria se aproximado dos grupos "espíritas"
atendendo a convite de amigos magnetizadores (em especial o Sr. Fortier)
e, embora não acreditasse na manifestação de
Espíritos, já tinha tido contato com sonâmbulos.
Em maio de 1855, Kardec comparece a uma "sessão"
com as mesas, na casa de seus amigos Sr. Pâtier e Sra. Plainemaison
e, depois, na casa da família Baudin. Incomodado com o caráter
de frivolidade de muitos dos questionamentos, resolve propor a organização
das reuniões, posto que estava convencido da natureza inteligente
que presidia o acontecimento.
Diria a si mesmo, reproduzindo esse diálogo íntimo,
algum tempo depois, em suas memórias: "Entrevi naquelas
aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos,
qualquer coisa de sério, como que a revelação
de uma nova lei, que tomei a mim mesmo investigar a fundo".
Assim, em agosto de 1855, passa a coordenar o estudo sistemático
das comunicações produzidas, na casa do Sr. Baudin,
utilizando-se de médiuns bastante jovens: Caroline Baudin (16)
e Julie Baudin (14). KARDEC (2004: 27), a propósito, sublinha
que "O primeiro fato observado foi o movimento de objetos;
designaram-no vulgarmente com o nome de mesas girantes
ou dança das mesas. Esse fenômeno, que
parece ter sido observado primeiramente na América, ou, melhor,
que se teria repetido nesse país, porque a História
prova que ele remonta à mais alta Antiguidade, produziu-se
acompanhado de circunstâncias estranhas como ruídos insólitos
e golpes deferidos sem uma causa ostensiva, conhecida. Dali, propagou-se
rapidamente pela Europa e por outras partes do mundo; a princípio
provocou muita incredulidade, mas a multiplicidade das experiências
em breve não mais permitiu que se duvidasse da sua realidade."
(Grifos do original.)
Eis que as mesas, além de simbolizarem o mero movimento dos
objetos (o que, se assim circunscrito, segundo KARDEC (2004: 29),
teria ficado restrito ao domínio do entendimento das ciências
físicas), passaram a se mover conforme determinadas solicitações
dos homens que as observavam, dando determinados golpes, batendo um
ou mais pés no chão e "respondendo", por meio
de pancadas, a questões específicas que lhe foram sendo
feitas. Inicialmente, a convenção era "sim"
ou "não", conforme uma ou duas pancadas. Logo a seguir,
instituiu-se a correspondência entre as batidas e o alfabeto,
formando-se frases e períodos, embora com larga duração
de tempo para sua formatação e entendimento. Perguntado
sobre sua natureza e identidade, inicialmente, respondeu como sendo
"Espírito" ou "Gênio", seguindo-se,
daí, ao nome pelo qual era reconhecido.
Como ninguém, antes, havia pensado nos Espíritos como
explicação para o fenômeno, como atesta o Codificador,
"[...] foi o próprio fenômeno que revelou a
palavra" (KARDEC, 2004, p. 29).
Depois, por sugestão de um desses seres invisíveis,
construiu-se uma "engenhoca" que consistia na adaptação
de um lápis a uma cesta (ou outro objeto), sobreposta a uma
folha de papel: "Vá buscar no quarto ao lado a cestinha;
prenda nela um lápis, coloque-a sobre o papel e ponha-lhe os
dedos na borda" (KARDEC, 2004, p.
30).
Os meios continuavam a evoluir e, como a cesta (ou a prancheta) eram
meros apêndices da mão, havendo uma força maior
que as colocava em movimento, chegou-se à constatação
de que a influência sobre o objeto partia de certas pessoas,
com poderes especiais, depois denominadas de médiuns
– intermediários. O médium, assim, de posse do
lápis e involuntariamente impulsionado e quase febrilmente
passou a escrever.
2.2. A Dialética Espírita
"É, pois, um erro crer que o Espírito pode
atender aos chamados que se lhe dirijam e comunicar-se com o primeiro
médium que se apresente. Para que um Espírito se comunique
é preciso, antes de mais nada, que lhe convenha comunicar-se."
- KARDEC (O que é o Espiritismo,
p. 50).
A inspiração para o competente e dedicado trabalho de
Kardec tem raízes na Maiêutica Socrática, fazendo
com que a interpelação – livre pergunta sobre
todas as coisas – pudesse direcionar o raciocínio para
o descortinar de novas verdades. Os Espíritos Superiores ante
a provocação das questões propostas por Kardec
provocaram no interlocutor, o desejo por saber mais, ou seja, o desenvolvimento
de novas indagações nascidas a partir das respostas
iniciais.
Inicialmente, Rivail preparava com antecedência os temas, desenvolvendo
perguntas em sua casa e multiplicando questões sobre os temas
(sempre com o intuito de deixar, os temas, o mais claramente expostos
possível), os levando, por fim, à residência das
Baudin, quando eram propostos aos Espíritos. Todavia, sua estatura
moral e cultural permitia (conforme inclusive dito em Obras
Póstumas) que ele adaptasse ou reformulasse certas
indagações, mentalmente, enquanto determinadas respostas
eram dadas, formulando-as, em seguida (KARDEC:
1998, p. 232-233).
Há quem diga, inclusive, que a formação cultural
e profissional de Kardec, aliada ao somatório de suas experiências
anteriores, teria direcionado a escolha pelo método de perguntas
e respostas, que consolidou "O Livro dos Espíritos".
Decisão, assim, racional e logicamente preparada, para facilitar
a compreensão de temas tão complexos.
O maior filósofo espírita brasileiro, José Herculano
PIRES é muito feliz em tratar da Dialética Espírita,
concebida e exercitada a partir do momento em que aquele professor
francês resolveu "mergulhar a fundo" nas questões
de seu tempo, para descortinar outro horizonte, mais amplo, de natureza
espiritual. Diz PIRES (2004: 16): "Nunca houve um diálogo
como este. Jamais um homem se debruçou, com toda a segurança
do homem moderno, nas bordas do abismo do incognoscível, para
interrogá-lo, ouvir as suas vozes misteriosas, contradizê-lo,
discutir com ele, e afinal arrancar-lhe os mais íntimos segredos.
E nunca, também, o abismo se mostrou tão dócil,
e até mesmo desejoso de se revelar ao homem em todos os seus
aspectos."
E prossegue atestando que Kardec dialogou com todo o mundo invisível,
com análise rigorosa das vozes que se manifestavam, entre inferiores
e superiores, descobrindo as leis do mundo espiritual, suas formas
de vida e o mecanismo de relação daquele com o nosso.
E é PIRES (1979: 136-137), novamente, quem pontifica a profundidade
da dialética espírita: "Surgindo na era científica,
em meados do século XIX, o Espiritismo se opôs, ao mesmo
tempo, ao religiosismo alienante e ao materialismo exclusivista. Kardec
abriu a brecha espírita nesses maciços milenares, estabelecendo
o critério da razão na busca da verdade. Sustentou o
princípio dialético da constituição do
mundo por dois elementos fundamentais: espírito e matéria.
Dessa colocação, válida e confirmada em nossos
dias, nasceu a Ciência Espírita, armada com os métodos
da pesquisa científica dos fenômenos e com os processos
da cogitação filosófica livre de pressupostos
e preconceitos."
Efetivamente, o diálogo teve Kardec como interlocutor, observador
ou selecionador das mensagens, de vez que ele não esteve presente
em todos os lugares e situações em que foram recepcionadas
as mensagens pela via psicográfica. Vale dizer que o próprio
Codificador (2001 [3]: 36) assim se pronunciou, no tocante à
recepção das mensagens mediúnicas: "[...]
a maioria, foi escrita sob nossos olhos, algumas foram tomadas
de comunicações que nos foram dirigidas por correspondentes,
ou que recolhemos, por toda parte onde estivemos, para estudá-las".
2.3. O Método de Kardec
"[...] Entrevi, por baixo da aparente futilidade e da espécie
de jogo que fazem com esses fenômenos, algo de muito sério
e como que a revelação de uma lei, que resolvi investigar
a fundo."
- Kardec, conforme Moreil (Vida e obra de Allan
Kardec, p.49).
Qual seria o método de Kardec? Sobre que bases se estruturava
e como era constituído?
PIRES (2004: 17-18), com muita propriedade e completude, assim define
e caracteriza o "Método de Kardec":
1º) Escolha de colaboradores
mediúnicos insuspeitos, tanto do ponto de vista moral, quanto
da pureza das faculdades e da assistência espiritual;
Os médiuns, para Kardec,
não eram seres superiores aos demais, com missões
específicas, ímpares. Contudo, dentre os médiuns
disponíveis, o critério para seleção
daqueles que vieram a colaborar decisivamente na obra espírita
era o da idoneidade moral, primeiramente. Vencida esta premissa,
a da confiabilidade absoluta na isenção do colaborador
diante da tarefa, eram verificadas as condições
materiais-espirituais de suas faculdades medianímicas,
bem como a ascendência dos Espíritos que com eles
se comunicavam.
2º) Análise rigorosa
das comunicações, do ponto de vista lógico,
bem como do seu confronto com as verdades científicas demonstradas,
pondo-se de lado tudo aquilo que não possa ser logicamente
justificado;
Kardec (1998: 218) não
considerava os espíritos como "reveladores predestinados",
mas, de fato, fontes de informação, de modo que,
primeiramente, a qualidade da informação estaria
vinculada diretamente ao caráter do ser comunicante, visto
que a capacidade de explicação de sua realidade
espiritual estaria mais ou menos ligadas às crenças
que tais criaturas houveram defendido antes da morte, ampliadas
pelas percepções decorrentes da condição
de vida na Espiritualidade. Por isso, a necessidade premente do
filtro das impressões trazidas pelos Espíritos,
de modo a não comprometer o edifício que estava,
aos poucos, sendo erigido.
3º) Controle dos Espíritos
comunicantes, através da coerência de suas comunicações
e do teor de sua linguagem;
Este ponto merece especial destaque,
em virtude da possibilidade ilusionista da identificação
(assinatura) do Espírito comunicante que, por vezes, assumia
a nomenclatura de um indivíduo que tinha sido personalidade
importante no mundo físico, apenas para impressionar seus
interlocutores. Assim, Kardec publicou, como exemplificação,
na parte final de O Livro dos Médiuns
("Comunicações Apócrifas") algumas
mensagens "[...] de tal maneira absurdas, embora assinadas
por nomes os mais respeitáveis, que o mais vulgar bom senso
demonstra a sua falsidade" (2001: 343-349).
4º) Consenso universal,
ou seja, concordância de várias comunicações,
dadas por médiuns diferentes, ao mesmo tempo e em vários
lugares, sobre o mesmo assunto."
Referido consenso, conceituado
como o Consenso Universal dos Ensinos dos Espíritos (CUEE),
vem sendo defendido pela porção minoritária
do movimento espírita (movimento laico), no sentido de
resgate da metodologia de Kardec e da progressividade do Espiritismo,
evitando que a divulgação de dadas obras e autores,
pós-kardecianos, sobretudo sob a formatação
de literatura mediúnica, não assuma o papel principal,
sem critério de concordância, apondo enxertias e
acréscimos indevidos ao conteúdo fundamental espiritista.
Vê-se, aí, as chamadas
"linhas gerais da metodologia experimental espírita",
que se constitui tanto de procedimentos prévios como concomitantes
e posteriores, em nível de acuidade e seriedade, como sói
acontecer em qualquer das ciências estabelecidas. Sem tais balizas,
corre-se o risco de validar informações inverídicas/inverossímeis
quanto cair no ridículo, fazendo afirmações que,
muitas vezes, em pouquíssimo tempo, serão desmentidas/desmascaradas
em função de novas comunicações espirituais
ou o próprio progresso material (científico) da Humanidade.
A opção do movimento majoritário, todavia, na
contra-mão do que prelecionou, ensinou e exemplificou Kardec,
tem sido a de venerar dados espíritos e médiuns, cunhando-os
como "quase-oficiais", dando a suas manifestações
o caráter de oficialidade, como complementações
(assaz perigosas) aos conceitos contidos na Codificação.
O CUEE pode ser encarado como uma espécie de "certificado
de qualidade", uma "norma de certificação",
elemento fundamental para a aferição da boa procedência
e da utilidade das comunicações mediúnicas. É,
assim, o CUEE, o método científico da produção
(e análise) mediúnica.
PIRES (2004: 18), por fim, ainda pontua que o método de investigação
científica dos fenômenos espíritas não
se confunde com o método doutrinário, pois a existência
do Espírito e a possibilidade da comunicação
(entre vivos e mortos) já está doutrinariamente firmada
(demonstrada, estabelecida), enquanto que, até o presente momento,
embora com experimentações realizadas em diversas partes
do mundo, não há um consenso científico nem sobre
a imortalidade da alma nem sobre a comunicabilidade entre os espíritos.
Trata-se, pois, ainda, questão de "crença"
espírita, embora para os espíritas não restem
dúvidas sobre uma e outra.
2.4. Médiuns mecânicos ou intuitivos?
Os médiuns intuitivos "[...]
estão muito mais sujeitos a errar, porque frequentemente não
podem discernir o que provém dos Espíritos do que é
deles mesmos." - Kardec (O Livro dos
Médiuns, p. 163).
Dentre os chamados "escolhos da mediunidade" figura a maior
ou menor interferência do médium no resultado da produção
medianímica, com, às vezes, alterações
substanciais e substantivas no conteúdo da(s) mensagem(ns).
Kardec, a este particular, embora tivesse se valido de um sem-número
de comunicações obtidas pelos segundos (intuitivos),
sempre preferiu trabalhar diretamente com os primeiros, e a prova
disso está em relatos das meninas conversando enquanto a cesta
produzia os textos. Em O Livro dos Médiuns (Cap.
XVI), Kardec adverte acerca dos riscos da produção intuitiva
em face de erros na conceituação e na explicação
para certas questões, que não se tem certeza serem egressos
dos Espíritos ou dos médiuns.
Já na Revista Espírita, Kardec (2001
[3]: 205) elenca pontos considerados relevantes à análise
das comunicações, em texto intitulado "Contradições
na Linguagem dos Espíritos", descrevendo como causas:
"1º. O grau de ignorância
ou de saber dos Espíritos aos quais nos dirigimos;
2º. O embuste dos Espíritos inferiores que podem, por
malícia, ignorância ou malevolência e tomando
um nome de empréstimo, dizer coisas contrárias às
que alhures foram ditas pelo Espírito cujo nome usurparam;
3º. As falhas pessoais do médium, que podem influir
sobre as comunicações, alterar ou deformar o pensamento
do Espírito;
4º. A insistência por obter uma resposta que um Espírito
recusa dar, e que é dada por um Espírito inferior;
5º. A própria vontade do Espírito, que fala conforme
o momento, o lugar e as pessoas e pode julgar conveniente nem tudo
dizer a toda gente;
6º. A insuficiência da linguagem humana para exprimir
as coisas do mundo incorpóreo;
7º. A interpretação que cada um pode dar a uma
palavra ou a uma explicação, de acordo com as suas
ideias, os seus preconceitos ou o ponto de vista sob o qual encara
o assunto."
Premissas essas que, se bem seguidas
e respeitadas in totum pelas instituições espíritas,
já nos teriam deixado livre da indigência mediúnica,
isto é, a completa subserviência do movimento a dados
espíritos, tidos como "oficiais" e "complementares"
a Kardec, quanto aos médiuns (pessoas respeitáveis e
idôneas, em sua maioria, é claro), considerados indevidamente
como infalíveis e "mensageiros escolhidos" para tal
mister.
2.5. A redação e a publicação
de O Livro dos Espíritos.
"O Livro dos Espíritos
registrou por escrito a doutrina filosófica do espiritismo,
enquanto que O Livro dos Médiuns constituiu
a sua parte experimental. Tais são os dois livros básicos
do espiritismo de qualquer tempo e Allan Kardec, apesar de sua modéstia,
não hesitou em recomendar o seu estudo incessante." -
Moreil (Vida e obra de Allan Kardec, p. 126).
Caroline Baudin foi a médium que mais participou das sessões
de produção espiritista, nestes dias iniciais, inicialmente
pela psicografia indireta (uso da corbelha), depois pela via direta.
Durante dezoito meses, trabalharam incessantemente, Caroline e Rivail,
com participação decisiva da Srta. Ruth Celine Japhet,
que atuou como "médium revisora", quando os Espíritos
resolveram verificar tudo, em sessões privativas (isto é,
sem a presença do público que havia comparecido às
outras sessões) o que havia sido composto (inclusive o material
enviado por cerca de dez médiuns distintos, distantes de Kardec,
por via postal), para a publicação inicial, em 18.04.1857.
O trabalho revisional ainda perduraria, levando o Codificador a lançar
a segunda edição (definitiva) da obra primeva, agora
com 1.019 questões (contra as 501 ou 550 da edição
inicial), em março de 1860, utilizando-se, inclusive da Revista
Espírita como o laboratório de maturação
de muitas ideias, depois consolidadas naquela obra, inclusive com
a participação de outra médium, Ermance Dufaux,
que Rivail conhecera no lançamento da primeira edição
do livro-base, e que passou a colaborar, principalmente na produção
da Revista Espírita.
2.6. O Advento de O Livro dos Médiuns.
"Publicado em 1861, O Livro dos Médiuns
constitui a continuação lógica de O Livro
dos Espíritos. Se este lança os fundamentos
teóricos da doutrina, aquele, ao contrário, como seu
nome indica, trata das consequências práticas da teoria."
- Moreil (Vida e obra de Allan Kardec, p. 137).
Depois de firmar, sob bases sólidas, o conjunto de princípios
ou fundamentos do Espiritismo, Kardec debruçou-se sobre a parte
prática, técnico-científica (fenomênica),
tratando de cunhar o primeiro Tratado de Mediunidade que se tem notícia
na história.
Afinal, era preciso, no âmbito da experimentação
espiritista, fixar as premissas, as argumentações, o
desenvolvimento das explicações para os fatos (objeto
da Ciência Espírita), bem como as refutações
necessárias, que surgiriam de parte da Ciência Acadêmica
(sob o império do Materialismo, histórico e dialético)
e das religiões tradicionais.
Muito antes de iniciar a sua pesquisar, o estudioso escolhe o objeto
a ser pesquisado, de vez que sem um objeto definido, claro e preciso,
não pode haver qualquer pesquisa séria e conclusiva.
E foi isso o que Kardec fez. Ao se propor a empreender suas observações
iniciais (na casa da família Baudin), estabeleceu como objeto
de estudo e investigação o mundo espiritual, o habitat
dos Espíritos (e sua correlação com o mundo material.
Há quem diga, até, que este objeto era extenso demais,
em razão do universo a ser descortinado, ou assaz ambicioso.
É com O Livro dos Médiuns, este Tratado
Superior de Fenomenologia Paranormal, verdadeiramente, que Kardec
dá esse passo além.
Conforme PIRES (2001: 8), esta obra "[...] É um tratado
que tem por fundamento a pesquisa científica e a experiência,
além da contribuição teórica dos Espíritos
na explicação de vários problemas ainda inacessíveis
à pesquisa científica. Essas explicações
só foram aceitas por Kardec na medida de sua racionalidade,
de acordo com o método de controle rigoroso que estabeleceu
para o seu trabalho. Esse método é explicado neste livro
e pode ser examinado em minúcias nos relatórios e registros
de sessões publicadas na Revista Espírita."
Por fim, para entender as detalhadas nuances do método aplicado
por Kardec, recomendamos a leitura do Capítulo III d’O
Livro dos Médiuns, ("Do Método"),
de observância obrigatória àqueles que pretendam
realizar, em nosso tempo, a continuidade das pesquisas espíritas,
na forma da experimentação mediúnica.
2.7. A Revista Espírita como o laboratório
permanente.
Kardec trabalhou incessantemente, de 1855 a 1869, totalizando quase
14 anos de trabalho de pesquisa e experimentação. Mas
o seu laboratório permanente foi a Revista espírita,
espaço onde publicou novos experimentos, a análise de
produções mediúnicas e, também, pôde
relatar suas atividades "doutrinárias" como viagens,
palestras e a correspondência trocada com inúmeras pessoas.
RIZZINI (2001, p. 221) destaca em seu livro biográfico sobre
Herculano Pires o cuidado que este teve com a apresentação
e organização, após criteriosa tradução,
dos doze volumes da Revue, destacando a própria
opinião do filósofo paulista a esse respeito:
"Podemos acompanhar nestas
páginas, passo a passo, o esforço ao mesmo tempo grandioso
e minucioso de Kardec na construção metódica
da Doutrina e na estruturação do movimento espírita.
A História do Espiritismo se nos apresenta, assim, como uma
forma de vivência que se autofixou na escrita. [...] Nada
se oculta ao leitor. Os problemas, as preocupações
de Kardec, suas lutas dentro e fora do meio espírita, suas
vitórias tranquilas, sua resistência à calúnia,
à mentira, à difamação, sua fé
inabalável, tudo isso palpita nessas páginas e nos
dá a impressão de vivermos ao lado do Codificador
na sua época."
III. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
"Desde 1857, quando foi publicado
O Livro dos Espíritos, até hoje, nenhum dos princípios
do Espiritismo foi desmentido pela Ciência ou pela Filosofia.
Pelo contrário, todos eles têm sido sistematicamente
confirmados por ambas. Quanto à Religião, nunca teve
condições para contradizer o Espiritismo de maneira
positiva, tentando sempre fazê-lo de maneira autoritária
ou dogmática, sempre no interesse particular dos princípios
de cada seita."
PIRES (A Pedra e o Joio, p. 8).
A questão metodológica
do Espiritismo é, por assim dizer, essencial e inafastável,
como o é nas demais áreas do conhecimento humano. Quando
Kardec empreendeu os sérios, dedicados, exaustivos e coordenados
esforços para delimitar a Ciência Espírita (com
objeto, método e objetivos próprios, distintos, pois,
de qualquer outra ciência), fundou os alicerces pelos quais
a pesquisa e a prática espíritas teriam que se basear,
para serem consideradas espíritas.
Nada obsta, no entanto, que as pessoas, ao conceberem uma metodologia
distinta da de Kardec, cunhem doutrinas ou sistemas filosófico-científicos
que possam subsistir, havendo interesse em sua manutenção
e desenvolvimento. Mas serão tudo, menos Espiritismo.
Há muitos companheiros que, sem ter estudado detalhadamente
o conteúdo completo de Kardec, apressam-se em defender teorias
e obras reformistas no campo do Espiritismo ou, até, afiançam
que certos ramos das Ciências atuais superaram a posição
espírita, ou, ainda, supõem que suas experiências
pessoais (corriqueiras, desatentas e sem qualquer obediência
às básicas exigências metodológicas), possam
abrir novos caminhos à pesquisa espírita.
Ledo engano!
O que precisamos, verdadeira e urgentemente, é a "volta
ao recomeço" (o trabalho metodológico de Kardec)
como ponto de partida, esquecido e vilipendiado, em razão do
desinteresse e do despreparo dos próprios espíritas.
As reuniões mediúnicas bem como a produção
intelectual mediúnica precisam, decisivamente, resgatar os
seguintes pontos essenciais:
- seriedade e bom senso;
- sinceridade, simplicidade, doação e desinteresse
na relação entre encarnados-desencarnados;
- não adoção de símbolos, vestes especiais,
altares, imagens, sons ou qualquer outro fato indutor, tampouco
rituais, cerimônias, cantos, danças ou oferendas;
- não utilização da mediunidade para a obtenção
de respostas ou indicações de interesse pessoal ou
a serviço/benefício individual;
- respeito integral ao livre-arbítrio dos indivíduos,
olvidando impor, coagir forçar, fazer acordos ou ameaças;
- submissão de toda a produção medianímica
ao crivo da verdade espiritista (comparação/adequação
aos princípios básicos da Doutrina Espírita
– Existência de Deus; Existência e imortalidade
do espírito; Evolução Espiritual; Pluralidade
das existências; Pluralidade dos mundos habitados; e, Comunicabilidade
entre os Espíritos ou Mediunidade); e,
- preparo e dedicação (educação da mediunidade)
dos participantes, visando o aperfeiçoamento dos métodos
de comunicação e de análise da produção
mediúnica, adotando-se o CUEE como instrumento de aferição
das mensagens.
Por tudo isto, vê-se que Kardec,
praticamente sozinho, realizou um trabalho hercúleo e extremamente
dedicado, não só para o descortino das informações
de origem espiritual como, principalmente, pela eleição
e aplicabilidade de um método que, testado e aprovado, gerou
como consequências diretas e imediatas o afastamento das informações
falsas e a seleção do melhor material a ser publicado
– como resultado da pesquisa experimental, ou seja, a Tese (sobre
os Espíritos, o Mundo Espiritual e suas correlações
com a ambiência física, material, terrena).
E o fez sem contar com recursos técnicos, eletrônicos
que hoje são encontrados em profusão nos laboratórios
de pesquisa científica. Afinal, quando Kardec estabeleceu os
meios e as formas de controle, como premissas básicas, o fez
tanto para evitar a fraude e o charlatanismo quanto para modular,
ao máximo, a interferência anímica na comunicação
(já que o animismo não era, substancialmente, o elemento
de interesse na investigação). Atualmente, muito mais
além do que o tempo de Kardec ou qualquer época passada,
os meios eletrônicos de controle, altamente sofisticados e capazes
de detectar qualquer tentativa de burla, encontram-se à disposição
(eletrodos, sensores, microcâmaras de televisão, visores
de raios infravermelhos, células fotoelétricas e outros,
em ambiente isolado e seguro, permitem o acompanhamento rigoroso e
o registro de tudo o que ocorrer no ambiente, permitindo rigorosa
e precisa vigilância do local e do próprio médium.
O que nos falta, então, para continuar o trabalho do Codificador,
acrescentando, mediante os mesmos critérios do CUEE (ou aperfeiçoados),
a complementação das "revelações"
espirituais, para questões visivelmente situadas em cenários
muito além do tempo/espaço de Rivail?
Por fim, vale lembrar que, mesmo assentando-se sobre as manifestações
físicas (iniludivelmente a prova da existência do mundo
espiritual e da sobrevivência do Espírito), a finalidade
do Espiritismo (e das experimentações mediúnicas)
é moral e suas pesquisas devem ser direcionadas nesse sentido.
Por isso, ao investigar a situação dos espíritos
post-morten, visualizando a aplicação das leis espirituais
que regulam as relações permanentes entre as individualidades,
deve o foco espírita estar centrado na melhoria dessas relações
e na análise das consequências dos atos humano-espirituais,
no sentido de levar ao aperfeiçoamento (evolução)
e a decorrente felicidade individual e social.
"[...] o Espiritismo é o Grande Desconhecido dos próprios
espíritas. E é por isso, por causa dessa negligência
imperdoável no estudo da doutrina, que os próprios adeptos
se transformam em eficientes instrumentos de combate ao Espiritismo.
[...] E como a base da doutrina é a Ciência, a sólida
base dos fatos, a verdade incontestável é que o nosso
movimento espírita não tem base. Se os espíritas
conscientes não se dispuserem a uma tentativa de reconstrução,
de reerguimento desse edifício em perigo, ficaremos na condição
de nababos que desprezam as suas riquezas por incompetência
para geri-las. Temos nas mãos a Ciência Admirável
que o Espírito da Verdade propôs a Descartes e mais tarde
confiou a Kardec. Mas do que vale a ciência e o poder, a fortuna
e a glória, se não formos capazes de zelar por tudo
isso e nem mesmo de compreender o que possuímos?"
- Herculano Pires (Curso Dinâmico de Espiritismo:
O grande desconhecido, p. 193-194).
BIBLIOGRAFIA
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ed. São Paulo: LAKE, 2004.
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Introdução e revisão doutrinária de Herculano
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de comunicações mediúnicas. N. 125. São
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mediúnico, a proposta. N. 149. São José: Harmonia,
2007.
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observação. Texto inédito.
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1975.
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grande desconhecido. 2. Ed. São Paulo: Paidéia, 1982.
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PIRES, José Herculano. Ciência Espírita e suas Implicações
Terapêuticas. São Paulo: Paidéia, 1979.
PIRES, José Herculano. Mediunidade: Vida e Comunicação.
6. Ed. São Paulo: Edicel, 1986.
PIRES, José Herculano. Quem foi Allan Kardec. In MOREIL, André.
Vida e obra de Allan Kardec. São Paulo: Edicel, 1986.
RIZZINI, Jorge. J. Herculano Pires: O apóstolo de Kardec. O homem,
a vida, a obra. São Paulo: Paidéia, 2001.
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