152 ANOS
DE LUZ (1) /
152 ANOS DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS
18 de abril de 1857 - 2009
Analisando-se a evolução
da vida, percebe-se, de tempos em tempos, a eclosão de inventos
e descobertas a facilitar a vida material: o fogo, a roda, a escrita.
Detendo-nos nesta última, vamos nos aperceber que, além
do desenvolvimento de um código de comunicação,
propício para cada povo e época, ainda tivemos a busca
pela melhor forma de acondicionar os registros, isto é, as
diferenças de materiais nos quais a escrita foi sendo aposta.
Paredes, argila, tábuas de pedra, pergaminho, papiro, até
chegar ao papel, cada vez mais fino e branco, dos dias de hoje.
Do papel para a multiplicação dos escritos foi uma conseqüência
natural. Precisavam, os escritos, de divulgação. Gutemberg,
a seu tempo (séc. XV) concebeu a imprensa e, logo, a difusão
do conhecimento tornou-se realidade. Isto tudo para chegarmos ao livro.
Sim, é dele que estamos a falar. Cento e cinqüenta e um
anos (nosso título) é a referência ao surgimento
de O Livro dos Espíritos, a obra introdutória e fundamental
da Doutrina Espiritista.
Hippolyté Leon Denizard Rivail, o cientista, o pedagogo, o
homem de letras e ciências era dotado de espírito cético
e questionador. Por certo, ouviu falar - pela imprensa da época
- dos fenômenos da pequena Hydesville (New York, EUA, 1848),
inquietantes e psicológicos, antevendo o instante da alvorada
de luz sobre as trevas que viria bem em seguida. Convidado por amigos,
relutante até o último momento, veio a presenciar algumas
reuniões da aristocracia francesa, das mesas saltitantes e
dançantes e das cestas escreventes. Interessou-se por descobrir
a “causa inteligente” do fenômeno observado.
Neste cenário surge o livro. Resultado do esforço do
gênio céltico, do sacerdote druida, do pregador e reformador
tcheco, do professor francês... facetas de uma mesma personalidade
espiritual, o bom-senso reencarnado. Na obra, os Princípios
Básicos do Espiritismo: Divindade, Individualidade (da alma)
ou Espiritualidade, Transcomunicabilidade, Evolutividade, Pluralidade
(das Existências e dos Mundos Habitados). Repousa nas Leis Naturais.
E, para termos a exata idéia do objetivo desta obra, Kardec
mais tarde haveria de proclamar como indispensáveis dois elementos
para o progresso do Espiritismo: o estabelecimento teórico
da Doutrina e os meios de a popularizar. Ora, é justamente
pelo livro (material ou virtual, como hodiernamente se vê) que
se abrem as portas para a difusão do conhecimento, ou sua popularização
- o alcance das massas.
O livro, hoje é o precioso instrumento, a útil ferramenta
de popularização da Doutrina Espírita, para levá-lo
a todas as pessoas, inclusive para quem não tem instrução,
numa linguagem acessível. Mas, como “não se entrega
um aluno para ser alfabetizado para quem não tem qualificação
para tal”, há necessidade do estudo metódico,
da disponibilização de cursos e espaços democráticos
de aprendizado. Aí o porquê das sociedades espíritas,
a fim de desenvolver os princípios da Ciência e difundir
o gosto pelos estudos sérios.
A grande preocupação do momento, quanto ao livro, reside
na proliferação de livros pseudo-espíritas (espiritismo
x espiritualismo): romances, contos, psicografias, opiniões
pessoais, “achismos”, sem o critério da “universalidade
do ensino dos Espíritos”, base da tarefa kardequiana.
Quais os critérios para publicar? Quais os critérios
para indicar? Que obras adotar e recomendar? “Preferível
é rejeitar nove verdades, do que aceitar uma só mentira”,
tal a recomendação dada ao Codificador.