Espiritualidade e Sociedade




Marcelo Henrique Pereira

>     Dezenove anos de integração comunicativa

Artigos, teses e publicações

Marcelo Henrique Pereira
>  Dezenove anos de integração comunicativa

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Ainda que a atividade de comunicação social espírita remonte à publicação, por Rivail (Allan Kardec) da “Revue Spirite” (Revista Espírita), de 1857 a 1869 – levando-se em conta que, a partir do seu desencarne (março/1869) foram alguns espíritas próximos de Kardec quem levaram o periódico até a última edição, dezembro daquele mesmo ano, a organização dos comunicadores, divulgadores e difusores da mensagem espírita só se deu em 1976, com a fundação sob a direção de Deolindo Amorim, da Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas (ABRAJEE). Deolindo e José Herculano Pires (este até 1979, quando voltou ao Mundo Espiritual) foram os principais expoentes da atividade jornalística espírita, notadamente. Os alicerces desta importante atividade permitiram não só o surgimento de inúmeros veículos comunicativos – que se expandiram (quase) ao infinito com as facilidades cibernéticas – como a discussão e a maturação de temas de indizível importância para o movimento espírita e, por extensão, à própria Sociedade.

A ABRAJEE era uma instituição formada por pessoas físicas, isto é, homens e mulheres que exercitavam a arte de escrever, seja em periódicos impressos seja em brochuras e livros. Daí o nome “jornalistas” e “escritores”, ambos espíritas. Vale dizer, ainda, que a categorização profissional como jornalista era o diferencial para a identidade destes comunicadores, bem distante da polêmica da exigência do diploma universitário, posto que a credencial era apenas o registro profissional. Já para o quesito escritor não havia a necessidade da qualificação trabalhista bastando que o interessado em fazer parte da entidade pioneira demonstrasse sua incursão no mundo das letras, juntando cópia de exemplares onde um ou mais textos de sua autoria houvessem sido veiculados. O mais importante, neste cenário, era a afirmação como espírita, isto é, o descortino de temas com a visão espírita, no livre exercício do pensar e do escrever, à luz do Espiritismo. Atuei como inscrito na ABRAJEE entre 1990 e 1995, colaborando diretamente na edição de um periódico (Revista “Perfil”) em Florianópolis (SC). Mas a ABRAJEE enquanto entidade “formal” ia desaparecendo pouco a pouco, muito pela condição de velhice e de desencarne dos que nela militavam e pela ausência de espírito de liderança para promover encontros periódicos de discussão de temas afetos à Comunicação Social Espírita.

Em 1995, no entanto, este cenário se alterou significativamente. Na verdade, um pouco antes. Com a participação significativa de Ildefonso do Espírito Santo, médico e divulgador do Espiritismo, na condução do elo de união entre os espíritas militantes na comunicação, vários deles passaram a trocar correspondência, reunirem-se periodicamente, até que nesta data (15 de janeiro) era fundada a Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo (ABRADE) que teve o fluminense Wilson Longobucco, como primeiro presidente e Marcus Vinícius Ferraz Pacheco, de Pernambuco, como secretário. Os contatos iniciais de Ildefonso geraram frutos e a dinâmica empreendida por Vinícius e Wilson logrou êxito: em pouco tempo havia associações locais (estaduais e distrital) espalhadas pelos quatro cantos do país, cognominadas como ADEs (Associações de Divulgadores Espíritas). Vale dizer que hoje, além destas entidades também existem ADEs municipais. Aí estava consagrada a principal diferença entre a pioneira ABRAJEE e a contemporânea ABRADE: enquanto a primeira congregava pessoas, isolada e individualmente, na condição de “delegados”, a segunda buscou formar, localmente, grupos de pessoas interessadas na comunicação/divulgação espírita, congregando-as em uma associação local e a reunião destas, com seus representantes e colaboradores, formou a ABRADE. Não é, portanto, a ABRADE quem deve “aglutinar” os espíritas, individualmente, muito embora em momentos de sua história – que alcança o décimo nono ano – elas, as pessoas, estivessem em grande número e em inúmeras atividades, vale lembrar, por exemplo, os dois Congressos Brasileiros (COMBRADEs) realizados pela instituição e a manutenção de quase duas dezenas de listas virtuais espíritas, em plataformas específicas, para contato, diálogo e debates. Foi a época do “boom” das listas de e-mails, as quais, hoje, só funcionam com poucas pessoas e para objetivos muito específicos, como é o caso da lista que reúne, na Abrade, os representantes das entidades filiadas de todo o Brasil, para a discussão e decisão sobre os rumos e atividades institucionais. Depois vieram outras plataformas comunicativas, sendo que atualmente aquela que está em evidência é o FACEBOOK, permitindo uma interação instantânea e a maior eficácia da própria comunicação espírita e da difusão doutrinária. O endereço, a propósito, da Abrade nesta mídia é (www.facebook.com/abrade.espiritismo).

Em meados da década passada, a Abrade consolidou um novo modelo administrativo, deixando o antigo presidencialismo e adotando a gestão colegiada, eliminando a função de presidente e compondo um Colegiado Executivo, que hoje possui três funções essenciais: assessor administrativo, assessor financeiro e secretário executivo. Acima do colegiado, como órgão máximo deliberativo está o Conselho Nacional dos Divulgadores Espíritas (CNDE) que é formado por um representante de cada uma das entidades filiadas. Democrática, plural e participativamente a Abrade apresenta a sua proposta de organização institucional para que possa inspirar outras entidades espíritas a buscarem um maior dinamismo e igualdade entre as pessoas que as integram.

Merece destaque, também, a cooperação e parceria que a ABRADE há algumas décadas mantém com o movimento espírita federativo nacional e com a Federação Espírita Brasileira (FEB). Pioneira como entidade espírita especializada a colaborar com a FEB e a participar das reuniões do Conselho Federativo Nacional (CFN-FEB), que congrega as vinte e sete entidades estaduais e distrital que atuam unificadamente, a Abrade tem sido responsável pela sugestão de atividades para a FEB e para o próprio conjunto das especializadas, inicialmente denominado de Fórum das Entidades Especializadas Espíritas de Âmbito Nacional e que, recentemente (2013) foram transformadas em Conselho Nacional das Entidades Especializadas Espíritas (CNE-FEB), para atuar de forma oficial junto ao movimento. Também a existência de quatro Comissões Temáticas (nas áreas de Direito e Acompanhamento Legislativo, Saúde e Espiritualidade, Educação, e Comunicação), permitindo a discussão dos temas afetos a cada uma delas e que interessam à comunidade espírita e a formulação de diretrizes de ação a serem disponibilizadas para todo o movimento espírita, bem como ações específicas e efetivas para a difusão do pensamento espiritista no seio social.

Considerando-se as diversificadas competências e habilidades do “time abradeano” que é formado por pessoas que atuam nas ADEs e outras, experientes em ramos comunicativos, mas que não possuem vínculo associativo com estas últimas, mas, apenas e verdadeiramente, o “espírito comunicativo” que tanto interessa à Abrade, a entidade tem se colocado à disposição das instituições espíritas para o desenvolvimento de variada gama de instrumentos comunicativos, a saber:

1) Formação de Palestrantes e Divulgadores Orais do Espiritismo, seja para a apresentação de ferramentas e técnicas de comunicação e oratória, seja para a difusão dos princípios espiritistas;

2) Idealização e execução de periódicos (impressos ou eletrônicos), compreendendo as diversas fases da produção de mídia (projeto, diagramação, montagem, escolha de textos, estilos literários e jornalísticos, citações e apresentação – arte final);

3) Desenvolvimento de projetos comunicativos para o Rádio e a TV, assim como seus correspondentes em ambiência virtual (WEB-TV e WEB-Rádio);

4) Formatação de painéis, murais e espaços de divulgação interna, nas entidades espíritas;

5)) Assessoria comunicativa para a atuação junto aos públicos interno e externo, com ênfase, também, para a mídia leiga;

6) Apoio na Produção de releases sobre matérias e eventos espíritas;

7) Programação de eventos para debater a comunicação social e a divulgação do espiritismo e assessoramento para a realização de eventos gerais de debate e apresentação de temas espiritistas;

8) Apoio na utilização de recursos audiovisuais na ambiência espírita ou em eventos externos, otimizando recursos e aperfeiçoando talentos;

9) Colaboração na área cinematográfica, para a produção de filmes e outros produtos audiovisuais; e,

10) Editoração de livros espíritas.

O rol não é exaustivo nem definitivo e a demanda por produtos ou serviços comunicativos tem sido a tônica para que pessoas ou instituições procurem o assessoramento da Abrade, que é voluntário e colaborativo. O desenvolvimento de projetos específicos parte das iniciativas locais e delas deve prover os recursos necessários à sua materialização, tanto humanos, quanto financeiros e de material.

A Abrade, por isto, coloca o seu “time” de especialistas (em diferentes mídias e atividades voltadas à comunicação social espírita) ao dispor do movimento espírita. Ela, fora do seu ambiente institucional, só pode atuar quando efetivamente solicitada, cabendo ao interessado contatar a entidade, expondo suas necessidades e objetivos e/ou problemas e dificuldades, bem como suas intenções e interesses, para que possa ser colocado em contato direto com os colaboradores-especialistas, propiciando o alcance de resultados positivos e efetivos, no menor lapso de tempo possível.

A Abrade prossegue reunindo talentos. A parábola oportuna que é atribuída a Jesus de Nazaré, neste particular, não se resume a tratar de bens materiais ou recursos financeiros. Muito pelo contrário. Trata, igualmente, dos talentos humanos, a quem o Mestre Jesus nos pergunta: - que fizeste dos talentos que Deus te confiou?

 

Marcelo Henrique Pereira, Doutorando em Direito, Secretário Executivo da ABRADE, presidente do Centro Cultural Espírita Herculano Pires, São José (SC).

 

Fonte:
http://www.aeradoespirito.net/ArtigosMH/DEZENOVE_ANOS_D_INTEG_COMUNI_MH.html

 

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