Aula 8 :
Física e Espiritismo III:
Análise dos Fenômenos Espíritas.
Exemplos de pesquisas com valor científico
1.
FÍSICA E ESPIRITISMO III:
ANÁLISE DOS FENÔMENOS ESPÍRITAS
Nas últimas aulas, comentamos a respeito da relação
entre energia e matéria e como a teoria quântica nos
leva a compreender algumas questões do Livro dos
Espíritos [1]. Hoje,
iniciaremos uma importante discussão sobre os fenômenos
espíritas, analisando se eles teriam ou não características
“quânticas”. Por fenômeno espírita
estamos querendo dizer os fenômenos que se caracterizam pela
mediunidade de efeitos inteligentes e de efeitos físicos.
Nesta aula, relembraremos algumas características dos fenômenos
mediúnicos à luz do Espiritismo e comentaremos sobre
algumas características dos fenômenos quânticos.
Na próxima aula, analisaremos se os fenômenos espíritas
são ou não quânticos.
A característica básica
da mediunidade de efeitos inteligentes, incluindo a intuição,
é a forma como os espíritos se comunicam. Segundo
os espíritos, em resposta à questão
número 282 do Livro dos Espíritos [1]:
282. Como se comunicam entre
si os Espíritos?
"Eles se vêem e se compreendem. A palavra é
material: é o reflexo do Espírito. O fluido
universal estabelece entre eles constante comunicação;
é o veículo da transmissão de seus pensamentos,
como, para vós, o ar o é do som. É
uma espécie de telégrafo universal, que liga todos
os mundos e permite que os Espíritos se correspondam de um
mundo a outro.” (Grifos
nossos)
A mesma explicação
pode ser encontrada para o mecanismo de ação
da prece (ítem 10 do cap. XXVII do Evangelho Segundo
o Espiritismo [2]). Os fenômenos
de efeitos físicos requerem a presença de médiuns
com uma aptidão especial (Cap. II da Segunda Parte do Livro
dos Médiuns [3]) para fornecerem
fluidos ditos animalizados. A mesma referência acima define
as manifestações físicas como aquelas “que
se traduzem por efeitos sensíveis, tais como ruídos,
movimentos e deslocação de corpos sólidos.”
Para ressaltar melhor uma característica que nos interessa
em nossa análise, vamos estudar a explicação
dada pelo espírito de Erasto para o fenômeno
de transporte (ítens de 96 a 99 do Livro dos Médiuns
[3]). Segundo Erasto, esse fenômeno
requer a combinação dos fluidos do espírito
com o fluido vital do médium. Vamos transcrever uma das perguntas
de Kardec sobre o assunto, feitas a um espírito que se prestou
a realizar o fenômeno de transporte de flores, e ao espírito
de Erasto. A resposta de Erasto contém um ponto importante
para nós:
8ª Será possível
trazer flores de outro planeta?
"Não; a mim não me é possível."
- (A Erasto) Teriam outros Espíritos esse poder?
"Não, isso não é possível, em virtude
da diferença dos meios ambientes."
Essa questão é interessante
porque se não é possível trazer um objeto de
outro planeta em virtude das diferenças na atmosfera fluídica
entre a Terra e o planeta, podemos deduzir diretamente que o fenômeno
de transporte não ocorre por meios instantâneos e imateriais.
O fenômeno requer que o espírito vá até
o local onde se encontra o objeto e, de alguma forma, traga-o consigo
viajando através do espaço até
o ponto onde ele o apresentará. <>Vejamos, agora, algumas
características importantes dos fenômenos quânticos.
Não é nosso objetivo expor uma longa explicação
de todas as propriedades dos sistemas quânticos. O leitor
que se interessar pelo assunto poderá estudá-lo profundamente
em livros textos como o da referência [4].
Aqui, exporemos as idéias básicas que forem necessárias
para nossa análise.
A primeira característica
importante para nós (chamemo-la C1) é o fato de que
ao nível microscópico, as trocas de energia somente
ocorrem através de quantidades finitas pequenas (os quanta)
de energia. No limite macroscópico, as quantidades de energia
são tão grandes em comparação com os
fenômenos em escala microscópica, que tudo funciona
como se as trocas de energia fossem feitas com qualquer quantidade.
A segunda característica
(chamemo-la C2) é a chamada dualidade onda-partícula,
isto é, ora um objeto se comporta como se fosse uma onda;
ora se comporta como se fosse uma partícula. Isso depende
da forma como o observador prepara o experimento. Interpretações
posteriores da Mecânica Quântica consideram que isso
é uma consequência do chamado Princípio da Complementaridade
que diz que a realidade nunca pode ser percebida em todas as suas
características, mas que as várias formas se “complementam”
na descrição da realidade. A terceira característica
(chamemo-la C3) decorrente do aspecto ondulatório dos fenômenos
quânticos, é a propriedade conhecida como não-localidade.
Alguns fenômenos como o chamado colapso da função
de onda, o salto quântico e o chamado emaranhamento
de duas ou mais partes de um sistema, apresentam a característica
não-local. Nesses fenômenos, a própria
partícula ou alguma informação relacionada
ao sistema é transferida de um lugar para outro do espaço
de forma instantânea sem que tenha havido ocupação
dos espaços intermediários nesse deslocamento. Essas
características decorrem das propriedades daquilo que chamamos
função de onda do sistema. Segundo
a interpretação de Copenhague da Mecânica Quântica,
atualmente mais aceita, o quadrado do módulo da função
de onda de um sistema quântico contém a informação
sobre as probabilidades de ocorrência para os valores das
diversas grandezas físicas que o sistema pode apresentar
em uma determinada medida experimental. Discutiremos, em aula futura,
como essa característica probabilística pode gerar
um conflito com um importante princípio espírita caso
atribuamos ao espírito ou a Deus a existência de uma
função de onda. Na próxima aula faremos a análise
dos fenômenos espíritas com base nas características
dos fenômenos quânticos acima apresentados.
2. EXEMPLOS DE PESQUISAS DE
INTERESSE ESPÍRITA COM VALOR CIENTÍFICO
Na aula anterior fizemos uma orientação
com relação a busca de bibliografia com maior valor
científico para os trabalhos de pesquisa de ordem científica,
de interesse espírita. Tais bibliografias se justificam quando
o trabalho de pesquisa visa trazer contribuições reais
ao conhecimento espírita. Se a intenção é
apenas divulgar outras pesquisas científicas e teorias novas
ou expor idéias particulares baseadas em intuição
ou opinião (deixando claro que se tratam de idéias
ou opiniões apenas, sem valor científico), o rigor
que comentamos não necessita ser tão severo já
que esse tipo de trabalho ou texto não tem nenhum valor científico.
Opinião, por mais respeitável que seja, por si só
não tem valor científico. Faz parte do nosso estudo,
aprender a discernir esse tipo de publicação daquela
resultante de um trabalho de pesquisa mais elaborado.
Para não ocupar muito espaço
vamos citar alguns exemplos de pesquisas de interesse espírita
que possuem valor científico em função da qualidade
das citações utilizadas e dos métodos e argumentos
empregados no trabalho de pesquisa.
As pesquisas citadas na aula 4 (Boletim
486) na área médica, são bons exemplos de trabalhos
de pesquisa mais elaborados. Como se pode perceber, os autores possuem
formação acadêmica e científica na área
em questão, o que favorece a realização do
trabalho em moldes mais científicos. A área médica,
ao nosso ver, é muito promissora para pesquisas de interesse
espírita por lidar diretamente com o ser humano.
Os exemplos que apresentamos na aula 5 (Boletim 487) sobre contribuições
da matemática, são trabalhos voltados para a divulgação
no meio espírita de pesquisas científicas na área
de Matemática Aplicada cujas consequências são
de interesse espírita. Buscamos citar algumas referências
originais (artigos científicos) dos trabalhos de pesquisa
para que o leitor possa verificar que se tratam de pesquisa profissional
e para que nosso trabalho tenha o respaldo científico.
Um conjunto de artigos de grande
valor científico, filosófico e doutrinário
são de autoria do Prof. Silvio Chibeni. Eles podem ser obtidos
na ‘homepage’ da referância [5].
Alguns outros trabalhos serão
apresentados em aulas futuras de acordo com a oportunidade. Na próxima
aula comentaremos, a título de exemplo, sobre as pesquisas
do Dr. Masaru Emoto com os cristais da água. Esse trabalho
tem sido considerado por muitos grupos espiritualistas (incluindo
os espíritas) como sendo científicamente comprovado
quando esse não é o caso.