RESUMO
A união entre os espíritas é uma condição
necessária para o progresso do espiritismo e sua divulgação
com mais qualidade.
Desde o início do espiritismo, a preocupação
em unir ou unificar o movimento espírita
esteve presente como uma das mais importantes metas a se cumprir.
Aliás, Kardec já se preocupava com a união
dos espíritas e o futuro do espiritismo.
No Brasil, onde o espiritismo floresceu e se estabeleceu ao longo
do último século, embora os esforços para a
união ou unificação dos espíritas,
ela ainda não ocorreu de modo pleno.
Em vista da importância da união entre os
adeptos espíritas, este artigo se propõe a analisar
a questão sob dois aspectos ainda pouco explorados pelo movimento
espírita.
Primeiro, reviso a proposta de Kardec para o futuro do espiritismo,
destacando pontos relevantes à unificação dos
adeptos. Segundo, em vista da sugestão de Kardec para a administração
do espiritismo atuar de modo similar à Ciência, a forma
como esta última é unificada é descrita e analisada.
Em seguida, apresento um esboço de proposta de unificação
espírita, com base em Kardec e na Ciência, para reflexão
e uso em futuras tentativas de unificar o movimento espírita.
O presente estudo analisa e enfatiza com base em Kardec, duas questões
muito importantes em torno do tema:
i) a importância de haver coerência doutrinária,
isto é, a consciência de que não existirá
unificação verdadeiramente espírita
sem que os adeptos e grupos aceitem e concordem sobre
os fundamentos espíritas estarem contidos na Doutrina
Espírita; e
ii) a importância de se valorizar a qualidade dessa
concordância versus quantidade de instituições
adesas ao órgão ou processo de unificação.
Mostro, com base em Kardec, que a proposta de união
ou unificação não deve ocorrer em
torno de aspectos e qualidades morais de pessoas, grupos ou instituições,
mas que a autoridade do órgão unificador deve ser,
como afirmou Kardec, "em matéria de Espiritismo,
o que é a de uma academia, em matéria de Ciência".