Há no meio espírita
atual, uma importante controvérsia a respeito da existência,
manutenção e estabilidade das chamadas colônias
ou cidades espirituais.
O estímulo crescente ao estudo dos fundamentos da Doutrina
Espírita incentivou o exercício da fé raciocinada,
isto é, da verificação da coerência doutrinária
e científica de estudos e práticas espíritas,
incluindo os ditados mediúnicos novos e antigos.
Há, pelo menos, dois impasses que precisam ser resolvidos
ou esclarecidos para haver aceitação completa do conceito
de cidades espirituais.
Um deles diz respeito ao conceito de “cidade” e “ambiente
urbano”. Uma “cidade” não é apenas
um aglomerado de pessoas, casas e construções. As
diferenças entre as naturezas da vida encarnada e desencarnada
prevê conceitos diferentes para a organização
social de encarnados e desencarnados.
O outro impasse envolve a questão da brevidade dos objetos
criados fluidicamente. Segundo a Doutrina, assim como são
facilmente criados pela ação do pensamento e da vontade
dos Espíritos, os objetos fluídicos facilmente se
desfazem quando deixam de pensar neles. Isso, segundo alguns, impediria
a existência de grandes construções espirituais
que formariam tais cidades. Este artigo se propõe a tratar
e propor uma solução para o segundo impasse.
Apresento um ensaio teórico que explica, de modo coerente
com a Doutrina e com descobertas recentes da Psicologia e Neurociência
sobre atividades mentais inconscientes, a estabilidade
temporal de estruturas fluídicas tão complexas
quanto prédios e construções similares às
que são descritas em obras mediúnicas. Mostro que
processos mentais ou pensamentos inconscientes dos Espíritos
seriam capazes de manter e estabilizar as construções
espirituais nas quais se sentem bem e seguros.
Embora o presente ensaio solucione este impasse, ele não
soluciona o primeiro, isto é, ele não dá suporte
para interpretações funcionais dessas construções
como, por exemplo, casas fluídicas para abrigar os Espíritos
das intempéries, camas e mobiliários necessários
ao descanso ou lazer dos Espíritos, automóveis para
locomoção dos Espíritos, jardins com atividade
biológica similar à das plantas materiais, alimentação
fluídica similar à material, etc.
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