“Chegaram à outra margem do
mar, na região dos gerasenos. Quando desembarcou, um homem
possesso de um espírito impuro, saindo dos sepulcros, logo
foi ao seu encontro. Ele morava nos sepulcros e ninguém
conseguia mantê-lo preso, nem mesmo com correntes, pois
muitas vezes lhe haviam algemado os pés e as mãos,
quebrava as algemas, e ninguém o dominava. Passava o tempo
inteiro nos sepulcros e sobre os montes, gritando e ferindo-se
com pedras”
(Mc 5,1-5).
Comumente, diz-se da possibilidade de
um Espírito entrar no corpo de um médium, para transmitir
o seu pensamento. É o termo usado pelos umbandistas para designar
a fase do transe mediúnico, na qual o Espírito comunicante
literalmente incorpora-se no medianeiro, ou seja, entra no seu corpo.
No movimento espírita, tem-se evitado usar esse termo, embora,
como veremos mais adiante, alguns espíritos e espíritas
o utilizem.
O Aurélio assim define o vocábulo: Tomada do corpo do
médium por um guia ou espírito; descida, transe mediúnico.
Para melhor entendimento, colocaremos uma explicação mais
abrangente que se encontra num site espírita
[1]:
[do latim incorporatione] –
1. Ato ou efeito de incorporar(-se). 2. O termo incorporação
tem sido aplicado inadequadamente à mediunidade psicofônica,
pois não tem como dois espíritos ocuparem o mesmo corpo.
No entanto, alguns teóricos espíritas afirmam que a
incorporação se dá quando o Espírito,
ainda que sob o controle do médium, tem a liberdade de movimentar
por completo o corpo do mesmo, o que seria também chamado de
psicopraxia.
Ato em que o espírito desencarnado "entra" no corpo
do médium para uma interação com os demais encarnados.
O espírito do médium cede lugar momentaneamente para
o espírito animador. Este sempre permanece no aparelho por
algum tempo, sendo totalmente impossível uma incorporação
mais duradoura. O espírito que incorpora em um corpo pode doar
ou sugar energias do corpo que lhe acolhe, dependendo do grau de adiantamento
do espírito em questão. O espírito do médium
permanece ligado a seu corpo pelo "cordão-de-prata".
A incorporação é um dos mais interessantes e
praticados fenômenos espíritas. Suas possibilidades são
muitíssimo vastas, não só do ponto de vista da
comunicação efetiva com o espírito como sua interação
com o meio físico mais propriamente. Verifica-se, em muitos
casos, um grande desgaste por parte do espírito [encarnado?]
logo após a desincorporação, possivelmente devido
a grande troca energética que se verifica entre o espírito,
o médium e o meio.
(Leitura básica: "O Livro dos Médiuns"
de Allan Kardec).
Muita dúvida ainda suscita esse
tema. Mesmo sem que tenhamos feito um levantamento quantitativo, é
bem provável que a esmagadora maioria dos estudiosos do Espiritismo
– já ouvimos inclusive isso de vários deles - não
aceita tal possibilidade, especialmente quando se leva em conta o que
consta em O Livro dos Espíritos, na resposta à pergunta
473:
Um Espírito pode tomar momentaneamente
o envoltório corporal de uma pessoa viva, isto é, introduzir-se
num corpo animado e agir no lugar do Espírito que nele se encontra
encarnado?
“O Espírito não entra num corpo como entras
numa casa. Identifica-se com um Espírito encarnado,
cujos defeitos e qualidades sejam os mesmos que os seus, a fim de
agirem conjuntamente. Mas é sempre o Espírito encarnado
quem atua, como quer, sobre a matéria de que se acha revestido.
Um Espírito não pode substituir-se ao que está
encarnado, pois este terá que permanecer ligado ao
seu corpo até ao termo fixado para sua existência material.”
(KARDEC, 2006, p. 296-297) (grifo nosso).
Um alerta aos que tem essa primeira
obra publicada pelo Codificador como algo no qual se encontra pronto
e acabado tudo que se relaciona a Doutrina Espírita, não
cabendo acrescentar mais nada do que está nela, transcrevemos
esta esclarecedora e oportuna fala de Kardec: “O Livro dos Espíritos
não é um tratado completo do Espiritismo; não faz
senão colocar-lhe as bases e os pontos fundamentais, que devem
se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”
(KARDEC, 1993, p. 223).
A título de exemplo, do que normalmente
se pensa do assunto, transcrevemos:
Existe a incorporação de Espíritos?
No sentido semântico do termo
não existe incorporação, pois nenhum Espírito
conseguiria tomar o corpo de outra pessoa, assumindo o lugar da sua
Alma. O que ocorre é que o médium e o Espírito
se comunicam de perispírito a perispírito, ou seja mente
a mente, dando a impressão de que o médium está
incorporado. Na mediunidade equilibrada, o médium
tem um maior controle de sua faculdade e o fenômeno
mediúnico acontece mais a nível mental. Nos
processos obsessivos graves (doenças mórbidas causadas
por Espíritos inferiores), onde a mediunidade está perturbada,
podem ocorrer crises nervosas. Observadores de pouco conhecimento
podem achar que um Espírito mau apoderou-se do corpo do enfermo.
Foi esse fenômeno que deu origem às práticas de
exorcismo
(http://www.espirito.org.br/portal/perguntas/prg-004.html).
(grifo nosso).
A nosso ver, Kardec não detalhou
esses casos; mas, em algumas situações, podemos ver que
há um campo aberto a esse entendimento. Fora o caso da possessão,
que, depois, mais à frente, iremos ver, podemos citar certos
pontos abordados por ele, para melhor entendimento do assunto.
Resta agora a questão de saber
se o Espírito pode comunicar-se com o homem, isto é,
se pode com este trocar idéias. Por que não? Que é
o homem, senão um Espírito aprisionado num corpo? Por
que não há de o Espírito livre se comunicar com
o Espírito cativo, como o homem livre com o encarcerado?
Desde que admitis a sobrevivência da alma, será racional
que não admitais a sobrevivência dos afetos? Pois que
as almas estão por toda parte, não será natural
acreditarmos que a de um ente que nos amou durante a vida se acerque
de nós, deseje comunicar-se conosco e se sirva para isso dos
meios de que disponha? Enquanto vivo, não atuava ele sobre
a matéria de seu corpo? Não era quem lhe dirigia os
movimentos? Por que razão, depois de morto, entrando
em acordo com outro Espírito ligado a um corpo, estaria impedido
de se utilizar deste corpo vivo, para exprimir o seu pensamento,
do mesmo modo que um mudo pode servir-se de uma pessoa que fale, para
se fazer compreendido? (KARDEC, 2007a, p. 24-25)
(grifo nosso).
A utilização do corpo
físico de um Espírito encarnado por um Espírito
desencarnado parece-nos ser, ainda que de modo não muito explícito,
uma possibilidade tratada aqui neste tópico.
O perispírito, para nós
outros Espíritos errantes, é o agente por meio do qual
nos comunicamos convosco, quer indiretamente, pelo vosso corpo
ou pelo vosso perispírito, quer diretamente, pela vossa alma;
donde, infinitas modalidades de médiuns e de comunicações.
(KARDEC, 2007a, p. 74). (grifo nosso).
Nesse trecho da fala de Lamennais (Espírito),
surgem três aspectos diferentes pelos quais acontece o fenômeno
da comunicação espiritual, de cujo mecanismo o perispírito
é a base fundamental: pelo corpo, pelo perispírito e pelo
Espírito, o que, segundo acreditamos, significaria, pela ordem:
a incorporação completa, o envolvimento parcial de algum
membro do corpo e o assim denominado “mente a mente”.
A pneumatografia é a escrita
produzida diretamente pelo Espírito, sem intermediário
algum; difere da psicografia, por ser esta a transmissão
do pensamento do Espírito, mediante a escrita feita
com a mão do médium (KARDEC, 2007a,
p. 200) (grifo nosso).
Observamos que, ao se falar da particularidade
da transmissão do pensamento do Espírito na psicografia,
isso nos dá a idéia de que, pelo menos nesse caso, tem-se
admitido no fenômeno a ocorrência da ligação
mental entre o encarnado e o desencarnado. Essa poderia ser também
a justificativa, dada por muitos, de que a fenomenologia tem como base
tal mecanismo, ou seja, o de ser o fator de sua produção
uma conexão “mente a mente”.
Chamamos psicografia indireta à
escrita assim obtida, em contraposição à psicografia
direta ou manual, obtida pelo próprio médium. Para se
compreender este último processo, é mister levar em
conta o que se passa na operação. O Espírito
que se comunica atua sobre o médium que, debaixo dessa influência,
move maquinalmente o braço e a mão para escrever,
sem ter (é pelo menos o caso mais comum) a menor consciência
do que escreve; a mão atua sobre a cesta e a cesta sobre o
lápis (KARDEC, 2007a, p. 209). (grifo
nosso).
Quando atua diretamente sobre a mão, o Espírito
lhe dá uma impulsão de todo independente da vontade
deste último. Ela se move sem interrupção e sem
embargo do médium, enquanto o Espírito tem alguma coisa
que dizer, e para, assim ele acaba.
Nesta circunstância, o que caracteriza o fenômeno é
que o médium não tem a menor consciência do que
escreve. [...] (KARDEC, 2007a, p. 230). (grifo
nosso).
Parece-nos que aqui a coisa se dá
de uma forma diferente da anterior, pois Kardec não fala em transmissão
de pensamento, mas em atuação do Espírito que faz
que o médium, sob essa influência, passe a escrever. Não
estaria aqui uma ação direta do Espírito comunicante
sobre o braço do médium? Se for desse jeito, então,
o fenômeno não se enquadraria, segundo supomos, no conceito
“mente a mente” especialmente da forma como isso é
geralmente entendido.
Os médiuns audientes, que apenas
transmitem o que ouvem, não são, a bem dizer, médiuns
falantes. Estes últimos, as mais das vezes, nada ouvem.
Neles, o Espírito atua sobre os órgãos
da palavra, como atua sobre a mão dos médiuns
escreventes. Querendo comunicar-se, o Espírito se serve
do órgão que se lhe depara mais flexível
no médium. A um, toma da mão; a outro, da palavra; a
um terceiro, do ouvido. O médium falante geralmente se exprime
sem ter consciência do que diz e muitas vezes diz coisas completamente
estranhas às suas idéias habituais, aos seus conhecimentos
e, até, fora do alcance de sua inteligência. Embora se
ache perfeitamente acordado e em estado normal, raramente guarda lembrança
do que diz. Em suma, nele, a palavra é um instrumento de que
se serve o Espírito, com o qual uma terceira pessoa pode comunicar-se,
como pode com o auxilio de um médium audiente (KARDEC,
2007a, p. 218-219). (grifo nosso).
Ao dar as características do
médium falante, Kardec as descreve como decorrentes de uma atuação
do Espírito sobre os órgãos da palavra, dando-a
por semelhante à que acabamos de citar. Assim, acreditamos que
não prevalece o “mente a mente” como única
base para o fenômeno, embora não tenhamos dúvida
de que foi uma mente que o tenha produzido.
A transmissão do pensamento
também se dá por meio do Espírito do médium,
ou, melhor, de sua alma, pois que por este nome designamos o Espírito
encarnado. O Espírito livre, neste caso, não
atua sobre a mão, para fazê-la escrever; não
a toma, não a guia. Atua sobre a alma, com a qual se
identifica. A alma, sob esse impulso, dirige a mão
e esta dirige o lápis. Notemos aqui uma coisa importante: é
que o Espírito livre não se substitui à
alma, visto que não a pode deslocar. Domina-a, mau
grado seu, e lhe imprime a sua vontade. Em tal circunstância,
o papel da alma não é o de inteira passividade; ela
recebe o pensamento do Espírito livre e o transmite. Nessa
situação, o médium tem consciência do que
escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento.
E o que se chama médium intuitivo (KARDEC,
2007a, p. 230-231). (grifo nosso).
No caso dos médiuns intuitivos,
explica-nos Kardec que a ação do Espírito não
é sobre a mão, mas sobre a alma do médium. Disso
entendemos que pode ser aplicado, nesta situação, o “mente
a mente” como base de sua origem. Contudo, também, aqui
fica bem claro que em outros casos isso não ocorre, conforme
já o dissemos.
Os Espíritos insistiram, contra
a nossa opinião, em incluir a escrita direta entre os fenômenos
de ordem física, pela razão, disseram eles, de que:
"Os efeitos inteligentes são aqueles para cuja produção
o Espírito se serve dos materiais existentes no cérebro
do médium, o que não se dá na escrita
direta. A ação do médium é aqui toda material,
ao passo que no médium escrevente, ainda que completamente
mecânico, o cérebro desempenha sempre um papel
ativo." (KARDEC, 2007a, p. 240).
(grifo nosso).
Talvez aqui possamos ter uma idéia
de que, nos fenômenos de efeitos inteligentes, há sempre
a utilização do cérebro do médium; entretanto,
isto não implica dizer que seja tudo na base da ligação
de “mente a mente”. Porém, ao se tratar da mediunidade,
de uma forma genérica, a coisa torna-se complicada, diante do
que se estará afirmado:
O Espírito, que se comunica
por um médium, transmite diretamente seu pensamento, ou este
tem por intermediário o Espírito encamado no médium?
"O Espírito do médium é o intérprete,
porque está ligado ao corpo que serve para falar e por ser
necessária uma cadeia entre vós e os Espíritos
que se comunicam, como é preciso um fio elétrico para
comunicar à grande distância uma notícia e, na
extremidade do fio, uma pessoa inteligente, que a receba e transmita."
(KARDEC, 2007a, p. 280) (grifo nosso).
Neste ponto, pela resposta dos Espíritos,
a fenomenologia mostra-se, genericamente, como o meio do qual se utiliza
o Espírito para transmitir sua mensagem, tendo como base o médium-intérprete,
do que podemos concluir ser o caso de se aplicar o “mente a mente”,
embora esse caso nos pareça conflitar com o dito anteriormente.
Durante a sua encarnação,
o Espírito atua sobre a matéria por intermédio
do seu corpo fluídico ou perispírito, dando-se o mesmo
quando ele não está encarnado. Como Espírito
e na medida de suas capacidades, faz o que fazia como homem; apenas,
por já não ter o corpo carnal para instrumento, serve-se,
quando necessário, dos órgãos materiais de um
encarnado, que vem a ser o a que se chama médium.
Procede então como um que, não podendo escrever por
si mesmo, se vale de um secretário, ou que, não sabendo
uma língua, recorre a um intérprete. O secretário
e o intérprete são os médiuns de um encarnado,
do mesmo modo que o médium é o secretário ou
o intérprete de um Espírito(KARDEC,
2007b, p. 300). (grifo nosso).
Nas duas condições, quer
como encarnado ou desencarnado, a atuação do Espírito
sobre a matéria, no caso o corpo físico, abre porta, segundo
acreditamos, para a possibilidade da incorporação, no
exato sentido do termo.
Por meio do seu perispírito
é que o Espírito atuava sobre o seu corpo vivo;
ainda por intermédio desse mesmo fluido é que ele se
manifesta; atuando sobre a matéria inerte, é que produz
ruídos, movimentos de mesa e outros objetos, que os levanta,
derriba, ou transporta. Nada tem de surpreendente esse fenômeno,
se considerarmos que, entre nós, os mais possantes motores
se encontram nos fluidos mais rarefeitos e mesmo imponderáveis,
como o ar, o vapor e a eletricidade.
É igualmente com o concurso do seu perispírito que o
Espírito faz que os médiuns escrevam,
falem, desenhem. Já não dispondo de corpo tangível
para agir ostensivamente quando quer manifestar-se, ele se serve do
corpo do médium, cujos órgãos toma de empréstimo,
corpo ao qual faz que atue como se fora o seu próprio, mediante
o eflúvio fluídico que verte sobre ele. (KARDEC,
2007b, p. 343). (grifo nosso).
Temos aqui um complemento da explicação
anterior que torna mais clara ainda a questão do uso do corpo
físico do encarnado por um Espírito, no processo de comunicação.
Como falamos anteriormente, iremos mencionar o fenômeno da possessão;
mas, primeiramente, cumpre-nos alertar, aos menos avisados, que Kardec
mudou de opinião sobre o assunto. Nas duas primeiras obras -
O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns
– está se afirmando que não há possessão
corporal, entretanto, quando analisando o “Um caso de possessão
- Senhorita Julie” (Revista Espírita 1863),
ele textualmente afirmou:
Dissemos que não havia possessos
no sentido vulgar da palavra, mas subjugados; retornamos sobre esta
afirmação muito absoluta, porque nos está
demonstrado agora que pode ali haver possessão verdadeira,
quer dizer, substituição, parcial, no entanto, de um
Espírito errante ao Espírito encarnado. Eis
um primeiro fato que é a prova disto, e que apresenta o fenômeno
em toda a sua simplicidade. (KARDEC, 2000, p.
373). (grifo nosso).
O grande problema é que, apesar
de mudar de idéia, Kardec não se preocupou em corrigir,
nos dois livros citados, o que havia escrito neles, fato que induz muitos
ao entendimento equivocado do assunto, só o fazendo no livro
A Gênese, publicado em janeiro do ano de 1868,
do qual transcrevemos o seguinte excerto:
47. - Na obsessão, o Espírito
atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele
identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado
por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua vontade.
Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito
atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado;
toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no
entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se
pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é
sempre temporária e intermitente, porque um Espírito
desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado,
pela razão de que a união molecular do perispírito
e do corpo só se pode operar no momento da concepção.
(Cap. XI, nº 18.)
De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito
se serve dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca,
vê pelos seus olhos, opera com seus braços, conforme
o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade
falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo o pensamento
de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último
que fala e obra; quem o haja conhecido em vida, reconhece-lhe
a linguagem, a voz, os gestos e até a expressão da fisionomia.
48. - Na obsessão há
sempre um Espírito malfeitor. Na possessão pode
tratar-se de um Espírito bom que queira falar e que, para causar
maior impressão nos ouvintes, toma do corpo de um encarnado,
que voluntariamente lho empresta, como emprestaria seu fato
a outro encarnado. Isso se verifica sem qualquer perturbação
ou incômodo, durante o tempo em que o Espírito
encarnado se acha em liberdade, como no estado de emancipação,
conservando-se este último ao lado do seu substituto para ouvi-lo.
Quando é mau o Espírito possessor, as coisas se passam
de outro modo. Ele não toma moderadamente o corpo do encarnado,
arrebata-o, se este não possui bastante força moral
para lhe resistir. Fá-lo por maldade para com este, a quem
tortura e martiriza de todas as formas, indo ao extremo de tentar
exterminá-lo, já por estrangulação, já
atirando-o ao fogo ou a outros lugares perigosos. Servindo-se dos
órgãos e dos membros do infeliz paciente, blasfema,
injuria e maltrata os que o cercam; entrega-se a excentricidades e
a atos que apresentam todos os caracteres da loucura furiosa. (KARDEC,
2007b, p. 349-350) (grifo nosso).
O que aqui observamos é que,
se há até mesmo a possibilidade de possessão por
um Espírito bom, no sentido mesmo de se apossar do corpo do encarnado,
não vemos razão para que, em alguns casos de manifestações
de Espíritos independente de seu nível evolutivo, isso
também não possa ocorrer. Acreditamos que nas situações,
por exemplo, de psicofonia ou psicografia, nas quais o médium
age com total inconsciência, esse fato se explicaria pela posse
do corpo do médium, ou seja, o cérebro físico não
registra os acontecimentos durante esse período por ter o Espírito
do médium se afastado do corpo proporcionando a um outro a sua
substituição temporária.
No relato do caso da Senhorita Julie, Kardec, inicialmente, cita uma
médium sonâmbula que, de uma hora para outra, passou a
ter “ares todos masculinos”, por influência de um
Espírito, que disse se chamar Charles Z, nome que lembraram ser
de um senhor morto por um ataque de apoplexia. E o mais interessante
foi que ele afirmou que “aproveitou de um momento em que o
Espírito da senhora A..., a sonâmbula, estava afastado
do seu corpo, para se colocar em seu lugar” e quanto lhe
foi perguntado sobre o Espírito da Senhora A ..., ele respondeu:
“Estava lá, ao lado, me olhava e ria de ver-me nesse
vestuário” (KARDEC, 2000, p. 374). Sobre esse fato
Kardec, tece as seguintes considerações:
Com efeito, tendo se renovado esta
cena vários dias seguidos, a senhora A... tomava cada vez as
poses e as maneiras habituais do Sr. Charles, virando-se sobre a costa
da poltrona, cruzando as pernas, roçando o bigode, passando
os dedos sobre seus cabelos, de tal sorte que, salvo o vestuário,
poder-se-ia crer ter o Sr. Charles diante de si; no entanto, não
havia transfiguração, como vimos em outras circunstâncias.
[...]
A possessão é aqui evidente e ressalta
melhor dos detalhes, que seria muito longo reportar; mas é
uma possessão inocente e sem inconveniente. Não ocorre
o mesmo quando ela é o fato de um Espírito mau e mal
intencionado; pode então ter consequências tanto mais
graves quanto esses Espíritos sejam tenazes, e que se torna,
frequentemente, muito difícil livrar deles o paciente do qual
fazem sua vítima. (KARDEC, 2000, p. 374)
(grifo nosso).
Um outro caso bem semelhante encontramos
em Hipnotismo e Mediunidade de César Lombroso (1835-1909). Vejamo-lo:
No transe – diz o Espírito
de Pelham (Hyslop) – o corpo etéreo do médium
sai do corpo físico, como no sonho, e deixa vazio
o seu cérebro, e então nós nos apossamos
dele. Vossa conversação nos chega como que
por telefone de estação distante. Falta-nos a força,
especialmente ao finalizar da sessão, na pesada atmosfera do
mundo. (LOMBROSO, 1999, p. 413). (grifo nosso).
A visão desse Espírito
é idêntica à daquele pelo qual a Senhora A... era
possuída, fato interessante também para se confirmar a
hipótese aqui levantada.
Levando-se em conta que “todo aquele que sente, num grau qualquer,
a influência dos espíritos é, por esse fato, um
médium” (KARDEC, 2007a, p. 211), ainda que isso não
signifique que necessite de trabalhar na mediunidade, então podemos
dizer, com base nessa afirmativa do codificador, que uma pessoa possessa
é um medianeiro.
Na Revista Espírita de 1869, Kardec relata o
caso de um Espírito que crê sonhar, não percebendo
que já havia morrido, que veio a se manifestar numa sessão
na Sociedade de Paris. Transcrevemos:
Na sessão da Sociedade de Paris,
de 8 de janeiro, o mesmo Espírito veio se manifestar de novo,
não pela escrita, mas pela palavra, em se servindo do corpo
do Sr. Morin, em sonambulismo espontâneo. Ele falou durante
uma hora, e isso foi uma cena das mais curiosas, porque o médium
tomou a sua pose, seus gestos, sua voz, sua linguagem ao ponto que
aqueles que o tinham visto o reconheceram sem dificuldade. (...)
Numa outra reunião, um Espírito deu sobre este fenômeno
a comunicação seguinte:
Há aqui, uma substituição de pessoa, uma simulação.
O Espírito encarnado recebe a liberdade ou cai na inação.
Digo inércia, quer dizer, a contemplação daquilo
que se passa. Ele está na posição de
um homem que empresta momentaneamente a sua habitação,
e que assiste às diferentes cenas que se realizam com a ajuda
de seus móveis. Se gosta mais de gozar da sua liberdade, ele
o pode, a menos que não haja para ele utilidade em permanecer
espectador.
Não é raro que um Espírito atue e fale
com o corpo de um outro; deveis compreender a possibilidade deste
fenômeno, então que sabeis que o Espírito
pode se retirar com o seu perispírito mais ou menos longe de
seu envoltório corpóreo. Quando esse fato ocorre sem
que nenhum Espírito disto se aproveite para ocupar o lugar,
há a catalepsia. Quando um Espírito deseja para
ali se colocar para agir, toma um instante a sua parte na encarnação,
une o seu perispírito ao corpo adormecido, desperta-o por esse
contato e restitui o movimento à máquina; mas os movimentos,
a voz não são mais os mesmos, porque os fluidos perispirituais
não afetam mais o sistema nervoso do mesmo modo que o verdadeiro
ocupante.
Essa ocupação jamais pode ser definitiva; seria preciso,
para isso, a desagregação absoluta do primeiro perispírito,
o que levaria forçosamente à morte. Ela não pode
mesmo ser de longa duração, pela razão de que
o novo perispírito, não tendo sido unido a esse corpo
desde a sua formação, não tem nele raízes,
não estando modelado sobre esse corpo, não está
apropriado ao desempenho dos órgãos; o Espírito
intruso não está numa posição normal;
ele é embaraçado em seus movimentos e é porque
deixa essa veste emprestada desde que dela não tenha
mais necessidade. (KARDEC, 2001, p.
48-50). (grifo nosso)
A explicação aqui é
mais do que suficiente para que possamos entender um pouco mais do fenômeno
de incorporação. No afastamento do Espírito encarnado,
leva ele consigo o seu perispírito, oportunidade em que o Espírito
desencarnado une o seu perispírito ao corpo abandonado, passando
a usá-lo temporariamente com todas as suas características
de quando vivo.
Quem quiser se dar a oportunidade de ir a algum terreiro de umbanda
verá que um médium totalmente “tomado” por
um Espírito chega, em alguns casos, a beber até um litro
de cachaça, sem que isso lhe altere qualquer coisa em seu corpo.
Depois que o retoma, após a saída do Espírito comunicante,
está, o médium, tão normal quanto alguém
que nada bebeu. Será que isso aconteceria se o intercâmbio
fosse, como acreditam muitos, simplesmente pelo processo de ligação
de “mente a mente”? A nossa suspeita em relação
a esse fato é que, por ter o Espírito desencarnado acoplado
ao corpo físico do médium, ao sair ele leva consigo, impregnadas
no seu perispírito, todas as energias provenientes da beberagem.
De igual modo, presumimos acontece quando se faz o uso do fumo.
Uma coisa é importante lembrar aos que acham que tudo já
foi dito, à semelhança do que acontece com muitos crentes
em relação à Bíblia, é que Kardec
não pôs um ponto final no que recebeu dos Espíritos,
conforme esta sua afirmação: “O Livro
dos Espíritos não é um tratado
completo do Espiritismo; não faz senão colocar-lhe as
bases e os pontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente
pelo estudo e pela observação” (KARDEC, 1993,
p. 223). Portanto, se na experiência diária, chegarmos
a novas explicações, para determinados fenômenos,
não estaremos indo contra Kardec; mas, ao contrário, agiremos
segundo nos orientou.
Seguindo nosso estudo, iremos agora
ver o que Léon Denis (1846-1927) nos traz a
respeito desse intrigante assunto.
Em seu livro No Invisível, cita a opinião
de Frederic Myers (1843-1901), professor da Universidade de Cambridge,
que foi um pesquisador dos fenômenos psíquicos e um dos
fundadores da Sociedade de Investigações Psíquicas
de Londres:
“Afirmo que essa substituição
de personalidade, ou incorporação de espírito,
ou possessão, assinala verdadeiramente um progresso na evolução
da nossa raça. Afirmo que existe um espírito
no homem, e que é salutar e desejável que esse
espírito, como se infere de tais fatos, seja capaz
de se desprender parcial e temporariamente de seu organismo,
o que lhe facultaria uma liberdade e visão mais extensas, ao
mesmo tempo em que permitiria ao espírito de um desencarnado
fazer uso desse organismo, deixado momentaneamente vago,
para entrar em comunicação com os outros espíritos
ainda encarnados na Terra. Julgo poder assegurar que muitos conhecimentos
já se têm adquirido nesse domínio e que muitos
outros restam ainda a adquirir para o futuro.” (DENIS,
1987, p. 31) (grifo nosso).
A percepção de Myers é clara quanto à possibilidade
de um Espírito desencarnado usar o corpo físico de um
encarnado pela incorporação. Vejamos agora o que o próprio
Léon Denis fala a respeito disso no capítulo XIX, intitulado
Transe e incorporações:
O estado de transe é
esse grau de sono magnético que permite ao corpo fluídico
exteriorizar-se, desprender-se do corpo carnal, e à
alma tornar a viver por um instante sua vida livre e independente.
A separação, todavia, nunca é completa; a separação
absoluta seria a morte. Um laço invisível continua a
prender a alma ao seu invólucro terrestre. Semelhante ao fio
telefônico que assegura a transmissão entre dois pontos,
esse laço fluídico permite à alma desprendida
transmitir suas impressões pelos órgãos do corpo
adormecido. No transe, o médium fala, move-se, escreve automaticamente;
desses atos, porém, nenhuma lembrança conserva ao despertar.
O estado de transe pode ser provocado, quer pela ação
de um magnetizador, quer pela de um Espírito. Sob o influxo
magnético, os laços que unem os dois corpos se afrouxam.
A alma, com seu corpo sutil, vai-se emancipando pouco a pouco; recobra
o uso de seus poderes ocultos, comprimidos pela matéria. Quanto
mais profundo é o sono, mais completo vem a ser o desprendimento.
As radiações da psique aumentam e se dilatam; um estado
diferente de consciência, faculdades novas se revelam. Um mundo
de recordações e conhecimentos, sepultados nas profundezas
do “eu”, se patenteia. O médium pode, sob o império
de uma vontade superior, reconstituir-se numa de suas passadas existências,
revivê-la em todas as suas particularidades, com as atitudes,
a linguagem e os atributos que caracterizam essa existência.
Entram ao mesmo tempo em ação os sentidos psíquicos.
A visão e audição à distância se
produzem tanto mais claras e fiéis quanto mais completa é
a exteriorização da alma.
No corpo do médium, momentaneamente abandonado, pode
dar-se uma substituição de Espírito. É
o fenômeno das incorporações. A alma de um desencarnado,
mesmo a alma de um vivo adormecido, pode tomar o lugar do médium
e servir-se de seu organismo material, para se comunicar
pela palavra e pelo gesto com as pessoas presentes.
(DENIS, 1987, p. 249) (grifo nosso).
Continuando a análise da questão,
ainda coloca Denis:
Indagam certos experimentadores: o
Espírito do manifestante se incorpora efetivamente no organismo
do médium? ou opera ele antes, a distância, pela sugestão
mental e pela transmissão de pensamento, como o pode fazer
um espírito exteriorizado do sensitivo?
Um exame atento dos fatos nos leva a crer que essas duas explicações
são igualmente admissíveis, conforme os casos.
As citações que acabamos de fazer provam que a
incorporação pode ser real e completa. É
mesmo algumas vezes inconsciente, quando, por exemplo, certos Espíritos
pouco adiantados são conduzidos por uma vontade superior ao
corpo de um médium e postos em comunicação conosco,
a fim de serem esclarecidos sobre sua verdadeira situação.
Esses Espíritos, perturbados pela morte, acreditam ainda, muito
tempo depois, pertencerem à vida terrestre. Não lhes
permitindo seus fluidos grosseiros entrarem em relação
com Espíritos mais adiantados, são levados aos grupos
de estudo, para serem instruídos acerca de sua nova condição.
É difícil às vezes fazer-lhes compreender que
abandonaram a vida carnal e sua estupefação atinge o
cômico, quando, convidados a comparar o organismo que momentaneamente
animam com o que possuíam na Terra, são obrigados a
reconhecer o seu engano. Não se poderia duvidar, em
tal caso, na incorporação completa do Espírito.
Noutras circunstâncias, a teoria da transmissão
à distância parece melhor explicar os fatos.
As impressões oriundas de fora são mais ou menos fielmente
percebidas e transmitidas pelos órgãos. Ao lado de provas
de identidade, que nenhuma hesitação permitem sobre
a autenticidade do fenômeno e intervenção dos
Espíritos, verificam-se, na linguagem do sensitivo em transe,
expressões, construções de frases, um modo de
pronunciar que lhe são habituais. O Espírito
parece projetar o pensamento no cérebro do médium,
onde adquire, de passagem, formas de linguagem familiares a este.
A transmissão se efetua, em tal caso, no limite dos conhecimentos
e aptidões do sensitivo, em termos vulgares ou escolhidos,
conforme o seu grau de instrução. Daí também
certas incoerências que se devem atribuir à imperfeição
do instrumento.
Ao despertar, o Espírito do médium perde toda consciência
das impressões recebidas no sentido de liberdade, do mesmo
modo que não guardará o menor conhecimento do papel
que seu corpo tenha desempenhado durante o transe. Os sentidos psíquicos,
de que por um momento havia readquirido a posse, se extinguem de novo;
a matéria estende o seu manto; a noite se produz; toda recordação
se desvanece. O médium desperta num estado de perturbação,
que lentamente se dissipa. (DENIS, 1987, p.
252-254) (grifo nosso)
Neste ponto, fica assim clara, segundo
a opinião de Léon Denis, que é considerado o “sucessor”
de Kardec, a questão de existir além da incorporação,
com o desencarnado assumindo o corpo físico do encarnado, os
casos de transmissão de pensamento, o que confirma o “mente
a mente”, de forma parcial, ou seja, não é uma regra
para todos os casos, como, obviamente, a incorporação
também não o é.
Interessante registrar o que ele argumentou a respeito do funcionamento
do cérebro nesses casos:
No transe, a entidade psíquica,
a alma, se revela por distinta atividade do funcionamento orgânico,
por particular acuidade das faculdades. Quando é completa a
exteriorização, o Espírito do médium pode
agir sobre o corpo adormecido com mais eficácia que no estado
de vigília e do mesmo modo que um Espírito estranho.
O cérebro não é então, como no
estado normal, um instrumento movido diretamente pela alma, mas um
receptor que ela aciona de fora. (DENIS,
1987, p. 272). (grifo nosso)
Assumindo, pelo cérebro, o total
comando do corpo físico do encarnado, o Espírito faz dele
o que sua vontade quer. Daí, talvez se explique, com mais propriedade,
a capacidade de muitos médiuns reproduzirem fielmente tanto a
voz quanto a caligrafia do desencarnado, de tal sorte que passará
em qualquer teste científico objetivando comprovar a perfeita
identidade disso com o que produzia quando vivo.
Gabriel Delanne (1857-1926) em O Fenômeno
Espírita, falando sobre a incorporação
disse:
A mediunidade, pela pena, abrevia
e simplifica as comunicações com os Espíritos;
porém, há outro modo ainda mais expedito, por meio do
qual o Espírito se apodera dos órgãos
do médium e conversa por sua boca, como o poderia fazer se
ele próprio estivesse encarnado. Os ingleses e norte-americanos
dizem que, nesse caso, o médium está em transe. (DELANNE,
1977, p. 105). (grifo nosso)
Ao que nos parece, Delanne também
admitia a incorporação, especialmente pela forma com que
fala “o Espírito se apodera dos órgãos do
médium”.
A divergência de opiniões entre os vários autores
espíritas é flagrante; uns contra, poucos a favor, fato
que também não deixamos de observar entre os próprios
Espíritos.
Como exemplo do grupo que comunga com essa hipótese, citamos
Cairbar Schutel (1868-1938), que assim se expressou:
“Na mediunidade falante verificam-se também casos de incorporação:
o Espírito do médium se afasta um tanto do seu organismo
para dar lugar a outro Espírito, que se utiliza do corpo. Neste
caso, há sempre inconsciência do médium, porque
ele cai em estado de transe”. (SCHUTEL,
1984, p. 37). Portanto, Schutel não deixa dúvida
quanto ao fato.
Podemos ainda citar o Dr. Hermani Guimarães Andrade
(1913-2003) que, estudando a questão das incorporações
mediúnicas, obsessões e possessões, a certa altura,
diz-nos:
Principiaremos com o mais comum e
corriqueiro: a “incorporação mediúnica”.
Na incorporação mediúnica, podemos distinguir
várias graduações, se tomarmos por base os diferentes
níveis de conservação de consciência e
controle, por parte do médium, durante a comunicação
dada pelo Espírito manifestante.
A “incorporação mediúnica” pode,
também, distinguir-se por diversas modalidades de comunicação:
psicofonia, psicografia, possessão parcial ou total das manifestações
de habilidades não aprendidas tais como nos casos de psicopictografia,
psicocirurgia, psicoescultura, psicomúsica, escrita automática
incontrolável com xenografia, xenoglossia, múltipla
personalidade, transfiguração (esta última pertencendo
também ao capítulo das ectoplasmias), etc.
O mecanismo da “incorporação mediúnica”
é fácil de compreender. Ela pode principiar pela aproximação
da entidade que deseja comunicar-se. Esta poderá eventualmente
influenciar o “médium”, facilitando-lhe o “transe”.
O médium passa então a sofrer um desdobramento
astral (OBE) e sua cúpula juntamente com o corpo astral deslocam-se
parcial ou totalmente de maneira a permitir que a cúpula e
o corpo astral do Espírito comunicante ocupe parcial ou totalmente
o campo livre deixado pelo “corpo astral” do médium.
A incorporação é tanto mais perfeita quanto maior
o espaço é cedido pelo astral do médium ao afastar-se
do seu corpo físico, deixando lugar para a cúpula com
o corpo astral do comunicador. Este – o Espírito comunicante
– deverá sofrer um processo semelhante ao desdobramento
astral, para permitir que sua cúpula e corpo astral possam
justapor-se ao espaço livre deixado pelo médium (ver
fig. 16).
Na figura 16 mostramos esquematicamente o mecanismo
de uma incorporação mediúnica completa. Há
casos em que a parte astral do médium se desloca só parcialmente,
permitindo que apenas uma fração do astral do Espírito
comunicador entre em contacto com a zona anímico-perispirítica
daquele. Mesmo nestas condições pode haver comunicação,
a qual poderá ser em parte direta e em parte telepática.
Em semelhante circunstância há sempre possibilidade de
controle das comunicações, por parte do médium.
Este poderá interferir no processo, ainda mesmo que totalmente
afastado, pois a ligação com a sua zona anímico-perispirítica
não cessa. Há sempre a presença do “cordão
prateado” garantindo o domínio do próprio equipamento
somático. (ANDRADE, 2002, p. 121-124).
Dentro da hipótese defendida por Dr. Hernani
sobre o MOB – Modelo Organizador Biológico, a sua explicação,
de como acontece o fenômeno de incorporação, é
feita de forma que se tenha uma boa ideia do que, de fato, segundo ele,
ocorre nesses casos.
Na série André Luiz, pela psicografia
de Chico Xavier, encontramos esse assunto em duas de
suas obras. A primeira é a que tem o título de Missionários
da Luz, na qual o capítulo 16 – Incorporação,
tece comentários sobre o fenômeno. Vamos transladar alguns
pontos, que julgamos importantes, para o entendimento do tema.
Enquanto Alexandre ouvia em silêncio,
o simpático colaborador prosseguiu, depois de ligeira pausa:
- Estimaríamos receber a devida autorização para
trazê-lo... Poderia incorporar-se na organização
mediúnica de nossa irmã Otávia e fazer-se
ouvir, de algum modo, diante dos amigos e familiares...
[...]
- Ouça, porém, meu amigo! - tornou Alexandre, sereno
e enérgico - é indispensável que você medite
sobre o acontecimento. Lembre-se de que você vai utilizar
um aparelho neuro-muscular que lhe não pertence. Nossa
amiga Otávia servirá de intermediária. No entanto,
você não deve desconhecer as dificuldades de um médium
para satisfazer a particularidades técnicas de identificação
dos comunicantes, diante das exigências de nossos irmãos
encarnados. Compreende bem?
[...]
Terminada a oração e levado a efeito o equilíbrio
vibratório do ambiente, com a cooperação de numerosos
servidores de nosso plano, Otávia foi cuidadosamente
afastada do veículo físico, em sentido parcial, aproximando-se
Dionísio, que também parcialmente começou a utilizar-se
das possibilidades dela. Otávia mantinha-se a reduzida distância,
mas com poderes para retomar o corpo a qualquer momento num impulso
próprio, guardando relativa consciência do que estava
ocorrendo, enquanto que Dionísio conseguia falar, de
si mesmo, mobilizando, no entanto, potências que lhe não
pertenciam e que deveria usar, cuidadosamente, sob o controle direto
da proprietária legítima e com a vigilância
afetuosa de amigos e benfeitores, que lhe fiscalizavam a expressão
com o olhar, de modo a mantê-lo em boa posição
de equilíbrio emotivo. Reconheci que o processo de
incorporação comum era mais ou menos idêntico
ao da enxertia da árvore frutífera. A planta
estranha revela suas características e oferece seus frutos
particulares, mas a árvore enxertada não perde sua personalidade
e prossegue operando em sua vitalidade própria. Ali também,
Dionísio era um elemento que aderia às faculdades
de Otávia, utilizando-as na produção de valores
espirituais que lhe eram característicos, mas naturalmente
subordinado à médium, sem cujo crescimento mental, fortaleza
e receptividade, não poderia o comunicante revelar os caracteres
de si mesmo, perante os assistentes. Por isso mesmo, logicamente,
não era possível isolar, por completo, a influenciação
de Otávia, vigilante. A casa física era seu templo,
que urgia defender contra qualquer expressão desequilibrante,
e nenhum de nós, os desencarnados presentes, tinha o direito
de exigir-lhe maior afastamento, porquanto lhe competia guardar as
suas potências fisiológicas e preservá-las contra
o mal, perto de nós outros, ou à distância de
nossa assistência afetiva. (XAVIER, 1986,
p. 260-277 – passim) (grifo nosso).
A segunda obra, desse autor espiritual,
que aborda o tema é a Nos Domínios da Mediunidade,
da qual transcrevemos:
Quando empresta o veículo
a entidades dementes ou sofredoras, reclama-nos cautela,
porquanto quase sempre deixa o corpo à mercê
dos comunicantes, quando lhe compete o dever de ajudar-nos
na contenção deles, a fim de que o nosso tentame de
fraternidade não lhe traga prejuízo à organização
física. (falando do médium Antônio Carlos).
[...]
“... Entretanto, adaptando-se ao organismo da mulher
amada que passou a obsidiar, nela encontrou novo
instrumento de sensação, vendo por seus olhos, ouvindo
por seus ouvidos, muitas vezes falando por sua boca e vitalizando-se
com os alimentos comuns por ela utilizados. Nessa simbiose
vivem ambos, há quase cinco anos sucessivos, contudo, agora,
a moça subnutrida e perturbada acusa desequilíbrios
orgânicos de vulto”.
[...]
“Notamos que Eugênia-alma afastou-se do corpo,
mantendo-se junto dele, a distância de alguns centímetros,
enquanto que, amparado pelos amigos que o assistiam, o visitante
sentava-se rente, inclinado-se sobre o equipamento mediúnico
ao qual se justapunha, à maneira de alguém a debruçar-se
numa janela”.
[...]
... mas Eugênia comanda, firme, as rédeas da própria
vontade, agindo qual se fosse enfermeira concordando com os caprichos
de um doente, no objetivo de auxiliá-lo. Esse capricho, porém,
deve ser limitado, porque, consciente de todas as intenções
do companheiro infortunado a quem empresta o seu carro físico,
nossa amiga reserva-se o direito de corrigi-lo em qualquer inconveniência.
[...]
“... nesses trabalhos, o médium nunca se mantém
a longa distância do corpo...”
[...]
Se preciso, a nossa amiga poderá retomar o próprio
corpo num átimo. Acham-se ambos num consórcio
momentâneo, em que o comunicante é a ação,
mas no qual a médium personifica a vontade... (XAVIER,
1987, p. 28-56 – passim) (grifo nosso).
É interessante que alguma coisa
desses trechos se assemelha à fala do Espírito que explicava
como possuía o corpo físico da Senhora A..., na possessão
citada na Revista Espírita. Segundo nos parece
de todo aqui colocado, em se referindo à médium Eugênia,
é apenas uma confirmação do que já foi dito
antes, o que nos induz a aceitar, sem maiores reservas, a incorporação
como uma realidade do fenômeno.
Mais à frente, nessa mesma obra, vamos encontrar relatos ocorridos
com uma outra médium, Dona Celina, dos quais reproduzimos:
A médium desvencilhou-se
do corpo físico, como alguém que se entrega
a sono profundo, e conduziu a aura brilhante de que coroava.
[...]
A nobre senhora fitou o desesperado visitante com manifesta simpatia
e abriu-lhe os braços, auxiliando-o a senhorear o veículo
físico, então em sombra.
Qual se fora atraído por vigoroso ímã, o
sofredor arrojou-se sobre a organização física
da médium, colando-se a ela, instintivamente.
[...]
A mediunidade falante em Celina era diversa?
[...]
- Celina – explicou, bondoso – é sonâmbula
perfeita. A psicofonia, em seu caso, se processa sem necessidade
de ligação da corrente nervosa do cérebro mediúnico
à mente do hóspede que o ocupa. A espontaneidade
dela é tamanha na cessão de seus recursos às
entidades necessitadas de socorro e carinho, que não
tem qualquer dificuldade para desligar-se de maneira automática
do campo sensório, perdendo provisoriamente o contacto com
os centros motores da vida cerebral. Sua posição
medianímica é de extrema passividade. Por isso mesmo,
revela-se o comunicante mais seguro de si, na exteriorização
da própria personalidade. Isso, porém, não indica
que a nossa irmã deva estar ausente ou irresponsável.
Junto do corpo que lhe pertence, age na condição de
mãe generosa, auxiliando o sofredor que por ela se exprime
qual se fora frágil protegido de sua bondade... É por
essa razão que o hóspede experimenta com rigor o domínio
afetuoso da missionária que lhe dispensa amparo assistencial.
(XAVIER, 1987, 69-74 – passim).
Vê-se, portanto, a real incorporação
dessa médium, comprovando-se então a hipótese que
estamos estudando.
Logo na sequencia, fala-se da possessão, que é objeto
de estudo num capítulo específico do livro citado. Vejamos:
... A psicofonia inconsciente,
naqueles que não possuem méritos morais suficientes
à própria defesa, pode levar à possessão,
sempre nociva, e que, por isso, apenas se evidencia integral nos obsessos
que se renderam às forças vampirizantes.
[...]
Fitando o companheiro encarnado mais detidamente, concluí que
o ataque epiléptico, com toda a sua sintomatologia
clássica, surgia claramente reconhecível.
[...]
Reconhecíamos no moço incapacidade de qualquer
domínio sobre si mesmo.
Acariciando-lhe a fronte suarenta, Áulus, informou, compadecido:
- É a possessão completa ou a epilepsia essencial.
- Nosso amigo está inconsciente? - aventurou Hilário,
entre a curiosidade e o respeito.
- Sim, considerado como enfermo terrestre, está no
momento sem recursos de ligação com o cérebro
carnal. Todas as suas células do córtex sofrem
o bombardeio de emissões magnéticas de natureza tóxica.
Os centros motores estão desorganizados. Todo o cerebelo está
empastado de fluidos deletérios. As vias do equilíbrio
aparecem completamente perturbadas. Pedro temporariamente
não dispõe de controle para governar-se, nem de memória
comum para marcar a inquietante ocorrência de que é protagonista.
Isso, porém, acontece no setor da forma de matéria densa,
porque, em espírito, está arquivando todas as
particularidades da situação em que se encontra,
de modo a enriquecer o patrimônio das próprias experiências
(XAVIER, 1987, p 75-80 – passim).
A narrativa não nos leva a outra
conclusão senão à de que a incorporação
é uma realidade. E, da mesma forma que em Kardec ficou demonstrado
isso, aqui vemos, sem margens a dúvidas, tudo se confirmando.
Um complicador a tudo isso é o que ainda consta, no mencionado
livro, que vem de encontro a essa possibilidade. Transcrevemos estas
duas frases: “... precisamos considerar que a mente permanece
na base de todos os fenômenos mediúnicos” e “Achando-se
a mente na base de todas as manifestações mediúnicas,
quaisquer que sejam os característicos em que se expressem...”
(XAVIER, 1987, p. 15 e 18, respectivamente).
Acreditamos que isso vem justamente contradizer, salvo melhor juízo,
o que está descrito no livro, quando dos casos de incorporação
e dos de obsessão, uma vez que, por eles, fica caracterizada
a posse do corpo do médium ou do obsidiado, respectivamente.
Quem sabe se não estaria havendo um certo exagero em se dizer
de forma absoluta que a mente está na base de todas as manifestações
mediúnicas ou, talvez, o que se estaria querendo dizer, na verdade,
seria que essa base é a mente do desencarnado, não como
sendo a ligação mente a mente entre os envolvidos no fenômeno
mediúnico...
Presumimos que a ideia do autor espiritual possa estar retificada nessa
outra fala, onde já não mais coloca as coisas de forma
tão abrangente assim: “Vimos aqui o fenômeno da perfeita
assimilação de correntes mentais que preside habitualmente
a quase todos os fatos mediúnicos” (XAVIER,
1987, p. 49) (grifo nosso). Esse “quase”, parece-nos
ser, como se diz, o pulo do gato; por ele entendemos que aí,
sim, a possibilidade de incorporação permanece e não
contraria tudo o que foi dito no livro sobre o assunto.
Visando saber a opinião dos membros
do GAE – Grupo de Apologética Espírita
[2], enviei-lhes um e-mail solicitando de cada um que, sem qualquer
tipo de consulta, pudesse nos dizer o que achava sobre isso. Recebemos
oito respostas, das quais 75% foram a favor da possibilidade de um Espírito
incorporar num médium. Observamos que, muitas vezes, a experiência
pessoal norteia nossa opinião; por isso transcrevemos aqui a
que nos deu Maurício C. Pimenta, um dos membros:
Oi, Paulo
Minha opinião é de um leigo que não fez nenhum
estudo especializado sobre o tema. Meu pressuposto seria o de que
o cérebro comanda tudo, ou melhor, o espírito (através
do perispírito) comanda tudo a partir do cérebro, que
é seu instrumento. Quando penso em mim mesmo, a impressão
que tenho é que a sede de minha consciência estaria alojada
temporariamente no meu cérebro, muito provavelmente ligado
à parte interna da nuca (quem sabe na glândula pineal...).
É o que eu sinto no estado normal. Já no estado de desdobramento,
percebo que essa sede de consciência se desloca para fora do
meu corpo e aumentando consideravelmente o nível de percepção,
a ponto de pensar estar numa espécie de universo paralelo independente
do atual. Tomando essas percepções como base, minha
suposição é a de que numa incorporação
ocorra uma tomada dessa região do cérebro, ainda que
temporariamente. Para isso, o incorporar seria necessariamente um
alojar de outra consciência nessa parte do cérebro, de
onde seja possível controlar o corpo físico. Isto seria
diferente de apenas ficar "ao lado de", enviando sugestões
e permitindo que o próprio espírito que ali comanda
cumpra essas sugestões, a nível consciente ou inconsciente
(pensando que elas venham dele mesmo), o que chamaríamos de
mediunidade intuitiva.
Em resumo, numa incorporação o espírito se alojaria
temporariamente nessa parte do cérebro e daí assumiria
o controle do corpo.
Abraços,
Maurício C.P.
Até que nos surja uma explicação
melhor, concordamos plenamente com as colocações desse
nobre colega.
Não poderemos deixar de citar o livro Possessão
Espiritual de Edith Fiore, doutora em Psicologia
pela Universidade de Miami, no qual narra suas experiências com
seus pacientes submetidos a hipnose. Ela acredita nessa hipótese;
inclusive, chega a informar que 70% dos casos – mais de quinhentos
pacientes - com os quais tomou contato, em seu consultório, tratavam-se
de possessão (FIORE, 1990, p. 15).
Tempos atrás, não sabemos precisar quando, tivemos a oportunidade
de conversar com uma moça que havia tentado suicidar-se pulando
da laje de uma casa. Fomos visitá-la no hospital. Contou-nos
que não era a primeira vez que isso lhe acontecia; pois tinha,
anteriormente, por duas vezes, tentado dar cabo de sua vida cortando
os pulsos. Ela confessou-nos que nunca quis realizar esse tipo de coisa,
mas uma “força” a obrigava a fazer isso contra a
sua própria vontade.
Analisando esse caso, não conseguimos entender como aplicar o
“mente a mente” - tese contrária à incorporação
- como base para todas as manifestações, uma vez que a
pessoa que sofria pressão do Espírito estava, naqueles
momentos, em plena consciência de si, apesar de não conseguir
exercer o controle de seu corpo. A hipótese que mais nos parece
aplicar ao caso é mesmo a possessão física, tendo
o seu Espírito se afastado momentaneamente do corpo, mas conservando,
na dimensão espiritual, a sua lucidez, o que a fez conseguir,
por um meio qualquer, trazer à memória física o
fato acontecido.
Voltando à questão da pergunta 473, de O Livro
dos Espíritos, vejamos a opinião do companheiro
Ricardo Matos Damasceno em resposta a um outro membro do GAE:
Felipe,
Compreensível a tua preocupação com a matéria,
principalmente no que concerne à integridade da questão
473 de OLE. Não obstante, deve conferir-se à resposta
em pauta uma interpretação sistêmica, até
para compatibilizá-la com as demais obras da Codificação.
Nesse item, os Espíritos, de modo genérico, afirmam
não ser possível uma substituição da entidade
encarnada, no sentido de ela separar-se do organismo para ceder lugar
ao apropriante. Em verdade, o Espírito destinado a um corpo
está para ele como uma chave para uma fechadura. Possivelmente,
tais ligações devem ocorrer em nível quântico,
graças a um quantum de energia o qual se modifica de encarnação
para encarnação, entre distintos indivíduos,
não se repetindo de um corpo a outro.
Essa quantidade de energia estabeleceria, segundo eu penso, a impossibilidade
de que um Espírito substitua o outro durante a mesma encarnação.
Na hipótese da possessão, a sintonia fluídica
deve ajustar-se a um nível vibratório próximo
àquele em que se verifica a do Espírito encarnado com
o próprio organismo, promovendo uma acoplagem perispírito-perispírito,
a fim de que o apropriante temporário detenha o controle dos
centros psicossomáticos do médium. Tal fenômeno,
todavia, não vem de invalidar a questão 473 de OLE,
uma vez que ele deve acontecer em situações raríssimas
e, mesmo assim, não há de implicar uma permuta de individualidade.
Por conseguinte, observa-se apenas um controle muito amplo, similar
àquele experimentado pelo próprio encarnado, através
do chamado duplo etérico ou da zona fluídica (interface
perispirítica) mais densa ou barôntica dos terminais
nervosos do Sistema Nervoso Central (SNC) e do próprio Sistema
Nervoso Autônomo (SNA).
Abraços,
Ricardo
A nossa conclusão final é que, apesar de haver casos em
que se pode perfeitamente aplicar o “mente a mente”, outros
ocorrem em que a incorporação física é um
fato concreto e real.
Paulo
Neto
Jun/2008
Referências
bibliográficas:
ANDRADE, H. G. Espírito, Perispírito
e Alma. São Paulo: Pensamento, 2002.
DELANNE, G. O Fenômeno Espírita. Rio de Janeiro: FEB, 1977.
DENIS, L. No Invisível. Rio de Janeiro: FEB, 1987.
FIORE, E. Possessão Espiritual. São Paulo: Pensamento,
1990.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 2006.
KARDEC, A. O Livro dos Médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 2007a.
KARDEC, A. A Gênese. Rio de Janeiro: FEB, 2007b.
KARDEC, A. Revista Espírita 1863. Araras, SP: IDE, 2000.
KARDEC, A. Revista Espírita 1866. Araras, SP: IDE, 1993.
KARDEC, A. Revista Espírita 1869. Araras, SP: IDE, 2001.
LOMBROSO, C. Hipnotismo e Mediunidade. Rio de Janeiro: FEB, 1999.
SCHUTEL, C. Médiuns e Mediunidades. Matão, SP: O Clarim,
1984.
XAVIER, F. C. Missionários da Luz. Rio de Janeiro: FEB, 1986.
XAVIER, F. C. Nos domínios da mediunidade. Rio de Janeiro: FEB,
1987.
http://www.plenus.net/modules.php?name=Encyclopedia&op=content&tid=163,
acesso dia 23.06.2008 às 13:00hs.
http://www.espirito.org.br/portal/perguntas/prg-004.html,
acesso dia 23.06.2008 às 13:15hs.
Notas:
[1] http://www.plenus.net/modules.php?name=Encyclopedia&op=content&tid=163
[2] www.apologiaespirita.org
Esse texto foi
publicado, em três partes, pela Mythos Editora na revista Espiritismo
& Ciência, nas seguinte edições: nº 70
de maio/2009, p. 6-10; nº 71 de junho/2009, p. 14-18 e nº
72 de julho/2009, p. 6-9
Para ler mais sobre este tema:
http://www.aeradoespirito.net/RevistaEspHTML/UM_CASO_POSSESSAO.html
http://www.aeradoespirito.net/RevistaEspHTML/ESTRANHA_VIOL_DE_SEP.html
http://www.aeradoespirito.net/AGenese/GE_CAP_14.html
http://www.aeradoespirito.net/ArtigosPN/POSSESSAO_HA_POSSE_FISICA_DO_PN.html
http://www.aeradoespirito.net/ArtigosFM/A_POSSESSAO_SEGUN_KARDEC.html
http://www.aeradoespirito.net/ArtigosCC/INCORPOR_SOB_A_OTICA%20ESPIRITA_CC.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/obsessao/possessao.html
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/jose-lucas/possessao.html