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Em A Gênese, cap. IV, Kardec faz as seguintes colocações:
"A história da origem
de quase todos os povos antigos se confunde com a da sua religião;
por isso, os seus primeiros livros foram livros religiosos;
e, como todas as religiões se prenderam ao princípio
das coisas, que são, também, o da Humanidade,
deram, sobre a formação e disposição
do Universo, explicações em relação
com o estado dos conhecimentos da época, e dos seus fundadores.
Disso resultou que os primeiros livros de ciência, como
foram, durante muito tempo, o único código das
leis civis".
Ao querer colocar a Bíblia
como um livro de ciência, o homem reproduziu o que seu conhecimento
podia lhe dar a respeito das leis da Natureza.
Isso é compreensível,
não devemos condená-los por esse motivo. Entretanto,
querer manter a Bíblia como um livro em que se
encontra toda a ciência do Universo é pensar como
os nossos ancestrais pensavam.
Devemos abrir nossa mente para
aceitar esta verdade insofismável.
Continua, Kardec:
"A Bíblia
contêm, evidentemente, fatos que a razão, desenvolvida
pela ciência, não poderia hoje aceitar,
e outros que parecem estranhos e repugnam, porque se prendem
a costumes que não são mais os nossos. Mas, ao
lado disso, haveria parcialidade não reconhecendo que
ela encerra grandes e belas coisas. A alegoria, nela, tem lugar
considerável, e, sob esse véu, esconde verdades
sublimes, que aparecem se se procura o fundo do pensamento,
porque, então, o absurdo desaparece".
Querer segurar o avanço
da ciência é de uma infantilidade pueril, para não
dizermos ignorância sem tamanho. Por mais que avance a ciência
ela irá sempre desvendar as leis que regem os fenômenos
da Natureza.
Ora, como quem criou a Natureza
e suas leis foi Deus, o que o homem descobrir sobre elas, via
de conseqüência, são Leis Divinas.
Interessante uma colocação
de Kardec a esse respeito:
"Apenas as religiões
estacionárias podem temer as descobertas da ciência;
essas descobertas não são funestas senão
àquelas que se deixam ultrapassar pelas idéias
progressivas, imobilizando-se no absolutismo das suas crenças;
em geral, fazem uma idéia tão mesquinha da Divindade
que não compreendem que assimilar as leis da Natureza
reveladas pela ciência, é glorificar a Deus por
suas obras; mas, em sua cegueira, nisso preferem fazer homenagem
ao Espírito do Mal. Uma religião que não
estivesse, em nenhum ponto, em contradição com
as leis da Natureza, nada teria a temer do progresso e seria
uma religião invulnerável".
Percebe-se, claramente, que na
realidade os adeptos do criacionismo, garantido pela Bíblia,
no Livro Gênesis, estão a lançar anátema
sobre a Teoria da Evolução, pelo menos por dois
motivos:
1º - Por não querer
(ou poder?) mudar a opinião sobre a Bíblia já
que dizem ser ela infalível.
2º - Por repugnar a muitos
a idéia de que possamos ter vindo do macaco.
Não abrindo mão
de Adão e Eva serem o primeiro casal humano, ficamos diante
de algo que não têm como explicar. Se, após
matar Abel, Caim vai para outra região e lá encontra
uma mulher, tendo um filho com ela, e pouco depois chega mesmo
a fundar uma cidade, na qual põe o nome do seu filho. Ora,
que mulher é essa, que povo é esse? Já que
para se fundar uma cidade temos que pressupor que existam pessoas
para habitá-la.
Entretanto, se admitirmos que
Adão e Eva eram apenas um símbolo, que eles não
foram o primeiro casal humano, as coisas passam a se encaixarem
quanto à questão da mulher de Caim e para os habitantes
da cidade que ele fundou, isso sem qualquer tipo de problema.
Mas com isso a teoria criacionista cairia por terra.
Recorreremos, novamente, a Kardec,
que diz:
"A lei que preside à
formação dos minerais conduz, naturalmente, à
formação dos corpos orgânicos".
"A análise química
nos mostra todas as substâncias, vegetais e animais, compostas
dos mesmos elementos que os corpos inorgânicos. Aqueles,
desses elementos, que desempenham o principal papel são
o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono; os
outros aí não se encontram senão acessoriamente.
Como no reino mineral, a diferença de proporção
na combinação desses elementos produz todas as
variedades de substâncias orgânicas e as suas diversas
propriedades, tais como: os músculos, os ossos, o sangue,
a bile, os nervos, a matéria cerebral, a gordura nos
animais; a seiva, a madeira, as folhas, os frutos, as essências,
o azeite, as resinas, etc., nos vegetais. Assim, na formação
dos animais e das plantas, não entra nenhum corpo especial
que não se ache igualmente no reino mineral".
(...) "Uma vez que os elementos
constitutivos dos seres orgânicos e dos seres inorgânicos
são os mesmos que vêm incessantemente, sobe o império
de certas circunstâncias, formam as pedras, as plantas
e os frutos, pode-se disso concluir que os corpos dos primeiros
seres vivos se formaram, como as primeiras pedras, pela reunião
das moléculas elementares em virtude da lei de afinidade,
à medida que as condições de vitalidade
do globo foram propícias a tal ou tal espécie".
É fácil, agora,
concluir que do ponto de vista dos elementos que nos compõem
temos os mesmos elementos encontrados no barro e no macaco. Entretanto,
é mais racional admitirmos ter vindo de um ser vivo que
de uma matéria inorgânica, até mesmo por respeito
às próprias Leis Divinas.
Encontramos em Atos 10, 15, uma
frase muito interessante que podemos apresentar aos que ainda
se repugnam em aceitar que possamos ter vindo, por evolução,
de uma espécie animal inferior, vejamos: "O que Deus
purificou, tu não deves chamar de impuro". Analogamente,
poderíamos dizer que não existe nada que Deus tenha
criado que poderíamos classificar de coisa repugnante,
não é mesmo?
Mas veja como o homem se comporta.
Muitos medicamentos somente puderam ser úteis ao homem,
porque foram antes testados em animais, tais como: macacos e ratos;
deveria, por coerência, se repugnar, quando forem utilizar
tais remédios.
Para uma melhor compreensão
do estudo, teremos que voltar a Kardec, quando ele diz:
"Do ponto de vista corporal,
e puramente anatômico, o homem pertence à classe
dos mamíferos, dos quais não difere senão
por nuanças na forma exterior; de resto, a mesma composição
química que todos os animais, os mesmos órgãos,
as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição,
de respiração, de secreção, de reprodução;
ela nasce, vive e morre nas mesmas condições,
e, em sua morte, seu corpo se decompõe como o de tudo
o que vive. Não há em seu sangue, em sua carne,
em seus ossos, um átomo diferente daqueles que se encontram
no corpo dos animais; como estes, em morrendo, retorna à
terra o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono
que estavam combinados para formá-lo, e vão, por
novas combinações, formar novos corpos minerais,
vegetais e animais. A analogia é tão grande que
se estudam as funções orgânicas sobre certos
animais, quando as experiências não podem ser feitas
nele mesmo".
"Na classe dos mamíferos,
o homem pertence à ordem dos bímanos. Imediatamente
abaixo dele vêm os quadrúmanos (animais de quatro
mãos) ou macaco, dos quais uns, como o orangotango, o
chimpanzé, o mono têm certos comportamentos do
homem, a tal ponto que, há muito tempo, são designados
sobre o nome de homens da floresta; como ele, caminham eretos,
servem-se de bastões, constroem suas cabanas, e levam
os alimentos à boca com a mão, sinais característicos".
"Por pouco que se observe
a escala dos seres vivos do ponto de vista do organismo, reconhece-se
que, desde o líquen até a árvore, e depois
do zoófito até o homem, há uma corrente
se elevando gradualmente sem solução de continuidade,
e da qual todos os anéis têm um ponto de contato
com o anel precedente; seguindo-se passo a passo a série
de seres, dir-se-ia que cada espécie é um aperfeiçoamento,
uma transformação da espécie imediatamente
inferior. Uma vez que o corpo do homem está em condições
idênticas aos outros corpos, química e constitucionalmente,
que ele nasce, vive e morre do mesmo modo, deve ter sido formado
nas mesmas condições".
"Quanto isso possa custar
ao seu orgulho, o homem deve se resignar a não ver, em
seu corpo material, senão o último anel da animalidade
sobre a Terra. O inexorável argumento dos fatos aí
está, contra o qual protestaria em vão".
"Mas, quanto mais o corpo
diminui de valor aos seus olhos, mais o princípio espiritual
cresce em importância; se o primeiro o coloca ao nível
do animal, o segundo o eleva a uma altura incomensurável.
Vemos o círculo em que se detém o animal: não
vemos o limite onde pode chegar o Espírito do homem".
As considerações de Kardec foram por nós
verificadas recentemente, quando a TV Escola passou, há
uns poucos dias, um documentário a respeito de experiências
e observações com chimpanzés. Na questão
da fala, ele somente não consegue pronunciar os sons das
palavras, porque a anatomia de sua boca não permite.
Mas, isso não impediu que
eles se comunicassem. Foi desenvolvido um aparelho (lexograma,
se entendemos corretamente) cheio de vários desenhos e
símbolos aleatórios. Quando se aperta um símbolo
qualquer o aparelho emite os sons da palavra que aquele símbolo
corresponde Assim, através deste método, até
mesmo muito rudimentar, estabeleceu-se um determinado nível
de comunicação entre os chimpanzés e os pesquisadores.
Em outra situação,
ensinavam certos sinais, que correspondiam a um tipo de ação,
eles, os chimpanzés, foram capazes de combinar esses sinais
para se expressarem. Uma das experiências que achamos muito
interessante foi quando colocaram apenas um chimpanzé num
cercado, e lá dentro, num local alto colocaram uma banana.
O chimpanzé observou o que estava à sua volta, pegou
um cubo de madeira foi empurrando-o até ficar bem debaixo
da banana, entretanto não conseguiu apanhá-la, pois
a altura não era ainda suficiente. Assim que percebeu isso,
foi buscar outro cubo, colocou-o por cima do anterior, conseguindo
com isso, pegar a banana.
Depois colocaram outros chimpanzés
naquele lugar, colocando outra banana, o chimpanzé que
tinha conseguido pegar a banana, mesmo percebendo a dificuldade
dos outros para pegar a banana, fingiu que nada sabia.
Entretanto, esses outros chimpanzés
utilizaram um novo método, pegando uma vara comprida, bateram
na banana, que, imediatamente, caiu. Com esta experiência
fica provado que eles podem desenvolver um tipo de planejamento
e pensar na maneira, mais fácil ao seu alcance, de resolver
o problema à sua frente.
Em termos de comportamentos é
pouca a diferença entre eles e os seres humanos. Ao se
aproximar um do outro, cumprimentam-se, com abraços ou
beijos. As mães fogem para outra tribo para que o pai não
venha a cometer o incesto com a filha. Na relação
sexual a posição mais tradicional dos humanos é
a que eles usam. Existem casos de homossexualismo entre macho
e macho e fêmea com fêmea. Quando andam eretos, a
similaridade com o homem é muito grande.
Enfim, quem teve a oportunidade
de assistir tal documentário não ficou com a menor
dúvida que se não descendemos deles, a nossa origem
é a mesma.
Mas as evidências não
param por aí, veja o que a Revista "Isto É"
1679/-5/12/2001, publica a seguinte nota, na coluna "Século
21":
"Chimpanzés, bonobos
e gorilas possuem uma função cerebral relacionada
à fala que se pensava exclusiva do ser humano. Isso sugere
que a evolução da estrutura cerebral da fala começou
antes de primatas e humanos tomarem caminhos distintos na linha
da evolução".
Ora, isso vem justamente colocar
mais forte ainda a origem comum entre nós e eles, os macacos.
Quando o homem perceber que o
que é mais importante é o nosso espírito,
e com isso decida a dar menos valor ao corpo físico, talvez
passe a admitir que tenha vindo de animais inferiores. Mas, até
que isso chegue, muitos ficarão irritados ao afirmarmos
que viemos do macaco. Pobres macacos evoluídos.
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