“A verdade
não pode existir em coisas que divergem”
São Jerônimo
Introdução
O que a grande maioria dos
religiosos fundamentalistas não se deram ao trabalho de analisar
é que se a Bíblia for mesmo de inspiração
do Espírito Santo, nela não poderá haver nenhuma
incoerência, tão-pouco qualquer tipo de contradição.
Se a fonte é a mesma,
como explicar que tenham fatos divergentes e até conflitantes?
Exemplificando:
O máximo que se poderia admitir,
supondo-se a origem como sendo a mesma, é que cada autor escrevesse
os acontecimentos com suas próprias palavras, entretanto, quanto
ao conteúdo esse não poderia se modificado, alterado
ou contradito. Se isso acontece obviamente é porque a fonte
não é a mesma.
Vemos não pouco dogmáticos
tentando explicar essas incoerências e contradições,
as quais buscam amenizar para continuar mantendo a idéia de
que foi escrito por inspiração superior, não
importa a eles os registros históricos, os conhecimentos científicos,
as regras de interpretação de texto, pois quando tais
coisas vêm de encontro ao relato, deixam-nas de lado, para se
agarrarem à fé cega, isso quando não apelam para
o tal de “a Bíblia se explica por si mesma”, sofisma
no qual tentam segurar-se para salvarem-se desse apuro.
Não entendemos por que essas
pessoas alimentam um ódio mortal contra os que buscam demonstrar
que a verdade é bem outra daquilo que pregam, ao provar que
a Bíblia é cheia de incoerências e contradições.
Só não vamos parar numa fogueira, por conta da legislação
social da atualidade que nos protege, mas não deixam de, dedo
em riste, nos apontar os quintos dos infernos.
Certamente, para que a Bíblia
seja mesmo a palavra de Deus para uns, ou inerrante para outros, é
necessário que nela não exista nenhum conflito entre
seus textos. Entretanto, se bem observamos, usando uma visão
crítica, veremos que, ao contrário, ela está
repleta de conflitos inconciliáveis, a não ser pela
fé cega dos fundamentalistas que não vê isso.
Apresentaremos apenas alguns deles, vistos numa leitura dinâmica,
pois não temos a preocupação de relacioná-los
todos, somente queremos citar uns poucos exemplos. Então vejamos:
Exemplo de textos em conflito
Quem apareceu junto à
sarça: o próprio Deus ou foi apenas um anjo?
Ex 3,2: O anjo de
Javé apareceu a Moisés numa chama de fogo do meio de
uma sarça. prestou atenção: a sarça ardia
no fogo, mas não se consumia.
At 7,35: ...Moisés
que os israelitas haviam renegado,... Deus o enviou como chefe e libertador,
por meio do anjo que tinha aparecido a ele na sarça.
Quando é usada a expressão
“Anjo de Javé” o objetivo é designar o próprio
Deus, assim em Êxodo afirma-se que Deus apareceu a Moisés,
enquanto que em Atos quem apareceu foi um anjo.
Será que Deus não
revelara o seu nome, conforme afirmara a Moisés?
Ex 6,2-3: Deus falou
a Moisés: "Eu sou Javé. Apareci a Abraão,
a Isaac e a Jacó..., mas a eles não dei a conhecer o
meu nome: Javé”.
Gn 15,7: Javé
disse a Abrão: "Eu sou Javé, ...".
Gn 26,25: Isaac levantou
aí um altar, invocou o nome de Javé, ...
Gn 28,13: Javé
... disse a Jacó: “Eu sou Javé, o Deus de seu
pai Abraão e o Deus de Isaac...”.
Segundo os relatos Deus já
havia revelado o Seu nome a Abraão, Isaac e Jacó, entretanto,
isso é negado, ou será que é apenas um esquecimento?
Os hebreus foram expulsos,
tiveram permissão para sair ou fugiram do Egito?
Ex 12,39: ... é
que, expulsos do Egito, não puderam parar, nem preparar provisões
para o caminho.
Ex 13,17: Quando
o Faraó deixou o povo partir, ...
Ex 14,5: Quando comunicaram
ao rei do Egito que o povo tinha fugido,...
São três alternativas
para se explicar o motivo dos hebreus terem saído do Egito,
qual deles é o verdadeiro?
Os pais sofrem mesmo pelos
erros dos filhos ou vice-versa?
Ex 20,5: ... eu,
Javé seu Deus, sou um Deus ciumento: quando me odeiam, castigo
a culpa dos pais nos filhos, netos e bisnetos;
Dt 24,16: Os pais
não serão mortos pela culpa dos filhos, nem os filhos
pela culpa dos pais. Cada um será executado por causa de seu
próprio crime.
Jr 31,29-30: Nesses
dias, ninguém mais dirá: "Os pais comeram uva verde
e a boca dos filhos ficou amarrada". Ao contrário, cada
um morrerá por causa do seu próprio pecado; quem comeu
uva verde sente a boca amarrar
Ez 18,20: O indivíduo
que peca, esse é que deve morrer. O filho nunca será
responsável pelo pecado do pai, nem o pai será culpado
pelo pecado do filho. O justo receberá a justiça que
merece e o injusto pagará por sua injustiça.
Enquanto que, num momento, Deus afirma
que castiga os filhos pela culpa dos pais, em outro é afirmado
que os filhos não serão responsáveis pelo erro
dos pais, contradição difícil de explicar se
usarmos de argumento lógico, talvez fácil se for teológico,
já que para usar esse apenas se necessita da fé cega.
Guardar o sábado por qual motivo?
Ex 20,8-11: Lembre-se
do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalhe durante
seis dias e faça todas as suas tarefas. O sétimo dia,
porém, é o sábado de Javé seu Deus. Não
faça nenhum trabalho,... Porque em seis dias Javé fez
o céu, a terra, o mar e tudo o que existe neles; e no sétimo
dia ele descansou. Por isso, Javé abençoou o dia de
sábado e o santificou.
Dt 5,15: Lembre-se:
você foi escravo na terra do Egito, e Javé seu Deus o
tirou de lá com mão forte e braço estendido.
É por isso que Javé seu Deus ordenou que você
guardasse o dia de sábado.
Ficamos sem saber por qual motivo
não se deve trabalhar aos sábados.
Quem escreveu os dez mandamentos?
Ex 24,3-4: Moisés
desceu e contou ao povo tudo o que Javé lhe havia dito e todas
as leis. ... Moisés colocou por escrito todas as palavras de
Javé...
Ex 24,12: Javé
disse a Moisés: "Suba até junto de mim na montanha,
pois eu estarei aí para lhe dar as tábuas de pedra com
a lei e os mandamentos que escrevi, para você os instruir".
Sabemos que Moisés ficou 40
dias e 40 noites no alto do monte Sinai, tempo que se levou para escrever
os Dez Mandamentos. Só que agora a coisa complicou, pois se
for Deus mesmo quem os escreveu seria necessário tanto tempo
assim?
Afinal quem entregou os mandamentos a Moisés?
Ex 24,12: Javé
disse a Moisés: "Suba até junto de mim na montanha,
pois eu estarei aí para lhe dar as tábuas de pedra com
a lei e os mandamentos que escrevi, para você os instruir".
At 7,53: “Vocês
receberam a Lei, promulgada através dos anjos, e não
a observaram!”.
Gl 3,19: ...A Lei
foi promulgada pelos anjos, e um homem serviu de intermediário.
Hb 2,2: De fato,
se a palavra transmitida por meio dos anjos se mostrou válida,
e toda transgressão e desobediência recebeu um justo
castigo,
A situação aqui é
pior que a anterior, uma vez que nem mesmo temos mais certeza se foi
o próprio Deus ou se foram vários ou um só anjo
quem transmitiu os Dez Mandamentos a Moisés.
Deus se mostrava a Moisés?
Gn 32,30: ... Jacó
... tenho visto Deus face a face, e a minha vida foi preservada.
Ex 33,11: Javé
falava com Moisés face a face, como um homem fala com o amigo...
Ex 33,18-23: Moisés
pediu a Javé: "Mostra-me a tua glória". Javé...
acrescentou: "Você não poderá ver o meu rosto,
porque ninguém pode vê-lo e continuar com vida"...
Minha face, porém, você não poderá ver".
Nm 12,6-8: ... Javé
disse: “... Não acontece assim com o meu servo Moisés,
que é homem de confiança em toda a minha casa: com ele
eu falo face a face, às claras e sem enigmas; e ele vê
a figura de Javé..."
Jz 6,22: Vendo Gideão
que era o anjo do Senhor, disse: Ai de mim, Senhor Deus! pois eu vi
o anjo do Senhor face a face.
Jo 1,18: Ninguém
jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o Filho único,
que está junto ao Pai.
Se ninguém poderia ver o rosto
de Deus (como se isso fosse possível) e ficar com vida, como
explicar, de forma coerente, que Jacó, Moisés e Gideão
tenham visto a face de Deus e mesmo assim continuaram vivos. Por outro
lado, se isso de fato aconteceu, então evangelista teria mentido
ao dizer que ninguém jamais viu a Deus? Observar que está
se afirmando “tenho visto”, “vê a figura”
e “vi” são expressões que nos induzem a
acreditar que verdadeiramente essas pessoas viram Deus. Portanto,
não prevalece a explicação de que o “face
a face” poderia significar que a pessoa não tinha visto,
mas que esteve “pessoalmente”, “diretamente”
ou “com intimidade” com Deus.
Quem matou o filisteu Golias foi Davi ou uma outra pessoa,
ou essa outra pessoa matou foi um filho de Golias?
1Sm 17,2-7: ... Saiu
então do exército filisteu um guerreiro enorme chamado
Golias, de Gat, com quase três metros de altura. Tinha na cabeça
um capacete de bronze, vestia um colete de malha de bronze que pesava
mais de cinqüenta quilos, usava perneiras de bronze e tinha nos
ombros um escudo de bronze. A haste de sua lança era como travessa
de tear, e a ponta da lança pesava seis quilos. Seu escudeiro
ia na frente.
1Sm 21,9-10: Davi
disse a Aquimelec: "Você não tem à mão
alguma lança ou espada? ...". O sacerdote respondeu: "Está
ali embrulhada num manto, atrás do efod, a espada de Golias,
o filisteu que você matou no vale do Terebinto...”
2Sm 21,19: Ainda
em Gob, em outra guerra contra os filisteus, Elcanã, filho
de Jair de Belém, matou Golias de Gat, que usava uma lança
comprida como cilindro de tear.
1Cr 20, 5: Houve
ainda outra guerra contra os filisteus. Dessa vez, Elcanã,
filho de Jair, matou Lami, filho de Golias de Gat. A lança
deste mais parecia cilindro de tear.
Mesmo que aqui se atribua a um erro
de copista a divergência entre quem matou a Golias se foi Davi
ou Elcanã, esse procedimento não faz da Bíblia
uma verdade. Se há erro nela, então não se poderá
admitir que ela seja a palavra de Deus, sem deixar o soberano criador
do cosmo, como o inspirador dos autores bíblicos, em maus lençóis.
De qualquer forma, a comparação da lança deste
filisteu com cilindro de tear compromete, por demais as narrativas,
deixando-nos supor que se trata inequivocamente da mesma pessoa. Segundo
os tradutores da Bíblia de Jerusalém a passagem 2Sm21,19
é a tradição mais antiga e que a tradição
primitiva do capítulo 17 só se falava de uma vitória
de Davi sobre um adversário anônimo, “o filisteu”.
E que, ainda nesse capítulo, o nome de Golias foi acrescentado
aos vv. 4 e 23.
Saul morreu como? Qual o destino do seu corpo?
1 Sm 31,1-13: Os
filisteus fizeram guerra contra Israel,... Todo o peso do combate
se concentrou sobre Saul. Os arqueiros o surpreenderam e o feriram
gravemente. Então Saul disse ao escudeiro: "Desembainhe
a espada e me atravesse, antes que esses incircuncisos cheguem e caçoem
de mim". O escudeiro ficou apavorado e não quis obedecer.
Então Saul pegou a espada e atirou-se sobre ela. ... No dia
seguinte, os filisteus foram despojar os cadáveres e encontraram
Saul e seus três filhos mortos no monte Gelboé. Cortaram
a cabeça de Saul... e dependuraram o cadáver dele na
muralha de Betsã... Então todos os guerreiros caminharam
a noite inteira, tiraram da muralha de Betsã o cadáver
de Saul e de seus filhos, e os levaram a Jabes, e aí os queimaram.
Depois recolheram os ossos, os enterraram debaixo da tamareira de
Jabes, e jejuaram durante sete dias.
2Sm 1,1-10: ... Davi
perguntou ao moço que o informava: "Como é que
você sabe que Saul e seu filho Jônatas estão mortos?"
O mensageiro respondeu: "Eu estava casualmente no monte Gelboé
e vi Saul apoiado em sua própria lança, enquanto os
carros e cavaleiros se aproximavam. Saul virou-se, me viu e me chamou.
Eu disse: 'Estou aqui'. Saul me perguntou: 'Quem é você?'
Eu respondi: 'Sou um amalecita'. Então Saul me disse: 'Aproxime-se
e mate-me, pois estou agonizando e não acabo de morrer'. Então
eu me aproximei dele e o matei, porque eu sabia que ele não
iria mesmo sobreviver depois de caído...".
2Sm 21,12: Então
Davi foi pedir os ossos de Saul e de seu filho Jônatas aos cidadãos
de Jabes de Galaad, que os tinham levado da praça de Betsã,
onde os filisteus os haviam enforcado, quando venceram Saul em Gelboé.
1Cr 10,1-12: Os filisteus
estavam guerreando contra Israel... Então a luta se concentrou
sobre Saul. Os atiradores descobriram onde ele estava e lhe acertaram
flechas. Saul disse ao seu escudeiro: "Puxe a sua espada e me
mate, senão esses incircuncisos vão rir de mim".
O escudeiro não quis fazer isso, pois teve muito medo. Então
Saul pegou a sua própria espada e se jogou sobre ela... No
outro dia, quando os filisteus foram saquear os mortos no combate,
encontraram Saul com seus filhos, todos mortos, no monte Gelboé.
Depois de despojar o corpo de Saul, levaram a cabeça e .. pregaram
o seu crânio no templo de Dagon. Os habitantes de Jabes de Galaad
ficaram sabendo o que os filisteus tinham feito com Saul. Então
todos os guerreiros foram buscar o corpo de Saul e de seus filhos,
levando-os para Jabes. Sepultaram os corpos debaixo do terebinto de
Jabes e jejuaram durante sete dias.
Saul suicidou-se, atirando sob sua
espada? Foi morto pelo amalecita, que atendeu ao pedido de Saul? Ou
será que os filisteus o enforcaram? Como pode existir tanta
divergência em relação a um só fato? Para
sair de um dos impasses os tradutores da Bíblia Anotada dizem
que “O relato do amalequita é conflitante com o relato
de 1Sm 32:3-6 e é, claramente, uma invenção...”
fato não comprovado já que Davi o matou por isso.
E quanto a seu corpo: sua cabeça
foi cortada e seu corpo dependurado nas muralhas de Betsã,
para depois ter sido queimado o seu cadáver junto com os de
seus filhos? Ou a sua cabeça teria sido cortada e colocada
no templo de Dagon e seu corpo sepultado?
Como proceder diante de um insensato?
Pv 26,4: "Não
responda ao insensato conforme a insensatez dele, para que você
não se iguale a ele".
Pv 26,5: "Responda
ao insensato conforme a insensatez dele, para que ele não se
considere sábio".
Afinal vamos responder ou não
ao insensato conforme a insensatez dele, não há como
sair desse impasse. Criativas são as tentativas dogmáticas
de explicar essa contradição, entretanto, elas não
passam de sofismas que tentam inutilmente fazer algo parecido como
querer carregar água num balaio. Aplica-se aqui o provérbio,
já que estamos falando disso: se correr o bicho pega, se ficar
o bicho come.
Qual das duas genealogias de Jesus é a verdadeira?
Mt 1,1-17: Livro
da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de
Abraão. Abraão gerou a Isaque; Isaque, a Jacó;
Jacó, a Judá e a seus irmãos; Judá gerou
de Tamar a Perez e a Zerá; Perez gerou a Esrom; Esrom, a Arão;
Arão gerou a Aminadabe; Aminadabe, a Naassom; Naassom, a Salmom;
Salmom gerou de Raabe a Boaz; este de Rute gerou a Obede; e Obede,
a Jessé; Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi, a Salomão,
da que foi mulher de Urias; Salomão gerou a Roboão;
Roboão, a Abias; Abias, a Asa; Asa gerou a Josafá; Josafá,
a Jorão; Jorão, a Uzias; Uzias gerou a Jotão;
Jotão, a Acaz; Acaz, a Ezequias; Ezequias gerou a Manassés;
Manassés, a Amom; Amom, a Josias; Josias gerou a Jeconias e
a seus irmãos, no tempo do exílio em Babilônia.
Depois do exílio em Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel;
e Salatiel, a Zorobabel; Zorobabel, a Abiúde; Abiúde,
a Eliaquim; Eliaquim, a Azor; Azor gerou a Sadoque; Sadoque, a Aquim;
Aquim, a Eliúde; Eliúde gerou a Eleázar; Eleázar,
a Matã; Matã, a Jacó. E Jacó gerou a José,
marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo. De sorte
que todas as gerações, desde Abraão até
Davi, são catorze; desde Davi até ao desterro para a
Babilônia, catorze; e desde o desterro para a Babilônia
até Cristo, catorze.
Lc 3,23-38: Ora,
tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério.
Era, como se cuidava, filho de José, filho de Heli, Heli filho
de Matã, Matã filho de Levi, Levi filho de Melqui, este
filho de Janai, filho de José, José filho de Matatias,
Matatias filho de Amós, Amós filho de Naum, este filho
de Esli, filho de Nagaí, Nagaí filho de Máate,
Máate filho de Matatias, Matatias filho de Semei, este filho
de José, filho de Jodá, Jodá filho de Joanã,
Joanã filho de Resá, Resá filho de Zorobabel,
este filho de Salatiel, filho de Neri, Neri filho de Melqui, Melqui
filho de Adi, Adi filho de Cosã, este de Elmadã, filho
de Er, Er filho de Josué, Josué filho de Eliézer,
Eliézer filho de Jorim, este de Matã, filho de Levi,
Levi filho de Simeão, Simeão filho de Judá, Judá
filho de José, este filho de Jonã, filho de Eliaquim;
Eliaquim filho de Meleá, Meleá filho de Mená,
Mená filho de Matatá, este filho de Natã; Natã
filho de Davi, Davi filho de Jessé, Jessé filho de Obede,
Obede filho de Boaz, este filho de Salá, filho de Naassom;
Naassom filho de Aminadabe, Aminadabe filho de Admim, Admim filho
de Arni, Arni filho de Esrom, este filho de Faréz, filho de
Judá; Judá filho de Jacó, Jacó filho de
Isaque, Isaque filho de Abraão, este filho de Terá,
filho de Nacor; Nacor filho de Seruque, Seruque filho de Ragaú,
Ragaú filho de Fáleque, este de Éber, filho de
Salá; Salá filho de Cainã, Cainã filho
de Arfaxade, Arfaxade filho de Sem, este filho de Noé, filho
Lameque; Lameque filho de Matusalém, Matusalém filho
de Enoque, Enoque filho de Jarete, este filho de Maleleel, filho de
Cainã; Cainã filho de Enos, Enos filho de Sete, e este
filho de Adão, e Adão, filho de Deus.
Percebe-se claramente que não
são concordes as genealogias narradas por Mateus e Lucas. Algumas
pessoas querem, para que não fique evidenciada essa divergência,
que a narrada por Lucas esteja baseada em relação à
Maria, entretanto, se esquecem que, naquela época, as mulheres
não tinham nenhum valor, e todas as genealogias citadas na
Bíblia são colocadas em relação aos homens
e não sobre as mulheres.
Onde moravam os pais de Jesus?
Mt 2,1: Tendo Jesus nascido em Belém
da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos
do Oriente a Jerusalém.
Mt 2,13-23: ... eis
que aparece um anjo do Senhor a José em sonho, e diz: ... toma
o menino e sua mãe, foge para o Egito, e permanece lá
até que eu te avise; porque Herodes há de procurar o
menino para matar. ... Tendo Herodes morrido,... tomou o menino e
sua mãe, e regressou para a terra de Israel. ... retirou-se
para as regiões da Galiléia. E foi habitar numa cidade
chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito, por
intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno.
Lc 1,26-27: No sexto
mês foi o anjo Gabriel enviado da parte de Deus, para uma cidade
da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada
com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem
chamava-se Maria.
Lc 2,1-5: Naqueles
dias foi publicado um decreto de César Augusto, convocando
toda a população do império para recensear-se...
Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré,
para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém,
por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se
com Maria, sua esposa, que estava grávida.
Pelo relato de Mateus, a família
de Jesus morava em Belém, só depois é que se
mudou para Nazaré. Entretanto Lucas coloca a cidade de Nazaré
como se fosse o local onde vivia a sagrada família, que teve
que ir à Belém apenas para atender ao decreto do recenseamento.
Onde se encontra essa profecia?
Mt 2,23: “E
foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse
o que fora dito, por intermédio dos profetas: Ele será
chamado Nazareno”
Não há no Antigo Testamento
nem mesmo um só profeta, ainda mais vários profetas,
que tenha feito essa profecia citada por Mateus. Querem alguns generalizar
dizendo que isso pode ser encontrado naquilo que os profetas consideram
como tipo característico do nazareno. Falácia, pois
o texto de Mateus é claro quando diz que profetas, mais de
um portanto, disseram que Jesus seria chamado Nazareno, fato objetivo
sem margem a dúvidas. Agiram honestamente os tradutores da
Bíblia de Jerusalém que afirmam: “Não se
percebe claramente a que oráculos proféticos Mt alude
aqui”.
O servo do centurião era paralítico que sofria
muito ou um doente à beira da morte? E quem esteve com Jesus
para pedir a cura dele?
Mt 8,5-6: Ao entrar em Cafarnaum, chegou-se a ele
um centurião que o implorava e dizia: “Senhor, meu criado
está deitado em casa paralítico, sofrendo dores atrozes”
Lc 7,1-3: Quando
acabou de transmitir aos ouvidos do povo todas essas palavras, entrou
em Cafarnaum. Ora, um centurião tinha um servo a quem prezava
e que estava doente, à morte; Tenho ouvido falar de Jesus,
enviou-lhe alguns dos anciãos dos judeus para pedir-lhe que
fosse salvar o servo.
Mateus diz que o servo do centurião
era paralítico e que se encontrava deitado em casa sofrendo
muito, ao passo que Lucas diz apenas que ele estava quase à
morte. Enfim esse servo era um paralítico que sofria muito
ou era um doente que estava à morte? O centurião falou
pessoalmente com Jesus ou enviou alguns anciãos dos judeus
para pedir-lhe a cura do seu servo?
Quantos eram os possessos de Gádara ou será
de Gérasa?
Mt 8,28: Tendo ele chegado à outra margem,
á terra dos gadarenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados,
saindo dentre os sepulcros, e a tal ponto furiosos, que ninguém
podia passar por aquele caminho.
Mc 5,1-3: Entrementes
chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos.
Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem
possesso de espírito imundo, o qual vivia nos sepulcros, e
nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo.
Lc 8,26-27: Então
rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da Galiléia.
Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu encontro um homem possesso
de demônios que, havia muito, não se vestia, nem habitava
em casa alguma, porém vivia nos sepulcros.
Mateus afirma tratar-se de dois endemoninhados,
ao passo que Marcos e Lucas dizem ser apenas um, afinal quantos eram?
Pueril a explicação de que todos eles estão corretos
usando do argumento de que onde há dois tem sempre um e que
os narradores não disseram que havia apenas um, é fantástico
como apresentam respostas ridículas para se safarem. Só
que se esqueceram que a alternativa do “apenas” também
serviria para o caso em que foi dito, dois, já que também
não se afirmou apenas dois. Mateus coloca o episódio
como acontecido em Gádara, enquanto que Marcos e Lucas citam
Gérasa. Consultado o dicionário bíblico encontramos
que Gádara é uma cidade da Decápole, hoje Umm
Qeis, na Transjordânia, 10 km ao sudeste do lado de Tiberíades
e Gérasa, também na Transjordânia, está
numa rota de Amã para o norte, hoje Djerash. Calculando-se
pelo mapa, distam, uma da outra, em cerca de 43 km.
Houve dificuldade em levar o paralítico à presença
de Jesus?
Mt 9,1-2: Entrando Jesus num barco, passou para a
outra banda, e foi para a sua própria cidade. E eis que lhe
trouxeram um paralítico deitado num leito.
Mc 2,1-4: Dias depois,
entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em
casa. Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto
à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra. Alguns
foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro
homens. E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão,
descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava
e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente.
Lc 5,17-19: Ora,
aconteceu que num daqueles dias, estava ele ensinando, e achavam-se
ali assentados fariseus e mestres da lei, vindos de todas as aldeias
da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder
do Senhor estava com ele para curar. Vieram então uns homens
trazendo em um leito um paralítico; e procuravam introduzi-lo
e pô-lo diante de Jesus. E não achando por onde introduzi-lo
por causa da multidão, subindo ao eirado, o desceram no leito,
por entre os ladrilhos, para o meio, diante de Jesus.
Na narrativa de Mateus o paralítico
é levado a Jesus, deixando a entender que não houve
nenhum obstáculo para isso. Mas, Marcos e Lucas, dizem que
tiveram que descer tal paralítico do telhado, pois a multidão
não deixava que o levassem a Jesus. Mateus diz que Jesus chegou
à sua cidade. Seria Nazaré? Marcos diz ser Cafarnaum.
Quanto a Lucas, ele não diz em qual cidade.
Filha de Jairo já havia morrido?
Mt 9,18: Enquanto estas cousas lhes dizia, eis que
um chefe, aproximando-se, o adorou, e disse: Minha filha faleceu agora
mesmo; mas vem, impõe a tua mão, e viverá.
Mc 5,22-23: Eis que
se chaga a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, e, vendo-o,
prostra-se a seus pés, e insistentemente lhe suplica: Minha
filhinha está à morte; vem, impõe as mãos
sobre ela, para que seja salva, e viverá.
Lc 8,41-42: Eis que
veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga, e, prostrando-se
aos pés de Jesus, lhe suplicou que chegasse até a sua
casa. Pois tinha uma filha única de uns doze anos, que estava
à morte. Enquanto ele ia, as multidões o apertavam.
Diferentemente de Marcos e Lucas
que dizem que a filha de Jairo estava quase morrendo, Mateus já
a tem como morta. Aqui não adiante apelar que morreu depois,
pois todos os relatos iniciam colocando Jairo prostrado aos pés
de Jesus.
O possesso era cego e mudo ou só mudo?
Mt 12,22: Então lhe trouxeram um endemoninhado,
cego e mudo; e ele o curou, passando o mudo a falar e a ver.
Lc 11,14: De outra
feita estava Jesus expelindo um demônio que era mudo. E aconteceu
que, ao sair o demônio, o mudo passou a falar; e as multidões
se admiraram.
Mateus diz ser o homem cego e mudo,
mas Lucas diz tratar-se apenas de um mudo o que estava possesso.
Os cegos de Jericó, quantos eram?
Mt 20,29-30: Saindo eles de Jericó, uma grande
multidão o acompanhava. E eis que dois cegos, assentados à
beira do caminho, tendo ouvido que Jesus passava, clamaram: Senhor,
Filho de Davi, tem compaixão de nós!
Mc 10,46-47: E foram
para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente
com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego
mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho.
E, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus,
Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Lc 18,35-38: Aconteceu
que, ao aproximar-se ele de Jericó, estava um cego assentado
à beira do caminho, pedindo esmolas. E, ouvindo o tropel da
multidão que passava, perguntou o que era aquilo. Anunciaram-lhe
que passava Jesus, o Nazareno. Então ele clamou: Jesus, Filho
de Davi, tem compaixão de mim!
Aqui temos Mateus dizendo que eram
dois cegos em contradição com Marcos e Lucas que afirmam
ser apenas um. Por que somente Marcos identifica nominalmente quem
era este cego? Se forem dois e alguém disse um, faz dessa narrativa
inverídica, se foi um e disseram dois, acontece o mesmo, não
há alternativa lógica que explique isso. Só fanatismo
cego para tentar explicar o inexplicável. Se alguém
testemunhou duas pessoas cometendo um crime e no depoimento, junto
ao júri, diz ter sido somente um, já que “onde
há dois, sempre há um, sem exceção!”,
ele além de mentiroso foi injusto, deixando condenar somente
um dos culpados.
Quem era a mulher com alabastro?
Mt 26,6-7: Ora, estando Jesus em Betânia, em
casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher, trazendo
um vaso de alabastro cheio de precioso bálsamo, que lhe derramou
sobre a cabeça, estando ele à mesa.
Mc 14,3: Estando
ele em Betânia, reclinado à mesa, em casa de Simão,
o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosismo
perfume de nardo puro, e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo
sobre a cabeça de Jesus.
Lc 7,36-38: Convidou-o
um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na
casa do fariseu, tomou lugar à mesa. E eis que uma mulher da
cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do
fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; e, estando
por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas
lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe
os pés e os ungia com o ungüento.
Jo 12,1-3: Seis dias
antes da páscoa, foi Jesus para Betânia, onde estava
Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos. Deram-lhe,
pois, ali, uma ceia; Marta servia, sendo Lázaro um dos que
estavam com ele à mesa. Então Maria, tomando uma libra
de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés
de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa
com perfume do bálsamo.
Mateus e Marcos relatam que Jesus
estava em casa de Simão, o leproso, e que uma mulher havia
derramado um vaso de alabastro em sua cabeça, não identificando
quem era ela. Só que João diz que a mulher era Maria
a irmã de Lázaro, que o fato acontecia na casa de Lázaro
e que ao invés de jogar o perfume na cabeça, ela ungiu
os pés de Jesus. Se em Lucas temos que esta mulher é
uma pecadora, conseqüentemente ela não poderia ser Maria,
a irmã de Lázaro.
Quem carregou a cruz?
Mt 27,32: Ao saírem, encontraram um cireneu,
chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz.
Mc 15,21: E obrigaram
a Simão Cireneu, que passava, vindo do campo, pai de Alexandre
e de Rufo, a carregar-lhe a cruz.
Lc 23,26: E como
o conduzissem, constrangendo um cireneu, chamado Simão, que
vinha do campo, puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a levasse
após Jesus.
Jo 19,17: Tomaram
eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz,
saiu para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico.
Mateus, Marcos e Lucas dizem que
o cireneu chamado Simão foi obrigado a carregar a cruz de Jesus,
enquanto que João diz que foi o próprio Jesus quem levou
a cruz.
O que aconteceu com o bom
ladrão?
Mt 27,38.44: E foram
crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita
e outro à sua esquerda. E os mesmos impropérios lhe
diziam também os ladrões que haviam sido crucificado
com ele.
Mc 15,27.32: Com
ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro
à sua esquerda. Também os que com ele foram crucificados
o insultavam.
Lc 23,39-43: Um dos
malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não
és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.
Respondendo-lhe, porém, o outro repreendeu-o dizendo: Nem ao
menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós
na verdade com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos
atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te
de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhes respondeu: Em verdade
te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
Jo 19,18: Onde o
crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
Não fugindo das narrativas,
para justificar essa contradição, temos que Mateus,
Marcos e João nada relatam sobre qualquer diálogo entre
os três crucificados. Os dois primeiros, ou seja, Mateus e Marcos,
dizem que eles estavam, isto sim, entre os que escarneciam de Jesus.
Só Lucas diz que Jesus teria dito para um deles que “hoje
estarás comigo no Paraíso”. Ora, se Jesus, três
dias após sua morte, ainda não tinha subido ao Pai como
ele poderia ter afirmado ao “bom ladrão” que hoje
estarás comigo, ou seja, justamente no dia de sua morte na
cruz? Também não deixa de ser estranho isso já
que Jesus negou a uma mãe - a mulher de Zebedeu - um lugar
à sua direita e outro à sua esquerda, para seus dois
filhos, alegando que só ao Pai cabe fazer isso (Mt 20,20-23).
Como agora ele promete algo ao “bom ladrão”, que
nem mesmo se arrependeu confessando os seus pecados, mas apenas reconheceu
que ele e seu companheiro tinham motivos para serem condenados enquanto
que Jesus não?
As mulheres junto a sepulcro
Mt 28,1-3: Depois
do sábado, ao amanhecer do primeiro dia da semana, Maria Madalena
e a outra Maria foram ver a sepultura. De repente houve um grande
tremor de terra: o anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se,
retirou a pedra, e sentou-se nela. Sua aparência era como a
de um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve.
Mc 16,1-5: Quando
o sábado passou, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago,
e Salomé, compraram perfumes para ungir o corpo de Jesus. E
bem cedo no primeiro dia da semana, ao nascer do sol, elas foram ao
túmulo. E diziam entre si: "Quem vai tirar para nós
a pedra da entrada do túmulo?" Era uma pedra muito grande.
Mas, quando olharam, viram que a pedra já havia sido tirada.
Então entraram no túmulo e viram um jovem, sentado do
lado direito, vestido de branco. E ficaram muito assustadas
Lc 24,1-4: No primeiro
dia da semana, bem de madrugada, as mulheres foram ao túmulo
de Jesus, levando os perfumes que haviam preparado. Encontraram a
pedra do túmulo removida. Mas ao entrar, não encontraram
o corpo do Senhor Jesus, e ficaram sem saber o que estava acontecendo.
Nisso, dois homens, com roupas brilhantes, pararam perto delas.
Jo 20,1.11-12: No
primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus
bem de madrugada, quando ainda estava escuro. Ela viu que a pedra
tinha sido retirada do túmulo. Maria tinha ficado fora, chorando
junto ao túmulo. Enquanto ainda chorava, inclinou-se e olhou
para dentro do túmulo. Viu então dois anjos vestidos
de branco, sentados onde o corpo de Jesus tinha sido colocado, um
na cabeceira e outro nos pés.
Afinal quais mulheres foram ao túmulo?
Mateus - Maria Madalena
e outra Maria
Marcos - Maria Madalena,
Maria, mãe de Tiago, e Salomé
Lucas – mulheres
sem especificar
João –
Maria Madalena
Afinal quem retirou a pedra do sepulcro?
Mateus – o
anjo retirou a pedra
Marcos – a
pedra já havia sido retirada, não diz por quem.
Lucas – encontraram
a pedra removida, sem dizer que a retirou.
João –
a pedra havia sido retirada, ninguém foi apontado como responsável
Afinal foram vistos um ou dois anjos, um ou dois homens?
Mateus – um
anjo com vestes brancas como a neve
Marcos – um
jovem vestido de branco
Lucas – dois
homens com roupas brilhantes
João –
dois anjos vestidos de branco
O testemunho de Jesus tem ou não valor?
Jo 5,31: [Jesus]
"Se eu dou testemunho de mim mesmo, meu testemunho não
vale".
Jo 8,14: "Jesus
respondeu: ‘Embora eu dê testemunho de mim mesmo, o meu
testemunho é válido,...’"
Uma passagem entra em contradição
com a outra, assim ficamos sem saber se o testemunho de Jesus é
válido ou não. Sempre haverá os que tentam explicar
isso, sofistas não faltarão.
Conclusão
Embora ainda venhamos a encontrar
muitos defensores da inerrância bíblica, em sã
consciência não há como admitir tamanho absurdo.
Somente fundamentalistas se agarram a isso, pensando, esses pobres
coitados, que Deus tem mais valor se a Bíblia refletir suas
palavras. Só que o que acontece é exatamente o contrário,
pois admitir que ela seja totalmente de inspiração divina
é atribuir incoerência a quem lhe deu origem. Valorizar
a Deus é, a contragosto de muitos, demonstrar que a Bíblia
é fruto do pensamento humano (joio) misturado com inspiração
divina (trigo), cabe a nós, usar o bom senso e a lógica,
para separar um do outro. É chegado o tempo da colheita, e
precisamos, para salvar o que há de bom nela, identificar o
joio que foi semeado junto ao trigo. São chegados os tempos
da verdade, aquela preconizada por Jesus: a que liberta. Oportuno
retomarmos o pensamento de S. Jerônimo:
“A verdade não pode existir em coisas que divergem”.
Dez/2005
Bíblia Anotada, São Paulo: Mundo Cristão,
1994.
Bíblia de Jerusalém, São Paulo:
Paulus, 2002.
GEISLER, N e HOWE, T., Manual Popular de dúvidas
enigmas e “contradições” da Bíblia,
São Paulo: Mundo Cristão, 1999.