Introdução
Recebemos, via e-mail, um artigo constante do site www.montfort.org.br,
assinado por Fabiano Armellini.
Acrescentando apenas uma interrogação,
propositadamente, deixaremos como título deste estudo o próprio
título dado pelo autor, que como muitos outros,
tenta denegrir o Espiritismo.
Uma coisa que ainda não conseguimos
entender é porque certas pessoas insistem em combater o Espiritismo?
Muitos dizem terem lido (Atenção! Lido, não estudado)
os livros de Kardec. Entretanto, os fatos provam que só leram,
pois se tivessem realmente feito um estudo profundo da Doutrina Espírita
teriam visto que:
“O Espiritismo se dirige aos que não crêem ou
que duvidam, e não aos que têm fé e a quem essa
fé é suficiente; ele não diz a ninguém
que renuncie às suas crenças para adotar as nossas,
e nisto é conseqüente com os princípios de tolerância
e de liberdade de consciência que professa. Por esse motivo
não poderíamos aprovar as tentativas feitas por certas
pessoas para converter às nossas idéias o clero, de
qualquer comunhão que seja. Repetiremos, pois, a todos os
espíritas: acolhei com solicitude os homens de boa-vontade;
oferecei a luz aos que a procuram, porque com os que crêem
não sereis bem sucedidos; não façais violência
à fé de ninguém, muito mais quanto ao clero
que aos seculares, porque semeais em campos áridos; ponde
a luz em evidência, para que vejam os que quiserem ver; mostrai
os frutos da árvore e deles dai de comer aos que têm
fome e não aos que se dizem saciados”
(Allan Kardec, em “O que é o
Espiritismo”) (grifos nosso).
Isso está consoante ao que
Jesus nos deixou com o seu exemplo, já que em momento algum,
o vemos tentando convencer ou converter a quem quer que seja, respeitava,
como ninguém ainda o fez, o livre-arbítrio de cada um.
Porque será que hoje encontramos muitos que dizem estar com
Jesus querendo fazer mais do que ele fez?
Kardec deixa também bem claro,
no livro citado, que:
“Se o Espiritismo é
uma falsidade, ele cairá por si mesmo; se, porém,
é uma verdade, não há diatribe
[1] que possa fazer dele uma mentira”.
Considerando que já estamos
no início do ano de 2003 e que Kardec codificou o Espiritismo
em 1857, ou seja, faltam poucos anos para a Doutrina Espírita
completar um século e meio, e ainda não caiu, muito
antes pelo contrário, está se expandindo cada vez mais.
E o importante, é que essa expansão ocorre naturalmente
pela adesão espontânea das pessoas, já que não
é de nossa prática “violentar a fé de ninguém”
Podemos ainda acrescentar o que, sabiamente,
Gamaliel disse, junto ao Sinédrio, em defesa de Pedro e dos
apóstolos:
“Não façais
nada contra estes homens. Deixai-os em paz. Porque, se este plano
ou esta obra vem dos homens, fracassará na certa. Mas, se
vem de Deus, então nunca podereis destruí-la”.
Vamos colocar algo sobre a biografia
de Kardec, tendo em vista que é muito comum tentarem colocá-lo
em ridículo.
No livro “O que é o Espiritismo”
contém a biografia de Allan Kardec, feita por Henri Suasse,
de onde retiramos:
“... fez em Lião os
seus primeiros estudos e completou em seguida a sua bagagem escolar,
em Yverdun (Suíça), com o célebre professor
Pestalozzi, de quem cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos,
colaborador inteligente e dedicado. Aplicou-se, de todo o coração,
à propaganda do sistema de educação que exerceu
tão grande influência sobre a reforma dos estudos na
França e na Alemanha. Muitas vezes, quando Pestalozzi era
chamado pelos governos, um pouco de todos os lados, para fundar
institutos semelhantes ao de Yverdun, confiava a Denizar Rivail
o encargo de o substituir na direção da sua escola.
... Era bacharel em letras e em ciências e doutor em medicina,
tendo feito todos os estudos médicos e defendido brilhantemente
sua tese. Lingüista insigne, conhecia a fundo e falava corretamente
o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia
também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta
língua.
“... Organizou também em sua casa, à rua de
Sèvres, cursos gratuitos de química, física,
astronomia e anatomia comparada, de 1835 a 1840, e que eram muitos
freqüentados”.
“Membro de várias sociedades sábias, notadamente
da Academia real d’Arras, foi premiado, por concurso, em 1831,
pela apresentação da sua notável memória:
Qual o sistema de estudo mais em harmonia com as necessidades da
época?”.
“Dentre as suas numerosas obras convém citar, por ordem
cronológica: Plano apresentado para o melhoramento da instrução
pública, em 1828; em 1829, segundo o método de Pestalozzi,
ele publicou, para uso das mães de família e dos professores,
o Curso prático e teórico de aritmética; em
1831 fez aparecer a Gramática francesa clássica; em
1846 o Manual dos exames para obtenção dos diplomas
de capacidade, soluções racionais das questões
e problemas de aritmética e geometria; em 1848 foi publicado
o Catecismo gramatical da língua francesa; finalmente, em
1849, encontramos o Sr. Rivail professor no Liceu Polimático,
regendo as cadeiras de Fisiologia, Astronomia, Química e
Física. Em uma obra apreciada resume seus cursos, e depois
publica: Ditados normais dos exames na Municipalidade e na Sorbona;
Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas”.
“Tendo sido essas diversas obras adotadas pela Universidade
de França,... Seu nome era conhecido e respeitado, seus trabalhos
justamente apreciados, muito antes que ele imortalizasse o nome
de Allan Kardec”.
Quando tomamos a tarefa de criticar
o trabalho de alguém, devemos primeiro provar que temos credenciais
para tal empreendimento. Assim, deixaremos ao Fabiano Armellini um
espaço neste texto para que nos envie o seu currículo,
afim de que os nossos leitores possam fazer a sua análise,
objetivando confirmar se o autor, que combate Kardec, possui conhecimentos
e experiência suficiente para isso. Ademais diz Kardec: “O
verdadeiro crítico deve provar não somente erudição,
mas um saber profundo no que concerne ao objeto que trate, um julgamento
sadio, e de uma imparcialidade a toda prova; de outro modo, qualquer
rabequista poderia se arrogar o direito de julgar Rossini, e um aprendiz
de pintura o de censurar Rafael”.
ESTE ESPAÇO ESTÁ REVERVADO PARA SE COLOCAR O CURRÍCULO
DO SR. FABIANO ARMELLINI, SE NOS FOR ENVIADO.
É oportuno também colocarmos o que Kardec disse a respeito
do que é o Espiritismo:
“A ciência, propriamente
dita, tem por missão especial o estudo das leis da matéria”.
“O Espiritismo tem por objeto o estudo do elemento espiritual
em suas relações com o elemento material, e encontra,
na união desses dois princípios, a razão de
uma multidão de fatos até então inexplicados”.
“O Espiritismo caminha de acordo com a ciência no terreno
da matéria: admite todas as verdades que ela constata; mas
onde se detêm as investigações desta, prossegue
as suas no terreno da espiritualidade” (Obras
Póstumas).
Em a Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita
constante de “O Livro dos Espíritos”
Kardec diz:
“As ciências vulgares
repousam sobre as propriedades da matéria que se pode experimentar
e manipular à vontade; os fenômenos espíritas
repousam sobre a ação de inteligências que têm
a sua própria vontade e nos provam a cada instante que elas
não estão à disposição de nossos
caprichos. As observações, portanto, não podem
ser feitas da mesma maneira; elas requerem analogias que não
existem. A Ciência propriamente dita, como ciência,
portanto, é incompetente para se pronunciar na questão
do Espiritismo: não tem que se ocupar com isso e seu julgamento,
qualquer que seja, favorável ou não, não poderia
ter nenhuma importância. O Espiritismo é o
resultado de uma convicção pessoal que os sábios
podem ter como indivíduos, abstração de sua
qualidade de sábios; mas, querer deferir a questão
à Ciência, equivaleria a decidir a existência
da alma por uma assembléia de físicos ou de astrônomos.
Com efeito, o Espiritismo está inteiramente baseado na existência
da alma e seu estado depois da morte. Ora, é soberanamente
ilógico pensar que um homem deve ser um grande psicólogo
porque é um grande matemático, ou um grande anatomista.
O anatomista, dissecando o corpo humano, procura a alma, e porque
não a encontra sob o seu escalpelo, como nele encontra um
nervo, ou porque não a vê fugir como um gás,
conclui daí que ela não existe, porque ele se coloca
em ponto de vista exclusivamente material; segue-se que ele tenha
razão contra a opinião universal? Não. Vede,
pois, que o Espiritismo não é da alçada da
Ciência”.
E nos “Livro dos Médiuns”,
arremata:
“Toda ciência não
se adquire senão com tempo e estudo; ora, o Espiritismo,
que toca nas mais graves questões da filosofia, a todas as
ramificações da ordem social, que abarca, ao mesmo
tempo, o homem físico e o homem moral, é, ele próprio,
toda uma ciência, toda uma filosofia que não pode ser
aprendida em algumas horas, como todas as outras ciências;
haveria tanta puerilidade em ver todo o Espiritismo em uma mesa
girante, como em ver toda a física em certos jogos infantis.
Para todo aquele que não quer se deter na superfície,
não são preciso horas, mas meses e anos para sondar-lhe
todos os arcanos. Que se julgue, por aí, o grau de saber
e do valor da opinião daqueles que se arrogam o direito de
julgar, porque viram uma ou duas experiências, o mais freqüentemente,
à guisa de distração e passatempo. Eles dirão,
sem dúvida, que não têm tempo disponível
para dar todo o tempo necessário a esse estudo; seja, nada
os constrange a isso; mas, então, quando não se ter
tempo para aprender uma coisa, não se ocupe de falar sobre
ela, menos ainda em julgá-la, se não quiser ser acusado
de leviandade; ora, quanto mais se ocupa uma posição
elevada na ciência, menos se é desculpável por
tratar levianamente um assunto que não se conhece”.
“O Espiritismo não pode considerar como crítico
sério senão aquele que tiver visto tudo, estudado
tudo, aprofundado tudo, com a paciência e a perseverança
de um observador consciencioso; que soubesse sobre o assunto quanto
o adepto mais esclarecido; que tivesse, por conseguinte, haurido
seus conhecimentos em outro lugar do que nos romances de ciência;
a quem não se pudesse opor nenhum fato do qual não
tivesse conhecimento, nenhum argumento que não tivesse meditado;
que refutasse, não por negação, mas por outros
argumentos mais peremptórios; que pudesse, enfim, assinalar
uma causa mais lógica para os fatos averiguados. Esse
crítico está ainda por se encontrar”.
(grifo nosso)
Passaremos agora, por já termos
demorado demais nessa introdução, a análise do
texto do nosso crítico.
A CIÊNCIA DESMENTE O ESPIRITISMO
Fabiano Armellini (www.montfort.org.br)
Os espíritas kardecistas,
influenciados pelo Positivismo declarado do sr. Hippolyte Léon
Denizard Rivail, vulgo Allan Kardec, costumam dizer que sua doutrina
é altamente racional e sedimentada em observações
científicas.
As biografias que lemos da vida
de Allan Kardec sugerem um Kardec metódico, racionalista e
prático. Só a título de exemplo, diz-se numa
delas que quando Kardec tomou conhecimento das tais "mesas girantes",
que levitam no ar e respondem às perguntas feitas pelos presentes,
o criterioso cientista positivista responde: "eu acreditarei
quando vir e quando me tiverem provado que uma mesa tem cérebro
para pensar, nervos para sentir, e que se pode tornar sonâmbula.
Até lá, permita-me que não veja nisso senão
uma fábula para provocar o sono" (Henri Sausse, Biografia
de Allan Kardec, in Allan Kardec, O que é o Espiritismo edição
da Federação Espírita Brasileira, Rio de Janeiro,
Brasília 32a edição, 1988, p.14).
Essa passagem ilustra bem o ar
racional de pseudo-intelectualismo e de falsa erudição
que se tenta dar ao espiritismo kardecista, que está presente
em todos os seus livros doutrinários.
No entanto, ao se ler os livros
de Allan Kardec, a impressão que se tem é a mesma que
tem qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento, ao ler um
artigo de uma dessas revistas pseudocientíficas "super"
interessantes que são vendidas nas bancas de jornais: é
a impressão de se estar lendo um texto escrito por uma pessoa
que só está repetindo o que ouviu de outrem, mas que
não tem a mínima noção daquilo que diz.
O que Kardec faz transparecer
em seus escritos é que ele aprendeu bem mal aquilo de que trata,
sejam assuntos científicos, filosóficos, religiosos
ou doutrinários. E se aprendeu mal, ensina pior ainda.
Do que nós colocamos da biografia
de Kardec, dá para qualquer um tirar suas conclusões
se ele é “pseudo-intelectual” e “falso erudito”,
como insinua o crítico. Não necessitaríamos acrescentar
mais nada, já que os dados “falam por si”, mas
deixaremos o próprio Kardec falar:
“O erro de todos está
em crerem que a fonte do Espiritismo é uma só, e que
se baseia na opinião de um só homem; daí a
idéia de que poderão arruiná-lo, refutando
essa opinião; eles procuram na Terra uma coisa que só
achariam no Espaço; essa fonte do Espiritismo não
se acha num ponto, mas em toda a parte, porque não há
lugar em que os Espíritos se não possam manifestar,
em todos os países, nos palácios e nas choupanas”.
(O que é o Espiritismo).
Os pretensos argumentos científicos
se encontram por toda parte nos escritos de Kardec. E as "gagueiras"
também. Algumas delas até hilariantes.
Uma questão bem ilustrativa
da gagueira cientificista de Kardec é com relação
à doutrina espírita da pluralidade das existências
nos mundos. Segundo a "revelação" que Kardec
recebeu dos "espíritos", "todos os globos que
circulam no espaço são habitados" (A. Kardec, Livro
dos Espíritos, Inst. de Difusão Espírita, 79a
edição, 1993, q. 55, p. 60. O sublinhado é nosso).
E quando ele diz todos, inclui as estrelas, pois ele diz que "o
Sol não seria um mundo habitado por seres corporais, mas um
local de reunião de Espíritos superiores que, de lá,
irradiam seus pensamentos para outros mundos (...) Todos os sóis
parecem estar numa posição idêntica" (A.
Kardec, Livro dos Espíritos, op cit, q. 188, p. 110).
Até aí, não
parece mais do que uma opinião, ainda que fantasiosa e maluca.
Mas, como é de praxe nos livros do Kardec, a afirmação
vem somada a uma observação "científica",
que teria por função, a nosso ver, de dar suporte ao
que foi dito. Pois diz Kardec, logo a seguir: "como constituição
física, o Sol seria um foco de eletricidade (sic!)".
A primeira exclamação
que se faz com relação a essa frase é a estranha
associação da transmissão de pensamento com a
eletricidade.
Não seria isso uma materialização
(das mais grosseiras) do pensamento?
Outra curiosidade desta passagem
é a afirmação de que os pensamentos irradiem
das estrelas. Isso soa muito mais como Astrologia do que como Astronomia,
o que revelaria uma personalidade bem supersticiosa ao pretenso cientista
Kardec.
Esse traço do seu caráter
é também observado em uma biografia sua, onde se diz
que quando Kardec recebeu sua primeira "revelação
espírita", foi buscar confirmação desta
com uma quiromante, a Sra. Cardone, que as confirmou através
da inspeção das linhas da mão de Allan Kardec
(cfr. H. Sausse, op. e ed. citadas p.22).
Observando a afirmação,
agora sob o ponto de vista científico, foi provado que, de
fato, o Sol emite uma quantidade astronômica de cargas elétricas,
que viajam no espaço através do chamado vento solar,
composto principalmente de prótons, partículas alfa,
elétrons e fótons (eletricamente neutros). Neste sentido,
pode-se dizer que o Sol seja um foco de eletricidade. Mas ainda que
haja irradiação de eletricidade do Sol, o que isso prova?
Se a eletricidade do Sol fosse decorrente dos "pensamentos",
isto é, da "inteligência" do Sol, a que se
deve a sua energia térmica? Seria ela fruto do seu "amor"?
Parafraseando, então, o
próprio Kardec, "a razão nos mostra que" ele
disse uma asneira.
_______
Inicia por aqui as situações
em que o autor diz ser “hilariantes” algumas colocações
de Kardec. Assim como as hienas que riem de tudo, os tolos riem do
que não entendem.
Será de bom alvitre colocarmos
as questões do Livro dos Espíritos
sobre a Pluralidade dos Mundos, para que você, caro leitor,
possa ver toda a resposta dos Espíritos e não tirar
conclusões apressadas por indução de alguém.
Pergunta 55: Todos
os globos que circulam o espaço são habitados?
Resposta: - Sim, e o homem da Terra
está longe de ser, como crê, o primeiro em inteligência,
em bondade e perfeição. Todavia, há homens que
se crêem muito fortes, e que imaginam que somente seu pequeno
globo tem o privilégio de abrigar seres racionais. Orgulho
e vaidade! Julgam que Deus criou o Universo só para eles.
Observa Kardec: Deus
povoou os mundos de seres vivos, concorrendo todos ao objetivo final
da Providência. Acreditar que os seres vivos estão limitados
ao único ponto que habitamos no Universo, seria por em dúvida
a sabedoria de Deus, que não fez nada inútil; ele deve
ter determinado para esses mundos um fim mais sério que o de
recrear a nossa visão. Nada, aliás, nem na posição,
no volume, na constituição física da Terra, não
pode razoavelmente fazer supor que só ela tenha o privilégio
de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de mundos
semelhantes.
Pergunta 56: A constituição
física dos diferentes globos é a mesma?
Resposta: - Não,
eles não se assemelham de modo algum.
Pergunta 57: A constituição
física dos mundos não sendo a mesma para todos, seguir-se-ia
tenham organização diferente os seres que os habitam?
Resposta: - Sem dúvida,
como para vós os peixes são feitos para viverem na água
e os pássaros no ar.
Pergunta 58: Os mundos
mais afastados do Sol estão privados de luz e de calor uma
vez que o Sol se mostra a eles apenas com a aparência de uma
estrela?
Resposta: - Crede,
pois, que não existem outras fontes de luz e de calor além
do Sol, e não considerais em nada a eletricidade que, em certos
mundos, tem um papel que desconheceis, e muito mais importantes que
sobre a Terra? Aliás, não dissemos que todos
os seres sejam da mesma matéria vossa e com órgãos
dispostos como os vossos.
Em complemento a essa resposta, acrescenta
Kardec: As condições de existências dos seres
que habitam os diferentes mundos devem ser apropriados ao meio para
o qual foram chamados a viver. Se não tivéssemos jamais
visto os peixes, não compreenderíamos como esses seres
podem viver dentro da água. Assim acontece em outros mundos
que contêm, sem dúvida, elementos que desconhecemos.
Não vemos nós, sobre a Terra, as longas noites polares
iluminadas pela eletricidade das auroras boreais? Que há de
impossível que, em certos mundos, a eletricidade seja mais
abundante que sobre a Terra e desempenhe um papel de ordem geral cujos
efeitos não podemos compreender? Esses mundos podem, pois,
conter em si mesmos as fontes de calor e de luz necessárias
a seus habitantes.
O grande problema do ser humano é
não ter humildade de aceitar que podem existir inúmeras
coisas que ele desconhece. No exemplo do peixe, que Kardec coloca,
fica muito clara essa questão. Então como podemos compreender
a existência de seres em outros mundos que não são
iguais a nós? Falta-nos um ponto de referência. Ora,
se há tempos atrás falássemos que numa gotícula
d’água existem seres vivos, alguém iria nos taxar
de loucos, entretanto quando se descobriu o microscópio, o
fruto da imaginação se tornou real a contragosto dos
críticos.
Aqui mesmo na Terra existem sons e
cores que a percepção humana não consegue captar,
por mais que isso deixe alguém vexado, alguns animais possuem
percepções mais amplas para determinadas coisas. Seria
ridículo dizer que tais coisas não existem porque não
percebemos.
Da mesma forma poderemos dizer em
relação aos mundos habitados que se não tivermos
capacidade de perceber matéria em estado totalmente diferente
do nosso, é como se não víssemos nada. Então
a rigor não poderemos dizer que tal planeta não tenha
vida humana, o máximo que poderemos dizer é que não
existe vida humana da forma como a conhecemos aqui na Terra.
Por outro lado, se o homem não
acreditasse em vida de seres inteligentes em outros planetas, não
se gastaria fortunas e mais fortunas para se colocar aparelhos, cada
vez mais potentes, em busca de sinais de outros mundos. Até
hoje não se percebeu nada (será?), mas isso não
quer dizer que nunca receberemos sinais de outros seres inteligentes
no Universo.
A crítica que se poderia fazer
é a afirmação absoluta de que “todos os
globos são habitados”, e com isso até podemos
concordar, mas quanto à existência de um número
incalculável de planetas não há a menor dúvida,
apesar da ciência ainda não ter provado nada.
Desde há muito tempo o homem
vem dizendo que o espírito não vive sem o corpo físico.
Ora, essa afirmação também não tem nenhuma
base científica. Nem mesmo o espírito a ciência
conseguiu provar, mas quando aparece alguém com essa prova,
no caso o Espiritismo, não a aceitam, talvez por não
ter vindo deles. Isso é um paradoxo já que as religiões
se dizem espiritualistas, todas acreditam na imortalidade da alma
(espírito), entretanto, na prática, se comportam como
os materialistas incrédulos que não admitem a existência
do espírito.
Se não existisse em nós,
algo mais do que um corpo físico nós não morreríamos,
pois se fossemos somente compostos de matéria, o nosso cadáver,
também composto de matéria, continuaria vivo. O que
faz a matéria, de que é composto o corpo humano, ser
diferente é que o espírito anima esse corpo e quando
ele o abandona, por um motivo qualquer, ao voltar a sua condição
de ser espiritual, ela perde essa condição e torna-se
completamente inerte e sem vida, ficando na mesma condição
das matérias inorgânicas.
Veja bem, caro leitor, como age esse
nosso crítico: em determinado momento ele critica o que Kardec
diz: “como constituição física, o Sol seria
um foco de eletricidade (sic!)”, para mais à frente ele
mesmo afirmar: “Agora sob o ponto de vista científico,
foi provado que, de fato, o Sol emite uma quantidade astronômica
de cargas elétricas, que viajam no espaço através
do chamado vento solar, composto principalmente de prótons,
partículas alfa, elétrons e fótons (eletricamente
neutros). Neste sentido, pode-se dizer que o Sol seja um foco
de eletricidade”. (grifo nosso)
Não será isso exatamente
o que Kardec quer dizer?
Cita, o autor, a questão
188 de “O Livro dos Espíritos”, que reproduzimos:
Pergunta 188 –
Os Espíritos puros habitam mundos especiais ou estão
no espaço universal sem estarem mais ligados a um mundo que
a outro?
Resposta –
Os Espíritos puros habitam certos mundos mas não estão
confinados neles como os homens sobre a Terra; eles podem, melhor
que os outros, estar por toda a parte (1).
(1) Segundo
os Espíritos, de todos os globos que compõem o nosso
sistema planetário, a Terra é um daqueles onde os habitantes
são os menos avançados, física e moralmente.
Marte seria ainda inferior e Júpiter, o mais superior em relação
a todos. O Sol não seria habitado por seres corporais, mas
um local de reunião dos Espíritos superiores que, de
lá, irradiam seus pensamentos para outros mundos, que dirigem
por intermédio dos Espíritos menos elevados, transmitindo-se
a estes, por intermédio do fluído universal. Como constituição
física, o Sol seria um foco de eletricidade.
Todos os sóis parecem estar
na mesma posição.
O volume e a distância que estão
do Sol, não têm nenhuma relação necessária
com o grau de adiantamento dos mundos, pois parece que Vênus
é mais adiantado que a Terra, e Saturno menos adiantado que
Júpiter.
Essa nota Kardec coloca para completar
a explicação da resposta.
Suponhamos que uma mãe tenha
sete filhos, todos eles morando em cidades diferentes. E que todos
os dias ela, ao lembrar deles, pede a Deus por eles numa oração
em que coloca todo o seu sentimento de amor maternal. Podemos dizer
que o pensamento e a vibração da prece dessa mãe
estaria irradiando para cada um dos filhos embora morem em cidades
diferentes.
Assim, é que Kardec compara
o que os Espíritos, que irradiam do Sol os seus pensamentos,
ou seja, é apenas uma simples comparação. Não
se trata de afirmação ou associação, como
quer o autor, de uma coisa à outra. Kardec, então usa
de uma comparação, várias vezes ele faz isso,
para se fazer entender, procura ser o mais simples possível
para que todos possam ter um bom entendimento do que ele está
falando. Mas, infelizmente o nosso crítico ficou “boiando”,
achando tudo isso muito “estranho” e “curioso”.
Por que será que o autor não
passa pelo rigor científico, como quer fazer com o Espiritismo,
determinados dogmas de sua Igreja? Gostaríamos que nos explicasse,
cientificamente é claro, a existência do “Céu”,
lugar, segundo a teologia de sua Igreja, onde estão os “santos”
em comunhão com Deus. Não se esqueça de que esses
“santos” já estão mortos, são, portanto
Espíritos, quer goste ou não.
Por diversas vezes já ouvimos
pessoas dizerem que o Espiritismo é superstição
pura, e só deu certo no Brasil. Poderíamos acrescentar,
que talvez por esse mesmo motivo, a Igreja Católica também
tenha dado certo por aqui, já que o Brasil é o maior
país católico do mundo.
Se existe uma coisa enfática
em Kardec; é a tentativa de tirar das pessoas as idéias
supersticiosas. Diz ele:
“Portanto, como dizemos freqüentemente,
o estudo sério do Espiritismo tende a destruir as crenças
verdadeiramente supersticiosas. Na maioria das crenças populares,
quase sempre, há um fundo de verdade, mas desnaturado, amplificado,
são os acessórios, as falsas aplicações
que constituem, propriamente falando, a superstição”
(Revista Espírita, Maio/1860).
Pesquisando no dicionário Aurélio,
encontramos a seguinte definição para superstição:
Sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que
induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas
e a confiança em coisas ineficazes; crendice.
Para nós existem muitas coisas
que, se não forem propriamente uma superstição,
está bem próximo, como por exemplo:
• crer na ressurreição
da carne;
• crer no inferno;
• crer em demônios (no sentido dogmático);
• crer em Adão e Eva;
• promessas;
• acender velas;
• que algum “santo” vá ajudar alguém
a se casar;
• virgindade perpétua de Maria;
• etc.,
A não ser que alguém nos mostre a ciência assinando
embaixo para atestar a realidade de tudo isso, preferimos não
acreditar em nada disso.
A certa altura diz o autor que Kardec
é supersticioso: “Esse traço de seu caráter
é também observado em uma biografia sua, onde se diz
que quando Kardec recebeu sua primeira “revelação
espírita”, foi buscar confirmação desta
com uma quiromante, a Sra. Cardone, que as confirmou através
da inspeção das linhas da mão de Allan Kardec”.
Não nos resta outra alternativa
senão colocar o texto integral, conforme consta do livro “O
que é o Espiritismo”. Lemos, à página
22:
“Foi a 30 de abril de 1856,
em casa do Sr. Roustan, pela médium Mlle. Japhet, que Allan
Kardec recebeu a primeira revelação de sua missão
que tinha a desempenhar. Esse aviso, a princípio vago, foi
precisado no dia 12 de junho de 1856, por intermédio de Mlle.
Aline C., médium. A 6 de maio de 1857, a Sra. Cardone, pela
inspeção das linhas da mão de Allan Kardec,
confirmou as duas comunicações precedentes,
que ela ignorava. Finalmente, a 12 de abril de 1860, em
casa do Sr. Dehan, sendo intermediário o Sr. Croset”,
médium, essa missão foi novamente confirmada em uma
comunicação espontânea, obtida na ausência
de Allan Kardec. (grifo nosso).
Vamos repetir o que disse o nosso
crítico para que você leitor possa ver nitidamente aonde
ele quer chegar, o que nos proporcionará elementos para sabermos
com que nível de pessoa nós estamos lidando. Diz, ele:
“... quando Kardec recebeu sua primeira “revelação
espírita”, foi buscar confirmação desta
com uma quiromante, a Sra. Cardone, que as confirmou através
da inspeção das linhas da mão de Allan Kardec”.
O que consta da biografia, de onde
ele retirou as informações, não diz isso de maneira
alguma, distorceu os fatos para continuar na sua tentativa de denegrir
Kardec, e por tabela o Espiritismo. Depois da primeira revelação
em 30 de abril de 1856, ocorreu uma segunda a 12 de junho de 1856,
só então é que houve confirmação
pela Sra. Cardone. E ressaltamos, confirmou algo que não sabia,
conforme consta da biografia pesquisada pelo nosso crítico,
que grifamos no texto logo acima.
Mas todo crítico deve ter o
cuidado de pesquisar profundamente aquilo de que pretende falar. Também
é recomendável não só pesquisar o livro
que se está estudando, mas nos que são citados no texto
e na bibliografia já que são colocados exatamente para
isso.
O biógrafo de Kardec diz que
essas informações ele buscou no livro “Obras
Póstumas”, seria de se esperar que nosso crítico
fosse à ele para, até mesmo quem sabe, encontrar mais
munição para seu tiroteio verbal contra Kardec. Mas,
nós fomos à obra e ficamos impressionados com o que
encontramos. Somos forçados, para restabelecer a verdade e
deixar as coisas bem claras, a estender um pouco mais no texto que
encontramos à página 277, do livro citado:
6 DE MAIO DE 1857
(Em casa da senhora de Cardone)
A TIARA ESPIRITUAL
Tive ocasião de ver, nas
sessões do Sr. Roustan, a Senhora de Cardone. Alguém
me disse, creio que foi o Sr. Carlotti, que ela possuía um
talento notável para ler na mão. Jamais acreditei no
significado das linhas da mão, mas sempre pensei que isso poderia
ser, para certas pessoas dotadas de uma espécie de segunda
vista, um meio de estabelecer uma relação que lhe permitisse,
como aos sonâmbulos, às vezes, dizer coisas verdadeiras.
Os sinais da mão não são senão um pretexto,
um meio de fixar a atenção, desenvolver a lucidez, como
o são as cartas, a marca de café, os espelhos ditos
mágicos, para os indivíduos que gozam dessa faculdade.
A experiência, mais de uma vez, me confirmou a verdade dessa
opinião. Seja como for, essa senhora, tendo me convidado para
ir vê-la, cedi ao seu convite, e eis um resumo do que ela me
disse:
“Sois nascido com uma grande
abundância de recursos e de meios intelectuais... força
extraordinária de julgamento... Vosso gosto está formado;
governado pela cabeça, moderais a inspiração
pelo julgamento; sujeitais o instinto, a paixão, a intuição
ao método, à teoria. Tivestes sempre o gosto das ciências
morais... Amor ao verdadeiro absoluto... Amor da arte definida.
“Vosso estilo tem do número,
da medida, da cadência; mas, às vezes, trocais um pouco
da vossa precisão pela da poesia.
“Como filósofo idealista,
vos sujeitais às opiniões alheias; como filósofo
crente, sentis agora a necessidade de fazer seita.
“Benevolência judiciosa;
necessidade imperiosa de aliviar, de socorrer, de consolar, necessidade
de independência.
“Corrigi-vos muito lentamente
da prontidão de vosso temperamento.
“Sois singularmente apropriado
para a missão que vos está confiada, porque estais mais
feito para vos tornar o centro de desenvolvimento imensos, do que
capaz de trabalhos isolados... os vossos olhos têm o olhar do
pensamento.
“Vejo aqui o sinal
de tiara espiritual... está muito pronunciado, olhai...”
(Olhei e nada vi em particular).
Que entendeis, disse eu, por tiara
espiritual? Quereis dizer que serei papa? Se isso devesse
ser, certamente não seria nesta existência.
Resposta –
“Notai que disse tiara espiritual, o que quer
dizer autoridade moral e religiosa, e não poder supremo efetivo”.
Relatei pura e simplesmente as
palavras dessa senhora, que ela mesma me transcreveu; não me
cabe julgar se são, em todos os pontos, exatas; deles reconheço
alguns por verdadeiros, porque estão em relação
com o meu caráter e as disposições do meu espírito;
mas há uma passagem evidentemente errada, aquela onde disse,
a propósito do estilo, que eu trocaria, às vezes, um
pouco da minha precisão pela poesia. Não tenho nenhum
instinto poético; o que procuro, acima de tudo, o que me agrada,
o que estimo, nos outros, é a clareza, a limpidez, a precisão,
e longe de sacrificar esta à poesia, poder-se-ia antes me censurar
por sacrificar o sentimento poético à secura da forma
positiva. Tenho preferido o que fala à inteligência,
ao que não fala senão à imaginação.
Quanto à tiara
espiritual, O Livro dos Espíritos acabava de aparecer:
a Doutrina estava em seu início, e não se poderia, ainda,
julgar os seus resultados ulteriores; não ligava senão
pouca importância a essa revelação, e limitei-me
a tomar-lhe nota a título de informação.
Essa senhora deixou Paris no ano
seguinte, e não a revi senão oito anos mais tarde, em
1866; as coisas tinham caminhado muito nesse intervalo. Ela me disse:
Lembrai-vos de minha predição da tiara espiritual?
Ei-la realizada. – Como realizada? Não estou, que o saiba,
sobre o trono de São Pedro. – Não, também
não foi isso que vos anunciei. Mas, não sois, de fato,
o chefe da Doutrina, reconhecido pelos espíritas do mundo inteiro?
Não são os vossos escritos que fazem lei? Vossos adeptos
não se contam aos milhões? Há um homem cujo nome
tenha mais autoridade do que o vosso pelo que respeita ao Espiritismo?
Os títulos de sumo-sacerdote, de pontífice, de paga
mesmo não vos são espontaneamente dados? Sobretudo pelos
vossos adversários e por ironia, eu o sei, mas não deixam
de ser o indício do gênero de influência que vos
reconhecem: pressentem o vosso papel e esses títulos vos ficarão.
Em suma, conquistastes, sem procurá-la,
uma posição moral que ninguém pode vos retirar,
porque, quaisquer trabalhos que se possam fazer depois de vós,
ou concorrentemente convosco, não sereis menos o fundador reconhecido
da Doutrina. Desde esse momento, possuis, pois, em realidade, a tiara
espiritual, quer dizer, a supremacia moral. Vede, pois, que eu disse
a verdade.
Credes agora um pouco mais nos
sinais da mão?
- Menos do que nunca, e estou
convencido de que, se vistes alguma coisa, não foi na mão,
mas em vosso próprio espírito, e vou prová-lo.
Admito na mão, como no
pé, nos braços e nas outras partes do corpo, certos
sinais fisiognomônicos; mas cada órgão, apresenta
sinais especiais segundo o uso que lhe está destinado e sobre
as suas relações com o pensamento; os sinais da mão
não podem ser os mesmos que os dos pés, dos braços,
da boca, dos olhos, etc.
Quanto às dobras interiores
da mão, sua maior ou menor acentuação, prende-se
à natureza da pele e a mais ou menos abundância do tecido
celular, e como essas partes não têm nenhuma correlação
fisiológica com os órgãos das faculdades intelectuais
e morais, não lhes poder ser a expressão. Admitindo
mesmo essa correlação, poderiam fornecer indícios
sobre o estado presente do indivíduo, mas não poderiam
ser sinais de presságios de coisas futuras, nem de acontecimentos
passados, independentes de sua vontade. Na primeira hipótese,
compreendia rigorosamente que, com a ajuda desses traços, podia-se
dizer que uma pessoa possui tal ou tal aptidão, tal ou tal
tendência, mas o mais vulgar bom senso repele a idéia
de que se possa ali ver se ela é casada ou não, quantas
vezes, e quantos filhos teve, se é viúva ou não,
e outras coisas semelhantes, como o pretende a maioria dos quiromantes.
Entre as pregas da mão,
há uma bem conhecida de todo o mundo, e que aparece, bastante
bem, um M; se está fortemente marcado, é, diz-se, o
presságio de uma vida feliz, mas a palavra malheur é
francesa, e se esquece que o termo equivalente não começa,
em todas as línguas, pela mesma letra: de onde se segue que
essa prega deveria tomar uma forma diferente segundo a língua
dos povos.
Quanto à tiara
espiritual, evidentemente é uma coisa especial, excepcional,
e de alguma sorte individual, e estou convencido de que não
encontrastes essa palavra num tratado de quiromancia. Como vos veio,
pois, ao pensamento? Por intuição, por inspiração,
ou por essa espécie de presciência inerente à
dupla vista que muitas pessoas possuem sem disso desconfiar. A vossa
intuição estava concentrada sobre os lineamentos da
mão, aplicastes a idéia a um sinal no qual uma outra
pessoa teria visto coisa diferente, ou ao qual teríeis atribuído
um significado diferente num outro indivíduo.
Espero, caro leitor, que tenha concordado
conosco da necessidade de se colocar todo o texto. Neste ponto confirmamos
o caráter do nosso crítico. Nada mais precisamos comentar.
Vejamos agora o que ele diz:
“Neste sentido, pode-se dizer
que o Sol seja um foco de eletricidade. Mas ainda que haja irradiação
de eletricidade do Sol, o que isso prova? Se a eletricidade do Sol
fosse decorrente dos “pensamentos”, isto é, da
“inteligência” do Sol, a que se deve a sua energia
térmica? Seria ela fruto do seu “amor”?
Depois disso ele conclui: “parafraseando,
então, o próprio Kardec, “a razão nos mostra
que” ele disse uma asneira”.
Essa foi demais. Dizer que Kardec
falou que o Sol pensa ou que tenha inteligência só mesmo
fanático cego poderia dizer isso. A afirmativa de Kardec, para
os que não entenderam, foi que: SÃO OS ESPIRITOS QUE
IRRADIAM O PENSAMENTO. Aí perguntamos: quem mesmo foi que disse
uma asneira?
Ainda com relação
aos astros, a doutrina espírita afirma que os mundos seriam
mais ou menos avançados, e os seres que neles habitam teriam
graus de "evolução" de acordo com o planeta
(cfr. A. Kardec, Livro dos Espíritos, op. cit., q. 55-58, p.
60-61; q. 172-188, p. 106-110). E ainda segundo a doutrina espírita,
"à medida que o Espírito se purifica, o corpo que
ele reveste se aproxima igualmente da natureza espírita. A
matéria é menos densa, não rastejam mais penosamente
na superfície do solo, as necessidades físicas são
menos grosseiras e os seres vivos não têm mais necessidade
de se entre devorarem para se nutrir." (A. Kardec, Livro dos
Espíritos, op. cit., q. 182, p. 108).
Então, de acordo com a
doutrina espírita, quanto mais "atrasado" o mundo,
mais grosseiros e "densos" seriam os seres que nele habitariam.
Ora, seguindo este raciocínio, a não ser que Kardec
considerasse a Terra o planeta mais "atrasado" do Sistema
Solar, supor-se-ia que houvesse vida material (bem "densa")
nos outros planetas em órbita do Sol... Que decepção
teria Kardec em constatar que a NASA, através de sondas e de
expedições à Marte e à Lua, jamais encontrou
um homenzinho verde sequer! Nem uma simples minhoca!
Veja o que fala Kardec, nos comentários
que faz da pergunta 188, citada pelo crítico:
“Segundo os Espíritos,
de todos os globos que compõem o nosso sistema planetário,
a Terra é um daqueles onde os habitantes são
os menos avançados, física e moralmente” (grifo
nosso).
Assim, fica claro que Kardec considerava
a Terra como o mais atrasado sim. E em meio à resposta à
pergunta 22, encontramos:
“Mas a matéria existe
em estados que vos são desconhecidos. Pode ser, por exemplo,
tão etérea e sutil que nenhuma impressão vos
cause aos vossos sentidos, entretanto, é sempre matéria,
embora para vós não o seja”.
(O Livro dos Espíritos)
Já dissemos que quanto à
questão de vida em outro planeta o máximo que poderemos
dizer é que não percebemos vida igual a que encontramos
na Terra.
Supondo-se que exista um planeta semelhante
ao nosso e que seus habitantes tenham um progresso científico
muito maior do que o nosso. Que enviaram à Terra uma nave espacial,
cuja aterrissagem se desse em algum lugar totalmente deserto. É
quase certo que diriam que não existe vida na Terra, apesar
da realidade ser completamente outra. E lembramos, novamente, se o
homem não acreditasse em vida em outros planetas não
colocaria “escutas” para captar sinais extraterrestres.
Kardec afirma também, gratuitamente,
que Júpiter seria, no Sistema Solar, o planeta mais avançado
"física e moralmente" (sic!) (cfr. A. Kardec, o Lívro
dos Espíritos, op. cit., q. 188, p. 110). Como um planeta poderia
ter progresso moral, isto é, progresso em suas ações?
Moral supõe livre-arbítrio, coisa que um planeta, ser
material, não pode ter.
Mas contrariando toda lógica,
Kardec afirma com todas as letras: "os globos têm livre-arbítrio"
(A. Kardec, A Gênese, Ed. Lake, São Paulo, 1a edição,
comemorativa do 300 aniversário dessa obra, cap. VIII, no.
4, p. 144).
Engraçado que, para esta
afirmação estapafúrdia, Kardec não apresenta
nenhum argumento científico...
Agora sim é que entramos num
festival de asneiras, usando as mesmas palavras do nosso crítico.
Na questão 188,
Kardec faz referência aos habitantes dos planetas, não
ao planeta em si, já que a matéria inorgânica
não possui o princípio vital que a anima, ou seja, não
tem vida. Podemos saber disso pela resposta à pergunta 61 (também
citada pelo autor).
E mais, Kardec diz claramente no início
da explicação da pergunta 188 que: “Segundo
os Espíritos”, portanto, quem disse
são os Espíritos e não ele.
Assim, o autor, nosso crítico,
não sabe diferençar o que é de Kardec ou não.
Por outro lado, quando dizemos que
uma cidade é hospitaleira, estamos nos referindo à hospitalidade
de seus habitantes e não da cidade em si.
Veja, agora a outra questão
que ele coloca a respeito do livre arbítrio dos globos. No
item 4, do capítulo VIII do livro “A Gênese”,
quando se fala da Teoria sobre a Terra, Kardec, coloca uma das teorias
existentes. A Teoria da Incrustação, exatamente a citada,
vejamos:
“Não mencionamos
essa teoria senão para lembrança, tendo em vista que
nada tem de científica, mas unicamente porque ela teve alguma
ressonância nestes últimos tempos, e seduziu algumas
pessoas. Ela se resume na carta seguinte”: (...).
Segue, então, o texto onde
existe a afirmação que: os globos têm também
o seu livre arbítrio.
Não sabemos se o crítico
não entendeu, ou se quis de propósito colocar algo na
boca de Kardec para depois triunfalmente dizer: “afirmação
estapafúrdia”. Pelo caráter dele, que pouco atrás
tivemos a oportunidade de perceber, tudo é possível.
Outra afirmação
de Kardec feita sem nenhuma base científica é a de que
"o universo é eterno" (A. Kardec, A Gênese,
op. cit., cap. VI, no 51, p. 113).
Ora, o universo existe no tempo.
E tempo é a duração do movimento ou mudança,
isto é, da passagem de uma qualidade do estado de Potência
para Ato. Então, eterno é aquilo que não muda,
isto é, que não passa de Potência para Ato, e
por isso não está sujeito ao tempo.
No universo todas as coisas mudam
e, portanto, todo o universo está sujeito ao tempo. Logo, o
universo não é eterno. Kardec, ao dizer que o universo
é eterno, prova que não sabia o que significa ser eterno.
E confirma sua ignorância quando, em outra passagem, afirma
junto com os "espíritos elevados" que "as eternidades
serão para eles (os espíritos maus) mais longas"
(A. Kardec, Livro dos Espíritos, op.
cit., q. 125, p. 85).
E se não bastasse esta
afirmação ser contra a lógica, dizer que o universo
é eterno vai contra a Teoria do Big Bang, pela qual a ciência
provou que o universo teve um início. E nega também
a 2a lei da Termodinâmica, a lei da Entropia, que leva a conclusão
de que o universo terá um fim.
Mais uma vez, a doutrina espírita
contradiz a ciência.
Em determinados textos se não
prestarmos bem atenção ao seu título, podemos
ficar sem entender o conteúdo, pode até ocorrer que
o compreendamos ao contrário do quer que dizer quem o escreveu.
No livro “A Gênese”,
em seu capítulo VI, trata da Uranografia Geral, com vários
subtítulos. Entre eles o da “Sucessão Eterna dos
Mundos”, em que se encontra o item 51, citado pelo nosso crítico,
que só o pegou isolado, sem a preocupação de
colocar todo o seu conteúdo. Para entendê-lo é
necessário voltarmos um pouco, ao item 50, onde se fala dos
mundos, dizendo que eles se extinguem com o passar dos milênios,
e a partir dessa idéia é que seguimos o item 51, que
diz:
“Ora, pensar-se-á
que essa terra extinta e sem vida vai continuar a gravitar no espaços
celestes, sem finalidade, e passar com despojos inúteis no
turbilhão dos céus? Pensar-se-á que ela permanece
inscrita no livro da vida universal, quando não é
mais do que uma letra morta desprovida de sentido? Não; as
mesmas leis que a elevaram acima dos caos tenebroso e que a gratificam
com os esplendores da vida, as mesmas forças que a governaram
durante séculos da sua adolescência, que consolidaram
os seus primeiros passos na existência e que a conduziram
á idade madura e a velhice, vão presidir à
desagregação dos seus elementos constitutivos, para
entregá-los ao laboratório onde o poder criador extrai,
sem cessar, as condições de estabilidade geral. Esses
elementos vão retornar a essa massa comum do éter,
para se assinalarem a outros corpos, ou para regenerar outros sóis;
e essa morte não será um acontecimento inútil
a essa terra e nem às suas irmãs: ela renovará,
em outras regiões, outras criações de uma natureza
diferente, e lá, onde os sistemas de mundos se desvanecem,
logo renascerá um novo canteiro de flores mais brilhantes
e mais perfumadas.
51. Assim, a eternidade real
e efetiva do universo está assegurada pelas mesmas leis que
dirigem as operações do tempo; assim, os mundos sucedem
aos mundos, os sóis aos sóis, sem que o imenso mecanismo
dos vastos céus seja jamais atingido em suas gigantescas
atividades”.
Ao que concluímos que a proposta
aqui é dizer que uma vez que os mundos se extinguem e outros
se formam, isso mantém o universo numa “eternidade efetiva
e real”.
Numa comparação é
o que ocorre com o nosso corpo. As células que o compõe
são renovadas de tempos em tempos, sem que percebemos, isso
nós dá a impressão que nosso corpo é sempre
o mesmo.
Sobre essa questão deveria,
o nosso crítico, ter visto o que consta em “O
Livro dos Espíritos”, na resposta a questão 37:
Pergunta 37 –
O Universo foi criado ou existe de toda a eternidade com Deus?
Resposta –
Sem dúvida que ele não pode fazer-se por si mesmo, e
se fosse de toda a eternidade, como Deus, não poderia ser obra
de Deus.
Completa Kardec:
A razão nos diz que o Universo não pode se ter feito
a si mesmo e que, não podendo ser obra do acaso, deve ser obra
de Deus.
Mais uma vez o nosso crítico
foi infeliz em suas colocações, não estudou o
Espiritismo e quer falar do que não conhece.
A explicação que o autor
nos traz a respeito de “eterno” poderia ser aplicada ao
dogma católico do “Inferno Eterno” ou do “Castigo
Eterno”?
Vejam agora quem realmente está
na “ignorância”. Ao citar a questão 125,
diz que ela confirma a ignorância de Kardec. Leiamos o que se
diz no Livro dos Espíritos.
Pergunta 125 –
Os Espíritos que seguem o caminho do mal poderão alcançar
o mesmo grau de superioridade que os outros?
Resposta –
Sim, porém, as eternidades serão para ele longas.
Mas o nosso crítico não
fez nenhuma questão de ler o que vem logo após colocado
por Kardec, buscando explicar o que queria dizer por eternidades:
“Por essa expressão
– as eternidades – se deve entender
a idéia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade
dos seus sofrimentos, visto que não lhes é dado anteverem
seu termo, e essa idéia se renova em todas as provas, nas
quais eles sucumbem”. (grifo do original).
Por que será que isso foi omitido
por nosso crítico? Ignorância? Maledicência? O
caráter de cada um fala do que a pessoa é capaz de fazer,
não é mesmo?
E por falar em ignorância, será
que a ciência provou, como afirma o autor, que o Universo teve
início? Ora, a Teoria do Big Bang, não prova absolutamente
nada, por ser apenas uma teoria, não é uma prova concreta,
é apenas uma hipótese.
E mais, essa Teoria é de materialistas,
já que querem buscar as causas da origem do Universo, que segundo
dizem, se encontrava bastante condensado e que sofreu violenta explosão
(Big Bang = grande explosão). Base totalmente materialista
para tentar explicar a origem das coisas. Que seja, como pressupõem,
mas quem ou o quê criou essa aglomeração, quem
ou o quê a fez explodir?
Por outro lado, a Teoria do Big Bang
hoje já foi superada, pois apareceu uma nova teoria: A Teoria
do Universo Inflacionário, conforme podemos saber pela revista
Superinteressante, edição 181, outubro de 2002. Nela
existe um artigo sobre Astromonia, intitulado “O Ponto Zero”,
subtítulo “No Limite da Ciência”, onde se
diz:
“A cosmologia não
é uma ciência estática e constantemente tem
superado idéias que pareciam inabaláveis no passado,
fato que se justifica, em parte, pelo próprio objeto de seu
estudo – a imensidão do universo – e a limitação
para testar em laboratório suas teorias”.
Apesar dessa teoria não contradizer
nem substituir a anterior, apenas a completa, mas continua tão
materialista quanto a primeira.
Além desses erros, a leitura
dos livros espíritas nos permite encontrar outras pérolas
"astronômicas" de Kardec e seus "espíritos
superiores", como a afirmação de que Marte não
possui satélites (cfr. A. Kardec, A Gênese, op. cit.,
cap. VI, no. 26, p. 103), ou a de que os anéis de Saturno são
discos sólidos (cfr. A. Kardec, A Gênese, op. cit., cap.
VI, no. 27, p. 103), apenas para citar alguns exemplos.
Kardec deixou bem claro que se um
dia a Ciência viesse a provar algo contrário a alguma
coisa da codificação, abraçássemos a Ciência
e deixássemos de lado a teoria ou o fato que tínhamos
como verdadeiro.
Assim, deixaremos, sem nenhum constrangimento,
e não levaremos 450 anos para isso, como no caso da Igreja
Católica e Galileu, de aceitar a questão de não
existir satélite em Marte e que o anel de Saturno é
sólido. Além do mais, isso não é um princípio
fundamental da Doutrina Espírita. E mais, Kardec nunca disse
que os Espíritos fossem infalíveis. Presumo que o serão
somente quando se tornarem papas.
Mas, se tivesse realmente estudado
o Espiritismo teria visto o que Kardec coloca, sobre os Espíritos
no livro “A Gênese”, cap. I, item 60:
“Os Espíritos não
vêm para livrar o homem do trabalho do estudo e das pesquisas;
não lhe trazem nenhuma ciência pronta; o que pode encontrar,
ele mesmo, deixam-no às suas próprias forças;
é o que os Espíritas sabem perfeitamente hoje. Desde
muito tempo, a experiência demonstrou o erro da opinião
que atribuía, aos Espíritos, todo o saber e sabedoria,
e que bastava dirigir-se ao primeiro Espírito que chegasse
para conhecer todas as coisas. Saídos da Humanidade, os Espíritos
lhe são uma das faces; como sobre a Terra, os há superiores
e vulgares; muito deles sabem, pois, científica e filosoficamente,
menos do que certos homens; dizem o que sabem, nem mais nem menos;
como entre os homens, os mais avançados podem nos informar
sobre mais coisas, dar-nos conselhos mais judiciosos do que os atrasados.
Pedir conselhos aos Espíritos não é
dirigir-nos às forças sobrenaturais mas aos semelhantes,
àqueles mesmos a quem nos teríamos dirigido em seu
viver: aos parentes, aos amigos, ou aos indivíduos mais esclarecidos
do que nós. (grifo do original). Eis do que importa
se persuadir e o ignoram aqueles que, não tendo estudado
o Espiritismo, fazem uma idéia completamente falsa sobre
a natureza do mundo dos Espíritos e das relações
do além-túmulo”.
“61. –
Qual é, pois, a utilidade dessas manifestações
ou, querendo, dessas revelações, se os Espíritos
não sabem mais do que nós, ou se não dizem tudo
o que sabem?”.
“Primeiro, como o dissemos,
eles se abstêm de nos dar o que podemos adquirir pelo trabalho;
em segundo lugar, há coisas que não lhes é
permitido revelarem; porque o nosso grau de adiantamento não
comporta. Mas, isso à parte, as condições da
nova existência alargam o círculo das suas percepções;
vêem o que não viam na Terra, livres dos entraves da
matéria, liberados dos cuidados da vida corporal, julgam
as coisas de um ponto de vista mais elevado; e, por isso mesmo,
mais sadiamente; a sua perspicácia abarca um horizonte mais
vasto; compreendem os seus erros, retificam as suas idéias
e se desembaraçam dos preconceitos humanos”.
“É nisto que consiste
a superioridade dos Espíritos sobre a humanidade corporal,
e que seus conselhos podem ser, com relação ao seu
grau de adiantamento, mais judiciosos e mais desinteressados do
que os dos encarnados. O meio em que se encontram lhes permite,
por outro lado, nos iniciar nas coisas da vida futura, que ignoramos,
e que não podemos aprender naquela em que estamos. Até
hoje, o homem não havia criado senão hipóteses
sobre o seu futuro; eis porque suas crenças, sobre esse ponto,
ficaram divididas em sistemas tão numerosos e tão
divergentes, desde o nihilismo até às fantásticas
concepções do inferno e do paraíso. Hoje, são
as testemunhas oculares, os próprios atores da vida além-túmulo,
que vêm dizer o que ela é, e os únicos
que poderiam fazê-lo. Essas manifestações,
portanto, serviram para nos dar a conhecer o mundo invisível
que nos rodeia, e que não supúnhamos; e só
esse conhecimento seria de uma importância capital, supondo-se
que os Espíritos fossem incapazes de algo nos ensinarem a
mais”. (grifo do original)
Com essa explicação
podemos tirar as aspas que se colocou na palavra superiores, já
que fica clara a questão porque se diz isso.
Entretanto, se o autor dessa crítica
usasse do mesmo rigor, com que nos trata, para aplicá-lo ao
livro que é a base de toda a teologia católica, dito
inclusive inspirado por Deus, será que conseguiria explicar
cientificamente:
• Considerando que acreditam
que toda a humanidade provém de Adão e Eva, como explicar
as diversas raças humanas?
• Como explicar que o Sol tenha parado, para o povo hebreu ganhar
uma guerra?
• qual seria a explicação para a sombra do Sol
recuar uma determinada distância?
• Teria como explicar que alguém tenha sido arrebatado
ao “céu” de corpo e alma como aconteceu com Elias?
• Podem provar cientificamente a passagem do Mar Vermelho, com
ele se dividindo em duas muralhas?
• Conseguiria comprovar a concepção de um ser
humano por um ser espiritual como acham que ocorreu com Maria?
• Poderíamos perguntar: uma pessoa não sendo o
pai biológico de uma criança como ela poderia fazer
parte da árvore genealógica dela?
Paremos, pois essa lista ficaria longa demais, mas para o que queremos
já é mais do que suficiente.
Acrescentamos: “Desde que
o Espiritismo não se declara nem estacionário nem imutável,
ele assimilará todas as verdades que forem demonstradas, de
qualquer parte que venham, fosse da de seus antagonistas, e não
permanecerá jamais atrás do progresso real. Ele assimilará
essas verdades, dizemos nós, mas somente quando forem claramente
demonstradas, e não porque agradaria alguém de dar por
elas, ou seus desejos pessoais ou os produtos de sua imaginação”.
(Allan Kardec, Revista Espírita, jan/1866).
Aqueles que não estão
plenamente convictos de suas verdades são os que temem a ciência,
não é absolutamente o caso dos Espíritas.
E só para mostrar que as
gagueiras kardecistas não se limitam apenas ao campo da Astronomia,
ele faz suas contribuições na Biologia também.
Aliás, ele não; são os "espíritos
superiores" que revelam a ele que, com relação
à formação dos seres vivos, os seres nascem espontaneamente,
pois "o germe primitivo existia já em estado latente".
E os "espíritos" justificam isso "cientificamente"
perguntando: "os tecidos dos homens e dos animais não
encerram os germes de uma multidão de vermes que aguardam,
para eclodir, a fermentação pútrida necessária
à sua existência?" (A. Kardec, Livro dos Espíritos,
q. 46, p. 58). Ora, esta tese de que os seres vivos surgem da eclosão
da vida na matéria é a tese conhecida por abiogênese
ou da geração espontânea, que foi provada falsa
por Pasteur em 1862. Novo engano dos "espíritos superiores"?
Essas são apenas algumas
amostras encontradas na "rica" literatura de Allan Kardec.
O que encontramos acima é uma amostra do nível intelectual
do nosso crítico, pois, uma vez mais, misturou “alhos
com bugalhos”, senão vejamos.
Na questão 46, a pergunta é:
Existem, ainda, seres que nasçam espontaneamente? Cuja resposta
foi: Sim, mas o germe primitivo existia já em estado latente.
Sois testemunhas, todos os dias, desse fenômeno. Os tecidos
dos homens e dos animais não encerram os germes de uma multidão
de vermes que aguardam, para eclodir, a fermentação
pútrida necessária à sua existência? É
um pequeno mundo que dormita e que se cria.
Se não prestarmos atenção
à pergunta iremos nos enganar como o nosso crítico mordaz.
Não diz que os seres estão nascendo por geração
espontânea, mas que ainda existem seres que nascem espontaneamente,
propondo como exemplo os tecidos dos homens e animais que contêm
os germes de onde sairão os vermes que o devorarão sem
dó nem piedade. Portanto, não são todos os seres,
mas apenas alguns.
Assim não é a literatura
de Kardec que é “rica”, mas a cultura do nosso
crítico.
Entraremos agora na questão
da abiogênese ou geração espontânea. Afirma
o autor, que Pasteur em 1862 provou ser falsa essa tese. Pesquisando
sobre o assunto podemos dizer que as coisas não estão
tão definidas assim.
Será que as experiências
de Pasteur foram feitas nas condições próprias
para que ocorresse esse fenômeno? As sementes das plantas, por
exemplo, necessitam de determinadas condições ambientais
para sua eclosão, tiradas essas condições não
haverá a germinação. Ora, Pasteur poderia muito
bem ter feito isso, já que em todas as suas experiências
queria demonstrar que eram os micróbios que existiam no ar
os responsáveis pela geração dos novos seres.
Para isso, procurou eliminar as condições de contaminação
do ar, pode ser exatamente isso o que inibiu a geração
espontânea.
No caso citado dos vermes que se repastam
dos cadáveres, eles surgem nas condições normais
de temperatura. Se por exemplo congelamos o cadáver os vermes
não surgirão, da mesma forma que pelas experiências
de Pasteur a fervura também, ao que parece, inibia o surgimento
dos vermes. Mas, em condições ambientais eles aparecem.
No livro “A Gênese”,
Kardec coloca que:
• há na matéria
orgânica um princípio especial, inacessível, e
que não pode ainda ser definido: é o princípio
vital.
• O oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono,
em se combinando sem o fluido vital, não formariam senão
um mineral ou corpo inorgânico; o princípio vital, modificando
a constituição molecular desse corpo, lhe dá
propriedades especiais. Em lugar de uma molécula mineral, tem-se
uma molécula orgânica.
• Esse fluído (fluido cósmico universal) penetra
os corpos como um imenso oceano. É nele que reside o princípio
vital que dá nascimento à vida dos seres e a perpetua
sobre cada globo, segundo sua condição, princípio
em estado latente que dorme lá onde a voz de um ser não
o chama.
• Importa se compenetrar desta noção: de que a
matéria cósmica primitiva estava revestida não
somente de leis que asseguram a estabilidade dos mundos, mas, ainda,
do princípio vital universal que forma as gerações
espontâneas sobre cada mundo, à medida que se manifestam
as condições da existência sucessiva dos seres,
e quando soa a hora de aparição do produto da vida,
durante o período criador.
Podemos concluir que para surgir uma geração espontânea
é necessário que o princípio vital seja, vamos
dizer, agregado à matéria inorgânica, surgindo
a partir daí a matéria orgânica que é característica
dos seres vivos. Quem poderá dizer que, nas experiências
de Pasteur, houve as condições necessárias para
que o princípio vital fosse absorvido, já que sua preocupação
central era ter um ar sem nenhuma contaminação de micróbios?
Pois, tinha convicção que eram os micróbios a
causa da geração espontânea.
O Grupo de História
e Teoria da Ciência da Universidade Estadual de Campinas,
disponibiliza na Internet (//ghtc.ifi.unicamp.br/pdf/lacpm/01.pdf)
um estudo feito por Lílian A. C. Pereira Martins e Roberto
de Andrade Martins, um artigo assinado pelos dois, intitulado: Geração
Espontânea: dois pontos de vista. Esse artigo, segundo
os próprios autores, “estudará fundamentalmente
a controvérsia sobre a geração espontânea
desenvolvida entre Pouchet e Pasteur no período compreendido
entre 1859 e 1864”. Colocaremos, alguns trechos desse estudo
que julgamos importantes para saber, principalmente, se Pasteur provou
de maneira irrefutável tese contrária à geração
espontânea.
“A versão popular
da história (DE KRIF, Microbe
hunters; WILSON, Os grandes homens, cap. 23; VALLERY-RADOT, Vie de
Pasteur) afirma que, através de uma série de
experiências e análises brilhantes e livres de falhas,
Pasteur refutou definitivamente Pouchet e todos os defensores da geração
espontânea” (grifo nosso).
“Felix Pouchet (1800-1876),
naturalista e médico, era diretor do Museu de História
Natural de Rouen quando começou a desenvolver seus trabalhos
relativos à geração espontânea. Seus
estudos o levaram a defender uma versão dessa doutrina chamada
“heterogenia”, nome adotado anteriormente por Burdach.
Pouchet foi conduzido à questão da geração
espontânea após realizar estudos, publicados em 1847,
sobre reprodução de animais superiores (POUCHET,
Tréorie positive...). Fez grande número de
experiências que pareciam mostrar a existência da geração
espontânea”.
“Louis Pasteur (1822-1895),
químico ilustre, iniciou sua carreira científica realizando
trabalhos admiráveis sobre as propriedades ópticas
de cristais orgânicos. Essas pesquisas o conduziram, a partir
de 1857, ao estudo dos fermentos láticos e alcoólicos.
Ele concluiu ser a fermentação um fenômeno específico
sempre ligado à presença de um microorganismo vivo:
o fermento ou levedura”.
“Entretanto, fatores
extra-científicos irão influenciar a posição
que Pasteur irá adotar contra a geração espontânea
(FARLEY, 1978). Ele era, em princípio, hostil à tese
espontaneista. Talvez sejam esses fatores que o fizeram repetir
e divulgar apenas resultados de experiências favoráveis
ao anti-espontaneísmo, apesar de, em 1857, haver
constatado fatos que pareciam favoráveis à geração
espontânea, e que ocultou pela gravidade das conseqüências
(ROSTAND, Gênese, p. 117)” (grifos
nosso).
“A obra de Pouchet havia produzido
forte repercussão na comunidade científica. A questão
das gerações espontâneas era um problema científico
crucial, com repercussões nas áreas filosófica,
religiosa e até política (FARLEY
7 GEISON, 1974). Por isso, a 30 de janeiro de 1860 a Academia
de Ciências de Paris propôs um prêmio no valor
de 2.500 francos (Prêmio Alhumbert) ao melhor trabalho que
esclarecesse a questão das gerações espontâneas.
Para julgar os trabalhos inscritos foi nomeada uma comissão
composta por Geoffroy Saint-Hilaire, Brogniart, Milne-Eduwards,
Serres e Flourens (relator)”.
“Pasteur desenvolve uma série
de estudos e experiências contrárias à geração
espontânea e inscreve-se no prêmio Alhumbert. Pouchet,
Joly e Musset também se inscreveram inicialmente. Logo depois,
no entanto, percebendo estar diante de um tribunal declaradamente
contra a heterogenia, Pouchet se retira, seguido pelos companheiros
Joly e Musset. Pasteur permanece sozinho e recebe o grande prêmio
em 29 de dezembro de 1862, com o seu trabalho “Memória
sobre os corpúsculos organizados que existem na atmosfera”
(PASTEUR, Mémoire, idem, Oeuvre, vol. 2, pp. 210-94 (grifo
nosso).
Agora chegamos à parte mais
importante deste estudo, principalmente para sabermos se Pasteur provou
de maneira irrefutável que não existe geração
espontânea.
Vejamos as conclusões dos autores
que estamos lendo:
“Pasteur criticou os heterogenistas
utilizando-se de retórica num estilo pouco científico
e alegando detalhes pouco relevantes...”.
“É importante ainda
colocar aqui que experiências feitas por Pouchet sobre micrografia
atmosférica a 14.800 pés de altitude, no Mont Blanc,
com frascos contento água fervendo por 45 minutos, tomando-se
todas as precauções, obtiveram resultados
favoráveis à geração espontânea
(POUCHET, 1863) e não
tiveram resposta de Pasteur” (grifo
nosso).
“Pasteur, sem dúvida
um exímio experimentador, embora afirmasse o contrário,
tinha idéias pré-concebidas. Repetiu experiências
que eram favoráveis às suas crenças e não
fez o mesmo com aquelas realizadas pelo heterogenistas. É
difícil duvidar que suas posições religiosa,
política e filosófica não tivessem influenciado
o seu trabalho, embora alguns autores tentem defender sua
neutralidade científica (ROLL-HANSEN,
1979). Prova de sua posição conservadora é
a conferência por ele realizada na Sorbonne (PASTEUR,
Oeuvres, vol. 2,, p. 328) onde sugere a inutilidade de Deus
no caso de haver geração espontânea (grifo
nosso).
“A Academia de Ciências
de Paris, através de suas comissões, de posição
extremamente conservadora e totalmente parcial, apoiava
Pasteur, que partilhava de suas idéias”. (grifo
nosso)
“Sob o ponto de vista
puramente científico, na época, a balança estava
equilibrada entre a geração espontânea e seus
opositores”. (grifo nosso)
Receamos ter alongado demais, mas,
a nosso ver, era necessário, para que fique evidenciado o que
ocorreu àquela época.
Encontramos mais uma informação
a respeito desse assunto no site www.biomania.com.br, onde se diz:
“... já em
pleno século XX, por J.B. S. Haldane (1892-1964)
e A. I. Oparin”.
“Esses dois cientistas, sem
se comunicarem, formularam a hipótese de que a atmosfera
primitiva era não só diferente, pela sua composição,
da atual, mas, sobretudo, que não seria oxidante; o oxigênio,
a existir, teria destruído qualquer formação
pré-biótica. Nesta hipótese base, assenta
a teoria evolucionista da origem da vida ou da geração
espontânea gradual. Consiste, basicamente, em admitir
que, de forma espontânea e gradual, em condições
ambientais diferentes das que atualmente existem, entidades moleculares
se terão combinado, dando primeiro origem a novas moléculas,
que nós classificamos de orgânicas (porque intervêm
na constituição dos organismos e só por eles
são hoje sintetizados, na natureza), e depois a moléculas
mais complexas por justaposição das primeiras (os
polímeros). Finalmente, estruturas moleculares complexas
e constituindo entidades isoladas do meio, com capacidade metabólicas
e de reprodução, sujeitas às leis da evolução
(diversidade-seleção-evolução), terão
estado na origem das primeiras células vivas”. (grifo
nosso).
Não poderemos deixar de ver
o que Kardec diz a respeito desse assunto, antes de encerrá-lo
por definitivo.
Em “A Gênese”,
cap. X, item 20, lemos o seguinte título: Geração
Espontânea, donde retirarmos, o que mais nos interessa no momento:
“No estado atual dos nossos
conhecimentos, não podemos colocar a teoria da geração
espontânea permanente senão como uma
hipótese, mas como uma hipótese provável, e
que, talvez, um dia tome lugar entre as verdades científicas
reconhecidas”.
Rapidamente foi tratado o assunto
em “A Gênese”, mas mais tarde Kardec
volta ao assunto, agora na Revista Espírita do mês de
julho de 1868, onde ressaltamos:
“Em nossa obra sobre a Gênese,
desenvolvemos a teoria da geração espontânea,
apresentado-a como uma hipótese provável”.
“... Pessoalmente é
para nós uma convicção, e se a tivéssemos
tratado numa obra comum, a teríamos resolvido pela afirmativa;
mas numa obra constitutiva da Doutrina Espírita,
as opiniões individuais não podem fazer lei;
...” (grifo nosso).
“Sendo a Revista um terreno
de estudo e de elaboração dos princípios, nela
dando decididamente a nossa opinião, não tememos empenhar
a responsabilidade da Doutrina, porque a Doutrina a adotará
se for justa, e a rejeitará se for falsa”.
“O que se passou na origem
do mundo para a formação dos primeiros seres orgânicos
ocorre em nossos dias, por meio do que se chama a geração
espontânea? aí está a questão. Por nossa
conta, não hesitamos em nos pronunciar pela afirmativa”.
Estaremos aguardando o dia em que
a ciência terá que dizer sobre quem nasceu primeiro o
ovo ou a galinha, já que esta é uma questão ainda
não resolvida.
Mas o prudente "cientista",
já prevendo que erraria muito em seus livros "inspirados",
previne seus seguidores que "o Espiritismo jamais será
ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem estar
em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificará nesse
ponto" (A. Kardec, A Gênese, ed. cit, cap. I, no. 55,
p.37).
Esta afirmação,
que soa tão humilde e despretensiosa a ouvidos modernos que
tanto gostam de ouvir pessoas admitindo não terem certeza
do que dizem, além de mostrar o quão falível
é a doutrina espírita, é, na verdade, uma afirmação
pouco corajosa de quem não está disposto a assumir
a responsabilidade pelo que diz.
Se Kardec não se julga
certo do que diz, seus livros não passam então de
uma "opinião" sua com relação às
coisas. Porém, se estamos discutindo a Verdade, opiniões
nada valem. E se tudo o que se tem são opiniões, que
estas então não sejam publicadas em forma de livro,
muito menos em forma de livros doutrinários, como é
o caso dos livros de Kardec.
Um sábio só sabe que
nada sabe, enquanto que um ignorante acha que tudo sabe. A sabedoria
diz que não devemos ser contrários à ciência,
que para nós, os Espíritas, nada mais revela que as
leis de Deus, não se trata, portanto de humildade e falta de
segurança. Até mesmo, por coerência já
que Kardec nunca colocou os Espíritos como depositários
da infabilidade (só o papa é). Como ele disse, os Espíritos
são homens que levaram para o mundo espiritual os conhecimentos
que possuíam. É inclusive, por isso, que ocorreram aquelas
afirmações a respeito dos satélites de Marte
e sobre os anéis de Saturno, que à época eram
aceita pelos cientistas. Por outro lado, fica claro que os Espíritos
não têm como missão ficar revelando coisas que
o homem tem capacidade de descobrir por seu trabalho e esforço.
A sabedoria inclusive nos recomenda
aceitar aquilo para o que já existe prova incontestável
da ciência. Já o orgulho e a prepotência dizem
que não, entretanto agindo assim ficarão humilhados
e serão constrangidos a ter que admitir, mais dia menos dia,
o que a ciência tem como provado. E como não queremos
seguir o exemplo da “Santa” Igreja Católica, no
caso da Terra ser o centro do Universo, nós, os Espíritas,
preferimos admitir logo quando estivermos no erro e pronto.
Para concluir nosso trabalho,
apresentamos o desafio que Kardec faz à Igreja Católica,
com relação ao dogma espírita da reencarnação:
"o que dirá a Igreja quando a reencarnação
for provada cientificamente?" (Allan Kardec, Livro dos Médiuns,
p.).
Enquanto ficamos aguardando
que a ciência consiga provar algo que não existe, nós,
por nossa vez, desafiamos os kardecistas a explicar por quê
as "revelações" dos "espíritos
elevados" contradizem a ciência. Não são
eles superiores a nós? Como se enganaram em pontos tão
básicos? Seria a ciência que estaria errada? Ou foi
Kardec que errou? Seriam os espíritos superiores mentirosos
e enganadores? Se eles são mentirosos e enganadores, que
espíritos são esses, e de onde vêm?
Trocando em miúdos, o
que nós devemos jogar na lata de lixo: a doutrina do Kardec
e de seus "espíritos superiores", ou a ciência?
Fabiano Armellini.
A maioria das pessoas não faz a menor idéia do que se
anda fazendo a respeito das pesquisas sobre a reencarnação.
Os religiosos sempre querem levar essa questão para o lado
religioso. Ora, a existência da reencarnação não
é uma questão religiosa, mas apenas uma das leis da
Natureza. E como lei da Natureza, mais cedo do que muitos pensam irá
ser provada com absoluta certeza.
A grande parte dos pesquisadores,
inclusive, diga-se de passagem, não são espíritas,
normalmente lutam para vencer conceitos (ou preconceitos) anteriores,
mas a razão fala mais alto e acabam divulgando o seu trabalho.
Podemos, por exemplo, citar o Professor,
Dr. Ian Stevenson, médico psiquiatra, nascido
em Quebec, a 31.10.1918. Conforme nos informa Dr. Hernani Guimarães
Andrade, em seu livro “Você e a Reencarnação”,
Dr. Stevenson possui as seguintes credenciais: “Carlson Professor
de Psiquiatria” e Diretor de Divisão de Estudos da Personalidade
na Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. Diz, Dr. Hernani
que este pesquisador já levantou 2600 (dois mil e seiscentos)
casos sugestivos de reencarnação. O objeto de pesquisa
do Dr. Stevenson são crianças que se lembram espontaneamente
de outras vidas.
Nessa mesma linha de pesquisa podemos
citar o Dr. H. N. Banerjee, Diretor do Departamento
de Parapsicologia da Universidade de Rajasthan, Índia, que
em 25 anos de pesquisa conseguiu catalogar mais de 1.100 (mil e cem)
casos.
Merece ser também citado o
Dr. Brian Weiss, psiquiatra e neurologista de renome, formado pela
Columbia University, professor Catedrático de um dos mais conceituados
hospitais americanos, o Mount Sinai Medical Center.
O físico francês Patrich
Drouot, doutorado pela Universidade Columbia de Nova York,
pesquisa há mais de 15 anos a reencarnação.
Dra. Edith Fiore,
psicóloga, com doutorado na Universidade de Miami. Pertence
à Associação Americana de Psicologia, à
Sociedade Internacional de Hipnose, à Sociedade Americana de
Hipnose Clínica e à Academia de Hipnose Clínica
de San Francisco.
A Dra. Helen Wambach,
psicóloga, autora do livro “Recordando Vidas Passadas”,
onde relata o resultado da regressão à vidas passadas
realizadas em 1083 (um mil e oitenta e três) pacientes. Essa
pesquisa é interessante porque a Dra. Helen, estabeleceu cerca
de dez datas escolhidas no período compreendido de 2.000 a.C
ao ano de 1.900, para as quais dirigia seus pacientes. Buscou coletar
dados sobre sexo, aparência, vestuário, ambiente, alimentação,
tipo de moeda usado para cada data que seu paciente, em hipnose, era
conduzido a ir para reviver suas experiências de outras vidas.
Montou vários gráficos estáticos, dos quais tirou
várias conclusões e se espantou, por exemplo, pelo fato
da divisão dos sexos (49,4% de mulheres e 50,6% dos homens)
e a distribuição das densidades populacionais nesse
período coincidirem com os argumentos da Biologia e com os
dados estatísticos atualmente aceitos.
Especificamente no Brasil, podemos
citar o pesquisador Hernani de Guimarães Andrade,
mineiro de Araguari, formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo (USP), cujo interesse o fez entesourar
conhecimentos na área da Física, Biologia, Cosmologia
e Parapsicologia. Autor de vários livros, entre eles:
“Espírito, Perispírito
e Alma”, “Matéria Psi”, “Morte -
Uma Luz no Fim do Túnel”, “Morte, Renascimento
e Evolução”, “Parapsicologia Experimental”,
“Parapsicologia Uma Visão Panorâmica”,
“Poltergeist: Algumas Ocorrências no Brasil”,
“Psi Quântico”, “Reencarnação
no Brasil”, “Renasceu por Amor”, “Transcomunicação
Através dos Tempos”, e finalmente, o mais recente,
“Você e a Reencarnação”.
Importante o trabalho científico
dos psicólogos paulistas Manoel Simão
e Júlio Peres, que com a ajuda da tomografia
computadorizada, buscaram desvendar qual a área do cérebro
que atua no momento que uma pessoa está em regressão.
Para isso fizeram o mapeamento cerebral de alguns dos seus pacientes,
durante as sessões de regressão, usando aparelhos de
tomografia computadorizada. Os exames revelaram que a área
do cérebro ativada é a área da memória.
A parte que comanda os circuitos da imaginação, durante
a regressão, não entra em atividade. Isso vem justamente
confirmar que a regressão não é fruto da imaginação
como dizem nossos críticos.
Uma pesquisa inédita que vem
sendo realizada no Brasil por João Alberto Fiorini, delegado
de polícia, que trabalha na Agência de Inteligência
do Paraná. Como Fiorini acha ser possível confirmar
a reencarnação utilizando como evidência a impressão
digital, sua pesquisa caminhou para este objetivo. Embora, apesar
de ainda estar iniciando suas pesquisas Fiorini, já conseguiu
catalogar três casos.
Vejamos o que Hermani de Guimarães
falar sobre o futuro das pesquisas sobre reencarnação:
“À semelhança
do que se passou com as afirmativas de Aristarco de Samos (300 a.C.),
de Nicolau Copérnico (1473-1543), de Giordano Bruno (1550-1600)
e de Galileu Galilei (1564-1642), acerca da esfericidade e movimento
da Terra e dos planetas ao redor do Sol, a teoria da reencarnação
também será aceita com uma lei da Natureza. Pelos
nossos cálculos, este evento ocorrerá até mais
ou menos no ano de 2010”.
Seria bom que nossos críticos
lessem mais.
Conclusão
A maioria dos que combatem a Doutrina Espírita acha que devemos
ser um bando de idiotas, acéfalos, e outras coisas mais. Porque
será que a Doutrina Espírita, em relação
às demais religiões, é a que possui maior número
de pessoas com curso superior? Segundo dados do último censo
do IBGE, enquanto que os católicos tinham em média 6
anos de estudo, os Espíritas apresentaram 9,5 anos. O que está
ocorrendo, para que as pessoas com relativo grau de conhecimento busquem
o Espiritismo? Fica aí a pergunta no ar.
Antes de finalizar nosso texto, achamos
por bem, colocar algumas frases de Kardec, que ajudará a muitos
entenderem que o objeto da ciência Espírita é
o espírito e não a matéria, como os desinformados
pensam:
“O Espiritismo está
inteiramente fundado sobre o princípio da existência
da alma, sua sobrevivência ao corpo, sua individualidade depois
da morte, sua imortalidade, as penas e as recompensas futuras. Ele
não sanciona estas verdades somente pela teoria, sua essência
é de dar-lhes provas patentes; eis porque tantas pessoas,
que não criam em nada, foram conduzidas para as idéias
religiosas”. (Revista Espírita,
outubro/1860)
“O Espiritismo é, ao
mesmo tempo, uma ciência de observação e uma
doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste
nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos;
como filosofia, compreende todas as conseqüências morais
que decorrem dessas relações”. (Revista
Espírita, abril/1864)
“O Espiritismo vem a seu turno
mostrar uma nova lei, uma nova força na Natureza; a que reside
na ação dos Espíritos sobre a matéria,
lei também universal quanto a da gravitação
e da eletricidade, e, no entanto, ainda desconhecida e negada por
certas pessoas, como o foi com todas as outras leis na época
de sua descoberta; é que os homens têm, geralmente,
dificuldade em renunciar às suas idéias preconcebidas,
e que, por amor-próprio, lhes custa convir que estão
enganados, ou que outros puderam encontrar o que eles mesmos não
encontraram”.
(Revista Espírita, novembro/1864)
“Se uma religião qualquer
pode ser comprometida pela ciência, a falta não é
da ciência, mas da religião fundada sobre dogmas absolutos
em contradição com as leis da Natureza, que são
leis divinas. Repudiar a ciência é, pois, repudiar
as leis da Natureza, e, por isso mesmo, negar a obra de Deus; fazê-lo
em nome da religião seria colocar Deus em contradição
consigo mesmo, e fazê-lo dizer: Estabeleci leis para reger
o mundo, mas não creiais nessas leis”. (Revista
Espírita, julho/1864).
“Acrescentemos que a tolerância,
conseqüência da caridade, que é a base da moral
espírita, lhe faz um dever respeitar todas as crenças.
Querendo ser aceita livremente, por convicção e não
por constrangimento, proclamando a liberdade de consciência
como um direito natural imprescritível, diz ela: Se
tenho razão, os outros acabarão por pensar como eu,
se estou errada, acabarei por pensar como os outros. Em
virtude desses princípios, não lançando a pedra
em ninguém, ela não dará nenhum pretexto a
represálias, e deixará aos dissidentes toda a responsabilidade
de suas palavras e de seus atos”.
(Revista Espírita, dezembro/1868)
E não poderíamos deixar
de colocar o pensamento do biógrafo de Kardec, constante do
livro “O Que é o Espiritismo”, já que ninguém
melhor do que ele para dizer sobre a personalidade do codificador
do Espiritismo, diz Henri Sausse:
“Quando se conhecem todas
essas lutas, todas as torpezas de que Allan Kardec foi alvo, quanto
ele se engrandece aos nossos olhos e como o seu brilhante triunfo
adquire mérito e esplendor! Que se tornaram esses invejosos,
esses pigmeus que procuravam obstruir-lhe o caminho? Na maior parte
são desconhecidos os seus nomes, ou nenhuma recordação
despertam mais: o esquecimento os retomou e sepultou para sempre
em suas sombras, enquanto que o de Allan Kardec, o intrépido
lutador, o pioneiro ousado, passará à posteridade
com a sua auréola de glória tão legitimamente
adquirida”.