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Ao longo do tempo a Bíblia
vem sendo ajustada às conveniências dogmáticas
das religiões tradicionais que dela fazem uso.
Todos sabemos, ou deveríamos
saber, que, por exemplo, a Trindade foi cópia de tradições
pagãs. Uma vez instituído tal dogma, foi necessário
ajustar os textos e as interpretações bíblicas
a esse, vamos dizer, aculturamento religioso, assim, o que era “um”
Espírito Santo, se transformou em “o” Espírito
Santo.
Mesmo sem possuirmos profundos conhecimentos
que possam nos fornecer pistas de todas as interpolações,
algumas saltam aos olhos de tão evidentes, que só não
ver quem não quer. Nos textos que iremos analisar deixaremos
a numeração dos versículos, para nos ajudar a
localização dos trechos que vamos ressaltar.
Uma primeira que poderemos citar encontra-se
em Gênesis, especificamente nos capítulos
10 e 11, vejamos:
Gênesis 10:
1. Esta é a descendência
dos filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé,
que tiveram filhos depois do dilúvio. 2. Filhos de Jafé:
Gomer, Magog, Madai, Javã, Tubal, Mosoc e Tiras. 3. Filhos
de Gomer: Asquenez, Rifat e Togorma. 4. Filhos de Javã: Elisa,
Társis, Cetim e Dodanim. 5. Foi destes que se separaram
as populações das ilhas, cada qual segundo o seu país,
língua, família e nação. 6. Filhos
de Cam: Cuch, Mesraim, Fut e Canaã. 7. Filhos de Cuch:
Saba, Hévila, Sabata, Regma e Sabataca. Filhos de Regma: Sabá
e Dadã. 8. Cuch gerou Nemrod, que foi o primeiro valente na
terra. 9. Foi um valente caçador diante de Javé, e é
por isso que se diz: "Como Nemrod, valente caçador diante
de Javé". 10. As capitais do seu reino foram Babel, Arac
e Acad, cidades que estão todas na terra de Senaar. 11. Dessa
terra saiu Assur, que construiu Nínive, Reobot-Ir, Cale 12.
e Resen, entre Nínive e Cale. Esta última é a
maior. 13. Mesraim gerou os de Lud, de Anam, de Laab, de Naftu, 14.
de Patros, de Caslu e de Cáftor; deste último surgiram
os filisteus. 15. Canaã gerou Sídon, seu primogênito,
depois Het, 16. e também o jebuseu, o amorreu, o gergeseu,
17. o heveu, o araceu, o sineu, 18. o arádio, o samareu e o
emateu. Em seguida, as famílias dos cananeus se dispersaram.
19. A fronteira dos cananeus ia de Sidônia, em direção
a Gerara, até Gaza; depois, em direção a Sodoma,
Gomorra, Adama e Seboim, até Lesa. 20. Esses foram
os filhos de Cam, segundo suas famílias e línguas, terras
e nações. 21. Sem, antepassado de todos os
filhos de Héber e irmão mais velho de Jafé, também
teve descendência. 22. Filhos de Sem: Elam,
Assur, Arfaxad, Lud e Aram. 23. Filhos de Aram: Hus, Hul, Geter e
Mes. 24. Arfaxad gerou Salé, e Salé gerou Héber.
25. Héber teve dois filhos: o primeiro chamava-se Faleg, porque
em seus dias a terra foi dividida; o seu irmão chamava-se Jectã.
26. Jectã gerou Elmodad, Salef, Asarmot, Jaré, 27. Aduram,
Uzal, Decla, 28. Ebal, Abimael, Sabá, 29. Ofir, Hévila
e Jobab; todos esses são filhos de Jectã. 30. Eles habitavam
desde Mesa até Sefar, a montanha do oriente. 31. Foram
esses os filhos de Sem, conforme suas famílias e línguas,
suas terras e nações. 32. Foram essas
as famílias dos descendentes de Noé, conforme suas linhagens
e nações. Foi a partir deles que as nações
se dispersaram pela terra depois do dilúvio.
Gênesis 11:
1. O mundo inteiro falava a mesma
língua, com as mesmas palavras. 2. Ao emigrar do oriente, os
homens encontraram uma planície no país de Senaar, e
aí se estabeleceram. 3. E disseram uns aos outros: "Vamos
fazer tijolos e cozê-los no fogo!" Utilizaram tijolos em
vez de pedras, e piche no lugar de argamassa. 4. Disseram: "Vamos
construir uma cidade e uma torre que chegue até o céu,
para ficarmos famosos e não nos dispersarmos pela superfície
da terra". 5. Então Javé desceu para ver a cidade
e a torre que os homens estavam construindo. 6. E Javé disse:
"Eles são um povo só e falam uma só língua.
Isso é apenas o começo de seus empreendimentos. Agora,
nenhum projeto será irrealizável para eles. 7. Vamos
descer e confundir a língua deles, para que um não entenda
a língua do outro". 8. Javé os espalhou daí
por toda a superfície da terra, e eles pararam de construir
a cidade. 9. Por isso, a cidade recebeu o nome de Babel, pois foi
aí que Javé confundiu a língua de todos os habitantes
da terra, e foi daí que ele os espalhou por toda a superfície
da terra. 10. Esta é a descendência de Sem: Quando Sem
completou cem anos, gerou Arfaxad, dois anos depois do dilúvio.
11. Depois do nascimento de Arfaxad, Sem viveu quinhentos anos, e
gerou filhos e filhas. 12. Quando Arfaxad completou trinta e cinco
anos, gerou Salé. 13. Depois do nascimento de Salé,
Arfaxad viveu quatrocentos e três anos, e gerou filhos e filhas.
14. Quando Salé completou trinta anos, gerou Héber.
15. Depois do nascimento de Héber, Salé viveu quatrocentos
e três anos, e gerou filhos e filhas. 16. Quando Héber
completou trinta e quatro anos, gerou Faleg. 17. Depois do nascimento
de Faleg, Héber viveu quatrocentos e trinta anos, e gerou filhos
e filhas. 18. Quando Faleg completou trinta anos, gerou Reu. 19. Depois
do nascimento de Reu, Faleg viveu duzentos e nove anos, e gerou filhos
e filhas. 20. Quando Reu completou trinta e dois anos, gerou Sarug.
21. Depois do nascimento de Sarug, Reu viveu duzentos e sete anos,
e gerou filhos e filhas. 22. Quando Sarug completou trinta anos, gerou
Nacor. 23. Depois do nascimento de Nacor, Sarug viveu duzentos anos,
e gerou filhos e filhas. 24. Quando Nacor completou vinte e nove anos,
gerou Taré. 25. Depois do nascimento de Taré, Nacor
viveu cento e dezenove anos, e gerou filhos e filhas. 26. Quando Taré
completou setenta anos, gerou Abrão, Nacor e Arã. 27.
Esta é a descendência de Taré: Taré gerou
Abrão, Nacor e Arã. Arã gerou Ló. 28.
Arã morreu em Ur dos caldeus, sua terra natal, quando seu pai
Taré ainda estava vivo. 29. Abrão e Nacor se casaram:
a mulher de Abrão chamava-se Sarai; a mulher de Nacor era Melca,
filha de Arã, que era o pai de Melca e Jesca. 30. Sarai era
estéril e não tinha filhos. 31. Taré tomou seu
filho Abrão, seu neto Ló, filho de Arã, e sua
nora Sarai, mulher de Abrão. Ele os fez sair de Ur dos caldeus
para que fossem à terra de Canaã; mas, quando chegaram
a Harã, aí se estabeleceram. 32. Ao todo, Taré
viveu duzentos e cinco anos, e depois morreu em Harã.
Observar que em Gn 10,1 diz a que
se propõe o autor bíblico, aqui ele vai falar da descendência
dos filhos de Noé: Cam, Sem e Jafé; o que faz nos versículos
2, 6 e 22. No versículo 5 e reafirmado no 31, está se
informando que cada uma desses povos tinham sua língua, o que
significa que não se falava a mesma língua.
Mais à frente em Gn 11,10,
pulamos propositalmente o trecho Gn 11, 1-9, a narrativa volta descrever
a descendência de Sem, um dos filhos de Noé, que vai
até o final desse capítulo. Assim, mesmo pulando um
trecho o texto mantém-se coerente, sem perder a solução
de continuidade, o que vem provar que houve uma interpolação.
Fato que também se pode corroborar com a contradição
em relação à questão da língua,
que anteriormente foi afirmado que cada desses povos originados dos
filhos de Noé já falavam cada um a sua língua,
entretanto, agora esquecendo-se que foi tido, colocam que todos falavam
a mesma língua.
Pode-se então concluir que
a história da confusão de línguas ocorrida na
construção da Torre de Babel, não ocorreu, está
apenas, e muito fora de lugar, tentando-se dar uma explicação
singela, bem ao nível intelectual da época, do porquê
o homem possuía diferentes línguas: só mesmo
por castigo de Deus!
Mateus 27:
1. De manhã cedo, todos os
chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho
contra Jesus, para o condenarem à morte. 2. Eles o amarraram
e o levaram, e o entregaram a Pilatos, o governador.
3. Então Judas, o traidor,
ao ver que Jesus fora condenado, sentiu remorso, e foi devolver as
trinta moedas de prata aos chefes dos sacerdotes e anciãos,
4. dizendo: "Pequei, entregando à morte sangue inocente."
Eles responderam: "E o que temos nós com isso? O problema
é seu." 5. Judas jogou as moedas no santuário,
saiu, e foi enforcar-se. 6. Recolhendo as moedas, os chefes dos sacerdotes
disseram: "É contra a Lei colocá-las no tesouro
do Templo, porque é preço de sangue." 7. Então
discutiram em conselho, e as deram em troca pelo Campo do Oleiro,
para aí fazer o cemitério dos estrangeiros. 8. É
por isso que esse campo até hoje é chamado de "Campo
de Sangue." 9. Assim se cumpriu o que tinha dito o profeta Jeremias:
"Eles pegaram as trinta moedas de prata - preço com que
os israelitas o avaliaram - 10. e as deram em troca pelo Campo do
Oleiro, conforme o Senhor me ordenou."
11. Jesus foi posto diante do governador,
e este o interrogou: "Tu és o rei dos judeus?" Jesus
declarou: "É você que está dizendo isso."
12. E nada respondeu quando foi acusado pelos chefes dos sacerdotes
e anciãos. 13. Então Pilatos perguntou: "Não
estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?" 14. Mas
Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou
vivamente impressionado. 15. Na festa da Páscoa, o governador
costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse. 16.
Nessa ocasião tinham um prisioneiro famoso, chamado Barrabás.
17. Então Pilatos perguntou à multidão reunida:
"Quem vocês querem que eu solte: Barrabás, ou Jesus,
que chamam de Messias?" 18. De fato, Pilatos bem sabia que eles
haviam entregado Jesus por inveja. 19. Enquanto Pilatos estava sentado
no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele: "Não se envolva
com esse justo, porque esta noite, em sonhos, sofri muito por causa
dele." 20. Porém os chefes dos sacerdotes e os anciãos
convenceram as multidões para que pedissem Barrabás,
e que fizessem Jesus morrer. 21. O governador tornou a perguntar:
"Qual dos dois vocês querem que eu solte?" Eles gritaram:
"Barrabás." 22. Pilatos perguntou: "E o que
vou fazer com Jesus, que chamam de Messias?" Todos gritaram:
"Seja crucificado!" 23. Pilatos falou: "Mas que mal
fez ele?" Eles, porém, gritaram com mais força:
"Seja crucificado!" 24. Pilatos viu que nada conseguia,
e que poderia haver uma revolta. Então mandou trazer água,
lavou as mãos diante da multidão, e disse: "Eu
não sou responsável pelo sangue desse homem. É
um problema de vocês." 25. O povo todo respondeu: "Que
o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos."
26. Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus,
e o entregou para ser crucificado.
Ao lermos sequencialmente os versículos 1-2 e 11-25, veremos
que a narrativa está perfeitamente inteligível, não
perdendo sua solução de continuidade. Os versículos
3-10, que saltamos de início é o trecho que foi interpolado,
que foi tão mal feito, que estranhamos que, em geral, as pessoas
não percebem isso.
Veja bem, o versículo 3, numa
flagrante contradição com o desenrolar da narrativa,
se diz que Judas sentiu remorso quando viu que Jesus havia sido condenado,
entretanto, até aquele momento histórico, Jesus apenas
tinha sido levado à presença do governador (v. 2). O
que, na seqüência, aconteceu está no v. 11, onde
diz que Jesus foi posto diante do governador, que passou a interrogá-lo,
ou seja, não tinha ainda acontecido a condenação,
que só ocorreu mais tarde, quando ele, Pilatos, pede ao povo
para decidir entre “Barrabás ou Jesus”, aí
sim, manda flagelar Jesus e depois o entrega para ser crucificado
(v. 26).
Há ainda nessa passagem uma
outra contradição no que diz respeito ao campo do oleiro,
pois aqui diz que os sacerdotes pegaram as moedas devolvidas por Judas
e com elas compram o campo, entretanto, em Atos 1,18 se afirma que
foi o próprio Judas quem o comprou.
Aqui o objetivo foi criar um traidor
para entregar Jesus, para se ajustar a uma suposta profecia que dizia
isso. Entretanto, ao analisarmos a passagem que diz sobre a traição
de um amigo (Sl 41,10), percebemos claramente que ela se refere ao
rei Davi, autor do salmo, que foi traído pelo seu amigo e conselheiro
Aquitofel (2Sm 15,12.31), que remoído se enforca (2Sm 17,23).
A coincidência é que essa é exatamente umas das
formas citadas na Bíblia sobre como Judas teria morrido, essa
é a mais conhecida, a outra diz que ele teria se jogado num
abismo (At 1,18).
João 11:
1. Um tal de Lázaro tinha caído
de cama. Ele era natural de Betânia, o povoado de Maria e de
sua irmã Marta. 2. Maria era aquela que tinha ungido o Senhor
com perfume, e que tinha enxugado os pés dele com os cabelos.
Lázaro, que estava doente, era irmão dela. 3. Então
as irmãs mandaram a Jesus um recado que dizia: "Senhor,
aquele a quem amas está doente." 4. Ouvindo o recado,
Jesus disse: "Essa doença não é para a morte,
mas para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado
por meio dela." 5. Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro.
6. Quando ouviu que ele estava doente, ficou ainda dois dias no lugar
onde estava. 7. Só então disse aos discípulos:
"Vamos outra vez à Judéia." 8. Os discípulos
contestaram: "Mestre, agora há pouco os judeus queriam
te apedrejar, e vais de novo para lá?" 9. Jesus respondeu:
"Não são doze as horas do dia? Se alguém
caminha de dia, não tropeça, porque vê a luz deste
mundo. 10. Mas se alguém caminha de noite, tropeça,
porque nele não há luz." 11. Disse isso e acrescentou:
"O nosso amigo Lázaro adormeceu. Eu vou acordá-lo."
12. Os discípulos disseram: "Senhor, se ele está
dormindo, vai se salvar."
13. Jesus se referia à
morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que ele
estivesse falando de sono natural. 14. Então Jesus falou claramente
para eles: "Lázaro está morto. 15. E eu me alegro
por não termos estado lá, para que vocês acreditem.
Agora, vamos para a casa dele." 16. Então Tomé,
chamado Gêmeo, disse aos companheiros: "Vamos nós
também para morrermos com ele."
17. Quando Jesus chegou, já
fazia quatro dias que Lázaro estava no túmulo. 18. Betânia
ficava perto de Jerusalém; uns três quilômetros
apenas. 19. Muitos judeus tinham ido à casa de Marta e Maria
para as consolar por causa do irmão. 20. Quando Marta ouviu
que Jesus estava chegando, foi ao encontro dele. Maria, porém,
ficou sentada em casa. 21. Então Marta disse a Jesus: "Senhor,
se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 22.
Mas ainda agora eu sei: tudo o que pedires a Deus, ele te dará."
23. Jesus disse: "Seu irmão vai ressuscitar." 24.
Marta disse: "Eu sei que ele vai ressuscitar na ressurreição,
no último dia." 25. Jesus disse: "Eu sou a ressurreição
e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. 26.
E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá
para sempre. Você acredita nisso?" 27. Ela respondeu: "Sim,
Senhor. Eu acredito que tu és o Messias, o Filho de Deus que
devia vir a este mundo." 28. Dito isso, Marta foi chamar sua
irmã Maria. Falou com ela em voz baixa: "O Mestre está
aí, e está chamando você." 29. Quando Maria
ouviu isso, levantou-se depressa e foi ao encontro de Jesus. 30. Jesus
ainda não tinha entrado no povoado, mas estava no mesmo lugar
onde Marta o havia encontrado. 31. Os judeus estavam com Maria na
casa e a procuravam consolar. Quando viram Maria levantar-se depressa
e sair, foram atrás dela, pensando que ela iria ao túmulo
para aí chorar. 32. Então Maria foi para o lugar onde
estava Jesus. Vendo-o, ajoelhou-se a seus pés e disse: "Senhor,
se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido."
33. Jesus viu que Maria e os judeus que iam com ela estavam chorando.
Então ele se conteve e ficou comovido. 34. E disse: "Onde
vocês colocaram Lázaro?" Disseram: "Senhor,
vem e vê." 35. Jesus começou a chorar. 36. Então
os judeus disseram: "Vejam como ele o amava!" 37. Alguns
deles, porém, comentaram: "Um que abriu os olhos do cego,
não poderia ter impedido que esse homem morresse?" 38.
Jesus, contendo-se de novo, chegou ao túmulo. Era uma gruta,
fechada com uma pedra. 39. Jesus falou: "Tirem a pedra."
Marta, irmã do falecido, disse: "Senhor, já está
cheirando mal. Faz quatro dias."
40. Jesus disse: "Eu não
lhe disse que, se você acreditar, verá a glória
de Deus?" 41. Então tiraram a pedra. Jesus levantou os
olhos para o alto e disse: "Pai, eu te dou graças porque
me ouviste. 42. Eu sei que sempre me ouves. Mas eu falo por causa
das pessoas que me rodeiam, para que acreditem que tu me enviaste."
43. Dizendo isso, gritou bem forte: "Lázaro, saia para
fora!" 44. O morto saiu. Tinha os braços e as pernas amarrados
com panos e o rosto coberto com um sudário. Jesus disse aos
presentes: "Desamarrem e deixem que ele ande."
Lázaro estava doente, suas irmãs preocupadas mandam
avisar a Jesus que afirma “essa doença não é
para morte” (v.4), e tranqüilo, ainda fica por lá
mais dois dias (v.6). Disse aos discípulos que “Nosso
amigo Lázaro adormeceu, eu vou acordá-lo” (v.11),
coerente com o que havia dito antes e também semelhante ao
que disse da filha de Jairo “a criança não morreu.
Ela está apenas dormindo” (Mc 5,39). Partindo do lugar
onde estava, demorou ainda mais dois dias para chegar a Betânia
(v. 17), chegando chama Lázaro de volta e ele ressuscita.
Como havia necessidade de fazer de
Jesus um milagreiro era melhor ressuscitar um morto que curar um doente.
Daí, colocam essas palavras na boca de Jesus: “Lázaro
morreu”, fazendo-o cair em contradição com o que
havia dito antes e com um fato bem semelhante a esse – a filha
de Jairo. Poder-se-ia até ser um outro motivo, o de quererem
justificar a ressurreição de Jesus, como sendo uma ressurreição
física e não espiritual, pois, se fosse espiritual,
como explicar o sumiço do seu corpo?
O que é estranho nisso tudo
é que sempre afirmam que os textos estão iguais aos
originais, certamente isso não é verdade. É muito
mais provável que, mesmo agindo de boa-fé, esses textos
tidos como originais são copias alteradas que, após
uma “queima de arquivo”, se transformaram em originais.
Quem fez isso? Não sabemos e na verdade, a essa altura do campeonato,
pouco importa, o que importa e sabermos separar o joio que cresceu
junto ao trigo.