A jornada humana tem por objetivo
nos conduzir, pouco a pouco, à condição de perfeição
relativa, quando, ao lado do Pai, contribuiremos na parte que nos
cabe na Criação, usando todo o aprendizado acumulado
ao longo de incontáveis existências. Auxiliaremos na
manutenção da ordem do Universo, tudo ocorrendo sempre
sob a direção maior do Criador de todas as coisas.
O método determinado por Deus para nos conduzir a este patamar
de evolução é através das muitas existências
– a lei da reencarnação -, e, durante esses períodos
em que estamos encarnados em um mundo qualquer, somos submetidos sistematicamente
a provas. Contudo, quando não as aproveitamos, não saindo
vencedores dessas verificações, em função
de nossas condutas inadequadas, podemos causar prejuízos aos
semelhantes e a nós mesmos.
E, tudo indica: os Espíritos por ora vinculados à Terra,
possuem várias etapas expiatórias a cumprir em função
de um passado não tão nobre.
Sendo assim, os acidentes morais e materiais, de variada ordem, de
diversos tipos, devem ser esperados, e mais, regularmente, sendo que
alguns Espíritos serão mais afetados do que outros,
mas, de modo geral, ninguém escapa destes percalços.
Estes obstáculos representam novas provas ou testes inacabados,
ou expiações construídas em existências
anteriores, ou mesmo na presente jornada.
Sim, é esta a realidade, caso contrário, o mundo não
seria ainda de provas e expiações.
Mesmo aqueles cumprindo diversificadas missões, Espíritos
mais bem preparados, em função de seus esforços
passados em aprender para fazer, também experimentam verificações
e, como ainda não são perfeitos, podem também
passar por pequenas expiações, necessárias para
depurar os últimos débitos remanescentes em suas trajetórias
evolutivas.
Porém, essas dificuldades não visam a nossa punição,
tampouco castigos, objetivam apenas a nossa evolução
espiritual, são elementos indispensáveis para cada qual
alcançar a meta final, por seus próprios esforços.
Então, caso a nossa jornada esteja caminhando sem nenhum conflito
íntimo, nenhuma dificuldade de monta, sem nenhuma apreensão
financeira, tudo caminhando em um mar de almirante, ou em
céu de brigadeiro, como se diz no jargão militar,
devemos aguçar a percepção, pois há algo
errado, alguma coisa não vai bem, é um típico
sinal de alerta.
Parece um paradoxo! Então, eu tenho que desejar problemas,
mais sofrimentos, adicionais dificuldades, para ter a minha consciência
em paz!?
De fato, não é bem assim, ninguém gosta de sofrer,
e a proposta do Criador, certamente, não é esta, mas
em um orbe de resgates, como o nosso ainda se apresenta, se não
estivermos envolvidos em particulares dramas morais é sinal
de que não iremos avançar, pois é na dificuldade
que somos testados. Uma vida sem desafios é uma existência
quase perdida.
É oportuno lembrar que ansiedade, inquietação
e preocupação excessivas, filhas do sentimento do medo,
não nos ajudam de modo algum, pois não possuem, nenhuma
delas, nem separadas ou em conjunto, a capacidade de resolver problemas
e adversidades naturais do nosso cotidiano. São úteis,
mas na medida certa de intensidade.
Ao contrário, estes indesejados estados, nos enfraquecem, agravam
as já delicadas situações, roubando as nossas
forças que devem ser usadas para controlar, ou mesmo dissipar
as sombras causadas pelas chamadas desgraças da vida. Desta
forma, não andemos, pois, inquietos pelo dia de amanhã:
o dia de amanhã cuidará de si mesmo.
Consideremos que são estes contratempos que nos preparam para
novas conquistas, nos capacitam para outras nobres empreitadas, fortalecendo
a nossa resistência e disciplina, proporcionando ocasiões
para os tão necessários testemunhos de fé e resignação,
nos habilitando ainda, para, em futuro próximo, recebermos
missões e tarefas de cunho mais elevado em prol da Humanidade.
Entretanto, inadvertidamente, os mais rebeldes e inquietos se revoltam
contra essas indispensáveis provas, se encastelando, irritadiços,
em seus mundos íntimos, reclamando e acusando a Providência
de tê-los esquecidos, assumindo condutas que em nada os auxiliam,
agravando, dessa forma, seus quadros expiatórios, que surgirão
inapelavelmente, no futuro, quando forem convocados a novas etapas
reencarnatórias.
Sejam quais forem os dramas morais enfrentados, armemo-nos com as
armas da esperança, da pacificação e da mansidão.
A revolta em nada facilitará essas passageiras etapas de aprendizado.
Munamo-nos da fé, mas da fé lastreada no raciocínio
e compreensão dos mecanismos divinos de evolução,
de modo a enfrentar esses momentos difíceis, com determinação
e aproveitamento.
Visando a nossa tranquilidade, de valor inigualável, a oração
é medida sempre oportuna nas horas graves e de crises morais.
Através da prece sincera, sintonizamos com o Organizador de
todos os processos que nos alcançam – O Pai de infinita
sabedoria e misericórdia -, nos renovando e criando condições
de atravessar as tempestades sempre passageiras.
Observemos com cuidado os indicadores em nossas jornadas, pois a paz
tão almejada não se traduz apenas por uma existência
de prazeres e deleites variados, cercada de comodidades e facilidade
materiais.
E, mesmo acreditando que estes infortúnios são injustos,
ou talvez exagerados, desproporcionais às forças que
possuímos para enfrentá-los, nestas particulares horas,
lembremos, a cada instante, de um dos principais atributos caracterizando
a Divindade: a infinita bondade e justiça e, convictos
de que Ele só nos deseja o bem, prossigamos, intimoratos, hoje
e sempre.