Considerável parcela da população
brasileira assiste estarrecida a consolidação de proposta
direcionada a armar o cidadão para que este, por não
contar com a segurança adequada que deveria ser proporcionada
pelas instituições responsáveis, defenda-se
por si mesmo a qualquer preço dos muitos perigos rondando
o cotidiano, mesmo à custa da morte do agressor.
Ventos estranhos sopram neste início do século XXI
na Terra do Cruzeiro.
Há uma expectativa imensa da humanidade por uma convivência
mais pacífica considerando a existência de tantas guerras
e conflitos registradas em nossa história, e de tantos atritos
ainda hoje existentes entre nações com o potencial
de levar à destruição total do planeta Terra.
A história não consegue registrar um período
sem que ao menos duas nações ou civilizações
estivessem digladiando-se, por motivos torpes, alguns mesmo banais,
agravando sobremaneira o quadro imenso de dívidas morais
para os seus fomentadores e participantes, consequentemente, sedimentando
o terreno para futuras e atrozes expiações para os
envolvidos, considerando esta parcela da Humanidade Universal.
Quando teremos um pouco de paz, perguntamo-nos apreensivos?
Acordar e saber que podemos seguir as nossas vidas sem nos preocuparmos
com as bombas atômicas, os mísseis balísticos,
as armas futuristas que dispensam a presença física
dos soldados no seu manuseio, pois são teleguiadas. Os arsenais
militares aumentam a cada dia, a indústria bélica
se robustece incorporando estoques de armamentos de todos os tipos,
são cada vez maiores os percentuais de recursos financeiros
alocados para o armamento e a suposta defesa das nações,
já se fala no retorno da guerra fria quando a humanidade
vivia sob o pavor de ser aniquilada instantaneamente após
o pressionar de apenas alguns botões, do leste e do oeste.
E neste cenário belicoso da atualidade, como se não
bastasse tanta violência e insensatez, tamanho desregramento
moral e ético, somos obrigados a conviver com mais uma corrida
às armas, não por países do hemisfério
norte, muito menos por nações do oriente, mas, pasmem,
dentro das fronteiras da nossa própria pátria, em
uma busca desenfreada e absurda para tentar garantir a paz e segurança
tão desejadas.
Seria isto mesmo? Estaríamos vivendo um pesadelo, um sonho
ruim, uma indisposição momentânea? Infelizmente
não, é a pura realidade!
As armas batem às nossas portas com insistência, divulgadas
e encaminhadas por administradores despreparados, ignorantes e imprudentes,
contudo, há muitas razões para não receber
estas visitantes indesejadas. Entre tantas considerações
sobre esta despropositada proposta, destacamos algumas para nossa
reflexão:
-
Não compro uma arma
visto que não quero fazer ao próximo o que não
gostaria que me fosse feito, princípio basilar da boa
convivência em sociedade apresentado há milênios.
-
É extremamente perigoso
manter uma arma em casa, uma criança pode encontrá-la
e um fim trágico pode suceder.
-
Alguns diriam ainda bem que
não possuem dinheiro. Sim, pois a proposta é para
os ricos, os abastados, os pobres jamais poderão comprar
legalmente uma arma. Seria este um indicativo de que os ricos
são os que instintivamente mais temem os perigos da sociedade
desarvorada em que vivemos em função de seus muitos
“pecados”, por isto desejam armar-se? Neste particular
caso ainda é preciso ajuizar: mesmo possuindo o valor
necessário para a aquisição de uma arma,
jamais deveríamos fazê-lo.
-
Outros sabiamente diriam:
Não quero fazer justiça com as próprias
mãos, pois creio não existir o acaso no ordenamento
divino, cabendo a Deus e as leis humanas a aplicação
das penas ou punições cabíveis.
-
Uns mais ilustrados nos princípios
espíritas poderiam asseverar: espero nesta vida
não matar mais ninguém, tendo em conta que no
passado muitos já tiramos a vida de outros tantos.
Se perguntássemos aos espíritas
se gostariam de se armar para supostamente garantir a paz e a segurança
própria e de seus familiares, a grande maioria certamente
diria não, porquanto conhecem a advertência de André
Luiz (1): Esquivar-se do uso de armas homicidas, bem como do
hábito de menosprezar o tempo com defesas pessoais, seja
qual for o processo em que se exprimam. O servidor fiel da Doutrina
possui, na consciência tranquila, a fortaleza inatacável.
Sim! A consciência tranquila é a nossa base, o nosso
esteio de tranquilidade, o baluarte maior, a fonte inesgotável
de paz, mas, a paz do Cristo. Se nada tememos interiormente, nada
precisamos recear oriundo do exterior.
Desta forma, não façamos apologia ao armamento da
população, muito pelo contrário, lembremos
sempre do Cristo nestas horas incertas, o nosso modelo e guia, exemplo
maior de pacificação, cordura e misericórdia,
além disso, Deus não deseja a morte do pecador, mas
sim do pecado.
Não se combate violência com violência, pois
violência gera sempre mais violência!