A Gênese - os
milagres e as predições segundo o Espiritismo, última
obra do Pentateuco espírita, longe de ser vista como a
de menor valor, materializou-se no mundo no ano de 1868, trazendo
intensa e esclarecedora luz a todos os ávidos de entendimento
das eternas questões mais próximas à Ciência.
Sim, a Filosofia e a Religião espíritas ganhavam
a derradeira conotação fundamental, pois sem a contribuição
da Ciência jamais se chegaria à fé raciocinada,
condição tão pouco entendida pelas correntes
do conhecimento religioso e filosófico de então,
e porque não dizer de agora também.
Jamais se ajuizou que esta virtude teologal, a Fé, as outras
sendo a Esperança e Caridade, pudesse ter a sua real sustentação
em posições e explicações científicas,
pois os dois ramos do conhecimento humano: Religião e Ciência,
que vinham se digladiando ao longo dos séculos, e ainda
o fazem, sugeriam ser inconciliáveis; água e óleo,
se podemos nos expressar desta forma, jamais se misturariam, muito
menos se entenderiam, afirmavam categóricos os mais eruditos.
O Codificador, auxiliado pelas inteligências do Universo,
na figura de Espíritos superiores, todos coordenados por
Jesus, consolida nesta obra conceitos científicos sobre
a Gênese, os Milagres e as Profecias, isto em pleno século
XIX, no âmago da cultura francesa, a mais intelectualizada
da época.
Lança naquele caldeirão do saber a sua contribuição
sobre Ciência analisada sob o ponto de vista da Doutrina
dos Espíritos. O professor de matérias básicas
de ensino na França, diretor de educandário, apresenta
ao Mundo uma nova concepção de temas tão
antigos quanto a nossa própria História, mas que
permaneciam quase estagnados, prisioneiros pelo interminável
duelo de forças polarizadas entre a Igreja e a Cátedra.
Que desafio! Que coragem! Que confiança!
Discorre sobre as leis divinas, explicando-as, esmiuçando-as,
investigando-as, traduzindo-as ao entendimento do povo, trazendo
a lume aspectos jamais imaginados destas leis que existiram, existiam
e sempre existirão unindo os dois campos até então
inconciliáveis: Religião e Ciência.
Espírito e matéria encontram uma utilidade recíproca,
um auxiliando o outro, nada se perdendo na grandiosidade das leis
divinas, no grande laboratório do Universo. Tudo se encadeando
e mutuamente se apoiando. Uma nova visão do antigo mundo
a nos cercar se apresentou e quantas dúvidas elucidou?
Como ampliou o estreito horizonte do pensamento de então!
A Gênese do mundo foi debatida, bem como a espiritual e
a orgânica. Nós, Espíritos imortais, ganhamos
conhecimento sobre nós mesmos, pudemos melhor entender
o nosso corpo físico, que tanto nos ajuda na promoção
de nossa própria evolução, e com este conhecimento
temos novo enfoque sobre o mesmo, respeitando-o como insuperável
empréstimo de Deus para, trabalhando com ele, alcançar
a relativa perfeição, meta fatal a que chegaremos,
mais hoje, mais amanhã.
Os milagres tão propalados da Antiguidade que fundamentavam
e ainda lastreiam várias teorias obtusas e distanciadas
da plena razão, usados para dominação das
massas, foram desmistificados, desmaterializados, se podemos nos
expressar desta forma, particularmente os chamados milagres produzidos
pelo Meigo Carpinteiro.
O incrível e o deslumbrante se apagaram, dando lugar às
explicações científicas, às razões
da Ciência, comprovadas em grande número, posteriormente,
por notáveis pesquisadores que se seguiram a Kardec, na
esteira do Mestre. O Codificador havia aplainado o terreno, fornecendo
as informações básicas e mostrando os caminhos
por onde os cientistas da época, seguramente enviados de
Deus, deveriam seguir para bem embasar as teses espíritas.
A reviravolta foi tamanha que nós pudemos nos reconhecer
também como “Deuses”, capazes de realizar feitos
“milagrosos”, o mais humilde de todos se viu como
uma Divindade, pois aqueles tão divulgados prodígios
nada mais representavam do que o resultado da atuação
de leis divinas até então desconhecidas, e percebeu-se
que estas, quando compreendidas e dominadas, facultam a qualquer
Espírito sincero e confiante em Deus, a realização
também dos seus particulares “milagres”. E
muitos de nós os temos feito há bom tempo.
O Enviado de Nazaré não foi mais visto como um mágico
vulgar, um prestidigitador comum, um embusteiro, como tantos já
vistos e ainda presentes explorando as muitas misérias
do povo. Jesus passou a ser visto na condição de
um Espírito imortal como todos nós, contudo, já
havia há bom tempo adquirido ciência dos mecanismos
que regem a vida, sabia como manipulá-los em nome do Pai
Excelso. Mostrou-nos Kardec que os cegos que passaram a ver, os
paralíticos que passaram a andar e os leprosos que deixaram
as deformidades de seus corpos no passado haviam sido curados
por meio de providências naturais, atos de bondade e compaixão,
sem que qualquer das imutáveis leis de Deus houvesse sido
derrogada.
Por outro lado, as apavorantes profecias, que nos amedrontaram
e continuam a amedrontar os que se recusam a estudar e aprender
as leis do Eterno, perderam o seu caráter misterioso, assustador.
Percebeu-se que com o conhecimento espírita qualquer um
pode profetizar, ou seja, dizer o que acontecerá no futuro
em grandes aspectos, pois já entende ser a semeadura de
agora determinante para a colheita do amanhã. E isto não
é a essência da profecia?
A gênese, este tratado de lições
eternas, manancial de explicações e esclarecimentos,
elucidador de variadas questões, está ao nosso alcance,
das nossas mãos. Honremos estes 150 anos de sua existência
e, simultaneamente, glorifiquemos o seu autor, lendo, estudando,
esquadrinhando cada parágrafo, cada frase, cada palavra,
retirando a seiva duradoura destes escritos, libertemos os seus
ensinos, ainda prisioneiros e desconhecidos das grandes massas.
Neste ano em que se completa mais um aniversário do lançamento
desta obra imortal, reverenciemos o esforço do Mestre Lionês,
não deixando para amanhã, tampouco para a próxima
reencarnação, o estudo deste extraordinário
livro: A gênese.
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