O posicionamento da Terra
na estrutura do Sistema Solar determina a existência de períodos
cíclicos de 365 dias que são designados por nós,
os habitantes deste planeta, de anos, ou por palavras equivalentes
em outros idiomas. Estes períodos ajudam-nos a organizar
a passagem do tempo ao longo de nossas muitas existências.
Ao nos aproximarmos do término de mais um ano e, em consequência,
início de outro, sempre há muita expectativa de que
o novo ano será melhor do que aquele que o antecedeu. Tudo
indica que a novidade de mais uma longa etapa de 365 dias deverá
trazer novas alegrias e oportunidades, melhores do que aquelas que
se foram.
É fato, a vida sempre se renova e convida aqueles que ainda
lhe estão submetidos a se superarem, através da construção
de uma existência mais produtiva, promovendo a própria
evolução, buscando dias melhores, tranquilos e felizes.
Entretanto, para concretizar esta renovação tão
desejada e, diga-se, invariavelmente possível, se faz necessário
o desejo real em aperfeiçoar-se, uma verdadeira disposição
íntima para mudar.
No entanto, sabemos que toda mudança carrega em si mesma
certo desconforto pessoal e, por conta deste conhecido incômodo,
certamente já experimentado outras vezes em situações
diversas, muitos preferem não abandonar a posição
de conforto, adiando provisoriamente seu processo evolutivo - afinal
somos livres e senhores de nossos destinos -, ditando o ritmo do
próprio progresso.
Embora, para muitos, não seja gratificante mudar, para Espíritos
ainda vinculados às lições que a Terra proporciona,
esta renovação é absolutamente necessária,
pois por aqui, em sua esmagadora maioria - por enquanto - só
aportam Espíritos compromissados negativamente com as leis
divinas e, se não se dispõem a reformar-se, não
deixarão a condição de devedores e não
vencerão as muitas provas previstas dentro do processo evolutivo
previsto para qualquer Espírito, seja da Terra, seja de outros
mundos.
Toda transição de ano é momento oportuno para
realizarmos uma avaliação das nossas conquistas, e
também das derrotas, obtidas e sofridas, respectivamente,
no ano que se encaminha para o término.
Há uma conduta que pode ser muito útil para todos
nestes momentos de transição, podendo ajudar-nos sobremaneira:
preparar uma lista de objetivos ou, quem sabe, desejos para o iniciante
ano.
Para bem rechear esta relação de metas, sugere-se
que cada qual faça uma sincera análise pessoal, identificando
suas condutas positivas, construtivas e edificantes; em contraposição
às negativas, egoístas ou prejudiciais, para si mesmo
e para o próximo.
Uma vez identificados os campos de trabalho ou de atuação
que precisamos renovar ou transformar, anotemos cuidadosamente em
nosso inventário e, no desenrolar do próximo ano,
devemos fazer atenção redobrada aos itens que assinalamos
como danosos ou lesivos; por outro lado, as ações
reconhecidas como nobres e salutares devem ser fortalecidas o quanto
pudermos.
Alguns, versados na lei das muitas vidas, equivocadamente argumentam
que como teremos muitas oportunidades pela frente, não irão
esforçar-se com muito empenho pela busca de sua melhora íntima,
sob o entendimento de que Deus, sendo Pai amoroso, trará
outras oportunidades de aprendizado, tantas quantas forem necessárias.
É fato, teremos muitas chances de evoluir, contudo, quando
não aproveitamos a dádiva oferecida no momento exato
e no modo em que se apresenta, no futuro outra oferta divina acontecerá,
mas modificada, pois ela não pode acontecer nas mesmas condições
anteriores e seguramente não será a mesma. Se assim
sucedesse, não nos educaríamos, uma vez que cruzaríamos
os braços à espera de nova possibilidade de progresso
idêntica àquela desperdiçada.
Mas... vamos retornar à nossa lista.
Um setor que pode alimentar em muitos itens a relação
de melhoramentos possíveis é o do aspecto das leis
morais. Como ainda estamos bem distantes da condição
de pureza espiritual, as muitas virtudes existentes não são
características presentes em nossas personalidades.
Assim, em tempos de corriqueira intolerância, como ocorre
atualmente, caso também nos observemos intolerantes, empenhemo-nos
em adquirir as virtudes da paciência, da compreensão,
do apaziguamento e, quem sabe, nos tornaremos mais tolerantes.
Pelo outro lado da moeda, ou seja, na aquisição de
conhecimentos, particularmente no campo doutrinário, existe
uma proposta desafiadora: ler as obras fundamentais da Doutrina
espírita em um ano. Como!? Lendo algumas páginas das
obras básicas por dia, começando por O Livro dos Espíritos.
As obras básicas de Allan Kardec contam-se em 5 volumes.
Ora, cada uma possui aproximadamente 400 páginas, perfazendo
algo em torno de 2000 páginas. Se dividirmos esta quantidade
por 365 dias, teremos de ler em média 6 páginas por
dia. Contudo, quando poderemos ler estas páginas na loucura
em que hoje caminha a sociedade? Por exemplo, na hora da consulta
médica, enquanto aguardamos ser chamados, em vez de sintonizarmos
com programas de televisão absolutamente desnecessários
que são exibidos nas salas de espera; nos deslocamentos quando
tomamos o metrô; nas horas em que estamos hipnotizados pelas
notícias, em sua maioria totalmente irrelevantes e negativas,
nas chamadas redes sociais; utilizando um pouco do tempo que dedicamos
à assistir programas inúteis nas redes de televisão
em nossas casas; ou seja, oportunidades não faltam, o que
falta é disposição, empenho, vontade e um pouco
de organização.
Sejam itens compondo o campo das virtudes, sejam na área
intelectual, é preciso exercitar continuamente as atitudes
positivas compondo a nossa lista e tentar evitar aquelas prejudiciais,
de modo que as primeiras se incorporem em definitivo à nossa
personalidade e caráter, enquanto as últimas vão
perdendo força em nossa existência.
É oportuno lembrar que como não estamos acostumados
a seguir fielmente as leis divinas, algumas propostas elencadas
em nossa lista não serão atendidas e nos surpreenderemos
descumprindo mais uma vez os projetos de melhoria incluídos
em nossa lista de novo ano. Nesta hora, não há outra
atitude a tomar a não ser reconhecer mais uma vez o equívoco
e seguir em frente, jamais estacionar na estrada da vida lamentando-se,
julgando-se o último dos últimos, incapaz de cumprir
as próprias decisões.
Como esta prática nos desafiará de modo intenso interiormente,
e o homem velho ainda é poderoso em seus princípios
de vida, peçamos ajuda, roguemos apoio, solicitemos sustento
aos nossos, por hora, vacilantes esforços visando à
nossa melhoria.
Mas, à quem devo clamar? A Deus em primeiro lugar, a Jesus,
nosso amigo incondicional, e a nosso guia espiritual, este último
trabalhador incansável que se encontra ao nosso lado, desde
o momento em que nos ligamos à célula-ovo, no momento
da concepção e, em muitos casos, mesmo antes de encarnarmos.
Sim, o ano vai começar, façamos deste Novo Ano um
marco em nossa jornada evolutiva, avancemos destemidos, convictos,
com entusiasmo rumo aos braços de Deus nosso Amoroso Pai.
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