Quando estamos nos sentindo mal,
cabeça pesada, nada dá certo, desânimo e apreensões
à nossa volta, é muito comum nos apontarem a razão
clássica para estes incertos momentos: deve haver algum “encosto”
conosco, e a solução segue rápida e “infalível”
- tomar passes!
Entre tantos ótimos conselhos, boas sugestões e pertinentes
orientações possíveis, esta parece ser a fórmula
mágica para solucionar qualquer problema, seja de qual ordem
for. As muitas possibilidades apresentadas pela Doutrina para nos
renovarmos, melhorarmos e evoluirmos ficam reduzidas a uma conduta
ancestral presente desde nossas primeiras encarnações;
é lei de Deus, não há dúvida, qual seja,
a transferência de energias, uma inquestionável medida,
mesmo que apenas provisoriamente tranquilizadora.
Entretanto, raros se lembram nestas horas, e podemos afirmar que a
maioria desconhece, da existência de outra proposta espírita,
muito mais eficaz, atingindo a raiz dos problemas. Referimo-nos a
uma prática ao alcance de todos: a conversa direta com o nosso
espírito protetor:
Há Espíritos que
se ligam particularmente a um indivíduo para protegê-lo?
“Sim, o irmão espiritual. É o que chamais o
Espírito bom ou o gênio bom.”(1)
Invariavelmente temos ao seu lado,
desde o momento da reencarnação e mesmo antes desse
retorno, um Espírito designado por Deus para nos acompanhar
em nosso processo evolutivo, entidade esta de maior envergadura moral,
ética e intelectual, que, não fosse assim, não
poderia ser nosso guia espiritual, conforme se nota neste texto:
O Espírito protetor liga-se
ao indivíduo desde o seu nascimento?
“Desde o nascimento até a morte. Muitas vezes ele o
segue após a morte, na vida espiritual, e mesmo por intermédio
de muitas existências corpóreas, já que tais
existências não passam de fases bem curtas da vida
do Espírito.”(2)
Quis a Divindade fôssemos e
continuássemos a ser acompanhados por um Espírito previamente
escolhido visando a ajudar-nos na conquista da melhora moral e intelectual
ao longo de nossas existências:
O Espírito protetor abandona
algumas vezes o seu protegido, quando este não lhe ouve os
conselhos?
“Afasta-se, quando vê que seus conselhos são
inúteis e que mais forte é a vontade do seu protegido
em submeter-se à influência dos Espíritos inferiores,
mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. O
homem é que fecha os ouvidos. O protetor volta, desde que
chamado.
[...]
Esses seres estão ao vosso lado por ordem de Deus. Foi Ele
quem os colocou perto de vós; aí estão por
amor a Ele, desempenhando uma bela, porém penosa missão.
[...]”(3)
Esta entidade está à
nossa disposição e não nos perde de vista. Todavia,
diminuta quantidade de espíritas lembramo-nos dela nos momentos
de aflição e dúvida, quando os problemas parecem
amontoar-se sobre nossas cabeças impedindo o continuar de nossa
esperada caminhada rumo a Deus.
Não somos todos médiuns videntes, portanto, não
vemos estes dedicados e valorosos Espíritos acompanhando-nos.
Aliás, mesmo se fôssemos, raríssimos são
aqueles a percebê-los ao lado; o fato, contudo, é que,
mesmo não os enxergando, podemos registrar-lhes a presença
ao serem chamados.
Há uma conduta muito simples, outro mecanismo divino, que permite
entrar em contato mais direto com o nosso protetor: basta fazermos
uma oração, no silêncio do nosso íntimo,
sem necessidade de pronunciar palavras em alto e bom som, pois tais
abnegados trabalhadores abraçaram a tarefa de nos ajudar e
pelo pensamento respondem imediatamente, isto se antes já não
estavam ao nosso lado, pacientes e solícitos escutando os diversos
e aparentemente infindáveis reclamos.
Feita a oração, nascida de nossos corações,
tomemos um livro de mensagens espíritas, desses com diversas
abordagens de autoria de Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis,
dentre tantos outros, e fixemos nossa atenção pensando
detidamente no que está incomodando. Em seguida, “ao
acaso”, com fé, abramos o livro.
É impressionante a quantidade de mensagens que se apresentam
“ao acaso”, abordando diretamente a nossa particular questão.
Muitas possuem, já no título, o tema em exame por nossas
consciências. Geralmente, o texto, de imediato, é profundamente
elucidativo, tratando com exatidão do que se passa conosco
e propondo ações, providências, para fazer ou
para deixar de fazer.
Nesta hora, precisamos ter o cuidado de ler com bastante atenção,
pois o conteúdo é sempre muito útil, mesmo que
não percebamos de pronto sua aplicação em nosso
particular momento. Sendo assim, perguntamos: Como se dá esta
“coincidência” entre o que pensamos e o que surge
como orientação e esclarecimento? Simples, o guia espiritual
toma sutilmente de nossa mão, orienta-nos a escolher –
se houver vários livros à disposição -
um particular, fazendo-nos abrir na página necessária;
ou então, pelo pensamento, repercute em nossa mente o momento
de parar de folhear o livro e abrir nesta e não naquela outra
mensagem. O protetor tem vários recursos para nos induzir a
tomar o livro certo e abri-lo na parte mais apropriada. Concluímos
desta forma não existir o acaso.
Ocorre, às vezes, que a mensagem não “diz”
exatamente aquilo por nós desejado. Por exemplo, se estamos
doentes, e sofrendo muito, gostaríamos de receber um texto
passando a mão em nossas cabeças, apoiando-nos como
se fôssemos injustiçados pela ordem divina, “reconhecendo”
que, pobrezinhos de nós, talvez sejamos o último dos
últimos, certamente não merecedores de tanto sofrimento.
A mensagem, bem ao contrário, surge desafiadora, mostrando-nos
ser a doença agora enfrentada o resultado de condutas distanciadas
das leis de Deus, vivenciadas durante largo tempo, nesta, ou em outras
vidas. Uma decepção, segundo o nosso acanhado e obtuso
entendimento da mecânica da vida.
Nesta hora, é preciso ter muita firmeza para aceitar o “puxão
de orelhas”, ponderando que somos sempre os artífices
de nossas próprias mazelas. Será preciso reconhecer
os erros cometidos, levantar os joelhos desconjuntados e retomar a
marcha sempre avante em busca da perfeição.
Há também as mensagens vistas como enigmáticas,
aquelas que, na aparência, não contém nenhuma
menção sobre a nossa dúvida. Tais orientações
não são raras e nos instigam a procurar seu significado
ao que tudo indica oculto, mas que, quando esclarecido, se revela
de um modo diverso daquele que imaginávamos. Nestes casos,
é interessante voltar ao mesmo texto, meditando ao longo dos
dias. Diz a prática que muito em breve reconheceremos a propriedade
daquelas palavras, descobrindo então como o guia espiritual
acertou ao sugerir-nos a ação a ser tomada, mesmo que
diversa da nossa expectativa.
É nosso costume, quando em oração, formular o
pedido, já pensando na resposta mais agradável. Isto
ocorre devido a nossa óptica imediatista e limitada, pois não
nos lembramos do passado e das promessas da erraticidade (4),
nada obstante, o protetor tem todas essas informações,
por isso faz um ajuizamento mais apropriado que aquele que costumamos
fazer, mostrando a realidade da vida, aquilo que de fato devemos atentar.
Fica assim a despretensiosa sugestão: oremos e escutemos através
das mensagens o que os Espíritos protetores têm a dizer.
Não nos preocupemos que os estejamos fatigando, pois eles estão
hoje ao nosso lado e aí permanecerão até que
aprendamos a andar pelas nossas próprias pernas, ou seja, através
do uso consciente de nosso livre-arbítrio. Se os escutarmos,
tanto melhor para nós.