O planeta se aproxima do momento da
transformação em mundo de regeneração,
tantas vezes profetizada como consequência natural da lei de
evolução regendo não somente o princípio
material, quanto o espiritual. Há uma expectativa imensa dos
que há bom tempo tomaram conhecimento desta tão esperada
realidade, e assim aguardamos.
Quando poderemos avançar, moral e eticamente, e encontrar,
finalmente, um pouco de paz em nossas vidas diante de tantas incertezas
presentes? indagamos ansiosos.
Quanta esperança poder viver mais próximos uns dos outros,
aproximando-nos mais da condição de verdadeiros irmãos,
juntos progredindo a passos largos, um ajudando o outro na corrida
da vida rumo ao prêmio maior: a perfeição relativa
e a completa integração com o Pai!
Nada obstante, exatamente quando a Humanidade como um todo almeja
ardentemente dias melhores, alguns enxergam como solução
o uso da força para conquistar a tal almejada felicidade, esquecendo-se
de que, ao possuir uma arma, está implícito o desejo
de usá-la, lamentavelmente, contra outro ser humano.
O mais surpreendente é que muitos dos apoiadores desta estapafúrdia
proposta são religiosos, outros, pasmem, religiosos também
e adeptos e seguidores da proposta formulada por Allan Kardec, Doutrina
que cataloga, entre muitos dos seus nobres princípios, exatamente
o que ratifica a não violência, priorizando sempre a
busca pela pacificação.
Observa-se, neste curto relato, a
sabedoria baseada em conceitos espíritas, quando o irmão
acima referido justificou a sua primeira posição expressando
o desejo de não abreviar a existência de ninguém,
nesta vida, porquanto sabemos que, em função
de nossa forte ligação com este planeta de provas e
expiações, é extremamente provável já
termos tirado a vida não de apenas um, mas de muitos semelhantes
em existências pregressas; no entanto, ele anulou o exemplo
cristão oferecido na primeira resposta dada, quando votou contra
o desarmamento, agora em função de posicionamentos políticos.
Uma pena...
A violência jamais impedirá a violência, como os
postulados espíritas, traduzindo as leis divinas, já
nos orientaram reiteradamente. Mesmo assim, em pleno século
XXI, temos muitos - vamos alargar um pouco mais o universo dos adeptos
desta proposta – cristãos, alegando só poderem
conter os atos violentos perpetrados corriqueiramente, armando-se,
lutando de igual para igual, fogo contra fogo, arma contra arma, em
uma demonstração inequívoca de que ainda não
consolidaram certos entendimentos doutrinários, que nada mais
são do que expressões das Leis do Criador, muitas delas
trazidas há dois mil anos pela personificação
máxima da brandura: o inesquecível Cristo Salvador.
Façamos um ligeiro e despretensioso exercício de imaginação:
Como os verdadeiros cristãos poderiam ter deixado à
posteridade exemplos tão eloquente de fé quanto os que
deram ao se entregarem resolutos, pacificamente, felizes, aos desatinados
romanos que os imolaram aos milhares?
Francisco de Assis seria hoje tão conhecido e venerado, se
houvesse usado de atitudes agressivas contra aqueles que não
entendiam o alcance de sua proposta de viver com humildade e na pobreza?
Como a “grande alma” - Mahatma Gandhi -, poderia ter sobrepujado
o poderoso império britânico, aquele sobre o qual diziam
que o Sol jamais se punha, se houvesse utilizado da violência
como ferramenta de luta e libertação, e não apenas
os seus ideais da não violência? É de se notar
ter Gandhi morrido pela ação de uma arma de fogo manuseada
por um adversário cruel.
Finalmente, teria Jesus alcançado o patamar por Ele atingido
de exemplificação de uma vida inteira de cordura e mansuetude,
se tivesse enfrentado com violência os obcecados fariseus que
o combatiam sistematicamente, bem como o mundo antigo que de modo
algum o compreendia?
Sim, pacificadores vêm se apresentando no caminhar da Humanidade,
legando incomparáveis modelos de mansidão à posteridade,
plenamente contrários aos amantes da violência, da selvageria,
da iniquidade, resquícios bem vivos ainda por depurar, oriundos
das primitivas e bárbaras encarnações pelas quais
todos nós experimentamos.
É de se lamentar assistir a cristãos ávidos por
matar os poucos que ainda vivem segundo ferozes princípios,
porquanto, estes, nada mais são do que frutos amargos de nosso
próprio modo de vida, da nossa própria semeadura, de
como temos mal dividido os generosos recursos oferecidos pela mãe
Terra, resultados diretos da negligência que temos tido com
os mais fracos e necessitados, mormente com a educação
de nossas crianças, por séculos.
Qual é a nossa participação neste cenário
moderno e aparentemente caótico a nos caracterizar?
Somos nós mesmos que por aqui estivemos em pregressas existências
e, quem sabe, se merecermos, neste mundo estaremos no futuro.
A propósito, enquanto escutamos insistentemente sobre propostas
armamentistas, absolutamente nada ouvimos sobre novos e ajuizados
projetos visando à Área da Educação, mormente
endereçados àqueles agora aportando mais uma vez na
escola Terra. Precisamos de professores motivados, adequadamente remunerados,
livros, salas de aulas, uma boa internet, em suma, boas escolas e
não de armas!
Quem fere com a espada, com a espada será ferido! Esta máxima,
pronunciada há muitos séculos pelo Amorável Rabi
da Galileia e plenamente ratificada pelo monumental edifício
do conhecimento espírita, não é suficiente para
acalmar o nosso íntimo, aplacar esta sede de vingança,
este fogo destruidor que queremos lançar sobre os nossos agressores?
Após a publicação dos compêndios espíritas,
há mais de 150 anos, alguém ainda acredita no acaso?
Sobre esta impossibilidade podemos recordar o Espírito André
Luiz (1) quase ao final de uma, entre
tantas, lúcidas mensagens de sua autoria:
O espírita está informado de que o acaso não
existe.
•
Esquivar-se do uso de armas homicidas, bem como
do hábito de menosprezar o tempo com defesas pessoais, seja
qual for o processo em que se exprimam.
Será crível tal posicionamento de seres que alcançaram
o reino dos humanos!? Qual exemplo daremos às nossas crianças
quando assumimos a posição de que precisamos nos defender
a qualquer preço, mesmo sendo ao custo da morte do pecador?
Onde está o bom senso? O equilíbrio? O perdão?
Tamanho desatino!
Imaginemos se os cristãos não tivessem se imolado com
alegria, nos deixado aquele testemunho eloquente de fé, pois
convictos estavam sobre a continuidade da vida? Qual resultado esperamos
alcançar, tirando a vida do semelhante?
Alguns desatinados, embora se dizendo cristãos, tresloucados
pelo materialismo vigente, parecendo imperar nos corações
e mentes, poderiam argumentar: antes ele do que eu!
Tempos sinistros estes caracterizando o início do século
XXI. A Humanidade avançou sobremaneira no entendimento dos
deveres e direitos, boas leis são promulgadas a todo o momento
para tentar ajustar a sociedade na busca da paz e da tranquilidade,
contudo, a nossa parte da Humanidade, os brasileiros, estão
desejosos de possuir uma arma, um instrumento de morte, quando Jesus
sempre nos ensinou existir apenas vida, e vida em abundância.
O título deste breve texto foi retirado do livro mundialmente
conhecido escrito por um famoso pacifista, o escritor americano Ernest
Hemingway – Adeus às armas. A obra se desenvolve como
um romance, entretanto abordando os horrores da Primeira Guerra Mundial,
deixando uma mensagem para a Humanidade: a de que não há
nada glorioso nos conflitos armados. Cremos que podemos usar a advertência
desse talentoso escritor para igualmente afirmar: não há
nada cristão na conduta de se armar para matar o seu próximo.
Assim caminha a humanidade há milênios, entre
modestos acertos e fragorosos enganos. Contudo, não precisa
ser assim, não há por que ser desta forma, porém,
se escolhermos as armas, na suposição de que estas detêm
o poder de nos trazer a tão almejada paz do Cristo, estejamos
certos de que muito em breve desejaremos impacientemente livrar-nos
de todas elas, mais uma vez, plenamente cônscios de
que jamais a violência poderá ser usada para combater
a própria violência.
Lembrando ensinamento antiquíssimo, recordemos ainda uma vez
mais: Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra
(Mt, 5:5; grifo nosso);
e, se a nossa memória não nos trai, esta profecia não
foi revelada pelo Cristo de Deus!?