Ilustrações de Emmanuel e Ramatis
por Claudio Gianfardone
O caso de Ramatis tornou-se histórico
e suas repercussões, pró e contra, criando uma significativa
divisão de opiniões que perdura até hoje. É
o caso mais conhecido de todos porque, sendo o mais acessível
ao nível intelectual dos adeptos, foi o que mais influenciou
o Movimento Espírita. Das 12 obras que esse Espírito
publicou, através da mediunidade de Hercílio Maes,
algumas causaram mais celeuma intelectual porque colocavam em evidência
idéias polêmicas: o problema da fonte e da veracidade
das informações, a controvérsia sobre acontecimentos
biográficos de Jesus, a incompatibilidade doutrinária
com as obras de Kardec e principalmente as previsões apocalípticas
sobre o futuro da Humanidade terrena. J. Herculano Pires, em O
Espírito e o Tempo, embora de maneira indireta,
comparou os livros de Ramatis com a fase “nebulosa”
das comunicações mediúnicas de Emmanuel Swedenborg:
“Poucos adeptos do Espiritismo,
ainda hoje, apesar dos ensinos, das explicações
e das advertências de Kardec a respeito, compreendem essa
posição da doutrina. Por isso, muitos adeptos se
deixam empolgar pelos restos da nebulosa que ainda procuram empanar
o brilho da doutrina, através de comunicações
mediúnicas de teor profético, muitas vezes tipicamente
apocalíptico, que surgem a todo instante no movimento doutrinário.
É natural o aparecimento constante e insistente dessas
pretensas reformulações doutrinárias. Elas
respondem à permanência, determinada pela lei de
inércia, de mentes encarnadas e desencarnadas, no plano
do pensamento mágico do passado. Essas mentes sintonizam
no processo de comunicação mediúnica, repetindo
inadequadamente, em nossa época, os processos ‘reveladores’
do horizonte profético”.
in Nova História do Espiritismo
- Livro VII
A opinião de Emmanuel
"Logo que apareceram as primeiras
publicações da "Conexão de Profecias"
(Hoje com o título Mensagens do Astral), de Ramatis, fomos
a Pedro Leopoldo, a fim de ouvir a palavra autorizada de Emmanuel,
através daquele aparelho maravilhoso que é Francisco
Cândido Xavier. Isto, porque o que era dito pelo espírito
de Ramatis, parecia-nos perfeitamente lógico. Mas, como constituía
novidade, não queríamos aceitar de pronto algo que
não passasse pelo crivo de várias manifestações
mediúnicas, através de diversos aparelhos. Desta forma,
munidos do aparelho de gravação em fita, fomos atendidos
gentilmente pelo médium, que respondeu às perguntas
que fazíamos, repetindo as palavras da resposta, que eram
ditadas por Emmanuel. A gravação foi feita no dia
5 de janeiro de 1954. Conservamos até hoje o rolo gravado
em nosso poder.
Passamos a estampar as perguntas
e respectivas respostas:
Pergunta: - Que
pode o irmão dizer-nos a respeito do astro que se avizinha,
segundo a predição de Ramatis?
Chico Xavier: -
Esclarece nosso orientador espiritual que o assunto alusivo à
aproximação de um Planeta ou de Planetas, da zona
- ou melhor da aura da Terra - deve, naturalmente, basear-se em
estudos científicos, que possam saciar a curiosidade construtiva
das novas gerações renascentes no mundo. O problema,
desse modo, envolve acurados exames, com a colaboração
da ciência e da observação de nossos dias. Razão
por que pede ele que não nos detenhamos na expressão
física dos acontecimentos que se vizinham, para marcar maiores
acontecimentos - acontecimentos esses de natureza espetacular -
na transformação do plano em que estamos estagiando,
no presente século. Afirma nosso amigo que o progresso da
óptica e das ciências matemáticas, serão
portadoras, naturalmente, de ilações, conclusões
da mais alta importância para os nossos destinos, no futuro
próximo.
Pergunta: - Pode
Emmanuel dizer-nos algo a respeito da verticalização
do eixo da Terra e das transformações que esta sofrerá,
segundo Ramatis?
Chico Xavier: -
Afirma nosso Orientador espiritual que não podemos esquecer
que a Terra, em sua constituição física, propriamente
considerada, possui os seus grandes períodos de atividade
e de repouso. Cada período de atividade e cada período
de repouso da matéria planetária, que hoje representa
o alicerce de nossa morada temporária, pode ser calculado,
cada um, em duzentos e sessenta mil (260.000) anos. Atravessando
o período de repouso da matéria terrestre, a vida
se reorganiza, enxameando de novo, nos vários departamentos
do Planeta, representando, assim, novos caminhos para a evolução
das almas. Assim sendo, os grandes instrutores da Humanidade, nos
planos superiores, consideram que, desses 260.000 anos de atividade,
60 a 64 mil anos são empregados na reorganização
dos pródomos da vida organizada. Logo em seguida, surge o
desenvolvimento das grandes raças que, como grandes quadros,
enfeixam assuntos e serviços, que dizem respeito à
evolução do espírito domiciliado na Terra.
Assim, depois desses 60 a 64 mil anos de reorganização
de nossa Casa Planetária, temos sempre grandes transformações,
de 28 em 28 mil anos. Depois do período dos 64 mil anos,
tivemos duas raças na Terra, cujos traços se perderam,
por causa de seu primitivismo. Logo em seguida, podemos considerar
a grande raça Lemuriana, como portadora de urna inteligência
algo mais avançada, detentora de valores mais altos, nos
domínios do espírito. Após a raça Lemuriana
- em seguida aos 28.000 anos de trabalho lemuriano propriamente
considerado - chegamos ao grande período da raça Atlântida,
era outros 28.000 anos de grandes trabalhos, no qual a inteligência
do mundo se elevou de maneira considerável. Achamo-nos, agora,
nos últimos períodos da grande raça Ariana.
Podemos considerar essas raças, como grandes ciclos de serviços,
em que somos chamados de mil modos diferentes, em cada ano de nossa
permanência na crosta do planeta, ou fora dela, ao aperfeiçoamento
espiritual, que é o objetivo de nossas lutas, de nossos problemas,
de nossas grandes questões, na esfera de relações,
uns para com os outros. Assim considerando, será mais significativo
e mais acertado, para nós, venhamos a estudar a transformação
atual da Terra sob um ponto de vida moral, para que o serviço
espiritual, confiado às nossas mãos e aos nossos esforços,
não se perca em considerações, que podem sofrer
grandes alterações, grandes desvios; porque o serviço
interpretativo da filosofia e da ciência está invariavelmente
subordinado ao Pensamento Divino, cuja grandeza não podemos
perscrutar. Cabe-nos, então, sentir, e, mais ainda, reconhecer,
que os fenômenos da vida moderna e as modificações
que nosso "habitat" terreal vem apresentando nos indicam
a vizinhança de atividades renovadoras, de considerável
extensão. Daí esse afluxo de revelações
da vida extra-terrestre, incluindo sobre as cogitações
dos homens; esses apelos reiterados, do mundo dos espíritos;
essa manifestação ostensiva, daqueles que, supostamente
mortos na Terra, são vivos na eternidade, companheiros dos
homens em outras faixas vibratórias do campo em que a humanidade
evolui. Toda essa eclosão de notícias, de mensagens,
de avisos da vida espiritual, devem significar para o homem, domiciliado
na Terra do presente século, a urgência do aproveitamento
das lições de JESUS. Elas devera ser apreciadas em
si mesmas, e examinadas igualmente no exemplo e no ensinamento de
todos aqueles que, em variados setores culturais, políticos
e filosóficos do globo - lhe traduzem a vontade divina, que
na essência é sempre a nossa jornada para o Supremo
Bem. Os termos da comunicação obtida em Curitiba (a
"Conexão de Profecias", de Ramatis) são
de admirável conteúdo para a nossa inteligência,
de vez que, realmente, todos os fatos alusivos à evolução
da Terra, e referentes a todos os eventos, que se relacionam com
a nossa peregrinação para a vida mais alta, estão
naturalmente planificados, por aqueles ministros de Nosso Senhor
Jesus Cristo; os quais, de acordo com Ele, estabelecem programas
de ação para a coletividade planetária, de
modo a facilitar-lhe os vôos para a divina ascensão.
Embora, porém, esta mensagem, por isso mesmo, seja digna
de nosso melhor apreço, contudo, na experiência de
companheiro mais velho, recomenda-nos nosso Orientador Espiritual
(Emmanuel) um interesse mais efetivo, para a fixação
de valores morais em nossa personalidade terrena, de conformidade
com os padrões estabelecidos no Evangelho de nosso Divino
Mestre. Porque, para nossa inteligência, os fenômenos
renovadores da existência que nos cercam têm qualquer
coisa de sensacional, de surpreendente, nosso coração
de inclinar-se, humilde, diante da Majestade do Senhor, que nos
concede tantas oportunidades de trabalho, em nós mesmos,
a revelação dos grandes acontecimentos porvindouros;
novo soerguimento íntimo, novo modo de ser, a fim de que
estejamos realmente habilitados a enfrentar valorosamente as lutas
que se avizinham de nós, e preparados para desfrutar a Nova
Era que, qual bonança depois da tempestade, facilitará
nossos círculos evolutivos. Será, todavia, muito importante
encarecer, que não devemos reclamar, do terceiro milênio,
uma transformação absolutamente radical, nos processos
que caracterizam, por enquanto, a nossa vida terrestre. O prazo
de 47 anos é diminuto, para sanar os desequilíbrios
morais, de tantos séculos, em que o nosso campo coletivo
e individual adquiriu tantos débitos, diante da sabedoria
e diante do amor, que incessantemente apelam para nossa alma, no
sentido de nos levantarmos, para uma clima mais aprimorado da existência.
Não podemos esquecer, que grandes imensidades territoriais,
na América, na África e na Ásia, nos desafiam
a capacidade de trabalho. Não podemos olvidar, também,
que a Europa, superalfabetizada, se encontra num Karma de débitos
clamorosos, à frente da Lei, em doloroso expectação,
para o reajuste moral, que Ihe é necessário. Aqui
mesmo, no Brasil, numa nação com capacidade de asilar
novecentos (900) milhões de habitantes, em quatrocentos e
alguns anos de evolução, mal estamos - os espíritos,
encarnados na Terra em que temos a bênção de
aprender ou recapitular a lição do Evangelho - mal
estamos passando das faixas litorâneas. Serviços imensos
esperam por nossas almas no futuro próximo. E, se é
verdade que devemos aguardar, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo,
condições mais favoráveis para a estabilização
da saúde humana, para o acesso mais fácil às
fontes da ciência; se nos compete a obrigação
de esperar o melhor para o dia de amanhã cabe-nos, igualmente,
o dever de não olvidar que, junto desses direitos, responsabilidades
constringentes contam conosco, para que o Mundo possa, efetivamente,
atender ao programa Divino, através, não somente da
superestrutura do pensamento científico - que é hoje
um teto brilhante para os serviços de inteligência
do mundo - mas também, através de nossos corações,
chamados a plasmar uma vida, que seja realmente digna de ser vivida
por aqueles que nos sucederão nos tempos duros; entre os
quais, naturalmente, milhões de nós os reencarnados
de agora, formaremos, de novo, como trabalhadores que voltam para
o prosseguimento da tarefa de auto acrisolamento, para a ascensão
sublime, que o Senhor nos reserva. Considerando, assim, a questão
sob este prisma, cabe-nos contar com o concurso da ciência,
no setor das observações de ordem material; com a
evolução dos instrumentos de óptica; com o
avanço dos processos de exame, na esfera da química
planetária, na qual os mundos podem ser analisados, como
átomos da amplidão de universos, que se sucedem uns
aos outros, no infinito da Vida. Será lícito, então,
esperar que certas afirmativas, referentes a vida material, se positivem
satisfatoriamente, para mais altas concepções da mente
planetária; de vez que, muito breve, o homem estará
ligado à glória da religião cósmica,
da Religião do Amor e da Sabedoria, que o cristianismo renascente,
no Espiritismo de hoje, edificará para a Humanidade, ajustando-a
ao concerto de bênçãos, que o grande porvir
nos reserva.
Pergunta: - Foi,
de fato, há 37.000 anos que submergiu a Atlântida?
Chico Xavier: -
Diz nosso Amigo (Emmanuel) que o cálculo é, aproximadamente,
certo, considerando-se que as últimas ilhas, que guardavam
os remanescentes da civilização atlântida, submergiram,
mais ou menos, 9 a 10 mil anos, antes da Grécia de Sócrates.
Pergunta: - Poderíamos
ter alguns informes a respeito de Antúlio?
Chico Xavier: -
Vejo, aqui, nosso diretor espiritual, Emmanuel, que nos diz que
um estudo acerca da personalidade de Antúlio exigiria minudências
relacionadas com a história, no espaço e no tempo,
que, de imediato, não podemos realizar. De modo que, tão
somente, pode afiançar-nos que se trata de uma entidade de
elevada hierarquia, no plano espiritual; vamos dizer; um assessor,
ou um daqueles assessores, que servem nos trabalhos de execução
do plano divino, confiado ao Nosso Senhor Jesus Cristo, para a realização
do progresso da Terra, em geral. Esclarece nosso amigo que Jesus
Cristo, como governador de nosso mundo, no sistema solar, conta,
naturalmente, com grandes instrutores, para a evolução
física e para a evolução espiritual, na organização
planetária. E, subordinados a esses ministros, para o progresso
da matéria e do espirito, no plano que nós habitamos
presentemente, conta Ele com uma assembléia de múltiplos
instrutores, de variadas condições, que lhe obedecem
as ordens e instruções, numa esfera, cuja elevação,
de momento, escapa à nossa possibilidade de apreciação.
Antúlio forma no quadro destes elevados servidores.
Pergunta: - Acha
nosso irmão que a Mensagem de Ramatis deva ser divulgada
com amplitude?
Chico Xavier: -
Diz nosso Orientador que a Mensagem é de elevado teor...
E todo trabalho organizado com o respeito, com o carinho e com a
dignidade, dentro dos quais essa Mensagem se apresenta, merece a
nossa mais ampla consideração, de vez que todos nós,
em todos os setores, somos estudiosos, que devemos permutar as nossas
experiências e as nossas conclusões para a assimilação
do progresso, com mais facilidade em favor de nós mesmos."