O Jornal O Trevo, órgão
mensal da Aliança Espírita Evangélica
publica na sua edição do mês de maio um curioso
quadro histórico comemorativo dos 60 anos da Escola
de Aprendizes do Evangelho. A capa da edição
trás essa foto da 1ª Turma da EAE, em 1950, tendo à
frente o Comandante Edgard Armond
(ao centro e de paletó claro), que se matriculou como
aluno nº 1, sendo o dirigente e também expositor, ao
lado de grandes ativistas da época como Canuto Abreu e Ary
Lex.
A Escola de Aprendizes foi uma verdadeira revolução
implantada dentro da Federação Espírita
do Estado de São Paulo – FEESP e responsável
pela formação de importantes lideranças do
movimento espírita paulista e nacional. Na verdade, foi uma
revolução no movimento espírita, pois nunca
havia ocorrido uma sistematização educativa da doutrina
em formato de classe e currículo. A EAE tinha como proposta
essencial a formação moral dos adeptos e preparação
de voluntários com verdadeiro espírito de ativismo
e caridade. Como emblema idealístico, alunos e dirigentes
reuniam-se sob a bandeira simbólica da Fraternidade
dos Discípulos de Jesus - FDJ.
Outra proposta fundamental da EAE era a fundação de
núcleos de serviços, organizados pelos próprios
alunos, o que representava na prática a expansão do
Espiritismo em novas frentes de trabalho voluntário (centros,
creches, albergues, etc). Como extensão curricular, no 2º
ano, a EAE oferecia, entre outros, um Curso para Médiuns,
antigo sonho de Bezerra de Menezes, também sistematizado
em processo disciplinar teórico e prático. Era o fim
do autodidatismo e do individualismo doutrinário e, por outro
lado, o advento do Espiritismo social.
Apesar do aspecto iniciático e seletivo do currículo,
cujo sitema disciplinar causou e ainda causa uma rejeição
por parte de intelectuais mais ortodoxos, a Escola de Aprendizes
tem sido ao longo de seis décadas uma experiência que
realmente poderíamos chamar - pelos seus frutos - de educação
ou pedagogia espírita.
2009: Cerimônia de Ingresso na FDJ –
Fraternidade dos Discípulos de Jesus, na Alemanha
2009: Turma da Escola de Aprendizes em Cuba
“A primeira aula da Escola de
Aprendizes aconteceu em 6 de maio de 1950 e teve como expositor
Pedro de Camargo “Vinícius”, um verdadeiro mito
das palestras evangélicas. Além de Vinícius,
foi escolhido a dedo um seleto grupo de expositores e futuros autores
da “Iniciação Espírita”, recebendo
cada um deles a incumbência de preparar um determinado assunto
e também sistematizá-lo em texto de apostila.
Foi assim que, no primeiro ano de funcionamento,
272 aprendizes assistiram às aulas de grandes vultos da cultura
espírita da época : Silvino Canuto Abreu, Emílio
Manso Vieira, Iracema Martins de Almeida, Carlos Jordão da
Silva, Sérgio Valle, Júlio de Abreu Filho, Benedito
Godoy Paiva, o próprio Comandante Armond e até mesmo
Ary Lex, mais tarde um severo crítico desse sistema.
O próprio Ary conta em suas
memórias que não admitia a idéia de ficar em
pé para cantar a prece dos aprendizes, permanecendo em atitude
rebelde, sentado aguardando o começo da aula. Apesar das
reações contrárias, a Escola tornou-se um sucesso
que arrebanharia milhares de alunos nos anos seguintes, saindo dos
seus bancos importantes expressões do movimento espírita
atual e todo um conjunto de efeitos sociais já previstos
pelo seu idealizador.
Ary Lex reconheceu dessa forma o potencial
social e a capacidade aglutinadora da Escola:
“Está aí o grande
celeiro que abasteceu de trabalhadores, nestes 40 anos, a Casa
Transitória. Foi também daí que partiu a
grande maioria dos cooperadores da Área de Assistência
Espiritual, onde muitas centenas militam até hoje”.
Nova História do Espiritismo –Livro
VIII - Foto: Vinicius, Canuto Abreu e Ary Lex