
Luciano dos Anjos nos mandou a versão
revisada do seu texto sobre o caso das materializações
de Uberaba. Na época as sessões foram denunciadas
como fraude pela revista O Cruzeiro, a mesma que tentou
“desmascarar” Chico Xavier e acabou sendo realmente
desmascarada por Emmanuel, como foi fielmente retratado no filme
de Daniel Filho. Herculano Pires levava tão a sério
esse negócio de ética profissional que ao tocar nesse
assunto não citava os nomes dos jornalistas envolvidos.
Nesse caso, a revista O Cruzeiro queria
destruir a reputação do Espiritismo e encontrou na
pessoa da médium Otília Diogo (foto)
a oportunidade ideal para fazer o estrago pretendido. Luciano conta
a história em detalhes e mostra o valor institucional das
entidades federativas na defesa da doutrina e dos seus seguidores.
Mas o que mais nos chamou a atenção nesse caso foi
a condição humana de Otília Diogo, filha da
união proibida de um padre e uma freira, portadora de mediunidade
de efeitos físicos, compromissos pesadíssimos com
a difusão das verdades espirituais, pela sua base fenomênica,
e com parcos recursos materiais e morais para suportar as graves
provas da sua tarefa.
Na história do Espiritismo esses médiuns quase sempre
não assimilam a moral doutrinária e muitos, como as
Irmãs Fox, D.D. Home e Hary Slade, nem cogitavam das origens
e repercussões das suas faculdades. Uma das meninas de Hydesville
tornou-se alcóolatra, Home não compreendia a reencarnação
e Slad terminou seus dias internado num manicômio. Eles vêm
e vão como os furacões, provocando os sinais de graves
mudanças , porém se tornam vítimas da própria
força por eles desencadeadas, falhando exatamente naquilo
que todos nós falhamos: nossos pontos fracos (vícios
e defeitos) e a cobrança implacável dos inimigos de
outros tempos.
Algumas dessas histórias revelam facetas impressionantes
das misérias humanas de perseguições, mentiras,
calúnias horrorosas, vaidades, vinganças; e também
a oportunidade de redenção pela auto-humilhação,
a oferta da outra face, a preciosa chance de ajudar os semelhantes
e principalmente a vivência dolorosa das bem-aventuranças,
por meio da mediunidade.
Oremos por eles, porque os perseguidores e perseguidos passarão
pelas mesmas provas e um dia sentarão à mesa para
dividir e saborear o pão do Evangelho.
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