José Reis Chaves

>   As penas bíblicas são eternas e jamais poderiam ser sempiternas

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José Reis Chaves
>  As penas bíblicas são eternas e jamais poderiam ser sempiternas

 

As penas na Bíblia são eternas (indefinidas). Mas, com o tempo, os teólogos e exegetas mudaram a significação desse adjetivo para o de “sempiternas” (sem fim). E esse é um dos maiores erros de interpretação da Bíblia, pois é responsável pela origem de uma teologia às avessas, ou seja, com a ideia absurda de um Deus antropomórfico, imperfeito, vingativo e injusto.

A hermenêutica é uma ciência que nos ensina que, ao interpretarmos um texto antigo, temos que nos ater ao significado das palavras no tempo da sua escrita. A palavra do hebraico “ôlam” (de longa duração), no Velho Testamento, foi traduzida por eterno (tempo indefinido). E deriva-se da raiz do verbo hebraico “âlam” (ocultar). Esse vocábulo hebraico “ôlam” traduzido por eterno não significa, pois, “para sempre”, mas “longo e oculto”. Logo, em português, eterno com o substantivo tempo deveria trazer também a ideia de tempo longo, oculto, indeterminado, indefinido. Mas eterno acabou tomando o sentido de “para sempre”, sem fim.

Vamos agora aos originais gregos do Novo Testamento. “Aêon” e “aionios” junto de tempo têm também o sentido de indefinido, e não de “para sempre”. Também no latim, que foi a língua para a qual houve a primeira tradução dos originais da Bíblia por são Jerônimo, a palavra “eternitas” (eternidade) vem da palavra “aetas” (idade). Tanto no grego, como no latim, se o sentido dos textos bíblicos fosse de tempo sem fim ou de “para sempre” para as penas, as palavras a serem usadas deveriam ser: “aidios” em grego e “sempiternus” em latim, o que não aconteceu. Os enciclopedistas e iluministas franceses, no século 19, foram os primeiros a chamarem a atenção para esse erro de interpretação da Bíblia.

E lembremo-nos aqui de que um dos mais graves erros dos teólogos antigos e medievais eram os exageros! Daí que não são estranhas essas alterações com o propósito de amedrontarem e mesmo aterrorizarem os fiéis. E a mentalidade atrasada dos cristãos medievais contribuiu também com surgimento dos radicalismos. Vejamos uma frase de santo Inácio de Loyola que espelha bem o que estamos dizendo: “Se os nossos olhos virem que uma coisa é branca e a Igreja disser que é preta, devemos dizer que é preta, porque assim o diz a Santa Madre.”

Cremos que ficou bem claro que as palavras eternidade e eterno em português e outras línguas tomaram um sentido diferente do dos textos originais bíblicos, já que, como foi dito, nos originais o seu significado é de penas indefinidas, indeterminadas. E são indefinidas e indeterminadas porque elas oscilam de acordo com a duração variável do carma de sofrimento ao qual cada indivíduo está sujeito. Para saber mais, recomendo Romeu do Amaral Camargo, “De Cá e de Lá – Vozes da Terra e do Além”, Ed. Da União Federativa Espírita Paulista, SP.

E, realmente, essas penas jamais poderiam ser mesmo sempiternas (para sempre), mas eternas (indefinidas), pois a justiça divina é perfeita, e sua misericórdia, por ser infinita, jamais poderia terminar, ao contrário, ela nos dá sempre novas chances de regeneração. Ademais, como lemos em 1 Timóteo 2:4, Deus quer que todos os homens se salvem. E quem e o que, pois, poderão contra a vontade de Deus?



Na Rede TV, aos domingos, às 16h15, o programa espírita Transição. E no www.redemundomaior.com.br e por antena parabólica digital, o “Presença Espírita na Bíblia”, apresentado por este colunista, às 20h das quintas-feiras e às 23h dos domingos.




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