Para os judeus, os sacrifícios
de sangue eram agradáveis a Deus, pois eles pensavam que os
espíritos amigos deles e que gostavam desses sacrifícios
fossem o Espírito do próprio Deus! Mas Jesus disse:
“Misericórdia quero, e não sacrifícios”
(Mateus 9: 13).
Como os apóstolos, os discípulos
de Jesus e os primeiros cristãos eram também judeus,
inclusive Jesus, essas ideias de sacrifícios dos judeus passaram
para o Novo Testamento. Paulo foi quem mais recebeu essa influência.
E como suas cartas são os primeiros escritos do Novo Testamento,
elas influenciaram os seus outros autores.
E não deu outra, pois os teólogos
cristãos embarcaram também nessa canoa furada! Outro
erro deles é o de que os autores bíblicos foram inspirados
diretamente por Deus, quando o foram indiretamente por espíritos
que agem em nome de Deus. “Não são todos eles
espíritos ministradores enviados para serviço, a favor
dos que hão de herdar a salvação?” (Hebreus
1: 14).
E outro erro dos teólogos foi exagerar as coisas. Por exemplo,
pelo fato de Deus ser todo-poderoso, mas também amor, eles
deveriam ensinar para nós tranquilidade diante de Deus. Mas
o que eles mais nos ensinaram foi justamente termos medo de Deus,
como se Ele pudesse nos aniquilar a qualquer momento, mandando-nos
para o tal do inferno mitológico (“hades”), que,
apesar de ser também figurado, foi sempre interpretado literalmente.
Que contradição! “Se Deus é por nós,
quem será contra nós?” (Romanos
8: 31).
Realmente, se Deus é Pai e Mãe de todos nós,
jamais deveríamos ter medo Dele, o que seria um contrassenso.
Kardec, magistralmente e bem inspirado, disse que a fé deve
ser raciocinada!
É sabido que todo livro tem
suas partes melhores. E Kardec escolheu as mais importantes do evangelho
para a nossa vivência da moral que o excelso Mestre trouxe para
nós. Kardec percebeu que o evangelho de Jesus é o melhor
código de moral existente no mundo. Por isso, e de acordo com
a orientação de espíritos superiores, adotou-o
para o espiritismo. E foi assim que ele escreveu “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”, que nada mais é do que uma coletânea
dos textos evangélicos mais importantes e mais apropriados
para nós pormos em prática na nossa vida diária
com o objetivo de nós podermos acelerar a nossa evolução
espiritual e moral. E essas passagens evangélicas escolhidas
por Kardec são, pois, rigorosamente as mesmas, “ipsis
litteris”, encontradas nos evangelhos, extraídas da tradução
da Editora Sacy francesa da época de Kardec. Realmente, pois
o codificador da doutrina dos espíritos não adulterou
nada da Bíblia nessa sua fantástica obra evangélica.
E digo isso com consciência, pois estudei para padre redentorista,
além de ser também tradutor dessa monumental obra para
a Ed. Chico Xavier. Ela é ricamente comentada por Kardec e
vários espíritos de alto nível de evolução
moral e espiritual, entre eles os espíritos de santo Agostinho
e de alguns dos próprios autores da Bíblia, os quais
se manifestaram com uma uniformidade de ideias por meio de um grande
número de médiuns de vários países!
E conheço padres e pastores que a têm como um livro de
cabeceira e que até estudam seus textos preparando-se para
seus sermões e prédicas. Assim, pois, é uma ignorância
ou má fé a afirmação de que “O Evangelho
Segundo o Espiritismo” é adulteração da
Bíblia!
José Reis Chaves é
teósofo e biblista