Como ensina Kardec, a doutrina dos
espíritos caracteriza-se por três aspectos: Ciência,
filosofia e religião. Cada espírita se encaixa, pois,
na doutrina de acordo com seu nível de instrução.
Mas hoje, há duas correntes nele, uma que se prende ao seu
aspecto científico-filosófico, e a outra que está
mais voltada para o seu lado religioso e que é mais numerosa.
Mas é óbvio que um espírita religioso pode se
interessar também pelos aspectos científicos e filosóficos
do espiritismo, e vice-versa, um espírita cientista pode também
se interessar pelo seu aspecto religioso, o que faz engrossar ainda
mais a fileira maior dos espíritas religiosos.
Porém Kardec adverte que a religião espírita
é diferente das outras religiões, pois ela não
tem rituais, sacerdotes e hierarquias, e adora Deus em Espírito
e verdade, como ensina o excelso Mestre. (João 4: 23). E Kardec
afirma que denominou o espiritismo de religião, porque ele
não tinha uma palavra melhor para expressar o que ele queria
dizer. E esclarece que o espiritismo é religião no sentido
de ter uma ética e uma moral que são as mesmas do evangelho
do Mestre dos mestres. E o mestre lionês acrescenta que o espiritismo
tem bases fundamentais de religião, nesse sentido da ética
e da moral evangélicas, e que, respeitando todas as crenças,
tem como um de seus objetivos criar sentimentos religiosos nas pessoas
que os não têm, e fortalecer esses sentimentos nas pessoas
que já os possuem. (Kardec, “O
Livro dos Médiuns”, Capítulo III, Do Método,
Item 24, Ed. FEB, Rio de Janeiro, RJ, 2.000). Para Kardec,
a doutrina espírita é para todas as religiões,
não pertencendo, pois, particularmente, a nenhuma religião.
Daí que ele até recomenda que ninguém deixe a
sua religião. (Revista Espírita
de fevereiro de 1862).
E ainda, eis o que ele disse no discurso em reunião pública,
na noite de 1-11-1868, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas,
conforme a “Revista Espírita” de dezembro de 1868:
“O espiritismo é uma religião e nós nos
ufanamos disso.”
Os adeptos da doutrina dos espíritos, geralmente, não
são fundamentalistas. Mas os da corrente científica,
mesmo sendo muito espiritualistas, são pessoas irreligiosas,
aumentando a fileira dos sem religião e dos materialistas,
o que é meio estranho para o espiritismo. E se a doutrina dos
espíritos adota a ética e a moral do evangelho do Nazareno,
nós temos que estudar e muito o evangelho, para que possamos
conhecer bem a sua ética e a sua moral, familiarizando-nos
bastante com elas, para que possamos, assim, ter mais facilidade para
as assimilarmos e as pormos, então, em prática na nossa
vida.
De tudo isso se conclui que as casas espíritas estão
mais do que certas em promover com intensidade suas palestras evangélicas,
mesmo porque isso pode fazer parte, também, da corrente espírita
científica, já que o estudo do evangelho e da Bíblia
em geral não deixa de ser também parte dum estudo histórico.
E História é também ciência!
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