Publicado em 20 de abril de 2015
São Paulo diz que a salvação
é pela graça, Jesus ensina que a cada um será
dado segundo suas obras.
Santo Agostinho e Lutero são
os teólogos da graça. E os católicos, reagindo
contra Lutero, passaram a defender mais a teologia tradicional de
Pelágio, contrária à da graça. Mas, por
influência dos protestantes e evangélicos, a Igreja vem
atualmente inclinando-se para a teologia da graça.
Deus não faz acepção
de ninguém. “Então falou Pedro, dizendo: ‘Reconheço
por verdade que Deus não faz acepção de pessoas;
pelo contrário, em qualquer nação, aquele que
o teme e faz o que é justo lhe é aceitável’”
(Atos 10: 34 e 35). Aliás, Jesus ensinou que nos céus,
ou seja, entre os espíritos já salvos, há mais
alegria pela conversão de um só indivíduo do
que a causada por 99 que já são convertidos (Lucas 15:
7).
Deus não impõe a graça goela abaixo de ninguém,
pois Ele respeita o nosso livre-arbítrio. Com a aceitação
da doutrina bíblica da reencarnação, essa questão
é esclarecida. Mas os líderes religiosos (hoje, não
tanto os padres) repudiam-na de modo doentio, pois ela diminui a importância
deles, além de prejudicar seus interesses materiais.
Porque Deus cria tudo com perfeição, Ele não
volta atrás no que é criado por Ele. Assim, a graça
e o nosso livre-arbítrio não têm fim. Mas enquanto
o indivíduo não passar a vivenciar realmente o evangelho,
o que equivale a aceitar a graça, ele não a recebe.
E como o essencial duma pessoa é o seu espírito imortal,
nós, com uma fé raciocinada, chegamos inevitavelmente
à conclusão de que o espírito tem que voltar
a viver novamente aqui, neste mundo, a fim de que ele, um dia, possa
receber a graça.
É, pois, somente com a graça da reencarnação
dada por Deus, que a sua graça e a sua misericórdia
infinitas podem ser alcançadas por nós. Sem a doutrina
bíblica da reencarnação, pois, a graça
e a misericórdia divinas infinitas deixariam de ser infinitas.
E isso seria um absurdo para o nosso conceito de Deus infinitamente
Todo-poderoso! Mas não é que Deus esteja se subordinando
ao nosso livre-arbítrio, não. É que Ele, por
ser perfeitíssimo, jamais passaria por cima de nosso livre-arbítrio
criado por Ele mesmo! Ademais, o espírito tem todas as eternidades
pela frente, para que ele possa receber, um dia, a graça da
salvação. E por que, então, nós não
poderíamos aproveitar as vidas sucessivas para conseguir a
graça da salvação? As reencarnações
são justamente para que o espírito, um dia, consiga
pela vivência do evangelho a graça da salvação.
Ou será que Jesus veio nos trazer o evangelho “só
pra inglês ver”?
A passagem evangélica pela porta estreita, por ser difícil,
representa também, figuradamente, a conquista da graça
por meio da prática do evangelho. E ela demonstra-nos, ainda,
que não entra nos céus quem ainda está impuro.
Também a parábola do filho pródigo traz-nos uma
ideia semelhante à da conquista da graça. O pai do filho
pródigo representa Deus. E só quando o filho pródigo,
“entrando em si” (Luca 15: 17) e descobrindo seu erro,
ele pôde voltar para a sua casa paterna.
A salvação ou libertação depende da graça
de Deus, sim, pois é Ele que no-la concede. Mas ela depende
também de nós, pois Deus não nos impõe
a graça automaticamente e pela força!
Para que, pois, o indivíduo se preocupar tanto com a graça,
se, pela imortalidade de seu espírito, ele tem todas as eternidades
para, um dia, recebê-la?
Recomendo:
www.reencarnacaonoevangelho.blogspot.com
José Reis Chaves é
teósofo e biblista