Publicado em 27 de abril de 2015
Jesus disse que se alguém não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus (João 3:
3).
Com essa passagem, Ele ensinou a Nicodemos
e a nós que temos que renascer, várias vezes, espiritual
e carnalmente, para que consigamos um nível de evolução
suficiente para que adquiramos o reino dos céus.
Os teólogos e tradutores da
Bíblia mais recentes, depois de 2.000 anos da tradução
do texto acima citado, estão fazendo uma nova versão
dele. Todos nós sabemos até de cor essa expressão:
É necessário nascer “de novo”. Mas porque
ela sugere a ideia da reencarnação, os teólogos
e tradutores resolveram mudá-la para é necessário
nascer “do alto”, alegando que em grego “anothen”
significa também “do alto” e não só
“de novo”, o que é verdade.
Mas eles aplicam essa expressão “de novo” e, agora,
“do alto”, à água do batismo, o que é
exclusivismo religioso, pois ela exclui da salvação
todos os adeptos das outras religiões que não têm
esse ritual, o que é um absurdo contra Jesus, a Bíblia
e o bom senso, já que Deus, o Pai, não faz acepção
de pessoas e de crenças. “Então disse Pedro: De
fato, agora compreendo que Deus não faz distinção
de pessoas; mas todos os que o adoram e praticam o bem são
aceitos por ele, seja qual for a sua nação”. “...É
Ele o Senhor de todos” (Atos 10: 34 a 36). “E João
começou a falar: Mestre, vimos alguém expulsando demônios
em teu nome e quisemos proibi-lo, porque não te segue conosco.
Mas Jesus respondeu: Não proibais. Quem não está
contra vós, está a vosso favor” (Lucas 9: 49).
Se lermos a continuação do texto é necessário
nascer “de novo” ou “do alto”, veremos que
a interpretação tradicional dos teólogos não
é correta, pois, como vimos, eles a atribuem ao nascer “de
novo” ou “do alto” pela água do batismo.
Eis a sequência do texto: “O vento sopra onde quer, ouves
a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim
é todo o que é nascido do Espírito” (João
3: 8). “Ppneuma”, vento em grego, significa também
espírito. E é mesmo o que quer dizer o texto, pois o
que não sabe donde vem é o espírito do indivíduo
e não o vento! Realmente, o espírito não sabe
de qual corpo de pessoa ele vem, para qual novo corpo humano ele irá
e nem sequer quando isso acontecerá. “Somos de ontem
e nada sabemos” (Jó 8: 9).
Porém, Nicodemos não entendia bem
o que dizia Jesus, ou talvez, quisesse que Ele tratasse melhor do
assunto da reencarnação. Então, Jesus usou no
lugar de água o vocábulo carne. Há o nascer “de
novo” do espírito que significa conversão (metanóia)
e o nascer “de novo” da carne. Ora, o nascer “de
novo” da carne é nascer “de novo” de pai
e mãe.
Mas por que só agora, depois
de 2.000 anos, mudaram a tradução de “anothen”
de “de novo” para a “do alto”? Por dois motivos.
O primeiro é porque os teólogos e biblistas perceberam
que o sentido real dessa expressão não pode ser o nascer
“de novo” da água do batismo. O segundo motivo
é porque o nascer “de novo” tem mesmo a ver também
com a reencarnação, pois é o espírito
“de novo” na carne!
E se pensarmos bem, a mudança
da expressão “de novo” para a “do alto”
não altera muito o sentido real de “anothen”, pois,
quando o espírito nasce “de novo”, ele vem mesmo
“do alto”, do mundo espiritual, seja esse nascer “de
novo” ou “do alto” de conversão ou da carne!
José Reis Chaves é
teósofo e biblista