Elio
Mollo
> Sobre a atualização
da Doutrina Espírita
Estudo com base in Revista Espírita
de dezembro de 1863, janeiro de 1864 e dezembro de 1868, A Gênese,
cap. I, item 55 e Obras Póstumas, 2ª parte, Constituição
do Espiritismo – Exposição de Motivos, Os
Estatutos Constitutivos
Pesquisa: Elio Mollo
em 04/04/2011 e atualizada em 26/06/2013
domingo, 17 de março de 2013
Independentemente da proposta de qualquer
Associação, Federação, Confederação
(Espírita), etc. em atualizar o Espiritismo nesta nossa atualidade,
os princípios espíritas definidos nas
obras da codificação dificilmente conseguirão
ser atualizados, pois, eles fazem parte das leis Naturais e Universais.
Quanto a atualizar a Doutrina Espírita segundo a linguagem
e os costumes das épocas em que vivemos, Kardec a fazia conforme
os estudos que aconteciam na Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas e, inclusive, usava a Revista
Espírita como um laboratório para realizá-la.
Pode-se perceber isso, quando até 1863 não se aceitava
a possessão e sim a subjugação, mas a partir
da Revista Espírita de dezembro de
1863 e janeiro de 1864, narrando o caso da Srta. Julia (Um caso de
Possessão), Kardec escreveu o seguinte: "Temos dito
que não havia possessos, no sentido vulgar do vocábulo,
mas subjugados. Voltamos a esta asserção absoluta, porque
agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão,
isto é, substituição, posto que parcial, de um
Espírito errante a um encarnado." Sendo assim, o
codificador fez o progresso da Doutrina Espírita acontecer
automática e naturalmente em seu tempo, em alguns pontos.
Diz Kardec em O Livro dos Médiuns,
2ª parte cap. XIII que "a Ciência Espírita
progrediu (e deverá progredir) como todas as outras",
teve início com as mesas girantes, cestas de bicos, etc. e
chegou até a psicografia como a conhecemos nos dias de hoje,
além de outros fenômenos mediúnicos, como podemos
observar consultando O Livro dos Médiuns
(1861) em especial os capítulos localizados na parte 2 do livro,
de XI à XVI.
Também, podemos verificar in A Gênese,
cap. I, item 55 que “O Espiritismo não se
assenta, pois em princípio absoluto senão no que seja
demonstrado com evidência, ou o que ressalta
logicamente da observação. Tocando em todos
os ramos da economia social, ao qual presta o apoio de suas próprias
descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas
progressivas, que qualquer natureza que sejam, chegadas ao estado
de verdades práticas, e saídas do domínio
da utopia, sem o que ele se suicidaria; cessando de ser o que é
mentiria à sua origem e sua meta providencial. O Espiritismo,
marchando com o progresso, não será nunca extravasado,
porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro
sobre um ponto ele se reformulará sobre este ponto; se uma
nova verdade se revela, ela a aceita.”
Em Obras Póstumas, 2ª. parte,
Constituição do Espiritismo - Exposição
de Motivos, Os Estatutos Constitutivos, Kardec diz que "Em
menos de um quarto de século não se esboçará
um movimento apreciável nas ideias. Será, portanto,
de vinte e cinco em vinte e cinco anos que a constituição
orgânica do Espiritismo passará por uma revisão.
Este lapso de tempo, sem ser muito longo, é suficiente para
permitir que sejam apreciadas as novas necessidades, sem trazer perturbações
com modificações frequentes."
Como os adeptos do Espiritismo até agora (26 de junho de 2013)
não fizeram ou não atentaram para a revisão da
Constituição Orgânica do Espiritismo, o problema
não será da revisão ou atualização,
mas como fazer essa revisão após 156 anos. Com certeza,
sem a participação dos Espíritos oferecendo respostas
para as nossas dúvidas atuais a revisão não se
fará satisfatória (quem sabe tenha que surgir um Livro
dos Espíritos nº. 2 com mais um milheiro de perguntas,
respostas e observações a exemplo do que fez Allan Kardec),
porque a Doutrina é dos Espíritos, assim, ambas as dimensões,
encarnados e desencarnados, deverão participar ativamente de
cada revisão, uns questionando sobre pontos importantes da
atualidade e outros respondendo adequadamente, racionalmente e seriamente
as questões.
Outro ponto importante que temos que observar e que Kardec fez sozinho
a organização inicial da DE e foi em 1868 (conforme
Revista Espírita de dezembro de
1868 (*) e Obras Póstumas, 2ª.
parte) que ele propõe fazer através de congressos realizados
a cada 25 anos uma revisão.
Para realizar essas revisões diz ele que:
...uma
constituição, por muito boa que seja, não poderia
ser perpétua. O que é bom para certa época
pode tornar-se deficiente em época posterior. As necessidades
variam com as épocas e com o desenvolvimento das ideias.
Se não se quiser que com o tempo ela caia em desuso, ou que
venha a ser postergada pelas ideias progressistas, será necessário
caminhe com essas ideias. Dá-se com as doutrinas filosóficas
e com as sociedades particulares o que acontece em política
e em religião: acompanhar ou não o movimento propulsivo
é uma questão de vida ou de morte. No caso de que
aqui se trata, fora grave erro acorrentar o futuro por meio de uma
regra que se declarasse inflexível.
Não menos grave erro seria introduzir
com muita frequência, na constituição orgânica,
modificações que acabariam por privá-la de
estabilidade. Faz-se mister proceder com ponderação
e circunspeção. Só uma experiência de
certa duração pode permitir se julgue da utilidade
real das modificações. Ora, quem pode em tal caso
ser juiz? Não será um único homem, que geralmente
só do seu ponto de vista vê as coisas; tampouco será
o autor do trabalho primitivo, porque poderá ser demasiado
complacente na apreciação da sua obra. Serão
os próprios interessados, porque experimentam de modo direto
e permanente os efeitos da instituição e podem perceber
por onde ela peca.
A revisão dos estatutos constitutivos
se fará pelos congressos ordinários, transformados
para esse efeito em congressos orgânicos,
em determinadas épocas, e assim se prosseguirá indefinidamente,
de maneira a conservá-los, sem interrupção,
ao nível das necessidades e do progresso das ideias, ainda
que a mil anos daqui.
Sendo periódicas e conhecidas antecipadamente
as épocas de revisão, não haverá cabimento
para se fazerem apelos, nem convocações especiais.
A revisão constituirá não apenas um direito,
mas também um dever do congresso da época indicada;
inscrever-se-á, de antemão, na sua ordem do dia, de
sorte que não estará subordinada à boa vontade
de quem quer que seja e ninguém poderá arrogar-se
o direito de decidir, firmado na sua autoridade particular, se a
revisão é ou não oportuna. Se, depois de lidos
os estatutos, o congresso julgar desnecessária qualquer modificação,
declará-los-á mantidos na íntegra.
Sendo forçosamente limitado o número
dos membros dos congressos, atenta a impossibilidade material de
reunir neles todos os interessados, para que os que se reúnam
não fiquem privados das luzes dos ausentes, todos estes poderão,
qualquer que seja o lugar do mundo onde se encontrem, enviar à
comissão central, no intervalo de dois congressos orgânicos,
suas observações, que serão postas em ordem
do dia do congresso vindouro.
Para a realização deste (primeiro) congresso revisório,
naturalmente surgem algumas perguntas: Será que estamos preparados
suficientemente para realizar uma atualização agora?
Não será melhor prepararmos um comitê central
(**), conforme sugeriu Kardec, e aguardarmos um tempo mais para formular
questões e entrevistar os Espíritos para obter respostas
de acordo com as nossas dúvidas atuais? Filtrar as respostas,
(quem sabe este trabalho pode levar até menos de 15 ou 25 anos)
e, assim, conseguir que tal façanha se torne realidade.
Entendemos que o problema não é o de fazer acontecer
uma revisão da Doutrina Espírita conforme sugeriu o
próprio codificador do Espiritismo, e sim, de como criar as
necessárias e principais condições para torná-la
uma realidade que satisfaça a maioria dos espíritas
de hoje no que tange a filosofia, ciência e consequências
morais, como o fez exemplarmente Allan Kardec no século XIX.
Eis o desafio para os adeptos do Espiritismo desta nossa atualidade.
Notas:
(*) Ver no artigo Constituição
Transitória do Espiritismo / Atribuições do Comitê:
"As principais atribuições do comitê central
serão: 1º. - O cuidado dos interesses da doutrina e sua
propagação; a manutenção de sua unidade
pela conservação da integridade dos princípios
reconhecidos; o desenvolvimento de suas consequências;
2º. - O estudo dos princípios novos, susceptíveis
de entrar no corpo da doutrina; 3º. - A concentração
de todos os documentos e informações que possam interessar
o Espiritismo; (...)"
(**) Ver in Obras Póstumas / Constituição
do Espiritismo / Comitê Central: "(...) Em
lugar de um chefe único, a direção será
entregue a uma comissão central permanente, cuja organização
e atribuições serão definidas de maneira a não
deixar nada ao arbítrio. Essa comissão será composta
de doze membros titulares, no máximo, que deverão, para
esse efeito, reunir certas condições requeridas, e de
um número igual de conselheiros. Completar-se-á, ela mesma,
segundo as regras igualmente determinadas, à medida das vagas
pela extinção ou outra causa. Uma disposição
especial fixará o modo de nomeação dos doze primeiros.
A comissão nomeia o seu presidente por um ano.
A autoridade do presidente é puramente administrativa;
ele dirige as deliberações da comissão, zela pela
execução dos trabalhos e pela expedição
dos assuntos; mas, fora das atribuições que lhe são
conferidas pelos estatutos constitutivos, não pode tomar nenhuma
decisão sem o concurso da comissão. Portanto, nada de
abusos possíveis, nada de alimentos à ambição,
nada de pretextos de intrigas e de ciúme, nada de supremacia
contundente.
A comissão central será, pois, a cabeça,
o verdadeiro chefe do Espiritismo, chefe coletivo, nada podendo sem
o consentimento da maioria. Suficientemente numerosa para se esclarecer
pela discussão, não o será bastante para que haja
confusão.
A autoridade da comissão central será
moderada, e seus atos controlados pelos congressos ou assembleias gerais,
sobre os quais se falará adiante. (...)"
Fonte: http://emollo.blogspot.com/2013/03/sobre-atualizacao-da-doutrina-espirita.html
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Histórico
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Necessidade
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Parábola
dos Talentos e a Lei do Progresso (A)
Percepções,
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Perda
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Perfeição
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O
Perispírito
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e Pneumatofonia
Possessos
Psicografia
Quadro
sinótico da nomenclatura espírita
Retorno
da Vida Corpórea à Vida Espiritual
Separação
da alma e do corpo
Sobre
a atualização da Doutrina Espírita
Sociedade
Parisiense de Estudos Espírita
Surgimento
da Doutrina Espírita
Em co-autoria:
Elio Mollo; Antonio Sérgio C. Picollo
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Espiritismo exige responsabilidade
Elio Mollo; Ismael Lopes Rodrigues
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