Diz a Espiritualidade em «O LIVRO DOS ESPÍRITOS»,
no capítulo que trata da Perfeição Moral, Virtudes
e Vícios, que muitas vezes as qualidades morais são
como a douração feita num objeto de cobre, que não
resiste a pedras de toque. Pode um homem possuir reais qualidades
que o apontam ao mundo como um homem de bem? Mas, posto seja um progresso,
nem sempre essas qualidades resistem a certas provas,
e por vezes, basta tocar a corda do interesse pessoal para
o pôr a descoberto.
Emendar-se, vencer as paixões,
corrigir o caráter, visando crescer espiritualmente e com a
intenção de colaborar com Deus e a Humanidade desinteressadamente:
Eis, um procedimento sensato, pois não há
nenhum egoísmo em melhorar-se tendo em vista aproximar-se de
Deus, pois esta é a meta para a qual todos nós
tendemos.
Sempre que nos dedicarmos a um estudo sistemático, estaremos
seguindo o caminho do bem já que, a par de nos instruirmos
– e por conseguinte trabalharmos por nosso progresso individual
-, estaremos indiretamente contribuindo para o progresso dos que nos
cercam e, em última análise, de toda a humanidade –
e isto está conforme à lei natural do progresso que
nos direciona para a perfeição.
Neste caminho da perfeição
censurar defeitos alheios não é uma boa atitude, pois
nenhum de nós dispõe de faculdades completas;
e é pela união social que nos completamos, asseguramos
nosso próprio bem-estar e progredimos. Antes de qualquer
censura a alguém, devemos refletir de como agiríamos
se estivéssemos no lugar daquele que desejamos censurar. Este
proceder nos levará a compreender melhor a psicologia humana,
buscando formas de nos educarmos mutuamente, inclusive analisar o
nosso proceder e corrigir possíveis defeitos que ainda existem
em nós. Este procedimento também é um meio de
crescermos espiritualmente.
Se desejamos provar nossa capacidade,
só existe uma maneira de fazê-lo, é através
do exemplo.
Diz Alexandre Rangel, especialista em
processos de qualidade empresarial, in Artigos/Qualidade
da Rádio Bandeirantes, que Napoleão
Bonaparte sem dúvida foi um dos maiores líderes que
este mundo já conheceu. Certa vez, seu exército estava
se preparando para uma das maiores batalhas.
As forças adversárias tinham
um contingente três vezes maior que o seu, além de um
equipamento muito superior. Napoleão avisou seus generais de
que ele estava indo para a frente de batalha e estes procuraram convencê-lo
a mudar de idéia:
- Comandante, o senhor é o império! Se morrer, o
império deixará de existir. A batalha será muito
difícil. Deixe que nós cuidaremos de tudo. Por favor,
fique. Confie em nós.
Tudo em vão, não houve
nada que o fizesse mudar de idéia. No meio da noite, o general
Junot, um de seus brilhantes auxiliares e também amigo, procurou-o
e, de novo, tentou mostrar o perigo de ir para a frente de batalha.
Napoleão olhou-o com firmeza e
disse:
- Não tem jeito, eu vou.
- Mas por quê, comandante?
E ele respondeu...
- É mais fácil puxar do
que empurrar! Servir de exemplo não é
a melhor forma de ensinar; é a única forma de
ensinar!
Não merece repreensão aquele
que sabe, por suas ações, estar fazendo o bem, desde
que seu intuito é o de pesar suas ações na balança
de Deus, e sobretudo na Sua lei de justiça, amor e caridade,
para dizer a si mesmo se suas ações estão no
objetivo correto. O que não é racional é se envaidecer,
pois significaria que tudo o que fez cairia por terra, já que
essa atitude seria uma demonstração que em si ainda
há o egoísmo.
Em L.E., q. 913, os Espíritos
superiores dizem que o vício que podemos considerar como sendo
o mais pernicioso é o egoísmo, pois é
dele que deriva todo o mal e, se estudarmos a fundo todos os vícios
que possuímos, em todos eles existe o egoísmo.
Podemos lutar de todas as formas para
tentar tirar qualquer um de nossos vícios, mas só
iremos extirpar o egoísmo quando o atacarmos na sua raiz e
destruirmos sua causa, pois quem nesta vida desejar
se aproximar da perfeição deve extirpar de si todo o
sentimento de egoísmo, porque ele é
incompatível com a lei de Justiça, amor e caridade.
Aliás, o egoísmo anula todas as outras qualidades.
Muitos de nós podemos alegar que o nosso mundo é dominado
pelo egoísmo, por isto a dificuldade em extirpá-lo.
A isto podemos dizer que, se cada um de nós trabalhar sua transformação
íntima, procurando uma forma de se melhorar, a intensidade
desse vício tenderá a diminuir e o mundo melhorar. Caso
contrário será necessário que ele cresça
mais ainda para que faça danos consideráveis para se
compreender a necessidade de sua extirpação, daí
a escolha é de cada um de nós.
Realmente, podemos admitir que o egoísmo
é muito difícil de se erradicar - pois está ligado
à influência da matéria - e que
ainda estamos muito próximo de sua origem mas, com certeza,
ele se enfraquecerá com a predominância da vida
moral sobre a vida material, e sobretudo com a compreensão
de doutrinas como o Espiritismo, que nos fazem entender melhor nossa
condição futura.
Conforme ensinamentos de Sócrates e Santo Agostinho, in LE
919a: O autoconhecimento é a chave do melhoramento
individual, pois permite que alinhemos nossas ações
e pensamentos na direção das correções
que necessitamos realizar, e assim, ajustar nossos atos de acordo
com os ensinamentos dos grandes Mestres que estiveram na Terra, em
especial o Mestre Jesus, tanto em relação a Deus, como
em relação ao nosso próximo.
Este processo é árduo; assim, necessitaremos de muita
coragem e determinação para realizá-lo, mas através
do esforço próprio e de exercícios repetidos
na direção das boas causas, iremos
sedimentar em nós o próprio bem. Deus sempre
nos assiste e auxilia, mas devemos fazer a nossa parte se desejamos
verdadeiramente melhorar e assim colaborar com a construção
de um mundo novo e melhor.
Artigo com base no Livro terceiro, cap. XII de
O LIVRO DOS ESPÍRITOS, obra codificada por Allan Kardec
Colaborou no desenvolvimento ortográfico deste
texto Maria Luiza Palhas
"DAR O EXEMPLO NÃO É A MELHOR
MANEIRA DE INFLUENCIAR OS OUTROS. É A ÚNICA"
(Albert Schwertzer)