INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO
DA MEDIUNIDADE SOBRE A SAÚDE,
SOBRE O CÉREBRO E SOBRE AS CRIANÇAS
Estudo com base in O
Livro dos Médiuns, segunda parte, Capítulo
XVIII (Allan Kardec).
Pesquisa: Claudia C e Elio Mollo
A faculdade mediúnica é algumas
vezes indício de um estado anormal, mas não patológico,
pois há médiuns de saúde vigorosa. Se há
doentes o são por outros motivos e não por causa da faculdade
mediúnica. A doença é proveniente de uma imperfeição
da matéria.
O exercício muito prolongado da faculdade mediúnica pode
causar fadiga, aliás, o exercício de qualquer trabalho
mais prolongado do que o normal produz fadiga e, com a mediunidade acorre
o mesmo, principalmente com a de efeitos físicos. Esta ocasiona
um dispêndio de fluidos que leva o médium à fadiga,
mas que pode ser reparado pelo repouso.
A parapsicologia através de pesquisas e estudos concluiu que
os diversos fenômenos paranormais não são patológicos,
mas eles são os resultados de uma faculdade comum e natural do
homem. A mesma concluiu também que a fadiga experimentada diz
respeito aos órgãos do corpo do médium e não
ao seu espírito, motivo pelo qual pode ser reparado pelo repouso.
O exercício da mediunidade pode ter alguns riscos quanto às
condições de saúde, excluindo-se os casos de abuso,
demonstrando que há casos em que é prudente e mesmo necessário
abster-se ou pelo menos moderar o seu exercício. Estes riscos
dependem do estado físico e moral do médium, que geralmente
o percebe, desta forma quando ele começa a sentir-se fatigado,
deve abster-se do uso da mediunidade.
É sempre bom repetir esta idéia para que fique claro,
se existir algum risco à saúde do médium ele será
dependente do estado físico e moral do médium. Há
pessoas que devem evitar qualquer causa de superexcitação,
e a prática mediúnica seria uma delas. Sendo assim, os
médiuns de pouco vigor e demasiadamente sensíveis devem
abster-se de comunicações com Espíritos de ações
rápidas ou violentas, cuja sensação será
desagradável, por causa da fadiga resultante.
A mediunidade não produz a loucura, mais do que qualquer outra
coisa, quando a fraqueza do cérebro não oferecer predisposição
para isso, ou seja, se esta já não existir em germe. Mas
se o seu princípio já existe, o que facilmente se conhece
pelas condições psíquicas e mentais da pessoa,
o bom senso nos diz que devemos ter todos os cuidados necessários,
pois nesse caso qualquer abalo será prejudicial.
Podemos fazer uma analogia para melhor compreender esta questão,
atualmente alguns jogadores de futebol tem morrido em decorrência
de morte súbita no meio de partidas ou treinos. Baseado nisto
seria um equívoco afirmar que o futebol pode causar risco à
saúde das pessoas, porém podemos dizer que se uma pessoa
possui seu organismo debilitado e apresenta, por exemplo, problemas
ou uma pré disposição a problemas cardíacos,
a prática esportiva feita sem controle e responsabilidade pode
ocasionar um risco à saúde desta pessoa.
As idéias espíritas não têm, a respeito da
loucura, maior influência que as ciências, as artes, e a
própria religião donde fornecem seus contingentes. A loucura
tem por princípio um estado patológico do cérebro,
instrumento do pensamento: estando o instrumento danificado, o pensamento
é alterado. A loucura, pois, é um efeito consecutivo,
cuja causa primeira é uma predisposição orgânica
que torna o cérebro mais, ou menos, acessível a certas
impressões; isso é tão verdadeiro que existem pessoas
que pensam demais e não se tornam loucas, enquanto que outras
se tornam sob o domínio da menor superexcitação.
Havendo uma predisposição à loucura, esta toma
o caráter da preocupação principal, que se torna,
então, uma idéia fixa. Essa idéia fixa poderá
ser a dos Espíritos, naqueles que deles se ocupam como poderá
ser a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma arte,
de uma ciência, da maternidade, de um sistema político
ou social. É provável que o louco religioso se tornasse
um louco espírita se o Espiritismo tivesse sido sua preocupação
dominante. O Espiritismo não tem nenhum privilégio a esse
respeito, e podemos dizer com segurança, que bem compreendido
é e será sempre um preservativo contra a loucura e o suicídio.
(1 e 5)
É de bom-senso evitar desenvolver a mediunidade das crianças.
Porque seus organismos são frágeis e delicados e seriam
muito abalados e sua imaginação infantil superexcitada.
Assim, os pais prudentes as afastarão naturalmente dessas idéias,
ou pelo menos só lhes falarão a respeito no tocante às
conseqüências morais (2). Contudo,
quando a faculdade se manifesta espontânea numa criança,
é que pertence à sua própria natureza e que a sua
constituição é adequada. Não se dá
o mesmo quando a mediunidade é provocada e excitada. Observe-se
que a criança que tem visões geralmente pouco se impressiona
com isso. As visões lhe parecem muito naturais, de maneira que
ela lhes dá pouca atenção e quase sempre as esquece.
Mais tarde a lembrança lhe volta à memória e será
facilmente explicada, se ela aprender a conhecer o Espiritismo.
Não há limite preciso na idade para a prática mediúnica,
isso depende inteiramente do desenvolvimento físico e mais particularmente
do desenvolvimento psíquico (3).
Há crianças de doze anos que seriam menos impressionadas
que algumas pessoas já formadas. Refiro-me à mediunidade
em geral, pois a de efeitos físicos é mais fatigante para
o corpo. Quanto à escrita há outro inconveniente, que
é a falta de experiência da criança, no caso de
querer praticá-la sozinha ou fazer dela um brinquedo.
A prática do Espiritismo requer muito tato para se desfazer o
embuste dos Espíritos mistificadores. Se homens experientes são
por eles enganados, a infância e a juventude estão ainda
mais expostas a isso, por sua inexperiência. Sabe-se também
que o recolhimento é condição essencial para se
tratar com Espíritos sérios. As evocações
feitas levianamente ou por divertimento constituem verdadeiramente uma
falta de respeito, e abre as portas para os Espíritos zombeteiros
ou malfazejos. Como não se pode esperar de uma criança
a gravidade necessária a um ato semelhante, seria de temer que,
entregue a si mesma, ela o transformasse num brinquedo. Mesmo nas condições
mais favoráveis, é de se desejar que uma criança
dotada de mediunidade só a exerça sob a vigilância
de pessoas experimentadas, que lhe ensinarão, por exemplo, o
respeito devido às almas dos que se foram deste mundo.
Vê-se, pois, que o problema da idade está subordinado tanto
às condições do desenvolvimento físico,
quanto às do caráter ou amadurecimento moral (4).
Entretanto, o que ressalta claramente do que foi dito acima é
que não se deve forçar o desenvolvimento da faculdade
mediúnica nas crianças, quando ela não se desenvolver
de maneira espontânea, e que em todos os casos é necessário
empregá-la somente com grande circunspecção, não
se devendo jamais provocá-la ou encorajar o seu exercício
por pessoas fracas. Devem-se afastar as crianças da prática
mediúnica por todos os meios possíveis, principalmente,
as que apresentem os menores sinais de excentricidade nas idéias
ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porque evidentemente elas
ficarão predispostas a alguma perturbação psíquica,
motivada por qualquer superexcitação além do normal
ou de que esse tipo de criança é capaz.
NOTAS:
(1) Allan Kardec, O Que é
o Espiritismo?, Segundo Diálogo – O Cético,
Loucura, Suicídio, Obsessão. Sugerimos ver, também,
a Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita in
O Livro dos Espíritos.
(2) Este é um problema de psicologia infantil, que serve para
mais uma vez comprovar a natureza e a atitude científica do Espiritismo
no trato dos problemas psíquicos. Há crianças que
revelam precocemente suas faculdades mediúnicas, mas seria errôneo
querer desenvolvê-las de maneira sistemática. O que se
deve dar às crianças em geral é o ensino oral do
Espiritismo, preparando-as para uma vida bem orientada pelo conhecimento
doutrinário, sem qualquer excitação prematura das
faculdades psíquicas, que se desenvolverão no tempo devido.
Nos casos tratados no item 7 temos o desenvolvimento espontâneo,
que é diferente. (Nota de J. Herculano Pires)
(3) Nas traduções em geral repetem a expressão
francesa développement moral, mas a palavra moral não
tem entre nós a mesma amplitude de sentido do francês.
Não se trata de desenvolvimento moral, segundo geralmente entendemos
a expressão, mas do desenvolvimento psíquico da criança,
como o próprio texto o indica. (Nota de J. Herculano Pires)
(4) O texto francês se refere a circonstances lant riu tempérament
que du caractere, expressões que têm sido traduzidas
literalmente, mas que não possuem em português o mesmo
sentido. (Nota de J. Herculano Pires)
(5) Há livros inteiros, de médicos eminentes, atribuindo
ao Espiritismo a causa da maioria dos casos de loucura. Kardec, entretanto,
já havia advertido, desde a publicação de O
Livro dos Espíritos, em 1857, que a causa real
não está nas ideias ou nas crenças da pessoa, mas
na sua condição mental ou cerebral. O seu conselho de
precauções na prática da mediunidade serviu, embora
a contra-senso, para fundamentar as acusações contra o
Espiritismo. Hoje, felizmente, nos meios científicos atualizados,
chegou-se à compreensão da verdade ensinada por Kardec.
As pesquisas parapsicológicas, por sua vez, vêm confirmando
a tese kardeciana. Só o fanatismo ou a ignorância podem
justificar hoje a repetição dessas acusações
absurdas. (Nota de J. Herculano Pires)
Fonte: http://aeradoespirito2.sites.uol.com.br/Estudos/INCONV_E_PERIG_DA_MEDIUN.html
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Retorno
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Em co-autoria:
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