Espiritualidade e Sociedade





Bianca Cirilo

>   O transtorno de pânico na visão espírita - Algumas considerações

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Bianca Cirilo
>   O transtorno de pânico na visão espírita - Algumas considerações

 

 

A perspectiva do Espiritismo nos traz uma postura privilegiada em termos da forma como o espírita aprende e desenvolve seu conhecimento doutrinário. Isto significa que epistemologicamente somos levados a estudar unindo três campos fundamentais: científico, filosófico e religioso, criando obrigatoriamente um tipo de didática intelectual e moral que nos estimula a agregar em nós a visão holística do ser imortal que somos.

Aprendemos tanto na intelectualidade quanto na moralidade através de recursos infalíveis ao engrandecimento de nossa alma, pois a pedagogia divina reúne de forma lógica e racional os instrumentos necessários para que o espírito desenvolva o autoconhecimento e o conhecimento das leis soberanas que regem a vida.

Sendo assim, a compreensão dos fatores psicológicos e transtornos que nos acometem dentro de uma orientação espírita deve acontecer sempre considerando uma visão de homem transcendente que traz em si uma herança intelecto-moral complexa, fruto de milenares experiências subjetivas sempre na interface com as Leis de Deus, ora mais ou menos próximo delas.

Quanto mais nos negamos a absorver o Amor que vem de Deus na nossa direção mais nos sentimos órfãos da afetividade divina e da proteção indefectível das leis morais e físicas que nos servem de escora e parâmetro de análise sobre absolutamente tudo que nos acontece. Deus é o Senhor de tudo, a Soberania Intelectual e Ética do Universo que rege nossa vida íntima e coletiva com perfeição e maestria.

No percurso das vidas sucessivas, muitos vão se perdendo e a vivência do pânico como transtorno emocional de grave resolução é essencialmente definida de forma sucinta como sendo a desagradável sensação de total desproteção. O sentimento de estar exposto, comum à vivência do pânico, retira do espírito a força da fé que garante a ele o sentido da vida e o porquê da existência; o espírito sente-se apartado, desprovido da possibilidade de garantir-se seguro contra um temor existencial essencialmente relacionado ao medo da morte.

Vale ressaltar, porém que não podemos definir o pânico a partir de uma sintomatologia única; há, logicamente, toda uma complexidade que podemos começar a compreender através da contribuição de Joanna de Ângelis. A autora espiritual nos fala sobre o mito do deus Pan como simbolismo da crise, tendo em vista que se trata de um deus da mitologia grega cuja metade era humana e a outra metade era cabra. Sua aparência horrenda espantava aqueles que desejavam se aproximar de onde ele via. Tal forma assustadora produzia tamanho medo evoluindo para o pânico.

Não confundamos o transtorno de pânico, contudo, com outras fobias sociais, onde há indescritíveis picos de alta angústia. Do ponto de vista científico, o transtorno de pânico, apesar de trazer também um alto grau de ansiedade, não seria um transtorno de ansiedade generalizada, por exemplo, pois, no caso do pânico há, necessariamente, um componente relacionado ao medo da morte, agravado pela tradução dos sintomas físicos, lidos, comumente, pelo indivíduo como prenúncio de algo trágico, acompanhado do forte medo de passar mal e não ser socorrido, geralmente.

Segundo definição psiquiátrica: “O diagnóstico do Transtorno de Pânico (TP) é baseado na existência de três síndromes clínicas importantes: o ataque de pânico, a ansiedade antecipatória e a esquiva ou evitação fóbica”. (VALENÇA, 6:2013).

Conforme a visão espirita, sabemos que tal distúrbio refere-se ao desencontro com as leis soberanas, de acordo com Joanna de Ângelis, compondo assim um quadro que envolve fatores relacionados à fisiologia inclusive, ou seja, o espírito imprime em si uma predisposição ligada à propensão ao medo exacerbado, devido a fatores de outras vidas que configuraram compromissos frente à desconsideração das Leis Divinas. Contudo, tal predisposição não tem poder de ser transmitida pela hereditariedade e afetar os descendentes; ela se refere a um reflexo na fisiologia do perispírito do espírito devido às suas ações, uma espécie de “herança” fisiológica dos próprios atos em desalinho.

Há também aspectos relacionados à infância e vivências potencializadoras da insegurança e da dificuldade de sentir-se protegido e amparado para o enfrentamento das situações comuns da existência. Ainda nessa lógica, aspectos da convivência familiar que criaram dúvidas sobre a certeza de ser amado assim como chantagens emocionais contribuem para deflagrar o quadro deste transtorno, perturbando o autoconhecimento e a segurança acerca do merecimento do afeto.

Por fim, ressaltamos que nesta psicodinâmica aflitiva, o medo deixa de ser um sentimento necessário à autodefesa e fundamental para preservação da vida e passa a ganhar uma conotação patológica. Neste percurso doloroso, o espírito vai tentando, na verdade, se equilibrar frente à Lei de Deus, contudo lidando com um alto tributo que contraiu contra si mesmo. Por isso, torna-se sempre fundamental lançar mão do recurso do autoperdão e da retratação com a própria consciência para não mais utilizar-se de processos autodestrutivos tão lesivos à tessitura anímica, a fim de que, assim, a marcha na direção da felicidade legítima e urgente seja acelerada e conquistada o quanto antes.

 

 

 

Referências Bibliográficas:

FRANCO, D.P. Síndrome de Pânico. Amor Imbatível Amor. pelo Espírito de Joanna de Ângelis.

Transtorno de Pânico: aspectos psicopatológicos e fenomenológicos. Revista Debates em Psiquiatria. http://www.abp.org.br/download/ revista_debates_16_web.pdf.
Ano 3, nº 4, 2013. (pp 6-10) da Lei de conservação da matérda química

 

 

Fonte: https://celd.xyz/wp-content/uploads/09-Revista_CELD_Setembro_2017.pdf

 

 

 

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