Espiritualidade e Sociedade





Bianca Cirilo

>   Gratidão - Sentimento que nos une a Deus

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Bianca Cirilo
>   Gratidão - Sentimento que nos une a Deus

 

 

Diariamente, somos convidados a refletir sobre a condução que estamos dando às nossas vidas. Revisitando afetos, percebemos consciente ou inconscientemente que a vida é feita de vínculos que, por sua vez, são escadas para o alcance de valores maiores, desenvolvendo em nós a capacidade de se relacionar melhor com o outro e conosco.

Vínculos são ferramentas divinas que expressam a lei de sociedade, atuando na contribuição do uso de nosso livre-arbítrio em favor da melhoria da convivência, logo, aprender a se vincular também representa aprender a se desvincular, ensaiando assim a capacidade de dedicação e de renúncia, simultaneamente. Ora estamos ligados a pessoas e situações e ora estamos tendo que nos desligar de circunstâncias e de entes queridos.

Neste processo de construção da afetividade equilibrada, das relações interpessoais e da vida coletiva, ligando-se e desligando-se conforme nossa necessidade de progresso, precisamos atentar sobre a importância de desenvolvermos a gratidão como sentimento, por excelência, diante da vida. Isso significa dizer que vinculações e desligamentos, assim como tudo que nos acontece como espíritos, devem ser lidos como oportunidade de crescimento interior, logo, agradecer a Deus, por absolutamente tudo que nos acontece, é exercitar o reconhecimento do investimento altíssimo que ele faz em cada um de nós, em cada ser que ele cria e submete às suas Leis.

Já nos damos conta das razões indiscutíveis que temos para agradecer ao nosso Criador?

Vejamos algumas apenas: a imortalidade como certeza segura de que jamais seremos destruídos ou aniquilados em nossa existência espiritual. Não importa o que nos aconteça ou o teor da dor que tenhamos que experimentar, já que jamais nos perderemos, pois como espíritos imortais nossa história será sempre gravada por nós e em nós mesmos como patrimônio inalienável, significando que nada do que aprendemos se perde ou é inutilmente vivenciado.

Agradecer pela possibilidade de nunca ter nossa essência da vida aniquilada é criar em nós a base maior para continuarmos caminhando mesmo em meio às dores que nos assaltam. Isso porque as dores, nesta perspectiva da lógica espírita, ganha outra configuração, isto é, não mais como martírio improdutivo, mas sim como alerta sobre o quanto temos que abandonar hábitos de desrespeito a nós mesmos e retomar o caminho legítimo de amor.

Daí, precisamos então, aprender a agradecer a dor: outro aspecto que nos dá razão para louvar a Deus como Inteligência que nos preside a vida. Seria isso masoquismo? Certamente que não, pois desenvolver a gratidão pelo que nos chega e nos causa desconforto inevitável regido pela lei de causa e efeito é o convite para que reflitamos sobre como temos utilizado nossa liberdade de pensar, de agir e de sentir. Se a dor nos chega, ela traz sempre um recado e, graças a ela, vamos exercitando a necessidade de auto-amor e de melhor escolher o que é conveniente à nossa paz.

Ser grato pelo que nos constrange e, muitas vezes, fere a nossa sensibilidade é ter a certeza de que a lei de causa e efeito nos alivia, em seu mecanismo de cura de nossas mazelas espirituais. Com isso, atentamos para mais uma razão de sermos gratos a Deus: a bênção da reencarnação, do recomeçar quantas vezes forem necessárias para que construamos a felicidade dentro de nós. Sendo essa a lei, por que continuamos tão apegados, tão controladores, tão infelicitados, reiterando que os motivos de nosso desencontro estaria fora e não dentro de nós?

Destacamos o pensamento de Joanna de Ângelis:

Quando o Espírito alcança o objetivo do seu significado imortal e entende-o com discernimento lúcido, abençoa tudo e todos, agradecendo-lhes a oportunidade por fazer parte do seu conglomerado.

A autora espiritual nos fala sobre lucidez, sobre, portanto, discernir de forma clara, ou seja, analisar tudo que nos acontece como bênçãos, pois são meios de nos fazer mudar de estágio evolutivo pelo esforço de vencer em nós o que nos afasta das Leis Divinas e nos traz o prolongamento desnecessário do sofrimento.

A gratidão vê em tudo, então, as chances de melhoria, porque nossas experiências são todas aproveitadas como fonte de aprendizado, como formas de desnudar potencialidades. Há momentos melhores para desenvolver nossas potências do que quando somos desafiados a lutar, a superar obstáculos? Agradecer, sim, pelas lutas, agradecer pelas bênçãos que nos aliviam, agradecer pelos recursos que nos são dados continuamente, eis aí o segredo para estarmos cada vez mais em paz com o sentido maior da existência. Nesta lógica, sendo tudo aproveitado como estímulo à nossa contínua jornada de encontro com Deus em nós, haveria alguma coisa que não nos fizesse bem ou será que o bem que, muitas vezes, não percebemos nos momentos de contrariedade seria porque esquecemos o que, afinal, estamos fazendo aqui e, portanto, qual o propósito da vida?

Agradeçamos a Deus pelas suas leis perfeitas que nos dão total garantia, pelo amor que nos sustenta e pela ininterrupta possibilidade de viver sob o seu amparo infinito. Sendo assim, é impossível se perder!

 

 

Referências Bibliográficas:
FRANDO, D, P. Psicologia da Gratidão. Pelo Espírito de Joanna de Ângelis. Salvador: Leal, 2014. (Série Psicológica, volume 16).

 

 

 

Fonte: https://celd.xyz/wp-content/uploads/07-Revista_CELD_Julho-2017.pdf

 

 

 

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