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Gêmeos Siameses numa análise espírita Artigos, teses e publicações
Jorge
Hessen
> Os Gêmeos Siameses numa análise espírita
Sobre os Espíritos encarnados na condição
de gêmeos siameses ou xifópagos (1),
lembramos que tradicionalmente o termo siamesa surgiu no século
XIX, no ano de 1811, com o primeiro caso no mundo ocorrido com os
irmãos Chang e Eng Bunker (origem de Siamesa, atualmente
Tailândia) – decorre daí o termo siameses. Chang
e Bunker foram conduzidos para a Inglaterra e posteriormente para
os Estados Unidos. Por uma questão de programação
espiritual, e nem poderia ser diferente, os dois desencarnaram no
mesmo dia, com poucas horas de diferença, aos 63 anos, estabelecendo
um recorde de sobrevida entre os gêmeos siameses.
Pelas leis reencarnatórias, num só corpo não
há como reencarnar mais que um Espírito. Todavia,
no caso dos seres siameses, existem dois espíritos em corpos
unidos biologicamente (grudados), com dois cérebros (dicéfalos),
dois indivíduos, duas mentes.(2)
Nas reencarnações os Espíritos
simpáticos aproximam-se por analogia de sentimentos e sentem-se
felizes por estar juntos. Os seres que não se toleram nesse
caso se repulsam e são infelizes no convívio. É
da Lei! Nos casos dos gêmeos siameses, do ponto de vista reencarnatório,
que razões levariam a justiça divina permitir tais
anomalias físicas? Por que esses espíritos necessitam
permanecer algemados biologicamente, compartilhando órgãos
e funções orgânicas, sabendo que nada nos é
mais intrínseco (íntimo) e pessoal que o organismo
físico?
Os xifópagos, via de regra, são dois espíritos
ligados por cristalizados ódios, construídos ao longo
de muitas reencarnações, e que reencarnam nestas condições,
raramente por livre escolha e nem por punição de Deus
(aliás, Deus não pune, nem castiga, apenas corrige
suas criaturas), mas por uma espécie de determinismo originado
na própria lei de Ação e Reação
(Causa e Efeito), que os hindus denominam de “karma”.
Alternando-se as posições como algoz e vítima
e, também, de dimensão física e extrafísica,
constrangidos por irresistível atração de ódio
e desejo de vingança, buscam-se sempre e culminam se reaproximando
em condições comoventes, que os obriga a compartilhar
até do mesmo sangue vital e do ar que respiram.
A vida física dolorida possibilitará
que ambos os espíritos, durante a experiência anômala
no corpo carnal, finquem laços de união e sustentação
moral, catalisando sentimentos de amizade, fraternidade e início
provável de reconciliação pelo perdão.
Ainda mesmo entre espíritos
afins ou simpáticos, a experiência descrita deverá
ser uma vivência muito dolorosa, inobstante ambos aceitarem,
ou serem forçados a cumprir juntos, visando amenizar traumas
morais do passado para robustecer a reaproximação
necessária agora e no futuro.
Muitas vezes não é
possível, de imediato, dissolverem-se essas vinculações
anômalas a fim de que haja total recuperação
psíquica dos infelizes protagonistas. No decorrer dos anos,
a imantação se avoluma, tangendo dimensões
cruciais de alteração do corpo perispiritual de ambos.
A analgesia transitória, pela comoção de consciência
causada pela reencarnação, poderá impactar
e recompor os sutis tecidos em desarranjo da alma enferma.
Nessas reflexões doutrinárias
não há como desconsiderar que os pais são invariavelmente
co-participantes do processo, até porque são os vínculos
solidários do passado que os impõe a experienciar
o drama da vida atual com os filhos. Não podemos afirmar
que são vítimas ingênuas de uma lei natural
injusta e arbitrária. O reencontro comum pelas afinidades
que atraem pais e filhos por simbiose magnética apenas retrata
os lídimos mecanismos da lei de causa e efeito à qual
todos estamos submetidos.
A proposta espírita da questão
aponta para algumas soluções que podem contribuir
cientificamente com a psicologia e a medicina de hoje e de amanhã,
considerando o tratamento. A prática da prece e da doação
de energias magnéticas através do passe, por exemplo,
são recursos adequados e indispensáveis para despertar
consciências e minimizar os traumas psicológicos. Soluções
essas que para eles (xifópagos) se descortinam eficazes,
iluminando-lhes a consciência para a necessidade da efetiva
reconciliação, arrostando a união pelo laço
indestrutível e saudável do amor.
Referências
(1) A nomenclatura provém de xifóide
que é o apêndice terminal do osso esterno (com s ), situado
na frente do tórax onde se unem as costelas, isto porque muitos
dos xifópagos estudados eram unidos por esta parte do corpo.
(2) Quando dois espíritos são jungidos
à psicosfera materna e ulteriormente ao fluido vital do óvulo,
ocorrendo a fecundação, o zigoto (óvulo fecundado)
sob a influência das energias espirituais diferentes tende a se
repartir. No início da embriogênese quando o ovo inicia
sua multiplicação, há em face da presença
de dois espíritos, a separação em duas células
que formarão dois corpos-filhos. Na circunstância normal
quando há duas entidades espirituais ligadas ao ovo (óvulo
fecundado), a dita separação determina o surgimento de
gêmeos idênticos (univitelineos). Todavia, em se tratando
de xifópagos, ambos permanecem grudados durante a gestação
consubstanciando na ligação física entre os dois
corpos. Muitas vezes essa ligação pode se efetuar através
de órgãos vitais obstando a intervenção
cirúrgica sem risco de morte para os xifópagos.