O “movimento espírita”
está indesejavelmente fracionado. Têm surgido várias
correntes ideológicas estranhas e muitos reformadores (“progressistas”)
interpretando Kardec equivocadamente. Querem adaptar o Espiritismo
aos seus pendores a invés de se adaptarem à Terceira
Revelação.
Existem grupos (Ligas, Uniões etc.) alavancados na difusão
das chamadas “campanhas do quilo” (atualmente bem arrefecidas)
impondo ao movimento doutrinário práticas inspiradas
nas supostas curas “desobsessivas” por corrente magnética
e choques anímicos, apometrias e outras..., contrariando o
projeto dos Espíritos, segundo a Codificação.
Há um inusitado “movimento laico”, repudiando o
aspecto religioso da Doutrina. Aliás, o projeto de tal segmento
é a extinção da pergunta 625 (1)
do Livro dos Espíritos. Têm aversão e não
aceitam, nem com “reza braba”, a liderança de Jesus
nos destinos do Planeta. Tais títeres da ilusão e “laicos”
não querem nem ouvir falar da tal CARIDADE. Desfraldam a bandeirola
da retórica do “livre-pensamento”, utilizando o
paradigma da “surrada dialética” almejando tumultuar
o movimento espírita brasileiro.
Não há como deixar de citar o tal “movimento de
unificação” liderado por algumas federativas (aqui
fazemos ressalva à Federação Espírita
do Paraná), propondo incompreensível hierarquização
no movimento espírita, submetendo os espíritas à
sua ordem quase sempre promovendo e comercializando livros de conteúdos
estranhos e autores de reputação moral discutível,
além de promoções de encontros “espíritas”
não gratuitos. Urge sejam evitadas as apelações
para comercializações de livros espíritas caros,
agenciamentos de eventos doutrinários (não gratuitos),
lotações de hotéis e centros de convenções
com seminários e congressos (não gratuitos). Recordemos
que o ideal de União (diferente de Unificação
burocratizada) será projeto pouco produtivo enquanto ainda
existir nos centros e federativas as "panelinhas", as bajulação
e traições para conquistas de cargos.
Cresce o chamado movimento de “amigos de Chico Xavier e sua
obra”, objetivando supostamente a manter “acesa”
na mente dos espíritas “a vida simples e as obras do
médium mineiro”. Será que o lúcido Chico
Xavier aceitaria essas homenagens? DUVIDAMOS muito!. Também
nesses movimentos difundem livros e informativos de conteúdos
que merecem estudo e reflexão.
A Doutrina Espírita é pura e incorruptível, porém,
o movimento espírita é suscetível dos mesmos
graves prejuízos que dificultaram a ação do cristianismo
tradicional, hoje bastante fracionado. Como não se pode imaginar
o espírita com duas condutas divergentes, a conduta do homem
e a conduta do espírita, também não se pode imaginar
o movimento espírita, ora acontecendo segundo os preceitos
espíritas, ora segundo outros preceitos duvidosos, aceitos
equivocadamente no seu contexto em nome da tolerância piegas.
Allan Kardec é único. Espiritismo também, por
conseguinte. O mestre lionês sempre preconizou a unidade doutrinária.
Não há o menor espaço para compor com outras
idéias que não sejam, ou convergentes e em uníssono
com as suas, ou reflexos resplandecente destas. Unidade doutrinária
foi a única e derradeira divisa de Allan Kardec, por ser a
fortaleza inexpugnável do Espiritismo. Por isso, necessita
ser o nosso lema, o nosso norte, a nossa bandeira. Como conseguir?
O amor é a resposta.
Não há o amor quando se impõe teorias e práticas
exóticas, ou não afinadas com a simplicidade e pureza
dos trabalhos espíritas, comprometendo o projeto doutrinário.
Quem compreende essa situação deve trabalhar para modificá-la.
A via mais segura, para isso, é o amor incondicional, o esclarecimento,
o estudo, o convencimento pela razão e pela tolerância,
jamais pelos melindres tacanhos.
Os espíritas não são proibidos de coisa alguma,
mas sabendo que devem arcar com a responsabilidade de todos os atos,
conscientes do desequilíbrio que possam praticar. Não
podemos fingir que tudo está em ordem e harmônico às
mil maravilhas ou que somos sublimes cristãos. O Espiritismo
não aceita “donos da verdade”, até porque
a espiritualidade e Kardec ensinam que a Revelação Espírita
é progressiva, não estando completa em parte alguma
e nem precisamos fazer um esforço descomunal para nos cientificarmos
de que são raros os centros espíritas que podem se dar
ao luxo de praticar a mediunidade na sua mais pura acepção.
Em nome de um “Espiritismo plural”, consternamo-nos diante
de alguns centros espíritas que propõem aplicações
de luzes coloridas (cromoterapias) para higienizar auras humanas e
curar (pasmem!): azia, cálculo renal, coceiras, dores de dente,
gripes, soluços em crianças, verminose, frieiras. Se
não bastasse, recomenda-se até carvãoterapia
(?!) para neutralizar "maus-olhados". Nesse sentido, segundo
crêem, é só colocar um pedaço de tora de
carvão debaixo da cama e estaremos imunes do grande flagelo
da humanidade - o "olho comprido". Não satisfeitos,
ainda têm aqueles que “engarrafam” literalmente
os obsessores. Há as inusitadas piramideterapias, gatoterapia
(?) sobre isso, conheço alguém que possui cinco gatos
em casa para “atrair” as energias negativas, cristalterapias
e mais uma infinidade de terapias bizarras, aplicam-se, até,
passes magnéticos nas paredes dos centros para “descontaminá-las”.
Por falta de unidade doutrinária (repetimos) há dirigentes
promovendo casamentos, crismas, batizados, além das sempre
“justificadas” rifas e tômbolas nos centros, tribuna
para a propaganda político-partidária, preces cantadas.
Isso, para não aprofundar nos inoportunos trabalhos de passes
com bocejos, toques, ofegações, choques anímicos
(?), estalação dos dedos, palmas, diagnósticos
com uso de “vidência": sobre doenças e obsessões,
etc.
Desconfiemos de movimentos que não cultivam a simplicidade
e priorizam fenômenos mediúnicos, mandamentos, hierarquias.
Ajudemos a proscrever os Movimentos centrados na autoridade, na opressão,
na exclusão, na submissão, na discriminação,
na desqualificação de quem não abraça
o mesmo preceito.
O Cristo não tinha religião. Nós é que,
ao institucionalizar diferentes experiências espirituais, criamos
as religiões. Já que criamos o movimento religioso avaliemos
se a nossa doutrina é amorosa ou excludente, semeadoras de
bênçãos ou ainda se ajoelha diante do poder do
dinheiro.
Espírita-cristão deve ser o nome do nosso nome, ainda
mesmo que respiremos em aflitivos combates íntimos. Espírita-cristão
deve ser o claro objetivo de nossa instituição, ainda
mesmo que, por isso, nos faltem as passageiras subvenções
e honrarias terrestres.