Jorge
Hessen
> Resgates coletivos ante a Lei de Causa e Efeito
A jovem Baya Bakari, de 14 anos, foi
a única sobrevivente do Airbus A310, da empresa Yemenia Air,
que caiu no Oceano Índico, pouco antes do pouso nas Ilhas
Comores, com 153 pessoas a bordo. Temos notícia de outros
acidentes aéreos que tiveram, também, um único
sobrevivente, a exemplo de Vesna Vulovic, aeromoça sérvia,
que, no momento em que a aeronave sobrevoava a ex-Tchecoslováquia,
resistiu à explosão, supostamente, causada por atentado
terrorista, em janeiro de 1972. (1)
Dias antes, na véspera do Natal de 1971, um avião
de passageiros, também, explodiu, depois de ser atingido
por um raio, ao sobrevoar a Amazônia peruana. Todos morreram,
à exceção da jovem Juliane Koepcke, de 17 anos,
que caiu de uma altitude de 3 mil metros, aproximadamente, ainda
presa ao seu cinto de segurança. (2)
História semelhante é a de George Lamson Jr, que tinha
17 anos, quando sobreviveu à queda do Lockheed L-188, Electra
da Galaxy Airlines, matando outras 70 pessoas a bordo, em janeiro
de 1985. Os episódios de sobreviventes nessas circunstâncias
incluem o de uma criança, de quatro anos, que escapou da
queda do voo 255, da Northwest Airlines, em agosto de 1987, em que
mais de 150 pessoas morreram no acidente, segundo os organizadores
de um memorial pelas vítimas da catástrofe. Em 1995,
uma menina, de nove anos, foi a única sobrevivente da explosão,
em pleno ar, de um avião, na Colômbia. Em 1997, um
menino tailandês escapou de um acidente, que matou 65 pessoas,
durante um voo da Vietnam Airlines. Em 2003, uma criança,
de três anos, foi a única sobrevivente de um acidente
aéreo, no Sudão, que matou 116 pessoas. Lamentemos,
sem desespero, quantos se fizerem vítimas de desastres que
nos confrangem a alma, pois nada acontece sem que Deus consinta.
Esses fatos nos remetem a refletir sobre as idéias dos cientistas
materialistas que creem que a sobrevivência “não
é uma questão de destino”, pois mais de 90%
dos acidentes aéreos têm sobreviventes, hoje em dia,
graças aos “avanços tecnológicos”
(!!!...). Mas, a justificativa de “avanços tecnológicos”
não explica as causas de uns morrerem e outros sobreviverem
na mesma cena trágica.
Como se processa a convocação de encarnados para uma
desencarnação coletiva? Qual a explicação
espiritual para o fato de pessoas saírem ilesas das catástrofes,
algumas, até mesmo, desistindo da viagem ou, então,
perdendo o embarque, em transportes a serem acidentados? As respostas
são baseadas nas premissas de que o acaso não pode
reger fenômenos inteligentes e na certeza da infalibilidade
da Lei Divina, agindo por conta de espíritos prepostos, sob
a subordinação das entidades superiores. “A
cada um será dado segundo as suas obras”. Ensinam os
espíritos, mediante comparação simples, mas
de forma altamente significativa, que justiça sem amor é
como terra sem água.
O pensamento da espiritualidade superior sobre o tema significa
que a justiça é perfeita, porque Deus a fez assistida
pelo amor, para que os endividados não sejam aniquilados.
A Doutrina dos Espíritos, embasada em O Livro dos Espíritos,
não respalda a idéia de fatalidade, tratando especificamente
do assunto, merecendo, por isso, leitura e reflexão.
(3)
Então, qual a finalidade desses acidentes que causam a morte
conjunta de várias pessoas? Como a Justiça Divina
pode ser percebida nessas situações? Por que algumas
pessoas escapam, como vimos acima? Lembrando que fatalidade, destino
e azar são palavras sempre citadas em situações
como essas, vejamos como os Espíritos nos esclarecem: “Fatalidade”,
“Destino” e “Azar” são palavras que
não combinam com a Doutrina Espírita, da mesma forma
a palavra “sorte”, usada para aqueles que escapam desse
tipo de situação.
Que conceitos estão por trás dessas palavras? O Livro
dos Espíritos explica, dentre outras informações
a respeito, que “a fatalidade só existe no tocante
à escolha feita pelo Espírito, ao encarnar, de sofrer
esta ou aquela prova; feita a escolha, ele traça, para si
mesmo, uma espécie de destino, que é a própria
conseqüência da posição em que se encontra.
Em verdade, “fatal”, no verdadeiro sentido da palavra,
só o instante da morte. Chegado esse momento, de uma forma
ou de outra, a ele não podemos fugir”.
(4) Em chegando a hora de retornar
ao Plano Espiritual, nada nos livrará e, inconscientemente,
guardamos em nós o gênero de morte que nos aguarda,
pois isso nos foi revelado quando fizemos a escolha desta ou daquela
existência. Não nos esqueçamos de que somente
os acontecimentos importantes, e capazes de influir nossa evolução
moral, são previstos por Deus, porque são úteis
à nossa purificação e à nossa instrução.
Nas mortes coletivas, como os casos tão dramáticos
ocorridos nos recentes desastres aéreos, somente encontraremos
uma justificativa lógica para os respectivos acontecimentos,
se analisarmos, atentamente, as explicações que só
a Doutrina Espírita nos fornece, para confirmar que, até
mesmo nesses DESASTRES, a Lei de Justiça se faz presente,
pois, como nos afirma o Codificador, não há efeito
sem que haja uma causa que o justifique.
Todos os nossos irmãos que pereceram, em desastres aéreos,
carregavam, na alma, motivos para se ajustarem com a Lei Maior,
a fim de quitar seus débitos com a Justiça Divina,
que não falha jamais, encontrando, aí, a oportunidade
sublime do resgate libertador. “Salvo exceção,
pode-se admitir, como regra geral, que todos aqueles que têm
um compromisso em comum, reunidos numa existência, já
viveram juntos para trabalharem pelo mesmo resultado, e se acharão
reunidos ainda no futuro, até que tenham alcançado
o objetivo, quer dizer, expiado o passado, ou cumprido a missão
aceita”. (5)
Vamos encontrar em o livro Chico Xavier Pede Licença, no
capítulo 19, intitulado “Desencarnações
Coletivas”, as sábias explicações para
o fenômeno das mortes coletivas, quando o benfeitor Emmanuel
responde pergunta endereçada a ele, por algumas dezenas de
pessoas, em reunião pública, realizada na noite de
22/08/1972, em Uberaba, MG, e que aqui transcrevemos: “Sendo
Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas
pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos de incêndios
(e de quedas de aeronaves)? Responde Emmanuel -” Realmente,
reconhecemos em Deus o Perfeito Amor, aliado à Justiça
Perfeita. “E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz
consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão
disso, em qualquer situação, no mais severo julgador
de si próprio”. (6)
Como se processa a provação coletiva [resgate]? O
mentor do Chico esclarece: “Na provação coletiva,
verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados,
participantes do mesmo débito, com referência ao passado
delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações,
funciona, então, espontaneamente, através dos prepostos
do Cristo, que convocam os comparsas da dívida do pretérito
para os resgates em comum, razão porque, muitas vezes, intitulais
“doloroso caso” às circunstâncias que reúnem
as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona
a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações,
no quadro dos seus compromissos individuais”. (7)
Diante de tantos lúcidos esclarecimentos, não mais
podemos ter quaisquer dúvidas de que a Justiça Divina
exerce sua ação, exatamente, com todos aqueles que,
em algum momento, contrariaram a harmonia da Lei de Amor e Caridade
e, por isso mesmo, cedo ou tarde, defrontar-se-ão, inexoravelmente,
com a Lei de Causa e Efeito, ou, se preferirem, com a máxima
proferida pela sabedoria popular: “A semeadura é livre,
mas, a colheita é obrigatória”.
É importante destacar que, em O Evangelho Segundo o Espiritismo,
o mestre lionês assinala: "Não se deve crer, entretanto,
que todo sofrimento, porque se passa neste mundo, seja, necessariamente,
o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente,
de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação,
para acelerar o seu adiantamento” (8).
Diante do exposto, afirmamos que a função da dor é
ampliar horizontes, para, realmente, vislumbrarmos os concretos
caminhos amorosos do equilíbrio. Por isso, diante dos compromissos
“cármicos”, em expiações coletivas
ou individuais, lembremo-nos sempre de que a finalidade da Lei de
Deus é a perfeição do Espírito, e que
estamos, a cada dia, caminhando nessa direção, onde
o nosso esforço pessoal e a busca da paz estarão agindo
a nosso favor, minimizando, ao máximo, o peso dos débitos
do ontem.
Referências bibliográficas:
(1) Vesna, que recebeu um prêmio da organização
Guinness World Records pela "mais alta queda do espaço sem
paraquedas", despencou de mais de 10 mil metros de altitude junto
com uma parte da fuselagem do avião, para cair nos montes nevados
da hoje República Checa.
(2) Acredita-se que os fortes ventos que sopravam de baixo para cima
suavizaram a queda, fazendo o assento descer em espiral e não
em queda livre. A adolescente alemã passou 11 dias vagando na
selva, sem comida, em busca de civilização.
(3) Kardec, Allan. O Livros dos Espiritos, RJ: ed Feb, 1999, questões
851 a 867, do Livro III, capítulo X
(4) idem
(5) Kardec, Allan. Obras Póstumas, RJ: Ed Feb, 1993, Segunda
Parte, pág. 215, no Capítulo: Questões e problemas
(6) Xavier F Candido / Pires j. Herculano. Chico Xavier pede Licença,
no capítulo 19, “Desencarnações Coletivas”,
SP: Ed GEEM, 1972
(7) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditado pelo Espírito
Emmanuel, RJ: Ed Feb 1972, perg. 250
(8) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro:
Ed FEB, 2001, item 9, cap. V
Fonte: http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blog/show?id=2920723%3ABlogPost%3A2032437&xgs=1&xg_source=msg_share_post
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