José
Herculano Pires
> A Filosofia do Espírito
1. O ESPIRITISMO E A TRADIÇÃO
FILOSÓFICA
A Filosofia Espírita se apresenta,
no quadro geral das doutrinas filosóficas, e consequentemente
na própria História da Filosofia, como uma das formas
do Espiritualismo. No capítulo primeiro da "Introdução
ao Estudo da Doutrina Espírita", que inicia "O
Livro dos Espíritos", Kardec acentua: "Como
especialidade, o "Livro dos Espíritos"
contém a doutrina espírita; como generalidade, liga-se
à doutrina espiritualista, da qual apresenta uma das fases.
Essa a razão por que traz sobre o título as palavras:
Filosofia Espiritualista."
A definição de Kardec é absolutamente precisa.
O Vocabulaire Technique et Critique de la Philosophie,
de André Lalande, ao consignar a Filosofia Espírita,
com a denominação de Espiritismo, acentua o seu caráter
espiritualista. A seguir, ao tratar do termo spiritualisme,
esclarece que é impróprio chamar-se o Espiritismo de
Espiritualismo, como o fizeram e fazem os ingleses, e às vezes
os alemães. Porque o Espiritismo é apenas uma espécie
do gênero Espiritualismo, como o Marxismo, por exemplo, é
apenas uma espécie do gênero Materialista.
A tradição filosófica é quase toda espiritualista.
Referimo-nos hoje a doutrinas materialistas do passado, mas a verdade
histórica não nos autoriza a tanto. As correntes gregas
e helenísticas chamadas de materialistas, na verdade são
apenas naturalistas. Melhor lhes cabe a designação clássica
de hilozoístas (1), ou seja, de
filosofias da matéria-viva animada por um princípio
espiritual que escapa aos sentidos dos observadores. Os filósofos
gregos, que antecederam as grandes correntes espiritualistas da fase
socrática, são contemporâneos dos eleáticos
(2) e dos pitagóricos (3),
que construíram a metafísica grega, cuja essência
é o Ser, ou "aquele que é", segundo a definição
de Parmênides. As filosofias atômicas de Leucipo e Demócrito
estão muito longe do materialismo atual: são intuitivas
e racionais. Os sofistas gregos são "homens de razão",
que procuram pensar de maneira utilitária e acabam por se perder
na abstração das palavras.
Os materialistas (4) constituem, na História
da Filosofia, correntes modernas de pensamento. O que encontramos
na antiguidade é uma posição objetivista, diante
dos problemas do mundo e da vida, mas assim mesmo impregnada de metafísica.
Harald Hoffding, por exemplo, estabelece a seguinte diferença:
considera "materialismo primitivo" o dos filósofos
antigos, em comparação com o materialismo moderno. André
Lalande acentua a natureza metafísica do chamado materialismo
antigo. A própria concepção de matéria,
nos gregos, é de natureza ontológica, como também
acentua Lalande, advertindo ainda que devemos ter em conta as modificações
semânticas, ao enfrentar a "tendência à sistematização"
do pensamento filosófico.
A tradição filosófica é, portanto, espiritualista.
As grandes questões da Filosofia são metafísicas
e não físicas. O materialismo surge com o desenvolvimento
do pensamento científico, e isso se explica pela natureza das
ciências, que nada mais são do que a racionalização
das técnicas. Voltadas para o domínio da matéria,
as ciências fizeram o pensamento descer da metafísica
para a física. Daí a explicação de Augusto
Comte, de que "o materialismo é a doutrina que explica
o superior pelo inferior". O Espiritismo, no seu aspecto
filosófico, enquadra-se rigorosamente na tradição
filosófica. É uma filosofia do espírito, que
parte da essência espiritual para explicar a existência
material. Por isso, Kardec citou Platão como precursor do Espiritismo:
o mito da caverna, da filosofia platônica, é uma alegoria
espírita, mostrando a natureza efêmera e irreal da matéria,
em face da brilhante realidade espiritual.
Maurice Blondel explica que o termo Espiritualismo só apareceu
no século 17, empregado pelos teólogos, para designar
o falso misticismo, os exageros de espiritualidade ou religiosidade.
Era um termo pejorativo. Esse fato nos mostra a natureza espiritual
da tradição filosófica, onde jamais aparece a
discriminação moderna de espiritualistas e materialistas.
Blondel acentua que o termo Espiritualista passou a ser utilizado,
na época moderna, por "pessoas que mantêm comércio
com os espíritos e não se contentam de ser espíritas,
talvez porque o título de Espiritualista tem sido melhor empregado".
A verdade, porém, não é essa. A aplicação
do termo Espiritualista tem sido apenas um equívoco, pois o
termo Espiritismo só apareceu com Kardec, em meados do século
XIX. Anteriormente a Kardec, o uso do termo Espiritualista era obrigatório.
É natural que, posteriormente, os ingleses e os norte-americanos,
que não adotaram a obra de Kardec, continuassem a utilizar-se
da velha e insuficiente designação.
2. O PROBLEMA DO CONHECIMENTO
Já vimos, nos capítulos
anteriores, que o problema do conhecimento se apresenta como um processo
histórico, que se desenvolve através de fases sucessivas,
precisamente definidas. O que dissemos da tradição filosófica
reafirma essa tese. Ao estudar os horizontes culturais, vimos que
o conhecimento positivo só se tornou possível com a
superação das fases anímica, mítica e
religiosa, no momento em que as ciências começaram a
desenvolver-se. Kardec explica, no capítulo primeiro de "A
Gênese", que o Espiritismo só
poderia aparecer depois do desenvolvimento das ciências.
Que diríamos disso, ao lembrar que as ciências, segundo
vimos acima, deram origem ao materialismo?
A Filosofia Espírita é dialética: explica a realidade
através das suas próprias contradições.
O aparecimento das ciências e seu desenvolvimento colocaram
o homem diante da realidade objetiva. Essa realidade afugentou os
fantasmas da superstição, mas ao mesmo tempo facilitou
a compreensão do fenômeno mediúnico. Se, por um
lado, as pessoas mais apegadas ao plano físico negaram a existência
de vida além da matéria, por outro lado, as pessoas
mais desapegadas foram capazes de interpretar a mediunidade de maneira
racional. A consequência apresentou-se de maneira dupla: surgiu
o materialismo, mas surgiu também o espiritualismo científico.
O Espiritismo se apresenta, assim, como um processo gnoseológico
(5) especial, ou seja, como uma forma
especial do processo do conhecimento. Superadas as fases anteriores
da evolução, o homem se torna apto a captar a realidade
de maneira mais intensa. Desapareceram os embaraços da superstição,
e o campo visual do homem se tornou mais claro e mais amplo. Liberto
do temor de Deus e do Diabo, o homem se reconhece a si mesmo como
uma inteligência autônoma, atuante na matéria.
Ao reconhecer isso, percebe que a dualidade espírito-matéria,
anteriormente percebida de maneira confusa, esclarece-se. A inteligência
humana é um poder atuante, que supera também o mistério
da morte.
O desenvolvimento e o treinamento da razão através da
Idade Média, e a consequente eclosão do racionalismo
(6) na Renascença, liberto da
ganga das emoções primitivas e das elaborações
teológicas do misticismo, conferem ao homem a maturidade suficiente
para enfrentar a realidade como ela é. Os fenômenos anímicos
e mediúnicos do passado podem agora ser examinados de maneira
racional. A captação da realidade já não
é mais emocional. As categorias da razão definiram-se
e aguçaram-se, permitindo uma captação direta
do "aqui" e do "agora" existenciais, sem a mescla
das sensações confusas e das emoções turbilhonantes
do passado. A razão, dominando o caos das sensações
e das emoções, equaciona de novo a realidade psicofísica:
põe o psiquismo humano e a realidade exterior sobre a mesa,
para uma avaliação direta.
Surge, em consequência dessa nova forma de captação
e de julgamento do real, uma nova concepção do mundo.
Essa concepção é ao mesmo tempo crítica
e genética. Do ponto de vista crítico, ela julga o passado,
a antiga concepção e a antiga posição
do homem diante do mundo. Do ponto de vista genético, ela constrói
uma nova concepção e uma nova posição.
Lembrando ainda a lei dos três estados, de Augusto Comte, poderemos
dizer que a nova concepção se apresenta como uma síntese
da oposição dialética (7)
entre o "estado teológico" e o "estado positivo"
(8). Por isso mesmo é que a dualidade
de consequências, a que acima nos referimos, teria fatalmente
de ocorrer. Ao sair do "estado teológico" e entrar
no "estado positivo", o homem tinha fatalmente de elaborar
a sua concepção positiva do mundo, ou seja, a concepção
materialista. No mesmo instante, porém, esta concepção
surgia como oposição à concepção
teológica. O processo dialético se completa na síntese
espírita: a concepção espírita do mundo
reúne o misticismo teológico e o cientificismo positivo.
Daí a sua natureza de espiritualismo - científico.
Julgar o mundo é avaliá-lo. A concepção
espírita equivale, portanto, a uma reavaliação
do mundo. Diante dela, os antigos valores estão peremptos,
superados. Também para a concepção materialista,
os antigos valores tinham perecido. O materialismo substituíra
os valores espirituais e morais pelos valores utilitários.
Mas o Espiritismo reformula os dois campos e modifica a posição
de ambos. Os valores espirituais são reconduzidos ao primado
do espírito, mas os valores morais e materiais não são
desprezados ou subestimados, como na antiga Mística. Há
um novo critério valorativo: a lei de evolução.
Este critério substitui, por um processo de síntese
dialética, os dois critérios que anteriormente se opunham:
o salvacionista e o pragmático. A salvação não
está mais na fuga a o utilitário, mas no bom uso do
utilitário, em favor da evolução.
A axiologia espírita não é antropológica.
Sua escala de valores não funciona em relação
ao homem, mas à realidade universal. É o que vemos,
por exemplo, nesta afirmação de Kardec, em seu comentário
ao item 236 de "O Livro dos Espíritos":
"Nada existe de inútil na Natureza; cada coisa tem
a sua finalidade, a sua destinação." As coisas
valem, não em referência aos interesses passageiros do
homem, mas em referência ao processo cósmico de evolução,
dentro do qual o homem se encontra como uma forma passageira do Espírito.
Este é imortal, e por isso mesmo sabe que as circunstâncias
não podem determinar uma escala real de valores. O próprio
homem vale pelo quanto evolui, e não pelo que é ou pelo
que aparenta ser, num dado momento.
Essa nova axiologia tem suas consequências no plano da cosmologia
e da cosmogonia. Na cosmologia, Kardec afirma: "Todas as leis
da Natureza são leis divinas." (cap. 1 de "O
Livro dos Espíritos.") A estrutura de leis
naturais do cosmos não se restringe ao plano físico,
porque é uma estrutura global, que abrange, segundo os termos
da moderna ontologia do objeto, todas as regiões ontológicas.
A cosmologia espírita é íntegra, e não
dualista. É um todo, em que não há sobrenatural
e natural, pois o cosmos é um processo único. Na cosmogonia
é que vai surgir o dualismo, porque o cosmos aparece como criação.
Temos então a dualidade Criador e Criatura. Mas essa dualidade,
mesmo no plano cosmogônico, que pertence à religião
espírita, explica-se como causa e efeito, numa espécie
de polaridade, que, segundo advertem os Espíritos, nossa inteligência
atual não consegue apreender em sua verdadeira natureza. Não
obstante, a evolução nos assegura, desde já,
que a compreensão se tornará possível no futuro,
pois é dado ao homem saber, na proporção em que
ele cresce espiritualmente.
Chegamos assim a um aspecto da teoria espírita do conhecimento
que é de fundamental importância, porque resolve naturalmente
o velho problema filosófico dos limites do saber, e resolve
até mesmo o impasse a que, nesse terreno, chegou o pensamento
kantiano. Para a Filosofia Espírita, não há zonas
interditas ao conhecimento humano. O saber metafísico é
tão possível quanto o racional. A própria razão
transcende os limites de suas categorias, na proporção
em que novas experiências lhe vão sendo acessíveis.
O homem é um processo, e na proporção em que
se desenvolve, supera-se a si mesmo, superando as suas limitações.
A interdição às zonas superiores do conhecimento
não decorre de nenhuma determinação misteriosa,
e nem mesmo de qualquer espécie de incapacidade, mas apenas
da falta de crescimento, de desenvolvimento, de evolução
e maturação do homem.
O problema das origens é, por enquanto, de ordem religiosa,
ou como Kardec prefere dizer: moral. Deus criou o mundo, mas como
e por quê, ainda não o podemos saber. O que sabemos,
sem dúvida possível, é que o mundo existe e nós
existimos nele. A Filosofia Espírita parte dessa realidade
existencial, para investigar as suas dimensões, que não
se restringem ao simples existir, mas se ampliam no evoluir, no vir-a-ser.
O que sabemos é que o homem, como todas as coisas, evolui,
e que o destino do homem é transcender-se a si mesmo.
3. DETERMINISMO E LIVRE-ARBITRIO
Colocados assim os termos da equação
filosófica, enfrentamo-nos novamente com o velho problema do
determinismo e do livre-arbítrio. Admitida a existência
de Deus, como "inteligência suprema e causa primária
de todas as coisas" - admitida essa existência com
a mesma evidência com que ela se apresenta no hegelianismo (9)
e no cartesianismo (10) - e admitida,
da mesma maneira, a existência de uma lei geral de evolução,
a que tudo se submete, inclusive o homem, resta saber se estamos ou
não diante da estrutura rígida do pensamento espinosiano
(11). Há liberdade para esse homem
que amadurece, que tem de amadurecer, queira ou não queira,
no processo evolutivo?
À primeira vista, a liberdade é impossível. O
Espiritismo parece ter dito antes do poeta Rainer Maria Rilke: "Deus
nos faz amadurecer, mesmo que não o queiramos." E
realmente o disse. Mas acrescentou: "Sem o livre -arbítrio,
o homem seria uma máquina." (Item 843 de "O
Livro dos Espíritos".) O homem é
livre de pensar, querer e agir, mas sua liberdade é limitada
pelas suas próprias condições de ser. O simples
fato de existir é uma condição. Dentro dessa
condição, porém, o homem é livre: pode
ser útil ou inútil, bom ou mau, segundo a sua própria
determinação. Existe, pois, uma dialética do
determinismo, que é ao mesmo tempo a dialética da liberdade.
Podemos colocar assim o problema: há um determinismo subjetivo,
que é o da vontade do homem, e um determinismo objetivo, que
é o das condições de sua própria existência.
Da oposição constante dessas duas vontades, a do homem
e a das coisas, resulta a liberdade - relativa da sua possibilidade
de opção e ação. O item 844 de "O
Livro dos Espíritos" nos propõe essa
tese de maneira simples, ao tratar do desenvolvimento infantil: "Nas
primeiras fases da vida a liberdade é quase nula; ela se desenvolve
e muda de objeto com as faculdades. Estando os pensamentos da criança
em relação com as necessidades da sua idade, ela aplica
o seu livre-arbítrio às coisas que lhe são necessárias."
Isso nos mostra que o homem não amadurece como o fruto, mas
como espírito. Na proporção em que a criança
amadurece, ela deixa de ser criança, para tornar-se adulto.
Assim, o homem, na proporção em que amadurece, deixa
de ser homem - essa criatura humana, contraditória e falível,
enleada nas ilusões da vida física - para tornar-se
Espírito. A morte, em vez de ser a frustração
do existencialismo sartreano (12), ou
o fim da vida, ou ainda o momento de mergulhar no desconhecido, de
toda a tradição religiosa, apresenta-se como o momento
de maturação e de alforria. Morrer, como o disse Victor
Hugo, não é morrer, mas simplesmente mudar-se.
A mudança do homem, entretanto, não é completa.
Ele não deixa de ser o que é. Sua essência permanece
a mesma. Perdendo a condição existencial terrena, ele
passa imediatamente para a condição existencial psíquica.
Nessa outra condição, terá de enfrentar o mesmo
processo de oposição dialética: de um lado, o
determinismo subjetivo da sua vontade, do seu próprio querer;
de outro, o determinismo objetivo das circunstâncias. Nestas
circunstâncias, porém, avultam as consequências
de seus atos na vida física, O que ele fez, a maneira por que
pensou, quis, sentiu e agiu, toda a trama das suas próprias
ações, agora o enleia. Como se vê, sua liberdade
ampliou-se, pois é ele quem agora se limita no exterior. As
circunstâncias em que se encontra foram determinadas pela sua
própria vontade. Isso lhe desperta a compreensão de
sua capacidade de agir, e consequentemente de sua responsabilidade.
É então que ele deseja voltar à existência
física, ao mundo em que gerou o seu próprio mundo espiritual,
a fim de reformar a sua obra. E já então, ao voltar,
aqui mesmo, no mundo material, ele não vem enfrentar apenas
a vontade estranha das coisas, mas também a sua própria
vontade, representada nas circunstâncias de uma vida apropriada
às necessidades do seu posterior desenvolvimento.
É assim que, pouco a pouco, o livre-arbítrio supera
o determinismo. A liberdade de se determinar a si próprio confere
ao homem o poder de criar. Ele cria o seu próprio mundo, as
suas formas de vida, o seu destino. A princípio, o faz de maneira
quase inconsciente, como a criança que se queima na chama da
vela, por querer pegá-la. Mas, depois, as experiências
o acordam para a plenitude consciencial de que ele deve desfrutar,
segundo o seu destino natural. Porque o destino do homem, no sentido
geral de sua posição no Universo, é ser deus.
Não no sentido de igualar-se à Inteligência Suprema,
mas de atingir a compreensão dessa Inteligência, integrar-se
no seu plano de vida e pensamento, participar de sua plenitude. Assim,
podemos dizer que o homem constrói o seu destino no plano do
contingente, mas no plano do transcendente o seu destino já
está determinado pelas leis universais.
Mas será apenas o homem que tem esse destino transcendente?
E os demais seres da Criação, para e por que existem?
O Espiritismo nos responde que o Universo é constituído
de dois elementos fundamentais, as duas substâncias cartesianas
- a rés cogitans ("coisa pensante") e a
rés extensa ("coisa extensa") - ou, em termos
espíritas: o elemento inteligente e o elemento material. Ainda
em termos cartesianos, mas já no plano do pensamento de Espinosa,
vemos que essa dualidade se resolve numa espécie de monismo
(13) tridimensional: inteligência
e matéria decorrem de uma fonte única, a que estão
subordinadas, e que é Deus. Por isso que Deus é inteligência
e causa. Como causa, o é de todas as coisas. Deus não
é assim uma concepção antropomórfica,
mas a hipóstase de Plotino. O Universo é hipostático:
primeiro, a hipóstase divina, que é Deus; depois, a
hipóstase inteligente, que é o Espírito; e, por
fim, a hipóstase material, que é a Matéria.
Essas três hipóstases (14)
não estão, porem, separadas, como as da concepção
plotiniana. Constituem apenas aspectos de um mesmo todo. E o que é
mais curioso, aspectos interpenetrados. E assim que Deus está
em tudo e tudo está em Deus, que a matéria existe desde
o início e que espírito e matéria estão
sempre relacionados. Como na doutrina de forma e matéria, em
Aristóteles, o espírito informa a matéria, e
esta, por sua vez, manifesta o espírito, e toda essa interação
se realiza em Deus, porque pela sua vontade e sob o poder constante
de suas leis. O fluido universal, na mecânica cósmica,
e o fluido vital, na mecânica biológica, são o
resultado dialético e ao mesmo tempo o elemento de aglutinação
de espírito e matéria. Assim, todos os seres, desde
a região ontológica mineral - segundo a terminologia
da moderna ontologia - até a região vegetal, a animal
e a hominal, estão todos integrados no mesmo processo e submetidos
às mesmas leis e ao mesmo destino. É o que vemos, por
exemplo, no final da resposta do item 540 de "O Livro
dos Espíritos": "É assim
que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até
o arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo. Admirável
lei de harmonia, que o vosso espírito limitado ainda não
pode abranger no seu conjunto!"
Bastaria perguntar como se explica a finalidade desse imenso processo.
Em que resultaria, afinal, esse desenvolvimento constante de tudo,
de todas as coisas, nos rumos da perfeição e da inteligência?
A pergunta, como responderia Gonzague Truc, não pode ser respondida
pela Filosofia, porque pertence à Mística. Mas o Espiritismo,
que admite o desenvolvimento da Filosofia até o plano da antiga
Mística e além dela - uma vez que admite o desenvolvimento
ilimitado da capacidade humana de compreender - responde com a nossa
incapacidade atual para abarcar a complexidade e as consequências
do processo cósmico, dentro do qual nos encontramos. Do nosso
ponto de vista atual, demasiado restrito, condicionado pela estreiteza
de nossas mentes, em funcionamento na aparelhagem de cérebros
animais, é impossível a compreensão daquilo que
poderíamos chamar, nos termos da filosofia aristotélica,
as causas finais.
Quando saímos do plano do pensamento, para examinar o problema
à luz das nossas possibilidades de expressão verbal,
maior ainda se revela a nossa incapacidade, diante de suas dimensões
conceituais. As deficiências da linguagem humana, assinaladas
por Kardec na "Introdução ao Estudo da Doutrina
Espírita", mostram quanto seria vã a nossa
pretensão de investigar o princípio e o fim das coisas.
Mas, ao mesmo tempo, o Espiritismo nos acena com as possibilidades
futuras, mostrando-nos como, a cada giro da Terra sobre si mesma,
o nosso avanço no tempo equivale ao desenvolvimento psíquico.
Compete a cada um de nós, e a todos nós em conjunto,
superarmos as nossas limitações, pelo nosso desenvolvimento
próprio e pelo desenvolvimento da Civilização.
(15)
4. O HOMEM NO MUNDO
A unidade essencial das leis que regem
o mundo oferece à cosmovisão espírita uma integridade
absoluta. O cosmos é uma unidade orgânica. O homem, integrado
nessa unidade, participando intimamente dela, deixa de ser a oposição
espiritual ao mundo material, que as formas clássicas de religião
e de filosofia nos apresentaram. O homem está no mundo como
parte do mundo. Sua posição de "projecto",
descoberta pelo existencialismo, coincide com a posição
do próprio mundo em que se integra. O "aqui" e o
"agora" assumem importância e significação
maiores que as das concepções existenciais, porque o
"aqui" e o "agora" espíritas não
estão apenas carregados de passado e prenhes do presente, mas
representam unidades sintéticas de tempo e espaço. O
lugar e o momento que passam equivale ao "point-d'optique' da
expressão feliz de Victor Hugo, no Prefácio de Cromwell:
é aí, nesse pequeno e translúcido espelho, que
se refletem o passado, o presente e o futuro não somente do
homem, mas de todo o cosmos.
Deus fala ao homem através de suas leis. Estas, que são
eterna s, representam a presença do imutável no mutável,
da eternidade na transitoriedade. O momento que passa não é
uma ilha no tempo, nem um ponto no espaço, mas um fluir: o
fluir da duração. Se o homem o compreender e o sentir,
estará pleno de felicidade. Ë o que vemos no item 614
de "O Livro dos Espíritos":
"A lei natural é a lei de Deus; a única verdadeira
para a felicidade do homem. Ela lhe indica o que ele deve fazer ou
não fazer, e ele só se torna infeliz porque dela se
afasta." E no item 617 esclarece: "Todas as leis
da Natureza são leis divinas, pois Deus é o autor de
todas as coisas. O sábio estuda as leis da matéria;
o homem de bem, as da alma, e as segue."
A razão dos sofrimentos e
da infelicidade, do desespero humano, é simplesmente a violação
das leis. Os espíritos foram criados "simples e ignorantes,
ou seja, sem conheci mento" (item 114 - "O Livro
dos Espíritos") e se destinam à perfeição,
onde atingirão "a felicidade eterna, sem perturbações".
Se todos seguissem naturalmente as leis de Deus, atingiriam a perfeição
sem dificuldades. Mas há um momento de queda. Não o
de Adão e Eva no Paraíso, mas o de cada um diante de
si mesmo, no processo natural do desenvolvimento. A aquisição
do conhecimento gera perturbações. Uns se deixam levar
pelas fascinações exteriores e pelo incitamento de outros,
desligando-se das leis naturais e criando suas próprias leis,
as da conduta artificial. "Esta é a grande figura
da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação
e outros a resistiram", diz o item 122 de "O
Livro dos Espíritos".
Isso, entretanto, não quer dizer que uns se perderam e outros
se salvaram. O próprio desvio das leis naturais é uma
experiência proveitosa. Porque os espíritos devem conseguir
a plenitude de consciência e conquistar a sabedoria, o que só
é possível através do uso do livre-arbítrio.
Por mais que um espírito se desvie, um dia chegará em
que ele terá de voltar à integração nas
leis naturais. Esse é o momento da "religião",
da volta do espírito à integração cósmica.
O item 126 do "O Livro dos Espíritos"
explica: "Deus contempla os extraviados com o mesmo olhar,
e os ama a todos do mesmo modo." Por outro lado, os que
seguiram as leis não escaparam ao processo evolutivo. Apenas,
nele integrados, podem segui-lo tranquilamente, em vez de lutarem
contra a correnteza e sofrerem as consequências da luta.
O homem no mundo é, portanto, um espírito em evolução.
Bom ou mau, virtuoso ou criminoso, pecador ou santo, ele está
"agora" e "aqui" para desenvolver-se, para realizar-se.
Qual o tipo humano ou divino que lhe pode servir de exemplo? O item
625 responde: "Vêde Jesus",
e Kardec explica: "Jesus é para o homem o tipo da
perfeição moral a que pode aspirar a humanidade na Terra."
Por que Jesus e não Buda? Porque o primeiro ensina ao homem
viver plenamente no aqui e no "agora", enfrentar o mundo
em vez de fugir a ele, realizar-se no presente em vez de protelar
a realização enclausurando-se e furtando-se às
experiências da vida. O homem está no mundo para vivê-lo.
É a lei. Só através dessa vivência ele
atingirá Deus. Fugir ao mundo para refugiar-se na ilusão
contemplativa é desertar da batalha necessária.
As religiões são formas de reintegração
do homem nas leis naturais, instituições sociais em
que se condensam as intuições espirituais que indicam
ao homem o caminho de volta a Deus. Sistemas pedagógicos, destinados
à reeducação das coletividades transviadas. Não
obstante, esses mesmos sistemas sofrem as influências negativas
dos espíritos que se afastaram das leis. Por isso, eles também
evoluem. As formas religiosas se sucedem no tempo, até o momento
em que elas mesmas deverão desaparecer, cedendo lugar à
religião pura, sem templos nem formalismos, à religião
em espírito e verdade, que cada consciência professará
por si mesma, independente de sistemas dogmáticos e organizações
sacerdotais. A lei de adoração, lei natural, será
o fundamento dessa religião assistemática, que o homem
do futuro instituirá na Terra.
O trabalho é lei natural (item 674), e através dele
o homem progride. Fugir ao trabalho é transgredir a lei. Trabalhar
é modificar-se e modificar o mundo, estabelecer a interação
necessária para o progresso geral. A lei de igualdade e a lei
de liberdade, unindo os homens, deverão conduzi-los à
prática da fraternidade. Esta se traduzirá plenamente
na lei de justiça, amor e caridade, que estabelecerá
na Terra um mundo superior ao de injustiça, ódio e egoísmo,
em que hoje vivemos. "O amor e a caridade - ensina Kardec
(Comentário ao item 886) - são o complemento da
lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe
todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse
feito. Tal é o sentido das palavras de Jesus: amai-vos uns
aos outros."
A Filosofia Espírita desemboca, assim, na Moral Espírita,
que não é outra senão a própria moral
evangélica, racionalmente explicada, inteiramente desembaraçada
das interpretações teológicas e místicas.
Essa moral não é apenas individual, mas também
coletiva. O bem reinará sobre a Terra, afirma o item 1.019
do "Livro dos Espíritos",
prevendo o advento de um novo mundo, que será construído
por uma humanidade regenerada. Caminhamos para lá, através
de todas as dificuldades e vicissitudes do presente. E é no
presente que temos a oportunidade de preparar o futuro. A moral espírita
se traduz, assim, na prática incessante do bem, única
maneira de vivermos bem na atualidade e criarmos o bem para o futuro.
NOTAS (PESQUISA
DO A ERA DO ESPÍRITO.NET):
(1) Hilozoísmo - do grego hyle, matéria,
e zoe, vida- é um termo que designa uma concepção
da matéria e, por extensão, de toda a natureza. Os hilozoístas
consideram que toda a realidade, inclusive a inerte, está dotada
de sensibilidade e, portanto, animada por um princípio ativo.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Hilozo%C3%ADsmo)
(2) Eleatismo - S. m. Antigo sistema filosófico
da escola de Eleia, que só admitia duas espécies de conhecimentos:
os que provêm dos sentidos e são apenas ilusão,
e os que provêm do raciocínio e são os únicos
verdadeiros. (http://www.dicio.com.br/eleatismo/) Eleia,
- hoje Castellmare, situava-se numa pequena baía da Itália,
que tem ao fundo as montanhas calabresas, não longe de Nápoles,
- foi centro de um significativo movimento filosófico já
no período pré-socrático da filosofia grega. Seu
primeiro filósofo foi Xenófanes de Colófon 570
- 475 a.e.c., vindo da Jônia. Assim sendo, está na origem
da escola de Eleia. Nascidos já na mesma Eleia, foram seus dois
mais notáveis representantes: Parmênides e Zenão.
Ao grupo, já como um dos seus epígonos, pertenceu ainda
Melisso de Samos.
(http://www.templodeapolo.net/Civilizacoes/grecia/filosofia/presocraticos/filosofia_presocraticos_eleatas.html)
(3) Pitágoras de Samos (Pitágoras o Samiano):
foi um filósofo e matemático grego que nasceu em Samos
entre cerca de 571 a.C. e 570 a.C. e morreu em Metaponto entre cerca
de 497 a.C. ou 496 a.C. Fundou uma escola mística e filosófica
em Crotona (colônias gregas na península itálica),
cujos princípios foram determinantes para a evolução
geral da matemática e da filosofia ocidental sendo os principais
temas a harmonia matemática, a doutrina dos números e
o dualismo cósmico essencial. Essa escola de pensamento grego
foi denominada em sua homenagem de pitagórica.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Pit%C3%A1goras)
(4) Materialismo: O termo foi inventado em 1702 por
Gottfried Leibniz , e reivindicado pela primeira vez em 1748 por La
Mettrie. Em filosofia, materialismo é o tipo de fisicalismo que
sustenta que a única coisa da qual se pode afirmar a existência
é a matéria; que, fundamentalmente, todas as coisas são
compostas de matéria e todos os fenômenos são o
resultado de interações materiais; que a matéria
é a única substância. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Materialismo)
Em Obras Póstumas (As cinco alternativas
da humanidade), Allan Kardec, descreve assim o materialismo: A inteligência
do homem é uma propriedade da matéria; nasce e morre com
o organismo. O homem não é nada antes, nada depois da
vida corpórea. Gerando, assim, as seguintes consequências:
O homem, não sendo senão matéria, não há
de real e de invejável senão os gozos materiais; as afeições
morais não têm futuro; os laços morais são
quebrados sem retorno na morte; as misérias da vida são
sem compensação; o suicídio torna-se o fim racional
e lógico da existência, quando os sofrimentos são
sem esperança de melhora; é inútil se impor um
constrangimento para vencer os seus maus pendores; viver para si o melhor
possível, enquanto estiver aqui; a estupidez de se incomodar
e de sacrificar seu repouso, seu bem-estar, por outrem, quer dizer,
por seres que serão aniquilados, a seu turno, e que jamais tornarão
a ser vistos; deveres sociais sem base, o bem e o mal são coisas
de convenção; o freio social é reduzido ao poder
material da lei civil.
(5) Gnoseológico - 1 - Relativo á gnoseologia,
estudo que faz parte da filosofia que trata dos fundamentos do conhecimento.
Investigação fenomenologia preliminar: O fenômeno
do conhecimento e os problemas nele contidos. 2 - Precedente lógico
do conhecimento, uma condição lógioco-transcedental
posto pelo jurista para tornar possível a pesquisa jurídico-científica.
Tem um caráter transcendental, no sentido de que se põe
logicamente antes da experiência, sendo por isso condição
dela e não mero resultado. (http://www.dicionarioinformal.com.br/gnoseol%C3%B3gico/)
Gnosiologia (também chamada
Gnoseologia) é o ramo da filosofia que se preocupa
com a validade do conhecimento em função do sujeito cognoscente,
ou seja, daquele que conhece o objeto. Este (o objeto), por sua vez,
é questionado pela ontologia que é o ramo da filosofia
que se preocupa com o ser. Fazem-se necessárias algumas observações
para se evitar confusões. A gnoseologia não
pode ser confundida com epistemologia, termo empregado para referir-se
ao estudo do conhecimento relativo ao campo de pesquisa, em cada ramo
das ciências. A metafísica também não pode
ser confundida com ontologia, ambas se preocupam com o ser, porém
a metafísica põe em questão a própria essência
e existência do ser. Em outras palavras, grosso modo, a ontologia
insere-se na teoria geral do conhecimento, ou Ontognoseologia, que preocupa-se
com a validade do pensamento e das condições do objeto
e sua relação o sujeito cognoscente, enquanto que a metafísica
procura a verdadeira essência e condições de existência
do ser.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Gnosiologia)
(6) O racionalismo como doutrina surgiu no século
I a.C.. É a corrente filosófica que iniciou com a definição
do raciocínio como uma operação mental, discursiva
e lógica que usa uma ou mais proposições para extrair
conclusões - se uma ou outra proposição é
verdadeira, falsa ou provável. Essa era a ideia central comum
ao conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como racionalismo.
O racionalismo enfatiza que tudo que existe tem uma
causa. Séculos mais tarde, os filósofos racionalistas
modernos utilizaram a matemática como instrumento da razão
para explicar a realidade. Com esse objetivo, Descartes elaborou um
método baseado na geometria e baseado em quatro regras - as regras
do método científico.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Racionalismo
(7) Aristóteles considerava Zenão de Eleia (aprox. 490-430
a.C.) o fundador da dialética. Outros consideraram
Sócrates (469-399 AEC). Um dos métodos dialéticos
mais conhecidos é o desenvolvido pelo filósofo alemão
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). A dialética é
um método de diálogo cujo foco é
a contraposição e contradição de ideias
que leva a outras ideias e que tem sido um tema central na filosofia
ocidental e oriental desde os tempos antigos. A tradução
literal de dialética significa "caminho entre
as idéias".
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Dial%C3%A9tica)
(8) Lei dos três estados é a coluna principal na qual está
assentada o edifício filosófico, científico e político
elaborado pelo pensador francês Auguste Comte (1798-1857), o fundador
do positivismo. A Lei dos Três Estados é o fundamento da
obra de Comte, aplicando-se aos vários âmbitos da existência
humana, desde as belas-artes até a política, passando
pelas ciências e pela economia. Ela é uma concepção
ao mesmo tempo epistemológica, histórica e filosófica
(em sentido amplo), tendo permitido a Comte criar a Sociologia, a História
das Ciências e também a Psicologia Positiva (por ele chamada
de "Moral").
A LEI DOS TRÊS ESTADOS
Os espírito humano de modo a explicar os fenômenos
que se observam no universo, passa necessariamente por Três Estados
(Três formas de concepção da realidade):
1.º - Teológico ou Fictício:
os fenômenos são explicados através de vontades
de seres sobrenaturais e/ou transcendentais. O Estado Teológico
pode ser dividido em 3 fases progressivas:
a) - Animismo: também chamado de fetichismo, se caracteriza por
dar aos objetos concretos da natureza vida e vontade própria,
semelhantes a dos seres humanos.
b) - Politeísmo: a vontade dos deuses possui controle absoluto
sobre todas as coisas.
c) - Monoteísmo: a vontade do Deus (único) controla todas
as coisas e todos os acontecimentos.
2.º - Metafísico: os fenômenos
são explicados por meio de forças ocultas e/ou entidades
abstratas. As abstrações personificadas substituem as
vontades sobrenaturais.
3.º - Positivo: o espírito
humano renuncia a busca das causas primárias e dos fins últimos,
subordinando os fenômenos a leis naturais experimentalmente demonstradas.
As causas absolutas (os porquês) e os fins (finalidades últimas)
por serem inacessíveis ao exame científico, são
substituídas pelo estudo e descobertas das Leis Naturais que
explicam como os fenômenos ocorrem. No estágio positivo
procura-se descobrir as leis segundo as quais os fenômenos se
encadeiam uns aos outros.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_dos_tr%C3%AAs_estados)
(9) O hegelianismo é uma corrente filosófica
desenvolvida por Georg Wilhelm Friedrich Hegel, um dos primeiros pensadores
a se preocupar com a "modernidade" como base dos estudos sociológicos.
Pode ser sintetizada pela frase do próprio filósofo "o
racional por si só é real", que significa que a realidade
é capaz de ser expressada em categorias reais. O objetivo de
Hegel era reduzir a realidade a uma unidade sintética dentro
de um sistema denominado idealismo transcendental.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Hegelianismo)
(10) O cartesianismo é um movimento filosófico
cuja origem é o pensamento do francês René Descartes,
filósofo, físico e matemático (1596-1650). O método
cartesiano seria um instrumento, que bem manejado levaria o
homem à verdade. Esse método consiste em aceitar apenas
aquilo que é certo e irrefutável e conseqüentemente
eliminar todo o conhecimento inseguro ou sujeito a controvérsias.
O objetivo de Descartes era de abranger numa perspectiva de conjunto
unitário e claro, todos os problemas propostos a investigação
cientifica. O fundamento principal da filosofia cartesiana consiste
na pesquisa da verdade, com relação a existência
dos "objetos", dentro de um universo de coisas reais. O método
cartesiano esta fundamentado no princípio de jamais
acreditar em nada que não tivesse fundamento para provar a verdade.
Com essa regra nunca aceitara o falso por verdadeiro e chegará
ao verdadeiro conhecimento de tudo.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Cartesianismo)
(11) Baruch Spinoza (1632 - 1677) - Para Spinoza Deus é o único
motivo da existência de todas as coisas. Deus é a substância
única e nenhuma outra realidade existe fora de Deus. Ele é
a fonte única e Dele surgem todos os outros elementos. Deus existe
em si e foi gerado por si, para existir ele não necessita de
nenhuma outra realidade. A essência de Deus pressupõe a
sua existência. A substância divina é infinita e
não é limitada por nenhuma outra, ela é a causa
de todas as coisas existentes, que por consequência são
manifestações de Deus. Assim sendo, nada existe fora de
Deus, e tudo que existe é uma forma de Deus, não como
uma criação sem regras ou espontânea, mas seguindo
as leis da natureza e respeitando a possibilidade de agir com vontade
própria.
(http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=72)
(12) Jean-Paul Sartre (1905-1980) é um autor conhecido por seu
pensamento de crivo existencialista no meio filosófico. A conceituação
de Sartre sobre consciência discorre em conjeturar esta como modo-de-ser
do ser humano e, portanto, como constitutivo essencial de cada ser-para-si,
o qual tem por tarefa, a partir da consciência, projetar-se a
ponto de almejar uma plenificação de ser – na linguagem
sartreana, tornar-se um ser-Em-si. O conceito de liberdade no pensamento
de Sartre é entendido como consequência desse projetar
humano por meio da consciência, posto que o fato desta ser um
nada-de-ser do para-si é que o condiciona a uma situação
de liberdade na qual a única escolha vigente é a de ser
um Em-si. Isso confirma a impossibilidade de um não atrelamento
do conceito de liberdade ao conceito de consciência, visto que,
de acordo com o existencialismo sartreano, a liberdade decorre da consciência,
a ponto do para-si ser impresso pelo nada-de-ser num caráter
de condenação: "Todo homem está condenado
a ser livre" (SARTRE, 1997).
(http://pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2010/11/05/compreendendo-o-conceito-sartreano-de-liberdade/)
(13) Monismo (do grego mónos,
"sozinho, único") é o nome dado às teorias
filosóficas que defendem a unidade da realidade como um todo
(em metafísica) ou a identidade entre mente e corpo (em filosofia
da mente) por oposição ao dualismo ou ao pluralismo, à
afirmação de realidades separadas.
As raízes do monismo na filosofia ocidental
estão nos filósofos pré-socráticos, como
Zenão de Eléia, Parmênides de Eléia. Spinoza
é o filósofo monista por excelência, pois defende
que se deve considerar a existência de uma única coisa,
a substância, da qual tudo o mais são modos. Hegel defende
um monismo semelhante, dentro de um contexto de absolutismo racionalista.
O filósofo brasileiro Huberto Rohden é um teórico
defensor do monismo.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Monismo)
(14) Hipóstase, do grego hypostasis, significa
subsistência, realidade. Na filosofia de Plotino, Deus se deriva
em três hipóstases: Uno, nous (Inteligência) e alma,
que ele comparava também, respectivamente, com à luz,
ao sol e à lua. O termo também é encontrado entre
os gnósticos. Um dos livros da biblioteca de Nag Hammadi se chama
"A Hipóstase dos Arcontes". A transcrição
latina para Hipóstase é "substância",
que, todavia, foi utilizada pela tradição filosófica
com significado totalmente diferente do que a utilizada por Plotino.
No sentido contemporâneo, é utilizado de maneira pejorativa,
porém raramente. Dessa maneira, indica a transformação
de um ser em um ente.
(http://www.ocultura.org.br/index.php/Hip%C3%B3stase)
Plotino (Licopólis, 205 - Egito, 270) foi um
filósofo neoplatônico, autor de Enéadas, discípulo
de Amônio Sacas e mestre de Porfírio.
(15) Estudo relacionado (Livre-arbítrio e Determinismo):
(http://www.aeradoespirito.net/EstudosEM/LEI_DE_LIBERDADE.html)
Fonte: J. Herculano Pires
- no livro "O Espírito e o Tempo",
- Parte III (Doutrina Espírita), cap. 3.
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necessidades das sessões espíritas e das condições
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Desenvolvimento
do Fenômeno Cristão no sentido da Libertação Espiritual
Desaparece
o Sectarismo à medida que se desenvolve o Cristianismo
O
Desenvolvimento Científico
A
Desfiguração do Cristo
O
Despertar da Existência
DEUS
Deus
e o Homem
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Epistemologia
Espírita
O
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Espiritismo
Dialético
O
Espírito e o Tempo
Evolução
Espiritual do Homem - Na perspectiva da Doutrina Espírita
A
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A
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do Novo Homem
O
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O
Homem Novo
O
Infinito e o Finito
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à Filosofia Espírita
Irrefutáveis
as provas da sobrevivência humana
Kardec
e a evolução do Espiritismo
Lembrava-se
a menina de Delhi de ter vivido antes em Mathura
A
Lenda do dilúvio
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O
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O
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O
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e Interpretações Pessoais
Parapsicologia
Hoje e Amanhã
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Espírita
A
Pedagogia de Jesus
A
Pedra e o Joio
Pesquisa
sobre o Amor
O
Problema da violência
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Ciência é essa?
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Resignação
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