1. Sinopse Biográfica
Sra. Piper de Boston, EUA. Sem dúvida
a médium que mais contribuiu para os avanços da pesquisa
psíquica e, especialmente, para a hipótese da sobrevivência
após a morte. Por mais de 4 décadas foi estuda pelos
sábios das Sociedades inglesa e americana de Pesquisa Psíquica.
Seus fenômenos persuadiram, entre outros, nomes como Sir Oliver
Lodge, James Hyslop, William James e o prestidigitador e terror dos
falsos médiuns, Richard Hodgson. O primeiro "controle"
(guia) a se manifestar na Sra. Piper foi uma garota indiana cujo nome
era Chlorine. As primeiras manifestações de sua mediunidade
ocorreram após se consultar com um curador psíquico
cego, Dr. J. R. Cocke, que dizia receber o espírito de um médico
chamado Finne ou Finnett, a fim de superar o trauma de um acidente
que sofrera num trenó e pela suspeita de um câncer em
razão de um tumor que lhe aparecera. Depois de Chlorine e de
diversos comunicadores que se manifestaram, uma personalidade que
se apresentou como Phinuit, dizendo ter sido um médico francês,
passou a administrar os comunicadores esporádicos que pretendiam
se manifestar. Embora com grafia diferente, Phinuit assemelha-se a
mesma entidade Finne, de Cocke. Phinuit inicialmente apenas dava conselhos
médicos ou diagnósticos e depois qualquer tipo de informação
requerida pelos assistentes. A notoriedade da Sra. Piper deu-se através
de William James, que a conheceu por intermédio de sua sogra,
Sra. Gibbens, depois que esta lhe contara sobre os surpreendentes
fenômenos da médium. William James e Richard Hodgson,
membros ativos da "American Society Psychical Research",
tomaram interesse sobre Piper e, com grande ceticismo, vieram examinar
seus "dons". Numa sessão, Phinuit falou do filho
Herman (ele pronunciou "Herrin") que James perdera, fornecendo
diversos detalhes que não deram ao consulente menor dúvida
a respeito da criança. Para estabilizar o "rapport"
(conexão) com os espíritos comunicadores, ela utilizava
uma influência psicométrica e freqüentemente pedia
objetos que pertenciam a pessoa ou falecido. Hodgson, apurado caçador
de fraudes, contratou um serviço de detetives para seguir Sra.
Piper e sua família e descobrir um possível meio dela
adquirir as informações por meios normais. Hodgson arranjava
as sessões sem fornecer os nomes verdadeiros dos assistentes.
Estes eram, na maioria das vezes, apresentados com o pseudônimo
de "Smith". Piper habitualmente era pouco precisa naquilo
em que os pseudo médiuns têm mais sucessos. Divagava
sobre datas e preferia dar nomes próprios e geralmente concentrava-se
em descrever doenças, idiossincrasias e caráter dos
assistentes. Pescava detalhes sobre o passado os quais nenhum médium
fraudulento teria a mínima chance em alcançar, mas freqüentemente
falhava em responder questões testes. O espírito de
Hannah Wild, manifestado através dela, não foi capaz
de descrever o conteúdo de uma carta selada a qual deixou antes
de sua morte e quando o transe sugeria a incorporação
do falecido médium Station Moses, falhou em dar os nomes corretos
de seus antigos guias ("Doctor", "Mentor" e "Imperator").
Em 1888-89, professor Hyslop juntou-se a investigação.
Doze sessões foram suficientes para convencê-lo da insustentabilidade
da hipótese da personalidade secundária. Em "Proceedings
of S.P.R, vol. XVI" disse: "eu dou minha adesão à
teoria que existe uma vida futura e persistência da identidade
pessoal". A fim de afastar qualquer possibilidade de fraude,
em 1889, Sra. Piper deixou os EUA para ser estudada na Inglaterra,
longe do contato de pessoas próximas. Em novembro do mesmo
ano, foi recepcionada no porto por Sir Oliver Lodge. Sob os cuidados
de Myers foi para Cambridge na casa de quem ela ficou. Nas sessões
na Inglaterra, Myers escolhia assistentes que não moravam em
Cambridge e os quais se apresentavam à médium sob nomes
falsos. Então, sob a supervisão de Myers, Lodge e Walter
Leaft, Sra. Piper deu 88 sessões entre novembro de 1889 e fevereiro
de 1890. No relatório de Lodge (1890) foi concluído:
1. que muitos fatos fornecidos pela médium não poderiam
ser obtidos nem por detetive muito hábil; 2. que, se ela tivesse
ajuda de comparsas, deveria expender muito tempo e dinheiro, os quais
ela não tinha. Lodge, inclusive, acompanhava-a quando ia às
ruas fazer compras; 3. Que ela nunca deu qualquer motivo para que
suspeitassem de fraude. Sir Oliver Lodge enumerou 38 casos nos quais
as informações dadas pela médium não faziam
parte do conhecimento consciente dos assistentes. O êxito da
Sra. Piper era algo tão assustador que a dúvida era
sobre a espécie anômala da origem das informações
(telepatia, espíritos etc.). Hodgson, em "Proceedings
S.P.R, Vol. XIII", diz: "tenho tentado a hipótese
telepática dos vivos por muitos anos, assim como a hipótese
espírita, não tenho nenhuma hesitação
em afirmar com mais absoluta segurança que a hipótese
espírita é justificada por seus resultados e a outra
não". Ao voltar a Boston, EUA, a médium começou
a manifestar um novo "controle", o recém falecido
"George Pelham", amigo do Dr. Hodgson. Pelham era um advogado
e versado em filosofia e literatura. Também era escritor, tendo
publicado dois livros. Pouco mais de um mês de sua morte, começou
a manifestar-se através da Sra. Piper, na ocasião de
suas sessões. Provavelmente essa foi a fase mais forte de sua
mediunidade. Com a vinda de George Pelham, Sra. Piper, além
de sua habitual psicofonia, iniciara sua fase de escrita automática,
de sorte que às vezes realizava um "tour de force",
psicografava simultaneamente mensagens diferentes de Pelham por ambas
as mãos enquanto ditava uma terceira de Phinuit. Daí
em diante, seguiu-se uma série de "controles". Era
o auto-aclamado "grupo Imperator" (Pelham, Myers, Hodgson,
George Eliot, Guyon etc.) . Depois daquela visita à Europa,
ela ainda retorna à Inglaterra mais duas vezes. Uma em 1906,
quando se submete a mais 74 sessões. Hodgson morre em 1905.
Algum tempo depois, uma personalidade afirmando ser o próprio
Dr. Hodgson emerge como um novo "controle". Em 1909, William
James publica seu relatório sobre as comunicações
de Hodgson nas Sociedades Inglesa e Americana. James não se
compromete com sua conclusão, mas sentiu a presença
de uma vontade externa esforçando-se para se comunicar através
da médium. De volta aos EUA, em 20 de outubro de 1901, o "New
York Herald" publica uma declaração de Piper dizendo
que ela confessou não acreditar que os espíritos dos
mortos se manifestam através de seu transe. Cinco dias depois,
ela desmente aquela declaração no "The Boston Advertiser",
embora diga que "espíritos" podem ou não ser
a explicação. Oliver Lodge lembra que a opinião
dela não tem muito peso, pois que depois do transe não
se lembrava do que se passou. Em 1909 volta pela última vez
à Inglaterra. Madame "Guyon" foi seu último
"controle" o qual fechou o círculo Imperator.
2. Influência Espiritualista
Não.
3. Alguma Tragédia fez despertar
sua mediunidade
Sim.
4. Espécie de Mediunidade
Intelectual.
5. Evidências Mais Relevantes
I. Caso
dos Sutton. Numa das sessões em 1893, o casal Sutton
tomou uma tentativa de comunicação com sua filha Katherine,
que morrera seis meses antes. Detalhes como a dor de garganta, a paralisia
da língua da menina, o cavalinho que o pai lhe dera, sua febre,
quando doente, e a forma dramática como as mensagens são
passadas mostram o alto grau de sugestão da paranormalidade.
As mensagens são passadas à médium por intermédio
do "controle" Phinuit que, numa espécie de telefone
sem fio, dita tudo o que lhe é passado pela pequena Katherine.
II. Caso do relógio. Oliver
Lodge unicamente colocou nas mãos da médium um relógio
que pertencia ao falecido Jeremiah, irmão de seu bastante idoso
tio Robert. A médium rapidamente disse que o relógio
pertencia a um de seus tios, o qual gostava muito do tio Robert. Disse
que o relógio pertencia ao tio Jerry (diminutivo de Jeremiah).
Lodge disse a médium em transe que para seu tio Robert pudesse
reconhecer a presença do irmão, seria importante ele
- Jerry - lembrar de alguns detalhes da infância que passaram
juntos. O que se seguiu foram peculiaridades muito especiais, como
a travessa do rio a nado e o risco de se afogar; a morte de um gato
no campo de Smith; a posse de uma espingarda e a pele de uma cobra
a qual Jerry acreditava estar ainda com Robert. Este último
detalhe foi de uma qualidade tão alta que mesmo Andrew Lang,
antropólogo, folclorista e membro da "Society Psychical"
inglesa, que até então resistia a acreditar nos dons
da Sra. Piper, foi obrigado a inclinar-se.
III. O Reconhecimento de G.P. A fim
de testar a identidade do "controle" George Pelham (G.P.),
seu falecido amigo, Hodgson organiza uma sessão para reconhecimento
de 30 de seus antigos amigos, dentre 150 pessoas estranhas. G.P. incorporado
na Sra. Piper, reconhece-os, dentre as pessoas que lhe são
apresentadas, e lhes dirige palavras, como teria feito quando vivo.
É verdade que a prova fracassa uma única vez, quando
chega na hora da Srta. Warner, entretanto a justificativa é
facilmente atribuível a memória, pois conhecera a menina
quando ela tinha 8 anos de idade. Pelham não a identifica,
perguntando ao Dr. Hodgson quem podia ela ser. Hodgson respondeu que
a mãe da moça era amiga da Sra. Howard, que Pelham havia,
com alguma familiaridade, conhecido. O que se segue é uma conversa
típica e saudosa entre G.P. e a Srta. Warner, com um espanto
inicial de G.P. ("Meu Deus, como crescestes!... Oh, eu conheci
muito vossa mãe.") e depois o diálogo prossegue
norteado por assuntos sobre a mãe da moça.
IV. Caso Lethe. Este é um
exemplo de correspondência cruzada entre as médiuns Piper
e Willett a fim de verificar a identidade do suposto "Myers"
(falecido em 1901) que aparentemente se manifestava através
delas. G.B. Dorr, nos EUA, formulou a pergunta ao "Myers"
da Sra. Piper: "que vos sugere a palavra Lethe?" Obteve
como resposta um grande número de alusões a obras clássicas
que nada significaram para ele. O tema sobre "Clássicos"
foi escolhido porque, além da médium Piper não
ter nenhum conhecimento, Myers era um profundo estudioso sobre. As
alusões se referiam a história de Ceyx e Alcione e ao
envio da Deusa Íris ao submundo ligado ao rio Lethe em Metamorphoses
de Ovídio. Depois, Lodge fez a mesma pergunta ao Myers da Sra.
Willett o qual respondeu que já havia respondido essa pergunta
antes e com grande esforço decifrou a palavra D-O-R-R em maiúsculas.
Posteriormente, os escritos de Willett fizeram diversas referências
ao rio Lethe na Enêiada de Virgílio, mas sob a visão
de pessoas com alta cultura, como Myers. Seguindo-se, escreveu o Myers
da Sra. Willett: "eu ter diferentes escribas [as psicografias]
significa que devo mostrar diferentes aspectos sob os quais se há
de encontrar a unidade subjacente, e sei o que Lodge quer. Ele quer
que eu prove que tenho acesso ao conhecimento revelado em qualquer
parte".
V. O caso Abt Vogler. Este é
mais um exemplo de correspondência cruzada entre as médiuns
Piper, Verrall e sua filha a fim de novamente testar a identidade
do suposto "Myers", que aparentemente se manifestava através
delas. Na Inglaterra, Piddington explica ao "Myers" da Sra.
Piper: "temos conhecimento do esquema de correspondências
cruzadas que você está transmitindo através de
vários médiuns e esperamos que continue com elas. Tente
dar a A e a B duas mensagens diferentes, entre as quais não
seja perceptível a menor ligação. Depois que
possível, dê a C uma terceira mensagem que revele as
sugestões ocultas". Por fim, Piddington sugeriu a "Myers"
que assinasse cada um dos escritos um círculo com um triângulo
dentro. E ainda há um crucial detalhe: a sugestão dessa
experiência foi ditada em latim ciceroniano à médium
em transe, dialeto que a Sra. Piper não tinha a mínima
noção. O "controle" disse que captou a mensagem.
Demorou apenas algumas semanas para que o falecido Myers decifrasse
essa complicada correspondência cruzada. Entre 17 de dezembro
e 2 de janeiro, alusões aos temas "estrela", "esperança"
e a "poesia de Robert Browning" começaram a aparecer
nos escritos da sra. Verrall e sua filha. Essas alusões tiveram
pouco sentido para Piddington até quando, em uma sessão
com a sra. Piper em Londres, ele recebeu uma mensagem para procurar
"Esperança", "Estrela" e "Browning".
As alusões adquiriram sentido perfeito quando Piddington estudou
Browning e descobriu que a correspondência cruzada relacionava-se
com os temas contidos em seu poema Abt Vogler (Rogo, Scott. Life After
Death: Case for Survival of Bodily Death, 1986).
VI. A mensagem cifrada Faunus. Numa
das reuniões durante o período Hodgson como "controle"
da Sra. Piper, em 8 de agosto de 1915, a personalidade pede a Sra.
Robbins, assistente na sessão, para transmitir um recado a
Lodge: "agora Lodge, que não estamos aí como no
passado, isto é, não completamente, estamos aqui capazes
de dar e receber mensagens. Myers diz a você tomar a parte do
poeta, e ele [Myers] agirá como Faunus". Myers. Ele protegerá.
É o que tem a dizer a você, Lodge. Bom trabalho. Solicite
a Verrall, ela também estará entendida. Arthur [falecido
esposo da Sra. Verrall] também diz". A mensagem foi enviada
a Sir Oliver Lodge, que a recebeu em 6 de setembro na Escócia
e tomou iniciativas para interpretá-la. Escreveu para Sra.
Verrall: o poeta e Faunus significa alguma coisa para você?
Um protege o outro? Sra. Verrall responde em 8 de dezembro de 1915:
"a referência é a Horácio, sobre a queda
de uma árvore que por um triz não o matou, o que ele
atribui à intervenção de Faunus. Faunus, o guardião
dos poetas... A passagem não tem especial associação
para mim". Lodge conseguiu entender que a "árvore
que cai" é uma simbologia à morte bastante usada.
Consultou outros eruditos e todos confirmaram. Sentia então
que algo ruim estava para acontecer, mas que Myers poderia ajudá-lo.
Então 9 dias depois, no dia 17 de setembro, Lodge recebe um
telegrama do Ministério da Guerra informando que seu filho
Raymond havia falecido em Ypres (França), durante batalhas
da 1ª Guerra, no dia 14 de setembro. A fim de entender melhor
a mensagem, Lodge procurou o Rev. M. A. Bayfield para interpretação.
Assim ele respondeu: "(...)Faunus 'aliviou', não 'desviou'
o golpe. No vosso caso, a significação me parece ser
de que o golpe sobreviria, mas não esmagaria; que seria 'atenuado'
pela asseguração dada por Myers de que o vosso filho
ainda vive (...) Sou levado a crer que Horácio não se
teria impessionado tanto se não fosse realmente alcançado
pela árvore. Há em suas Odes quatro referências
ao caso, todas fortalecendo a minha interpretação -
e também a da mensagem de Myers, que devia estar bem consciente
dos termos da citação dos versos de Horácio -
e não teria dúvida de que o poeta não escaparia
ao golpe, o qual fora rude". Em seguida a morte do filho, Lodge
recebeu comunicações de Myers e Raymond através
da Sra. Piper. Assim, na realidade, Myers estava atenuando a triste
notícia, tranqülizando Lodge de que seu filho continua
vivo.
6. Críticas a hipótese da
Sobrevivência
Dr. Phinuit, que se dizia um médico
francês, além de não falar francês - disse
que esqueceu pelos constantes contatos com seus clientes britânicos
-, quando se buscou averiguar sua identidade, verificou-se que não
existiu nenhum Dr. Phinuit em Metz e que seus informes a respeito
de sua pessoa eram todos fantasias. Disse ter estudado Medicina num
colégio parisiense chamado "Merciana" ou "Meerschaum".
Não existiu em Paris nenhum estabelecimento de ensino com esse
nome. Mesmo quando diagnosticava com muito êxito uma doença,
seus conhecimentos de medicina eram superficiais. Por vezes "pescava"
informações e montava um vago falatório. Phinuit
realmente parece uma personalidade secundária dramatizada pelo
inconsciente da médium a qual, em estado de dissociação,
captava telepaticamente algumas informações na mente
de pessoas presentes. Os diversos "controles" que assumiram
o comando na fase final da mediunidade de Piper falavam constantemente
material desconexo e sem sentido. O "controle" Hodgson,
durante as pesquisas de William James, levando em conta o conhecimento
que a médium e os pesquisadores já tinham dele, parece
ter sido fraco em provar sua identidade, embora James conclua intuitivamente
que sentiu a presença de uma vontade externa tentando a muito
custo criar jogos e situações que pudessem demonstrar
sua permanência após a morte, apesar de falhar em grande
parte. Sra. Sidgwick, ex-presidente da "Society Psychical Research"
(S.P.R) declarou que os guias ou "controles" possivelmente
são sub-personalidades. Rosalind Heywood, também ex-presidente
da S.P.R, e Robert Tocquet, ex-presidente do Instituto de Metapsíquica
Internacional (IMI), estendem a mesma conclusão a todas as
entidades comunicantes que repassam suas mensagens aos "controles",
os quais comandam a médium durante a sessão.
7. Replicando os argumentos contrários
a interpretação espiritualista
A aparência fictícia
de certos "controles" da Sra. Piper, como Phinuit e George
Eliot, apenas ressaltam a dificuldade da transmissão telepática
das personalidades falecidas, uma vez que a "vontade do comunicante"
se mistura à "vontade de personificação"
da médium. Numa análise mais abrangente, apenas a hipótese
da sobrevivência parece explicar os altos e baixos na qualidade
das sessões quando houve simplesmente a mudança de "controle",
como a troca de Phinuit por George Pelham. A interferência dos
pesquisadores durante o transe, com sugestões, perguntas ou
induções ao erro - como na hipnose - pode ser bastante
responsável por intensificar a personificação
do inconsciente. William James diz que mesmo a vontade externa pode
ativar a vontade própria da médium. Além disso,
não parece razoável dar uma interpretação
não-espiritualista a casos fortes de comunicação
cruzada. Por fim, a teoria da transmissão apresenta-se como
uma interpretação muito forte, mas a qual precisa responder
por que certas personalidades falecidas se ajustam melhor ao médium,
como o processo de comunicação funciona e como pode
ser melhorado qualitativamente, reduzindo a interferência do
psiquismo do médium.
Referências
BOZZANO, Ernesto. A Propósito
da Introdução da Metapsíquica Humana. 2ª
edição. Rio de Janeiro: FEB, 1945.
CARVALHO, Antônio Cesar Perri
de Carvalho. Os Sábios e a Sra. Piper: prova da comunicabilidade
dos espíritos. 1ª edição. São Paulo:
O Clarim, 1986.
FODOR, Nandor e LODGE, Oliver. Encyclopedia
of Psychic Science (versão online). Original de 1952.
GAULD, Alan. Mediunidade e Sobrevivência.
São Paulo: Pensamento, 1995.
HERLIN, Hans. O Mundo Extra-sensorial.
3ª edição. Rio de Janeiro: Record, 1969.
HEYWOOD, Rosalind. O Sexto Sentido.
9ª edição. São Paulo: Pensamento, 1993.
ISS: Biography of Leonora Piper.
[acessado em 09 de setembro de 2007].
LODGE, Oliver. Raymond: uma prova
de sobrevivência da alma. São Paulo: Edigraf, 1972.
ROGO, Scott. Vida Após a
Morte: evidências da sobrevivência à morte corporal.
São Paulo: Ibrasa, 1991.
SUDRE, René. Tratado de Parapsicologia.
Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1966.
TOCQUET, Robert. Os Poderes Secretos
do Homem: um balanço do paranormal. São Paulo: Ibrasa,
1967.
Fonte : http://parapsi.blogspot.com/2007/09/leonora-piper-1857-1950.html
O importante
relatório do Professor Hyslop
No relatório e na análise
das 17 sessões da médium Leonora Piper (Further Record
of observations of certain trance phenomena, em Proceedings Society
Psychical Research XVI, 1901, pp. 1-649), o pesquisador americano
James Hyslop aceita que tem estado em comunicação direta
com o espírito de seu falecido pai e outros membros de sua
família. O autor fornece o contexto de Piper e brevemente explica
por que rejeita a fraude. As declarações daquele comunicador
que alega ser o pai dele são fornecidas extensivamente; os
interesses relacionados ao seu pai e os eventos reais na vida deste
são analisados e julgados consideráveis. As declarações
de outros comunicadores são consideradas mais brevemente. Um
resumo estatístico mostra o número de incidentes e fatores
tidos como verdadeiros nas comunicações e que excedem
grandemente o falso e o incerto. O autor discute a hipótese
telepática (124) e enumera objeções, inclusive:
o longo alcance telepático da médium (139); a incompatibilidade
do aparente poder na faculdade telepática com a tendência
a cometer erros simples (142); a inconsistente clareza dos diferentes
comunicadores comparada com a natureza uniforme da memória
do assistente (146); a espontaneidade da comunicação
(149); o fracasso em transcender os limites da memória do comunicador
(151); a necessidade de se evocar habilidades correspondentes à
representação dramática (152). Defendendo a hipótese
"espirítica", Hyslop enfatiza a unidade da Consciência
exibida pelos comunicadores individuais (158); o jogo dramático
da personalidade (176); erros e confusões que sugerem fracassos
típicos de uma memória individual (214); o valor evidencial
de declarações involuntárias não planejadas
como comunicações (238). Objeções de interesses
para os céticos, mas não em geral para o autor, são
então discutidas (242): a necessidade da prova científica
(244); a trivialidade de incidentes comunicados (248); aspectos não
convincentes das primeiras comunicações do guia Phinuit
(251); a predominância, entre os comunicadores, de pessoas conhecidas
do assistente (256); o fracasso dos comunicadores em descreverem suas
condições de existência (258). A fraca evidência
de identidade de certos controles de transe é considerada (262).
As habilidades dramáticas requeridas por qualquer hipótese
baseada em personalidades secundárias são discutidas
extensivamente (268) e a tendência a realizar idéias
apriorísticas sobre comunicações espirituais
(285). Uma pequena conclusão reafirma a aceitação
do autor da hipótese espirítica. Os apêndices
dão notas detalhadas das sessões e breves resultados
de certas experiências.