Noutro dia, num artigo no Times of India,
Sukhwant Singh contestou por que até agora não existem
quaisquer casos na comunidade muçulmana. Graças a Dra.
Satwant Pasricha, chefe do Departamento de Psicologia Clínica
do National Institute of Mental Health and Neurosciences
em Bangalore (NIMHANS), foram achados alguns casos de reencarnação
no meio de muçulmanos sunitas que, guiados por seus ensinos
religiosos, não acreditam na reencarnação (algumas
comunidades muçulmanas xiitas endossam a idéia da reencarnação).
Na Índia, Dra. Satwant K. Pasricha
(junto com o Dr. Ian Stevenson da Universidade da Virgínia)
investigou mais de 400 casos. A maior parte destes casos aconteceu
nas comunidades religiosas de hindus, Siques e Jainistas que acreditam
na reencarnação; alguns casos também aconteceram
no meio dos muçulmanos sunistas que não acreditam na
reencarnação. Mudanças de religião, em
graus variados, foram reportadas em alguns destes casos. Foi considerada
uma mudança secundária se ela tivesse acontecido em
casos no qual uma criança alega lembrar da vida de uma pessoa
que pertencia a uma religião ligeiramente diferente (de hindu
até Jainista ou Sique e vice-versa). Existem também
casos em que as crianças lembram ter pertencido numa vida prévia
a uma religião que era fortemente diferente da sua atual. Por
exemplo, quando uma criança hindu lembrava de ter sido um muçulmano
na vida prévia e vice-versa, isso é considerado como
um caso de importante alteração na religião.
Uma análise de 400 casos
revelou que 26 sujeitos eram muçulmanos que lembraram terem
sido muçulmanos na vida prévia (19 casos) ou hindus
que lembraram terem sido muçulmanos (7 casos). Existiram sete
casos de muçulmanos nos quais nenhuma mudança de religião
foi reportada. Estes relatórios de caso foram publicados no
jornal NIMHANS, edição de abril de 1998, pp 93-100 e
também submetido ao jornal da American Society for Psychical
Research para publicação, disse a Dra. Pasricha.
Caso de Nasruddin Shah
Nasruddin nasceu em Allahganj,
uma cidade no distrito Shaharanpur, por volta de abril de 1962. Seus
pais eram Gulsher e Bhaggo Shah. A família era muçulmana
sunita e pertencia a uma classe sócio-econômica baixa.
Nasruddin começou a falar aproximadamente com 1 ano de idade,
e ele tinha mais ou menos 2 anos quando mencionou pela primeira vez
uma vida prévia. Ele disse que era um Thakur e que seu dinheiro
estava enterrado "debaixo da porta". Ele gradualmente deu
mais detalhes, que incluíram as descrições de
uma briga que o levou a morte na vida prévia. Ele disse que
seu próprio filho estava entre os assassinos. Um dia, um elefante
de Phargana (uma aldeia cerca de 9-10 quilômetros de Allahganj)
chegou a Allahganj. Nasruddin disse que o elefante era seu. As alegações
de Nasruddin e o reconhecimento do elefante levaram a Phargana. Um
filho e a viúva de um Hardevbaksh Singh, um Thakur, então
vieram para Allahganj visitar Nasruddin. Nasruddin parece ter os reconhecido
ao falar de seus relacionamentos sem mencionar seus nomes.
As declarações de Nasruddin combinaram
com eventos na vida e morte de Hardevbaksh Singh, de Phargana. Hardevbaksh
Singh era um proprietário que vivia em Phargana. Ele foi morto
numa briga em 21 de março de 1961, quando tinha mais ou menos
70-75 anos de idade. A briga que o levou a morte foi em razão
do gado de Hardevbaksh Singh ultrapassar os campos de alguém.
O litígio aconteceu entre Hardevbaksh Singh e seus primos distantes;
mas alguns estranhos também fizeram parte, e estes supostamente
atacaram e mataram Hardevbaksh Singh. Um dos filhos de Hardevbaksh
Singh era membro do grupo que atacou; isto era um detalhe particularmente
obscuro, não conhecido fora do povoado.
Comportamento incomum de Nasruddin:
além de suas declarações sobre uma vida prévia,
Nasruddin exibia certo comportamento que se alinhava ao de um Thakur,
mas isso era incomum por suas atuais circunstâncias pobres.
Por exemplo, ele se recusava a comer num prato usado por outra pessoa
e recusava beber num copo de outra pessoa. Este comportamento persistiu
até os quatro anos. Ele também tinha outras características
comportamentais, "esnobismo de Thakur", que durou até
os 13-14 anos, muito além de suas memórias cognitivas.
Por exemplo, ele não coletava estrume de vaca para combustível,
uma tarefa prontamente aceita por seu irmão mais velho ou por
outras crianças na comunidade. Nasruddin recusava-se a comer
carne de boi desde muito jovem, embora outros membros da família
comessem; ele comia carne de carneiro. Ele não acompanhava
seu pai no canto ou nas orações muçulmanas, coisa
que os outros membros da família faziam. Embora seus pais respeitassem
o Ramzan regularmente, Nasaruddin não se juntava para jejuar;
ele às vezes até fazia graça e os ridicularizava
por jejuarem.
Marcas de nascença de Nasruddin: Nasruddin
tinha proeminentes marcas de nascença que correspondiam aos
ferimentos infligidos no corpo de Hardevbaksh Singh, segundo o relatório
pós-mortem. No contexto das marcas de nascença, Dr.
Ian Stevenson publicou um relatório mais longo sobre este caso
(Stevenson I. Reincarnation and Biology: A Contribution to the
Etiology of Birthmarks and Birthdefects. Connecticut: Praeger,
1997).
Caso de Nagina
Nagina nasceu em outubro de 1990 numa
cidade no distrito Farrukhabad, U.P. Seu pai, Amaruddin, era um motorista
em Tonga. A família pertencia à seita dos muçulmanos
sunistas que não acreditavam na reencarnação.
Eles eram membros da classe socioeconômica média para
baixa. Quando Nagina estava perto de fazer 1 ano de idade e antes
de começar a falar, ela costumava tentar se comunicar por gestos.
Ela fazia um gesto de acender um fósforo e apontá-lo
para sua cabeça. Este comportamento começou quando uma
das tias de Amaruddin, que estava os visitando, pediu algum óleo
para massagear sua cabeça. Nagina trouxe uma garrafa com querosene
dentro. A tia disse ter se surpreendido, pois ela pediu óleo
de mostarda e perguntou o que faria com querosene. Nagina então
mostrou, pelo gesto, como ela (na vida prévia) despejou querosene
em sua cabeça e se deixou queimar por um fósforo aceso.
Com três anos, quando Nagina podia claramente falar, ela deu
mais detalhes sobre uma vida prévia. Ela disse que ela era
Oma, uma professora, e que ela teve duas filhas e dois filhos. Suas
declarações também incluíram os detalhes
de como ela teve uma briga com seu marido e se deixou queimar depois
de se banhar com querosene.
Uma mulher chamada Oma Devi viveu algumas jardas de distância
da casa de Amaruddin. Ela era casada e tinha quatro crianças:
duas filhas e dois filhos. Ela era uma professora numa escola no distrito
Etah, e seu marido vendia livros e imóveis em Mohammadabad.
O casal não se dava bem. Em 19 de maio de 1987 eles tiveram
uma briga séria; Oma Devi molhou-se com querosene e se sacrificou.
Seu corpo foi completamente carbonizado; ela tinha na época
47 anos. Ao ouvir as reivindicações de Nagina, os filhos
de Nagina Oma Devi foram para casa daquela. O filho mais jovem de
Oma Devi expressou reservas sobre o caso, mas não o negou completamente.
Seu filho mais velho estava seguro que Nagina era sua mãe renascida.
Sua convicção derivou do comportamento de Nagina e do
conhecimento desta a respeito de certos eventos na vida de Oma Devi
que ele acreditava não ser conhecido por estranhos.
Comportamento incomum de Nagina: Nagina mostrava
um comportamento que refletia sua preocupação com a
maneira em que morreu em sua alegada vida prévia. Ela também
exibia um comportamento ajustado aos filhos de Oma Devi e dava informações
que não eram de domínio público. Quando o marido
de Oma Devi morreu em abril de 1996, Nagina ficou muito angustiada
(ela tinha mais ou menos 5 anos e meio naquela época).
Marcas de nascença em Nagina: os pais de Nagina,
e também alguns outros informantes, noticiaram marcas sugestivas
de queimaduras no corpo dela quando nasceu. Num exame em dezembro
de 1995, duas marcas foram claramente observadas em seu corpo. Estas
eram áreas hipopigmentadas sob o queixo de Nagina e na parte
inferior de seu abdômen.
Caso de Naresh Kumar
Naresh nasceu em fevereiro de 1981
no povoado de Baznagar, distrito Lucknow, U.P. Seus pais eram Guruprasad
e sua esposa, Bishwana. A família era de condição
socioeconômica média para baixa e eles eram hindus. Com
um ano ele começou a falar, Naresh costumava articular duas
palavras, "Kakori" (nome de um lugar) e "kharkhara"
(palavra local que designava uma carroça a cavalo). Quando
tinha cerca de quatro anos de idade, ele deu detalhes sobre uma vida
prévia. Ele disse que estava levando mangas em sua carroça
quando colidiu com um veículo e então morreu; ele também
disse que era muçulmano e que vivia em Kakori. Naresh costumava
conversar sobre uma vida prévia sempre que alguém no
povoado o perguntava.
Um faquir muçulmano chamado Haider Ali costumava ir a Baznagar
toda quinta-feira para esmolar. Depois que Naresh começou a
caminhar, ele costumava seguir Haider Ali em torno da aldeia. Naresh
disse que Haider Ali era seu pai e que queria ir com este. Todo mundo
na aldeia chamava Haider Ali de "Baba", mas Naresh costumava
o chamar, "Abba" (pai). Haider Ali vivia em Kakori com sua
família que pertencia à seita sunista do Islã.
Ele casou duas vezes e teve um filho em seu primeiro casamento, três
filhos e sete filhas no segundo. Mushir Ali era seu filho mais velho
do segundo casamento.
Naresh era tão insistente em
suas exigências para ser levado a Kakori que Bishwana decidiu
pedir a ajuda de Haider Ali, pois que este era um muçulmano
e vinha de Kakori. Haider Ali a aconselhou a levar Naresh a Mazar
(tumba de um santo muçulmano) a fim de que parasse de falar
sobre uma vida prévia. Os pais de Naresh o levaram a Mazar,
mas isto não ajudou; Naresh continuou a falar sobre uma vida
prévia e insistir em ir para sua casa prévia. Um dia
ele mesmo começou a ir sozinho em direção à
estrada. Eventualmente, Guruprasad decidiu levar Naresh, junto com
algumas outras pessoas de Baznagar, para Kakori. Naresh parece tê-los
conduzido à casa de Mushir Ali. Ao chegar a casa, Naresh reconheceu
vários objetos que pertenceram a Mushir Ali, como um gorro
e o conteúdo da mala de Mushir Ali. Ele também acreditou
em ter reconhecido corretamente membros da família imediata
de Mushir Ali, como também outros parentes e amigos. Naresh,
quando questionado, contou-lhes sobre a conta bancária que
a família tinha quando Mushir Ali morreu. Ele também
mencionou o nome de uma pessoa que devia algum dinheiro a Mushir Ali.
(a família reconheceu isto como verdadeiro e acrescentou que
a pessoa em questão devolveu o dinheiro depois da morte de
Mushir Ali.) Baseado nestas e em outras declarações,
Naresh foi aceito como Mushir Ali renascido (o filho de Haider Ali).
Mushir Ali alugava uma carroça
a cavalo e costumava levar legumes e frutas para o mercado; isso era
o ganha-pão exclusivo da família na época de
sua morte. Em 30 de junho de 1980, nas primeiras horas da manhã,
Mushir Ali estava levando as mangas para o mercado em Lucknow em sua
carroça. Ele estava um pouco mais de 2 quilômetros de
Kakori quando sua carroça colidiu com um trator; morreu quase
imediatamente. Ele tinha 25 anos de idade na época. A família
de Mushir Ali não estava economicamente em uma situação
melhor que a família de Naresh. Os outros irmãos de
Mushir Ali, quando a Dra. Satwant Pasricha os encontrou em 1988, estavam
crescidos e tinham seu próprio negócio de decoração
o qual incrementava a situação econômica até
certo ponto.
Comportamento incomum de Naresh: quando Naresh tinha
cerca de 2 anos de idade, ele assumiu a postura de se ajoelhar e dizer
Namaz. Ele tentava fazer isto quando estava só. E parava quando
notava que outros estavam o observando. Naresh também brincava
em comandar uma carroça a cavalo. Ele amarrava uma corda a
uma cama e a empurrava, fazendo sons como se guiasse um cavalo. Ele
também falava uma poucas palavras de Urdu.
Defeitos de nascimento de Naresh:
Naresh tinha um defeito de nascimento, uma área deprimida próxima
ao centro de seu tórax, ligeiramente ao lado direito. Isso
fazia correspondência à fratura das costelas de Mushir
Ali que foi reportada no exame pós-mortem. Sobre este caso
de defeito de nascimento, Dra. Satwant Pasricha publicou um artigo
em separado (Pasricha, S. K. Case of the Reincarnation Type in
North India with Birthmarks and Birth defects. J.Sci. Explor
1998; 12: 259-93).