Espiritualidade e Sociedade



André Luís N. Soares

>     Alguns casos de reencarnação pesquisados pela Dra. Pasricha

Artigos, teses e publicações

André Luís N. Soares
>      Alguns casos de reencarnação pesquisados pela Dra. Pasricha

 


Noutro dia, num artigo no Times of India, Sukhwant Singh contestou por que até agora não existem quaisquer casos na comunidade muçulmana. Graças a Dra. Satwant Pasricha, chefe do Departamento de Psicologia Clínica do National Institute of Mental Health and Neurosciences em Bangalore (NIMHANS), foram achados alguns casos de reencarnação no meio de muçulmanos sunitas que, guiados por seus ensinos religiosos, não acreditam na reencarnação (algumas comunidades muçulmanas xiitas endossam a idéia da reencarnação).

Na Índia, Dra. Satwant K. Pasricha (junto com o Dr. Ian Stevenson da Universidade da Virgínia) investigou mais de 400 casos. A maior parte destes casos aconteceu nas comunidades religiosas de hindus, Siques e Jainistas que acreditam na reencarnação; alguns casos também aconteceram no meio dos muçulmanos sunistas que não acreditam na reencarnação. Mudanças de religião, em graus variados, foram reportadas em alguns destes casos. Foi considerada uma mudança secundária se ela tivesse acontecido em casos no qual uma criança alega lembrar da vida de uma pessoa que pertencia a uma religião ligeiramente diferente (de hindu até Jainista ou Sique e vice-versa). Existem também casos em que as crianças lembram ter pertencido numa vida prévia a uma religião que era fortemente diferente da sua atual. Por exemplo, quando uma criança hindu lembrava de ter sido um muçulmano na vida prévia e vice-versa, isso é considerado como um caso de importante alteração na religião.

Uma análise de 400 casos revelou que 26 sujeitos eram muçulmanos que lembraram terem sido muçulmanos na vida prévia (19 casos) ou hindus que lembraram terem sido muçulmanos (7 casos). Existiram sete casos de muçulmanos nos quais nenhuma mudança de religião foi reportada. Estes relatórios de caso foram publicados no jornal NIMHANS, edição de abril de 1998, pp 93-100 e também submetido ao jornal da American Society for Psychical Research para publicação, disse a Dra. Pasricha.

 
Caso de Nasruddin Shah

Nasruddin nasceu em Allahganj, uma cidade no distrito Shaharanpur, por volta de abril de 1962. Seus pais eram Gulsher e Bhaggo Shah. A família era muçulmana sunita e pertencia a uma classe sócio-econômica baixa. Nasruddin começou a falar aproximadamente com 1 ano de idade, e ele tinha mais ou menos 2 anos quando mencionou pela primeira vez uma vida prévia. Ele disse que era um Thakur e que seu dinheiro estava enterrado "debaixo da porta". Ele gradualmente deu mais detalhes, que incluíram as descrições de uma briga que o levou a morte na vida prévia. Ele disse que seu próprio filho estava entre os assassinos. Um dia, um elefante de Phargana (uma aldeia cerca de 9-10 quilômetros de Allahganj) chegou a Allahganj. Nasruddin disse que o elefante era seu. As alegações de Nasruddin e o reconhecimento do elefante levaram a Phargana. Um filho e a viúva de um Hardevbaksh Singh, um Thakur, então vieram para Allahganj visitar Nasruddin. Nasruddin parece ter os reconhecido ao falar de seus relacionamentos sem mencionar seus nomes.

As declarações de Nasruddin combinaram com eventos na vida e morte de Hardevbaksh Singh, de Phargana. Hardevbaksh Singh era um proprietário que vivia em Phargana. Ele foi morto numa briga em 21 de março de 1961, quando tinha mais ou menos 70-75 anos de idade. A briga que o levou a morte foi em razão do gado de Hardevbaksh Singh ultrapassar os campos de alguém. O litígio aconteceu entre Hardevbaksh Singh e seus primos distantes; mas alguns estranhos também fizeram parte, e estes supostamente atacaram e mataram Hardevbaksh Singh. Um dos filhos de Hardevbaksh Singh era membro do grupo que atacou; isto era um detalhe particularmente obscuro, não conhecido fora do povoado.

Comportamento incomum de Nasruddin: além de suas declarações sobre uma vida prévia, Nasruddin exibia certo comportamento que se alinhava ao de um Thakur, mas isso era incomum por suas atuais circunstâncias pobres. Por exemplo, ele se recusava a comer num prato usado por outra pessoa e recusava beber num copo de outra pessoa. Este comportamento persistiu até os quatro anos. Ele também tinha outras características comportamentais, "esnobismo de Thakur", que durou até os 13-14 anos, muito além de suas memórias cognitivas. Por exemplo, ele não coletava estrume de vaca para combustível, uma tarefa prontamente aceita por seu irmão mais velho ou por outras crianças na comunidade. Nasruddin recusava-se a comer carne de boi desde muito jovem, embora outros membros da família comessem; ele comia carne de carneiro. Ele não acompanhava seu pai no canto ou nas orações muçulmanas, coisa que os outros membros da família faziam. Embora seus pais respeitassem o Ramzan regularmente, Nasaruddin não se juntava para jejuar; ele às vezes até fazia graça e os ridicularizava por jejuarem.

Marcas de nascença de Nasruddin: Nasruddin tinha proeminentes marcas de nascença que correspondiam aos ferimentos infligidos no corpo de Hardevbaksh Singh, segundo o relatório pós-mortem. No contexto das marcas de nascença, Dr. Ian Stevenson publicou um relatório mais longo sobre este caso (Stevenson I. Reincarnation and Biology: A Contribution to the Etiology of Birthmarks and Birthdefects. Connecticut: Praeger, 1997).

Caso de Nagina

Nagina nasceu em outubro de 1990 numa cidade no distrito Farrukhabad, U.P. Seu pai, Amaruddin, era um motorista em Tonga. A família pertencia à seita dos muçulmanos sunistas que não acreditavam na reencarnação. Eles eram membros da classe socioeconômica média para baixa. Quando Nagina estava perto de fazer 1 ano de idade e antes de começar a falar, ela costumava tentar se comunicar por gestos. Ela fazia um gesto de acender um fósforo e apontá-lo para sua cabeça. Este comportamento começou quando uma das tias de Amaruddin, que estava os visitando, pediu algum óleo para massagear sua cabeça. Nagina trouxe uma garrafa com querosene dentro. A tia disse ter se surpreendido, pois ela pediu óleo de mostarda e perguntou o que faria com querosene. Nagina então mostrou, pelo gesto, como ela (na vida prévia) despejou querosene em sua cabeça e se deixou queimar por um fósforo aceso. Com três anos, quando Nagina podia claramente falar, ela deu mais detalhes sobre uma vida prévia. Ela disse que ela era Oma, uma professora, e que ela teve duas filhas e dois filhos. Suas declarações também incluíram os detalhes de como ela teve uma briga com seu marido e se deixou queimar depois de se banhar com querosene.

Uma mulher chamada Oma Devi viveu algumas jardas de distância da casa de Amaruddin. Ela era casada e tinha quatro crianças: duas filhas e dois filhos. Ela era uma professora numa escola no distrito Etah, e seu marido vendia livros e imóveis em Mohammadabad. O casal não se dava bem. Em 19 de maio de 1987 eles tiveram uma briga séria; Oma Devi molhou-se com querosene e se sacrificou. Seu corpo foi completamente carbonizado; ela tinha na época 47 anos. Ao ouvir as reivindicações de Nagina, os filhos de Nagina Oma Devi foram para casa daquela. O filho mais jovem de Oma Devi expressou reservas sobre o caso, mas não o negou completamente. Seu filho mais velho estava seguro que Nagina era sua mãe renascida. Sua convicção derivou do comportamento de Nagina e do conhecimento desta a respeito de certos eventos na vida de Oma Devi que ele acreditava não ser conhecido por estranhos.

Comportamento incomum de Nagina: Nagina mostrava um comportamento que refletia sua preocupação com a maneira em que morreu em sua alegada vida prévia. Ela também exibia um comportamento ajustado aos filhos de Oma Devi e dava informações que não eram de domínio público. Quando o marido de Oma Devi morreu em abril de 1996, Nagina ficou muito angustiada (ela tinha mais ou menos 5 anos e meio naquela época).

Marcas de nascença em Nagina: os pais de Nagina, e também alguns outros informantes, noticiaram marcas sugestivas de queimaduras no corpo dela quando nasceu. Num exame em dezembro de 1995, duas marcas foram claramente observadas em seu corpo. Estas eram áreas hipopigmentadas sob o queixo de Nagina e na parte inferior de seu abdômen.

Caso de Naresh Kumar

Naresh nasceu em fevereiro de 1981 no povoado de Baznagar, distrito Lucknow, U.P. Seus pais eram Guruprasad e sua esposa, Bishwana. A família era de condição socioeconômica média para baixa e eles eram hindus. Com um ano ele começou a falar, Naresh costumava articular duas palavras, "Kakori" (nome de um lugar) e "kharkhara" (palavra local que designava uma carroça a cavalo). Quando tinha cerca de quatro anos de idade, ele deu detalhes sobre uma vida prévia. Ele disse que estava levando mangas em sua carroça quando colidiu com um veículo e então morreu; ele também disse que era muçulmano e que vivia em Kakori. Naresh costumava conversar sobre uma vida prévia sempre que alguém no povoado o perguntava.

Um faquir muçulmano chamado Haider Ali costumava ir a Baznagar toda quinta-feira para esmolar. Depois que Naresh começou a caminhar, ele costumava seguir Haider Ali em torno da aldeia. Naresh disse que Haider Ali era seu pai e que queria ir com este. Todo mundo na aldeia chamava Haider Ali de "Baba", mas Naresh costumava o chamar, "Abba" (pai). Haider Ali vivia em Kakori com sua família que pertencia à seita sunista do Islã. Ele casou duas vezes e teve um filho em seu primeiro casamento, três filhos e sete filhas no segundo. Mushir Ali era seu filho mais velho do segundo casamento.

Naresh era tão insistente em suas exigências para ser levado a Kakori que Bishwana decidiu pedir a ajuda de Haider Ali, pois que este era um muçulmano e vinha de Kakori. Haider Ali a aconselhou a levar Naresh a Mazar (tumba de um santo muçulmano) a fim de que parasse de falar sobre uma vida prévia. Os pais de Naresh o levaram a Mazar, mas isto não ajudou; Naresh continuou a falar sobre uma vida prévia e insistir em ir para sua casa prévia. Um dia ele mesmo começou a ir sozinho em direção à estrada. Eventualmente, Guruprasad decidiu levar Naresh, junto com algumas outras pessoas de Baznagar, para Kakori. Naresh parece tê-los conduzido à casa de Mushir Ali. Ao chegar a casa, Naresh reconheceu vários objetos que pertenceram a Mushir Ali, como um gorro e o conteúdo da mala de Mushir Ali. Ele também acreditou em ter reconhecido corretamente membros da família imediata de Mushir Ali, como também outros parentes e amigos. Naresh, quando questionado, contou-lhes sobre a conta bancária que a família tinha quando Mushir Ali morreu. Ele também mencionou o nome de uma pessoa que devia algum dinheiro a Mushir Ali. (a família reconheceu isto como verdadeiro e acrescentou que a pessoa em questão devolveu o dinheiro depois da morte de Mushir Ali.) Baseado nestas e em outras declarações, Naresh foi aceito como Mushir Ali renascido (o filho de Haider Ali).

Mushir Ali alugava uma carroça a cavalo e costumava levar legumes e frutas para o mercado; isso era o ganha-pão exclusivo da família na época de sua morte. Em 30 de junho de 1980, nas primeiras horas da manhã, Mushir Ali estava levando as mangas para o mercado em Lucknow em sua carroça. Ele estava um pouco mais de 2 quilômetros de Kakori quando sua carroça colidiu com um trator; morreu quase imediatamente. Ele tinha 25 anos de idade na época. A família de Mushir Ali não estava economicamente em uma situação melhor que a família de Naresh. Os outros irmãos de Mushir Ali, quando a Dra. Satwant Pasricha os encontrou em 1988, estavam crescidos e tinham seu próprio negócio de decoração o qual incrementava a situação econômica até certo ponto.

Comportamento incomum de Naresh: quando Naresh tinha cerca de 2 anos de idade, ele assumiu a postura de se ajoelhar e dizer Namaz. Ele tentava fazer isto quando estava só. E parava quando notava que outros estavam o observando. Naresh também brincava em comandar uma carroça a cavalo. Ele amarrava uma corda a uma cama e a empurrava, fazendo sons como se guiasse um cavalo. Ele também falava uma poucas palavras de Urdu.

Defeitos de nascimento de Naresh: Naresh tinha um defeito de nascimento, uma área deprimida próxima ao centro de seu tórax, ligeiramente ao lado direito. Isso fazia correspondência à fratura das costelas de Mushir Ali que foi reportada no exame pós-mortem. Sobre este caso de defeito de nascimento, Dra. Satwant Pasricha publicou um artigo em separado (Pasricha, S. K. Case of the Reincarnation Type in North India with Birthmarks and Birth defects. J.Sci. Explor 1998; 12: 259-93).


fonte: Science (PHK News Network)
http://krishna.org/is-reincarnation-a-religious-fantasy/

 


topo


Vejam do mesmo autor:

André Luís N. Soares

->  Alguns casos de reencarnação pesquisados pela Dra. Pasricha
->  Algumas considerações sobre o Livre arbítrio
->  Consequências da descrença na reencarnação e na vida após a morte
->  Continuamos Vivos: Mente Além ou Aquém do Cérebro?
->  Estamos Vivos: uma re-análise de 16 casos psicográficos
->  Experiências Extracorpóreas em EQMs: Resgatando o Conceito Clássico
->  Florence: uma Análise dos Incidentes Volckman e George Sitwell
->  Leonora Piper (1857-1950)
->  A “Navalha de Occam” e o Paradigma Espírita
->  A "Navalha de Occam" e a Simplicidade da Teoria da Sobrevivência
->  As personalidades controles ou guias espirituais dos médiuns espiritualistas
->  Quando os mortos respondem: um exame crítico das perspectivas sobrevivencialista e da interação psíquica entre vivos como modelos explanatórios para os casos de mediunidade