Não resta dúvida de que, como nos ensinou a mediunidade
de nosso saudoso Chico, a enxada que não trabalha enferruja.
Não resta dúvida, tampouco, que, em um país
como o Brasil, em que a Doutrina Espírita está tão
bem divulgada, onde existem tantas Casas Espíritas e tantas
obras de caridade, onde há tantos desencantados e doentes
do corpo e da alma, não faltam oportunidades de auxílio
aos necessitados, encarnados e desencarnados. Só não
se envolve em atividades mediúnicas em nosso país
quem não quer, é mal informado ou desconhece o fator
mediúnico em nossas vidas, a mediunidade como ela realmente
é.
Entretanto, situação bem diversa se dá em certos
países ditos “de primeiro mundo”. Minha experiência
em websites espiritualistas estrangeiros deu-me a oportunidade de
travar contato com inúmeros médiuns perturbados habitando
em países onde a mediunidade deles é incompreendida
e as oportunidades de auxílio que abundam no Brasil simplesmente
inexistem. Em tais países desenvolvidos não existe
pobreza material, a religião existente é dogmática
e estagnada e ensinamentos esotéricos desencontrados são
misturados de modo comercial e confuso, em um quadro de desamparo
e desalento para tais médiuns sofredores, isolados em seus
conflitos e simplesmente dados como loucos ou perturbados.
Como a Justiça Divina é perfeita, não há
como supor que alguém reencarne com mediunidade em tal situação
sem ter como utilizá-la com bom proveito. Desse modo, parece-me
evidente que a mediunidade possa ser exercida qualitativamente a
contento e em intensidade satisfatória não só
em atividades tradicionalmente entendidas como mediúnicas,
mas, também e, até mesmo principalmente, nas simples
atividades do dia-a-dia.
Logo, um abraço amoroso pode ser uma atividade mediúnica
inconsciente. Por que razão um Espírito bom não
aproveitaria tal oportunidade para beneficiar a pessoa abraçada,
utilizando-se do agente do abraço como médium? Uma
prece, um pensamento carinhoso, um aperto de mão, um olhar
compassivo, são tantas as formas naturais de passe que podemos
dar no dia-a-dia, com o concurso de nossos mentores e guias, em
um inequívoco uso de nossa mediunidade. Quando a mãe
passa a mão suavemente no cabelo de seu querido filho ou
filha, não poderá ela estar usando sua mediunidade
e dando um passe, apesar de inconsciente de tal fato?
Não estou sendo meramente teórico em minhas considerações.
Observo e sinto em meu dia-a-dia que estou utilizando minha mediunidade
a todo o instante. Sim, é verdade, conheço a Doutrina
Espírita e isso me permite estar consciente do que faço.
No entanto, que diferença faz? Um médium inconsciente
pode ser muito eficiente como agente de cura em um abraço
dado em uma pessoa doente na casa deste último. Basta, para
tanto, que, ao dar esse abraço, ele esteja em sintonia com
os bons Espíritos e que encha seu coração de
amor pela pessoa a quem abraça.
Concluindo minhas observações, quero dizer que é
nessa linha que sempre procurei orientar os médiuns perturbados
que escreviam nos websites espiritualistas estrangeiros que freqüentava.
Dizia a eles que se esforçassem por ser pessoas melhores,
um dia após o outro. Que aprendessem a olhar para todos à
sua volta como irmãos e irmãs. Que, se lhes fosse
difícil perdoar a quem os ofendesse, que, pelo menos, por
eles não alimentassem rancor, procurando esquecer as ofensas
recebidas; que orassem por todos à sua volta; que valorizassem
os apertos de mão, os abraços, os olhares, e projetassem
amor em tais comportamentos, de outra forma constituídos
de simples formalidades sociais. Dizia, finalmente, que procurassem
aquele parente ou conhecido velho e doente e os visitassem, conversassem
com ele, lhe trouxessem alento com sua simples presença.
É isso que queria dizer. Costumo ler muitas vezes orientações
de como usar a mediunidade que se aplicam somente no Brasil ou,
no máximo, em alguns poucos lugares do planeta. Gostaria
que os irmãos e irmãs explorassem mais outras situações,
mesmo porque, nada nos garante que venhamos a ter nossa próxima
reencarnação neste querido País. Que tal, então,
começarmos desde agora a praticar?
O Movimento Espírita pode estar muito mais amplo e divulgado
no Brasil que em outras partes do mundo, mas a Doutrina Espírita
é para toda a humanidade, neste planeta e em outros mais.
É mister, portanto, que saibamos praticar os ensinamentos
do Mestre, explicados com tanta clareza pelo Espiritismo, estejamos
onde estejamos, quer conheçamos a Codificação
de forma explícita, pela sua leitura e estudo na vida atual,
quer de forma intuitiva, pelas lembranças de estudos sérios
que tenhamos feito nas vidas que passaram.