Renato Costa

>    Proteção Contra Mal-Intencionados

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Espíritos ignorantes existem por toda parte, sejam encarnados ou desencarnados, e muitos estão disponíveis para praticar maldades em troca de alguma compensação. Se, por um lado, nos protegemos dos encarnados mal-intencionados, trancando as portas de nossas casas, pagando a porteiros, vigias ou tendo cães de guarda, também existe uma maneira eficaz de nos protegermos dos Espíritos desencarnados “contratados” para fazer mal a nós ou àqueles a quem amamos. Melhor que isso, o modo que temos de nos defender da ação dos desencarnados mal-intencionados é muito mais seguro, pois jamais falha.

Que modo é esse que temos para nos proteger? Sincronizarmo-nos com a proteção dos bons Espíritos, através do amor em ação, também chamado de caridade, e da prece. Ao contrário de alarmes ou cães de guarda, os primeiros destituídos de inteligência própria e os segundos ainda desprovidos de uma consciência plena e, desse modo, passíveis de ser enganados por encarnados mal intencionados inteligentes, os bons Espíritos que podem nos proteger dos desencarnados com más intenções são muito mais sábios do que esses e, portanto, jamais serão enganados por eles.

Mas será tão simples assim nos livrarmos das influências negativas do plano espiritual? Nem tanto quanto parece, é o que o entendimento da Doutrina nos ensina. Vejamos o que nos dizem os instrutores espirituais em O Livro dos Espíritos:

467. Pode o homem eximir-se da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal?
“Pode, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem.”

468. Renunciam às suas tentativas os Espíritos cuja influência a vontade do homem repele?
“Que querias que fizessem? Quando nada conseguem, abandonam o campo. Entretanto, ficam à espreita de um momento propício, como o gato que tocaia o rato.”

469. Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos?
“Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejam ter sobre vós. Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer: ”Senhor! Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.”

Como vemos, tudo o que precisamos fazer é praticar continuamente o bem e por o tempo todo a nossa confiança em Deus. Fácil, não? Antes fosse! O que nos aconselham os Espíritos, como pais amorosos a nós apontar o caminho, mas sabedores de nossas deficiências, é que saibamos ser espíritas as vinte e quatro horas do dia. Que saibamos ser espíritas verdadeiros, sendo pacientes, tolerantes, amorosos e positivamente atuantes no bem, tanto em casa, junto à família, quanto no trabalho, com os colegas, sejam eles subordinados, iguais ou superiores e na rua, com desconhecidos de toda a espécie. Ë evidente que iremos falhar, pois, afinal, ainda somos Espíritos ignorantes. O importante, porém, é que nos esforcemos para melhorar e que as vezes em que falharmos não nos façam desanimar, permanecendo certos de que, na senda evolutiva, só se caminha para frente.

"Mas - poderíamos nos perguntar – sermos tolerantes e pacientes com aqueles que nos tratam bem é fácil, mas como podemos ser pacientes e positivamente atuantes no bem junto àquele familiar que só fala mal de nós ou àquele colega que nos prejudica e ofende?" Primeiramente, responderíamos, aprendendo a não nos afetarmos com ofensas, conscientes de que, se o que falarem de nós for verdade, estarão nos ajudando a nos corrigir e, se for mentira, aqueles que nos conhecem não darão crédito e os que nos desconhecem não saberão de quem se fala. Mas não basta não nos melindrarmos com ofensas, devemos, após atingir tal fase, evoluir para aprender a utilizar o momento da ofensa em benefício do ofensor e dos demais presentes, de forma direta, o que implicará em benefício a nosso favor, de forma indireta. Se recebermos em público uma ofensa poderemos, então, usar do momento para, sem nos revoltarmos, aceitarmos a ofensa e dela nos servirmos com sabedoria e equilíbrio para dar ensinamento válido ao ofensor e às demais pessoas presentes através de nossas palavras e atitudes.

Quando nos esforçamos, dia após dia, para melhorar nosso comportamento e enobrecer nossas idéias, os Bons Espíritos nos auxiliam o tempo todo com sua inspiração. Sábios e amorosos, eles sabem o quanto ainda erramos, estando sempre a postos para nos guiar, bastando para tanto que sintonizemos com eles ao orarmos ou agirmos no caminho do bem. Sejamos, pois, humildes de espírito, reconhecendo nossas franquezas, mas empenhando nossa força de vontade para superá-las, certos de que jamais estamos sozinhos.

 

Bibliografia:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 76 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995.

 

Fonte: Artigo Publicado Originalmente em O Espírita Fluminense, Ano LI, no 310, março/abril - 2007

 



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