Eugenio Lara

>   Conceito Espírita de Evolução

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(trecho)

 

O espiritismo é, dentre tantas classificações e caracterizações, uma corrente filosófica, conforme a definição conceitual de seu fundador, Allan Kardec. O espiritismo também é, segundo ele, uma corrente de pensamento, uma escola filosófica, como se vê nessa afirmação contida no artigo O Partido Espírita, publicado na Revista Espírita: “Os Espíritas se consideravam bem como uma escola filosófica, mas nunca lhes tinha vindo à cabeça se julgar um partido” (julho de 1868, grifo meu).

Trata-se de uma filosofia totalmente inserta na esfera do espiritualismo. No frontispício de sua obra primordial, O Livro dos Espíritos, pode-se ler: filosofia espiritualista.

E, como escola filosófica espiritualista, o espiritismo se estrutura a partir de princípios nucleares, fundamentais, balizadores do pensamento, de pesquisas e experimentações, de toda a práxis espírita. Não há, entretanto, um consenso quanto à quantidade, qualidade e conceituação desses princípios. Kardec não pôde completar esse capítulo imprescindível para o pensamento espírita. Em Obras Póstumas, no texto inacabado Credo Espírita, Kardec deixa em branco o intertítulo Princípios Fundamentais da Doutrina Espírita reconhecidos como verdades consagradas. Esse talvez tenha sido o seu último manuscrito, produzido antes de desencarnar, em 31 de março de 1869.

(...)

A expressão evolução contínua se adequa melhor às ideias que se depreendem da análise do evolucionismo kardecista. A expressão evolução infinita pode dar a ideia de que o ser pensante, o princípio inteligente tenha tido um início. E segundo o próprio questionamento de Kardec, é quase impossível imaginar um ser que tenha tido início mas não tenha um fim. O início do princípio inteligente, como espírito, criado simples e ignorante, se ajusta a essa expressão. Contudo, essa terminologia não dá conta do processo vivenciado por esse mesmo espírito no período pré-humano. Evolução contínua é mais apropriado pois dá ideia de permanência, de perenidade, sem que se tenha em conta um princípio ou um fim do sujeito do processo evolutivo: o princípio inteligente ou espiritual. Os próprios espíritos admitem que não tiveram um início: “Podes dizer que não tivemos princípio, se quiseres com isso significar que, sendo eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente. Mas, quando e como cada
um de nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério.”

(O Livro dos Espíritos – q. 78 – Cap. I – Dos Espíritos – Parte Segunda, Do mundo espírita ou mundo dos espíritos)



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Eugenio Lara é arquiteto e design gráfico. Coeditor do site PENSE - Pensamento Social Espírita [www.viasantos.com/pense], membro-fundador do CPDoc - Centro de Pesquisa e Documentação Espírita, expositor do ICKS - Instituto Cultural Kardecista de Santos e do Centro Espírita Allan Kardec, de Santos.

Fonte:   PENSE - Pensamento Social Espírita - 2009

 


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