Carlos de Brito Imbassahy

>  A Transcendental Mediunidade de Efeitos Físicos

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Carlos de Brito Imbassahy
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Na epígrafe do seu livro “Recherches sur la Médiumnité” Gabriel Delanne transcreve um pensamento de Kant que ouso traduzir:

Breve, e o tempo se torna próximo, chegar-se-á a demonstrar que a alma humana pode viver desde esta existência terrena, em comunicação estreita e indissolúvel com as Entidades imateriais do mundo dos Espíritos; será obtido e provado que este mundo atua indubitavelmente sobre o nosso e lhe comunica as influências profundas das quais o homem atualmente não tem consciência, mas que reconhecerá mais tarde.

Immanuel Kant, filósofo alemão de Königsberg destaca-se por três grandes temas que abordou: A Crítica da Razão Pura (penso logo existo), Fundamentos da Metafísica dos Costumes e, com especial atenção para o lado crítico filosófico, o seu trabalho relativo à Imanência e o Transcendentalismo que resultou na consideração de que ele teria criado a Escola Transcendentalista onde, provavelmente, teria reafirmado sua posição de A Religião nos limites da simples razão.

Ora, Kant falecera em 1804, praticamente meio século antes de A. Kardec tomar conhecimento das mensagens mediúnicas que redundaram na sua grandiosa obra da Codificação Espírita. Como tal, não poderia se anteceder aos conceitos espíritas.

Por outro lado, o mestre lionês veio a falecer em 1869, exatamente na época em que a rainha da Inglaterra convocara um grupo de cientistas britânicos para provar que o “fantasma” (ghost) não existia e que tudo não passava da criação da mente humana, a fim de que ela pudesse pôr termo às aparições dos castelos medievais da sua coroa.

Com isso, quando Kardec escreveu “O Livro dos Médiuns” dedicado à apreciação dos aludidos fenômenos considerados transcendentais de comunicação com os “mortos” o grupo inglês de pesquisas ainda não tinha tomado pé da situação, motivo pelo qual Kardec não pôde tirar suas conclusões a respeito das descobertas feitas dentro dos fenômenos hoje conhecidos como ectoplásmicos e que Kardec denominou de “fenômenos de efeitos físicos”.

Por isso, talvez, ele não tenha dedicado maiores atenções aos mesmos, limitando-se a considerar a existência dos médiuns em questão, apenas, numa parte do capítulo XIV do referido livro.

Quando as Entidades espirituais nos disseram que poderíamos constituir um grupo de trabalhos para pesquisas ectoplásmicas, a primeira coisa que fiz foi sair em pesquisa de literatura que me pudesse dar uma base de estudos a fim de não entrar como neófito nos trabalhos que deveríamos realizar.

Assim foi que encontrei uma obra do Monsieur Dussard (1905) editada em francês onde ele transcrevia todo o arquivo da Sociedade Dialética de Londres (London’s Dialectical Society) relativo às pesquisas de Sir William Crookes, inclusive com depoimentos dos participantes do grupo de trabalhos e dentre eles o de Sir Cromwell Flewetwood Edington Varley, famoso engenheiro eletrônico que construiu o primeiro cabo submarino de telefonia entre Londres e Nova Iorque, além de ter criado a célula foto-elétrica primitiva para controlar a saída e entrada dos “fantasmas” na cabine onde estava o médium e demais aparelhagem de controle usada durante as pesquisas.

Foi em seu depoimento que encontrei a explicação para o emprego do termo “ectoplásmico” usado inicialmente por Ch. Richet – sem citar a origem – para definir os aludidos fenômenos hoje utilizados por muitos com impropriedades atribuindo-o ao fisiologista francês da Sorbone.

O que Varley informa é que uma Entidade materializada a partir da mediunidade de Dunglas Home teria informado que tirava do ectoplasma celular orgânico – com destaque para as células dos vegetais – a energia para produzir tais fenômenos.

Evidentemente, não poderia ser o próprio ectoplasma estudado em Citologia que entraria em jogo porque, senão a célula da qual ele fosse retirado sofreria sérios danos; no caso, dentro da concepção quântica do fenômeno físico, o que se aduz é que a energia fornecida pela catálise mediúnica é produzida pela vibração do ectoplasma celular, assim como um som pode ser obtido a partir de uma corda de violão sem que a corda saia do instrumento.

No entanto, há gente garantindo que o ectoplasma dos fenômenos é aquela réstia luminosa que se interpõe entre o médium e a aparição no momento da foto, quando, na verdade, o que a câmera fotografa é a própria atmosfera mais densa iluminada pelo seu próprio flash.

Torna-se, pois, importantíssimo que se analise tal tipo de fenômeno sob uma observação científica rigorosa para que não se emita tolices a seu respeito.

Quando a energia ectoplásmica cria uma corrente entre o médium e a materialização, ocorre um fenômeno idêntico ao sonoro, em que o ambiente fica impregnado pelas ondas acústicas emitidas, capazes de quebrar, até, copo de cristal, todavia, o som, ali, é apenas representado por uma onda quântica de energia que se propaga através do meio ambiente. Ninguém fotografaria essa onda sonora: o resultado não mostraria nada porque sua intensidade não modifica a camada de ar como ocorre com os fenômenos de OEM, com vibrações superiores a 1 megahertz. O próprio campo que envolve fios elétricos de alta tensão cria uma aura em seu entorno, por vezes visível, em fios expostos ao tempo, durante tempestades.

Nas ditas “sessões de materialização”, para que o fenômeno se torne possível, é criada uma nova densidade ambiental facilmente percebida pelo tato, pois a região atingida pela criação do campo parafísico propício ao fenômeno se esfria e torna-se mais denso, motivo pelo qual reflete a luz do flash da máquina fotográfica. E o curioso é que esta camada mais fria fica acima da camada inferior mais quente, contrariando o princípio físico da gravidade.

Outra coisa que nosso grupo pôde constatar é que o fenômeno se apresenta de modo bipolar, como a eletricidade, havendo necessidade da presença de outro médium no ambiente, além do que produz o fenômeno, para que a energia ectoplásmica funcione, tal como a elétrica através dos aparelhos que movimenta e atua.

O provável é que nas demais sessões já realizadas, sempre, deveria haver outro médium, sem que fosse detectado pelos observadores.

Os espectrômetros são muito importantes nessas pesquisas, pois eles são capazes de registrar a presença do aludido “fantasma” que, ao se materializar, aumenta o campo energético do ambiente na região em que ele se forma; no caso da mistificação, não haverá nenhum aumento porque o mistificador já é componente do campo ambiental, sem acrescentar nada a ele.

Geralmente, usados por quem saiba, inicialmente, estes aparelhos têm que ser zerados em decorrência dos campos criados pela fiação elétrica do cômodo onde vá ser realizado o trabalho, a fim de que possa registrar qualquer alteração havida sem necessidade de maiores cálculos, ou seja, bastando a leitura direta dos seus valores.

Uma das características essenciais dos trabalhos de materializações, como dissemos, é o esfriamento das camadas superiores do ambiente sem que os aparelhos registrem nenhuma variação energética de campo, o que significa dizer que, apesar de estarem sob ação das radiações ectoplásmicas, os campos energéticos não variaram. E o curioso é que um ventilador não influi na atmosfera mais fria, o que demonstra que não é o ar, mas algo estranho que faz este ambiente ficar com temperatura mais baixa. Dá para sentir frio, mesmo no verão.

Os aparelhos também não registram nenhuma variação cinética no movimento anômalo de objetos, mas, tão logo uma aparição se faz presente, mesmo que seja o de uma simples mão com uma folha fosforescente, imediatamente, o aparelho registra um aumento de campo como se ali tivesse entrado uma nova fonte.

Se uma pessoa presente se move, o aparelho registra a modificação do campo produzido pela presença dos participantes, o que evita que qualquer deles possa atuar na fenomenologia.

Também nada se registra durante o fenômeno de tiptologia, quando eles estão escrevendo por batidas. A conclusão óbvia, portanto, é que os Espíritos presentes não podem ser detectados pelo aparelho senão quando se materializam, ou melhor, se revestem de forma material aparente.

Crookes foi obrigado a usar recursos os mais diversos para não permitir que fosse enganado por mistificações, mas, em sua época, não existia a condição atual de que se dispõe e ele foi o único que usou de controles energéticos para comprovar a verdadeira existência do fenômeno em si, com ajuda da aparelhagem montada por Varley.

Pena é que Kardec não pudesse tomar ciência dos resultados de suas pesquisas e tirar suas próprias conclusões doutrinárias.

Em 1874, depois de mais de seis anos de pesquisas, coadjuvado pelos mais importantes cientistas do reino em sua época, William Crookes inicia seu relatório à rainha Victoria dizendo:

“Se Vossa Majestade me convocou para provar que o fantasma (ghost) não existe, sou obrigado a dizer que ele existe”.

E está encerrada a sessão.

 

Fonte: http://aeradoespirito.sites.uol.com..br/A_ERA_DO_ESPIRITO_-_Portal/ARTIGOS/ArtigosGRs3/A_TRANSC_MEDN_EFEI_FIS_CBI.html

 

 

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