Espiritualidade e Sociedade



Carlos de Brito Imbassahy


>   Criacionismo e Evolucionismo

Artigos, teses e publicações

Carlos de Brito Imbassahy
>   Criacionismo e Evolucionismo


O que falta ao Criacionismo é evolver, porque o Evolucionismo já foi criado.

 

Sem dúvida, uma das causas que tem provocado disputa acirrada entre os religiosos e os cientistas é a existência das coisas, ou seja, do Universo em si.

Como cada religião tem seu Deus próprio, ou seus deuses, para os politeístas, evidentemente, sendo Ele (ou eles) o responsável pela Criação de tudo, o único problema é fazer com que a ideia desta Criação seja a mesma para todos. Aí começa, portanto, o grande impasse de se aceitar qualquer tese criacionista, já que depende da crença de cada um e não da análise nem do estudo, muito menos da pesquisa dos acontecimentos e das coisas.

E o pior de tudo é o fanatismo.

Estávamos no Planetário de Washington DC e tínhamos acabado de assistir à exibição dos últimos documentários recebidos pelas sondas espaciais e telescópios orbitais, mostrando como o Universo evolveu através dos tempos e configurando a Terra como um dos mais simples e recentes planetas de todos os sistemas, orbitando num sistema solar da Via Láctea que, em si, já é uma das mais novas nebulosas.

Evidentemente, por si só, aquela apresentação destruía inteiramente qualquer possibilidade de se aceitar, ao menos, a Criação bíblica pregada pelos cristãos e pelos demais evangélicos. E não apenas os cristãos como ainda os islâmicos que assistiram conosco aquela apresentação – e que acabamos testemunhando o que diziam abertamente, em altos brados, para que todos soubessem – a opinião unânime deles era de que tínhamos assistido a um espetáculo de ficção.

Ciência experimental é ficção: crença dogmática é comprovação (da palavra de Deus) que não pode ser discutida. Dessarte, o Criacionismo peca por base: não tem nenhuma comprovação do que afirma senão o dogma da Criação; em contrapartida, as simples observações paleontológicas mostram que o homem não surgiu na Terra da forma atual por que se apresenta: mostra, inicialmente, uma aparência simiesca e sua transformação através do tempo até chegar à condição atual. Seu transformismo está severamente comprovado e documentado.

Um outro aspecto de suma importância contra o Criacionismo é a existência de quatro tipos inteiramente distintos de raça humana, além das sub-raças, sem falar nos “Twaregs” ou homens azuis do deserto, que, segundo alguns biólogos podem ser considerados de um quinto tipo.

Pois, assim, como se levar em conta que Deus tenha criado o homem à sua imagem e semelhança? Primeiramente, de que raça seria Deus? Ou só uma das raças foi por ele criada “à sua imagem e semelhança?” O que seria por demais constrangedor considerar qualquer uma delas com este privilégio, afinal, independente de raça, tipo ou origem, a criatura humana é uma só na sua formação étnica: alguns cheios de defeitos e outros com virtudes destacadas. E esses defeitos humanos? Seriam à imagem e semelhança dos defeitos do Criador? Sim: se os temos, eles provêm da semelhança divina, pela lógica criacionista. Neste caso, Deus não pode ser considerado perfeito nem infalível.

Em contraposição, o que a Ciência nos mostra é que cada raça teve sua origem em decorrência geográfica da região em que surgira, a fim de que a criatura, em si, pudesse se adaptar melhor ao clima e à vida local.

Pior, ainda, é considerarmos que Deus teria criado Lúcifer, um personagem fictício que houvera se rebelado contra Ele e tentado os homens – causa apresentada para justificar as imperfeições humanas – que acabaram caindo em suas malha. Enfim, dois graves erros do Criador: homens à sua imagem que teriam preferido seguir Satã ou Lúcifer outra criatura mal formada ou mal criada e que teria se rebelado contra seu próprio Criador que não o soube elaborar, apenas, com dotes de perfeição.

Enfim, absurdo sobre absurdo, qualquer explicação neste sentido porque se Deus é único e devido criador de tudo, também o teria sido do mal, salvo se admitirmos que Ele não seja o dito cujo exclusivo criador. Então, há, além d’Ele, outro Ser onipotente que o enfrentou e, em alguns pontos, teria, até, levado a melhor, como se diz vulgarmente.

Outro tópico estranho: o homem foi feito de barro, só que o barro em si não contém carbono e nós somos o maior exemplo orgânico da sua existência. Pelo menos, os estudos biológicos são mais lógicos, afinal, as primeiras vidas orgânicas conhecidas teriam surgido da aglutinação de células carbônicas contidas nas águas e que teriam dado origem aos plânctons primitivos.

Estes estudos foram fundamentais para a base do evolucionismo, pois, a partir dos mesmos, eles se transformaram nas algas que foram se desenvolvendo para emergirem e saírem das águas, com o que geraram os vegetais primitivos fora do meio líquido. Deles surgiu, comprovadamente, o “fitozoo”, fundamento e divisor das vidas vegetais e animais.

Faltava explicar como tal transformação poderia se efetuar; embora os biólogos ainda não tenham se adentrado pela Física e tomado conhecimento das descobertas que possam explicar as devidas transformações das espécies, a verdade é que, a pesquisa de Gell Mann (1975) à frente do acelerador de partículas da Stanford University (EUA), quando descobriu a existência dos quarks, levou-o a concluir que nenhuma partícula material, por mais ínfima e insignificante que seja, teriam surgido do nada. E mais, que sua existência, forçosamente, é comandada por um agente externo atuante que age sobre a energia amorfa do Universo para dar-lhe forma, porque esta energia dita universal, por si só, jamais seria capaz de se transformar em nada.

Nasceu, assim, a ideia do agente estruturador da partícula que houvera sido sugerido por Heisenberg, quando enunciou o seu “Princípio da Incerteza” dizendo que as partículas que não obedeciam a seu comando, agiam como “ovelhas desgarradas” com vontade própria. Ora, ter vontade própria é ter comando de um agente, agente este que, atualmente, é conhecido como “frameworker”. A conclusão óbvia é que, se existe um agente capaz de atuar sobre a energia amorfa do Universo e dar-lhe forma de partícula material elementar, porque não admitir que também exista o agente estruturador capaz de agir nas cadeias carbônicas e dar-lhe estrutura biológica, formando os primeiros seres orgânicos?

Estes estudos científicos são todos comprovados por pesquisas e detectados por aparelhos – LEPs ou aceleradores de partícula – que não se deixam influenciar pela ideia do homem; já a ideia do Deus criador é puro dogma concebido sem qualquer base de pesquisa ou de comprovação. É crer porque a religião impõe. Ou está na Bíblia – para os cristãos – cuja origem divina jamais foi comprovada.

E o mais grave é que, a cada passo, as novas descobertas, cada vez mais mostram e evidenciam os graves erros impostos pelos livros sagrados das diversas religiões que impõem o Criacionismo como dogma estabelecido a fim de glorificar o Criador cuja origem ninguém sabe de onde provém. Além disso, de onde teria o Criador tirado toda matéria para compor o nosso mundo, sem falar nos corpos celestiais do Universo? Afirmar que Ele próprio teria criado a mesma – que atualmente já está provado que se trata de pura energia condensada – é admitir que o faça do nada, o que também contraria a hipótese religiosa do “nada”, ou seja, que o dito “nada” não existe.

Assim, Deus, teria feito nosso mundo do nada!

É uma contradição em cima da outra.

O mais grave de tudo é que o Criacionismo não condiz com as novas descobertas da Física a respeito da matéria que é tridimensional, enquanto que a energia é quadridimensional.

Cabe lembrar que a comprovação da existência de outra dimensão para a energia está no fato de que, por aparelhos conhecidos como TEE (Tensor Espacial Energético) ou TEEM (Tensor Espacial Electro-Magnético), ao se tentar comprimir qualquer forma de energia nas três dimensões que a bloqueariam, ela – que não é compressível por não ter vazios – flui sem se deixar encolher, ou seja, ela escapa – o que só pode acontecer por uma dimensão além das nossas três vividas – como as massas que apertamos com nossas mãos, através dos espaços entre os dedos.

No Criacionismo, tudo seria tridimensional. Sem falar que o Deus criador é inteiramente incompatível com o Universo e seus mistérios, sendo exclusivo do conceito de vida terrena, restrito a ela, a tal ponto que, fez dela o centro do Universo e que proporcionou a Ptolomeu elaborar a “Teoria do Geocentrismo”.

Quando Copérnico provou que Ptolomeu estava errado, toda a base do Criacionismo ruiu, só que a Igreja, em vez de admitir que estivesse errada, resolveu condenar o astrofísico pela descoberta do heliocentrismo e que só não foi cremado na pira santa porque morreu antes da sua condenação.

Assim agem os dogmáticos: condenam aqueles que mostram seus erros.

E quando um texto bíblico contradiz as teses de seus seguidores, imediatamente aparece a tal “hermenêutica” ou interpretação facciosa do que foi escrito para transformar seu sentido no que convenha aos seus dogmas.

Enfim, culpar Deus de todos os nossos defeitos pode ser muito cômodo, mas, imaginá-Lo um ser antropomórfico, compatível exclusivamente com a vida terrena, é restringi-lo à existência do nosso planeta, unicamente preocupado com a vida humana, negando o resto do universo; é algo tão absurdo quanto supor que as estrelas girem em torno do nosso orbe.

 

* * *


 

 

Fonte: http://aeradoespirito2.sites.uol.com.br/Artigos/CRIACION_E_EVOLUC_CBI.html

 

 

 

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