Se a energia, por si só,
não se altera, algum agente externo a ela atua para formar
as partículas materiais.
Terence Browns
Desde 1975, quando Murray Gell Man, no acelerador
de partículas da Stanford University, descobriu a existência
dos quarks muita coisa mudou no conceito da formação
da matéria.
A primeira comprovação
foi a de que Werner Heisenberg, ao enunciar o princípio da
Incerteza estava certíssimo em dizer que as partículas
que se desviavam da trajetória de emissão eram comandadas
por vontade própria qual ovelhas desgarradas.
Esta vontade própria seria
a ação do agente responsável pela sua estruturação.
A primeira hipótese, portanto,
contestando a criação divina foi a de que, se cada partícula
atômica teria um agente estruturador correspondente para formá-la,
um corpo maior – a própria molécula – para
se formar, também teria que possuir os agentes correspondentes,
capazes de reunir as partículas inferiores e originar desde
o átomo, passando pela molécula, até a substância
em si. Em se resumindo à vida inorgânica.
A Ciência sempre negou
o Deus religioso porque Ele seria algo correspondente exclusivamente
à criatura humana, a ponto de “tê-la criado à
sua imagem e semelhança”, o que, por si, não recomenda
nada este Criador. O homem teria sido feito a partir de um modelo
cheio de defeitos desde os morais até os físicos.
Para Mathew Stanley, Deus é a própria natureza e Guerra
Junqueiro, em “A Velhice do Padre Eterno”, conclui os
versos de “Passaro Cativo” com a frase: – “Ó
natureza! A única Bíblia verdadeira és tu”.
Mas a verdade é que nada existe
sem uma causa, desde a ínfima partícula subatômica
até as maiores formações siderais do Universo,
como galáxias e demais grandes estruturas cósmicas.
Até o próprio Universo, para se formar, a partir de
um Big bang – seja ele qual for – jamais teria auto condições
para se estruturar, admitindo-se, portanto, que haja um Agente Superior
a tudo que o faça, mas, daí a se dizer que este agente
seja um “Deus” religioso, vai longa distância porque
este dito cujo tem que ser compatível com toda a imensidão
cósmica e não apenas à consistência humana,
insignificante perante a formação universal.
Indubitavelmente, não há
efeito sem causa e, como tal, a matéria não poderia
existir sem que houvesse algo que atuasse sobre a dita energia cósmica
amorfa e a modulasse, formando suas partículas desde as mais
elementares às mais complexas, inclusive, as que permitem transformá-las
em seres biológicos. Tudo dentro da mesma regra.
A primeira etapa, contudo, seria
descobrir que tipo de agente seria capaz de estruturar as mais elementares
partículas e, daí, partir para a vida ou algo mais.
Contudo, parece que o assunto não empolga os pesquisadores,
de modo que pouco se fala a seu respeito. Uma corrente parapsicológica
a encampou, transformando os ditos “agentes estruturadores”
em frameworkers.
Por outro lado, as raras correntes
científicas que se preocuparam com o assunto se dividiram em
dois grupos diversos: os que julgam que este agente é um elemento
de outro domínio, seja ele qual for (a Espiritualidade, por
exemplo) e os ditos “materialistas” como Peter Higgs que,
após equacionar a existência de tais agentes, determinou
hipoteticamente a vida material de uma partícula que obedece
às estatísticas de Bose-Einstein – um bóson
– e que satisfaz às condições de criação
da matéria; no caso, seria o verdadeiro “deus criador”.
Tive ocasião de comentar o
assunto em dois capítulos do meu livro “Arquitetos do
Universo”. Na época, ainda estava funcionando o LEP (Laboratório
Elétron-Próton) no CERN e que deveria ser, como o foi,
demolido para dar lugar ao LHC, um novo acelerador de partículas
– o maior do mundo – superior a tudo o que os laboratórios
já haviam construído e cuja principal proposição
seria a de investigar o dito “bóson de Higgs”.
E, sem dúvida, o referido acelerador de partículas já
se encontra em funcionamento, mostrando a todos, através da
televisão, de portas escancaradas, seus verdadeiros propósitos
em busca do que seja real.
Primeiramente, vejamos o que vem a
ser um bóson:
É de conhecimento geral que
um átomo se compõe de diversas partículas ditas
elementares, como o elétron, o próton, o nêutron
e outras mais, algumas leves e outras pesadas. Entre elas o méson
(intermediário). Mas acontece que todas essas partículas
têm um comando para que possam atuar em suas devidas funções.
Satyendranath Bose, físico natural de Calcutá (1894
– 1974), assistente de A. Einstein, fez uma estatística
do comportamento das partículas que tinham exatamente esta
propriedade de orientar as demais em suas funções e
estas, em sua homenagem, passaram e se chamar “bósons”.
Ocorre que, em 1935, um físico
japonês natural de Tókio, chamado Hideki Yukawa (1907
– 1981) equacionou a existência de uma partícula
intermediária entre as leves (léptons) e as pesadas
(hadrons) às quais denominou de mésons, cuja finalidade,
exatamente, seria a de comandar estas outras a fim de que as mesmas
estruturassem o átomo. Foi nossos caro César Lates que
teve ocasião de obter a primeira foto em um fermilab de uma
das aludidas partículas comprovando sua existência.
Experimentalmente, verificou-se que
o méson não era gravitacional (partícula cinética,
ou seja, que se movimenta) como os elétrons, nem inercial (que
não se move) como os nêutrons. Ela estava em determinado
ponto e desaparecia dele, surgindo em outro lugar, sem que se deslocasse
para lá. Para explicar aos meus alunos tais fenômenos,
usei como exemplo um grão escuro, uma formiga e uma pulga sobre
uma toalha branca: o grão não saía do lugar (partícula
inercial), a formiga ia andando e se locomovia sobre o pano (gravitacional
ou cinética) e a pulga, ao pular, saia de onde estava e surgia
em outro lugar, sem se deslocar sobre o pano. O méson apresentava
mesma propriedade, só que sua fuga era pela dimensão
magnética conhecida como quarta dimensão (comprovada
por um aparelho conhecido como TEEM – Tensor de energia eletro-magnético)
que nossos sentidos não podem captar.
Isso inspirou Yukawa, depois que foi comprovada a existência
de alguns mésons distintos, cada qual com sua função
específica, a dizer que a ação da referida partícula
seria a de ser o liame entre a vida material do átomo e o seu
respectivo estruturador. Ele era reencarnacionista (talvez budista)
e admitia a vida espiritual fora da matéria. O méson
é um bóson.
Com o advento dos LEP (aceleradores de partícula) outros bósons
foram descobertos, cada qual com uma propriedade diversa, atuante,
cuja finalidade seria a de comandar a estrutura do átomo. Destaque
para o gráviton que comanda a força gravitacional
interna, o glíon aglutinador dos quarks, e o fóton
característico pela propriedade de ser responsável pela
emissão das ditas freqüências luminosas, estes os
mais conhecidos dentre outros.
Em resumo e numa linguagem bem simples, pode-se
dizer que todo bóson é uma partícula estruturadora
responsável pelo comando de ações interatômicas
dessas partículas elementares.
Do mesmo modo como Yukawa equacionou
a existência de seu primeiro méson, também Higgs
determinou matematicamente a existência de uma partícula
semelhante, ainda não comprovada experimentalmente, que, para
ele, teria a função de agir sobre a energia fundamental
e transformá-la em átomo. Em síntese, para ele,
faria o trabalho que a religião atribui a Deus: criar a matéria
e dar-lhe vida ou existência.
Evidentemente, seria a glória
para os ditos materialistas.
Tudo seria muito simples se pudesse
provar que esta partícula agiria por “vontade”
própria, sem qualquer outro comando, contrariando a hipótese
inicial de Gell Mann que, para interagir sobre a energia fundamental
que compõe 27% do Universo, teria que ser um agente externo
a ela. E mais uma vez surge a indagação: de onde teria
surgido tal partícula? Do nada?
Este é outro assunto que merece
abordagem separada.
Voltemos às partículas
estruturadoras. Elas estão diretamente ligadas ao átomo
e, como tal, constituídas de energia; isto nos leva a indagar:
quem ou o quê a estruturou? Seria ela auto-estruturável?
E, no caso, de onde teria surgido? Porque, sem dúvida, a hipótese
de Gell Man ainda não foi contestada.
Esta seria a primeira falha que se
me afigura, relativamente ao bóson de Higgs: como foi formado?
Quem ou o quê o comanda? Do mesmo modo que a matéria
estruturada por ele, ele próprio não poderia ter saído
do nada. E, pelo que tudo indica, só existe dentro do átomo.
Da mesma forma que os religiosos pecam
por quererem impor um Deus semelhante ou compatível apenas
com a criatura humana, esquecendo-se de que nada somos perante a imensidão
cósmica, também os materialistas se esquecem de que,
quando Einstein determinou a equação de transformação
da energia em matéria (E = mc²) declarou que, sendo efeito
desta condensação, a matéria, como efeito, não
poderia ser causa de nada. E toda partícula, por mais elementar
que seja, é matéria. Inclusive os bósons.
E agora a pergunta: como a partícula
de Higgs se condensou? No máximo, ela poderá ser o agente
materializado da ação – divina ou não –
de algo estranho à energia que a teria formado e, como tal,
seus poderes criadores só irão existir em decorrência
deste agente externo ao domínio material que a comandaria.
E voltamos à questão
anterior: quem ou o quê será esse Ente que a comandaria?
Por mais repetitiva que seja esta
indagação, ela continua procedente.
Aguardemos, todavia, as pesquisas que estão sendo feitas pelo
LHD do CERN (o mais moderno acelerador de partículas) a fim
de analisarmos com procedência os seus resultados.
Na próxima etapa analisaremos
o conceito universal da formação sideral a partir do
que os observatórios astrofísicos já detectaram
e analisaremos os contrastes existentes com a idéia atômica
do bóson divino.
* * *