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Marco Milani

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Qual é o sentido da Páscoa na visão de algumas religiões?

Baseado em reportagem de Cristiana Felippe publicada na Revista das Religiões - www.revistadasreligioes.com.br -

 

Trata-se de uma das principais festas cristãs, estabelecida pelo Concílio de Nicéia em 325, para ser comemorada no primeiro domingo após o equinócio do inverno no hemisfério norte (entre 22 de março e 25 de abril). A ideia era coincidir a data com o início da primavera, estação que simboliza o renascer. "É o maior fundamento do Cristianismo, porque mostra Jesus vitorioso. No meio de aparente fracasso da morte a vida falou mais alto", afirma a teóloga e historiadora Maria Cecília Domezi das Faculdades Claretianas de "São Paulo” Representa, portanto, um momento de reflexão sobre a vida e a morte, a culpa e o perdão, a solidariedade e a liberdade. "Se tudo tivesse terminado no sepulcro, não haveria Cristianismo, apenas uma bela filosofia de vida”, diz o padre Gregório Teodoro da Catedral Ortodoxa de São Paulo.

 

Quem testemunhou a aparição de Jesus?
De acordo com a Bíblia foram as mulheres que acompanharam Jesus em suas pregações as primeiras a constatar que o sepulcro estava vazio. Depois, apesar da divergência entre os evangelhos quanto ao número de testemunhas, o próprio Cristo Ressuscitado teria aparecido a Maria Madalena, aos discípulos que seguiam para o povoado de Emaús e aos 11 apóstolos (o décimo segundo, Judas, enforcou se depois de trair o Mestre). Nenhum dos quatro textos canônicos revela como, de fato, teria ocorrido ressurreição. As narrativas concentram-se em mostrar que Cristo teria mesmo vencido a morte, como havia previsto (Lucas 9, 22, entre outras citações). Segundo os estudiosos, as diferenças entre os relatos se devem à visão teológica de cada evangelista. Segundo o texto de Marcos, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé foram avisadas por um jovem de que Jesus não estava mais lá. Mateus também menciona as mulheres mas Salomé desta vez não aparece. O anúncio da ressurreição, neste caso teria vindo de um anjo. “Como os destinatários de seu evangelho são os judeus convertidos, Ele se preocupa com o fato de que a mensagem seja contada aos sacerdotes", afirma o teólogo e padre Antonio Bogaz, de São Paulo. "E destaca a importância das mulheres para valorizar a tradição judaica da presença feminina na vida da comunidade." No Evangelho de João, Madalena aparece como a testemunha primordial seguida por Pedro, como o primeiro dos apóstolos, embora "o discípulo que Jesus amava" (João, na interpretação dos especialistas) tenha chegado antes ao túmulo. “Lucas, por sua vez, tinha uma teologia mais voltada para o núcleo familiar e, por isso, traz mais detalhes nas descrições", diz o padre Bogaz. Os apócrifos confirmam essas testemunhas: depois de ressuscitado, Jesus teria continuado a aparecer aos apóstolos e às mulheres durante mais doze anos.

O que é o Pessach judaico?
Páscoa judaica ou Pessach (significa passagem da escravidão para a liberdade ou passar por cima) celebra a libertação dos filhos de Israel após dois séculos de cativeiro no Egito. Segundo o costume da época, cada família hebreia deveria sacrificar um cordeiro e pintar as portas das casa com o sangue. Era um sinal de proteção contra a praga divina. Na celebração atual, comem-se carne de carneiro, pão com ervas amargas como recordação do sofrimento do cativeiro. A libertação é contada no livro Êxodo e tornou-se o ponto central da história judaica, marcando o surgimento dos Judeus como povo livre. É comemorada sempre no mês de abril e tem a duração de oito dias. Nas duas primeiras noites, é realizado o jantar festivo (Seder) para recordar o sacrifício judeu. A comida típica e o matzá (o pão da aflição ou dos pobres), uma bolacha não fermentada feita apenas de trigo e água, que tem a função de relembrar a luta dos antepassados. “Os judeus expulsos não tiveram tempo de fermentar o pão e o levaram antes que pudesse ser preparado”, conta o rabino Henry Sobel, da Congregação Israelita de São Paulo.

Qual é o simbolismo do coelho e dos ovos de chocolate?
Oferecer ovos como presente é uma tradição do Cristianismo. Na Babilônia e no Egito antigo, estavam associados ao culto da fertilidade. A tradição vem do Oriente, onde eram embrulhados com cascas de cebola e cozidos com beterraba para ficar coloridos e serem oferecidos na festa da Primavera. Os cristãos se inspiraram neste costume e o consagraram como lembrança da ressurreição de Jesus. “Ainda adotamos esta tradição antiga de distribuir ovos pintados para simbolizar a nova vida”, diz o padre Gregório Teodoro, da Catedral Metropolitana Ortodoxa de São Paulo. O ovo de chocolate, oferecido na, Páscoa, porém, aparece pela primeira vez no século dezoito, com o desenvolvimento da indústria alimentícia na Europa onde teria nascido também a tradição do coelho, associado à criação devido à sua grande prole. Os anglo-saxões contavam às crianças que os coelhos levavam os ovos e os escondiam entre as plantas. Na manhã do dia de "Páscoa, elas tinham de procurá-los nas ruas e nos jardins.

Como a data é celebrada?

Católicos
Um dos principais rituais é a missa do Sábado Santo ou do Fogo Novo. Os fiéis reúnem-se, no início da celebração, ao redor de uma pequena fogueira, na entrada da igreja, e proclamam a luz do Cristo Ressuscitado. É aceso o círio pascal (vela grande e benta), que traz as letras alfa e ômega simbolizando que Cristo é o princípio e o fim do Universo. Todos acendem a vela no círio para renovar o compromisso com Deus. São feitas diversas leituras bíblicas e, finalmente, a proclamação do Evangelho com o anúncio da ressurreição, acompanhado por sinos.

Jesus teria previsto a própria morte e ressurreição:
"Este Homem será entregue em mãos de homens que o matarão. Ao terceiro dia ressuscitará." (Mateus 17.23)

Ortodoxos
Seguem o calendário Juliano, com 13 dias a mais no ano, de forma que a Páscoa cristã sempre seja celebrada depois da Judaica, já que Jesus participou dela. Celebram o ofício da ressurreição com cânticos antes da missa. Com todas as luzes da igreja apagadas; o celebrante acende uma vela no altar na qual todos os fiéis acendem suas próprias velas, representando a luz que sai do sepulcro vazio. O padre vai até a entrada do templo, bate na porta e anuncia a presença do Rei da Glória. Depois da missa, distribuem-se ovos cozidos pintados.

Protestantes
Enfatizam a relação entre a Páscoa do antigo Testamento (judeus) e a do Novo Testamento (cristãos). Na páscoa judaica, um cordeiro era sacrificado em nome de Deus e seu sangue era pintado na porta das casas. "Ressaltamos que, na cultura Jesus tornou-se o cordeiro pascal” afirma o teólogo Valtair Miranda, do Rio de Janeiro. Não há imagens nem símbolos de Jesus crucificado. Preferem exaltar suas mensagens e sua vitória sobre a morte. Algumas igrejas celebram o culto às 6 horas da manhã, hora da ressurreição.

Evangélicos
Muitos celebram a ressurreição assistindo ao nascer do sol no domingo de Páscoa, às 5 horas da manhã, normalmente em lugares altos ao ar livre (como os antigos faziam para estar mais próximos de Deus) ou no próprio templo. Em geral, há cultos especiais nesse dia. "Exaltamos com mais força a ressurreição que a morte", diz o pastor Ariovaldo Ramos, da Igreja Batista Água Branca, em São Paulo. Por isso, dão mais ênfase ao domingo que à sexta-feira da Paixão. Para recordar a última ceia de Cristo, antes da crucificação, comem ervas amargas.

Espíritas
No Espiritismo não há qualquer tipo de ritual nem simbolismos, portanto a data da Páscoa serve, apenas, para favorecer a reflexão sobre a realidade em que vivemos. Os espíritas acreditam na reencarnação e não na ressurreição. "Conforme atestado pela ciência é impossível voltar para o mesmo corpo depois de um processo de decomposição orgânica", diz Marco Milani, da União das Sociedades Espíritas de São Paulo. Não existem milagres, apenas situações naturais regidas por leis imutáveis e que ainda estão sendo descobertas pela humanidade. Para o Espiritismo, a hipótese mais provável para o aparecimento de Jesus é que os apóstolos o tenham visto por meio da mediunidade (fenômeno de vidência), mas apenas em espírito e com a mesma aparência que o conheceram. Os Espíritas consideram, no entanto, que o fato de não ter havido a ressurreição não tira o mérito da missão de Jesus. “Ele é considerado o espírito de conduta moral mais elevada que habitou o planeta, por isso seguimos seus ensinamentos”, afirma Marco. “Atingiu um grau de evolução que todos nós conseguiremos um dia por meio das várias encarnações (a volta do mesmo Espírito para outro corpo).” Não há necessidade de celebrações especiais porque, acreditam, todos os dias representam novas oportunidades para o aprimoramento moral, o grande objetivo de todo ser humano.

 

Fonte:
http://educadorespirita1.blogspot.com.br/2014/04/pascoa-na-visao-de-algumas-religioes.html

 

 

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