Abaixo a relação de
perguntas previamente formuladas pelo grupo de estudos e abordadas
durante o seminário:
Para espiritualistas em geral, é
perfeitamente compreensível que, ao se utilizar os embriões
de células tronco, está se interrompendo a existência
de algum espírito. Mas como convencer os céticos? Que
justificativa utilizar?
A Doutrina Espírita é
a favor de utilizar as células tronco de uma pessoa nela mesma.
Por que os cientistas e políticos não pensaram apenas
neste tipo de utilização? Aos olhos deles, isso traria
algum tipo de prejuízo?
Quanto tempo demora, mais ou menos,
para que uma questão polêmica como essa seja aprovada?
Segundo a questão 344 de “O
Livro dos Espíritos”, "No momento da concepção,
o espírito designado para habitar determinado corpo se liga
a ele por um laço fluídico e vai aumentando essa ligação
cada vez mais (...). Se a utilização dos embriões
de células tronco já fosse permitida, a que tipo de
sofrimentos estes espíritos recém ligados estariam suscetíveis,
além da impossibilidade de reencarnar?
Estamos sendo testemunhas de uma discussão
entre os que estão a favor e aqueles que estão contra.
E em relação ao mundo espiritual? É possível
que espíritos interessados neste obstáculo à
reencarnação possam estar influenciando de alguma forma?
Um grupo de mulheres doa suas células-tronco
embrionárias para a pesquisa. Cientificamente, isto não
seria considerado um aborto?
Os argumentos a favor da utilização
de células-tronco embrionárias (cura de doenças,
reconstituição de órgãos etc) poderiam
ser uma forma de mascarar um objetivo principal como a clonagem, por
exemplo?
Os espíritos Superiores não
se têm manifestado em relação à questão?
Questões adicionais enviadas
posteriormente por e-mail
Creio que toda existência carnal
do Espírito se inicia na fecundação ou quando
um novo corpo começa a existir (na possível clonagem
humana, não há fecundação, não
é?). E será que em toda fecundação humana,
natural ou in vitro, liga-se a todo embrião um Espírito
reencarnante?
Haverá meios científicos
de se detectar a existência de um ser vivo nos embriões?
Fala-se de equipamentos que futuramente poderão identificar
se determinado embrião tem a ele ligado, ou não, um
espírito reencarnante. Isto se daria através da identificação
de campos biomagnéticos, utilizando-se um tensionador espacial
magnético (TEM). Será possível?
O embrião, desde a sua fase
inicial de zigoto, já é o próprio organismo humano
vivo, já que está totalmente constituído para
o seu pleno desenvolvimento e também porque, até a sua
fase de blastócito – período em que as células
se multiplicam de forma ordenada, mas ainda não são
diferenciadas – já exerce atividades programadas que
darão suporte às próximas fases da sua formação?
Uma vez que se conclua que todos ou
parte dos embriões congelados já sejam seres vivos,
com espíritos a eles ligados, além de parar de se produzir
embriões excedentes nas reproduções assistidas,
o que fazer com os que já estão armazenados?
Na fertilização in vitro,
ao se manipular os embriões que serão colocados no útero
para gerar filhos, não estaria havendo uma agressão
imposta ao corpo desses seres humanos, já que o método
utilizado não está isento de possíveis seqüelas?
Ou seja, os que manipulam os embriões humanos, mesmo os que
serão implantados no útero para reprodução,
não serão eles agentes nos problemas de saúde
que daí possam surgir nesses indivíduos? Não
acha que não cabe ao homem, imprimir a vida de quem quer que
seja, uma doença, assim como a sua morte?
As células adultas têm
o mesmo potencial que as células embrionárias para se
transformar em diferentes tipos de células?
Nos casos de fetos anencéfalos
(sem cérebro) e também de estupro, também nesses
casos não se deve praticar o aborto, certo?
Em seguida temos alguns textos usados
como referencias para responder às questões colocadas
acima.
Ser professor universitário (1)
Ética, sociedade e terceiro milênio
A ética visa mais o bem
a ser conquistado e garantido que ao mal que deve ser evitado. A bioética
é a ética aplicada aos novos problemas que se desenvolvem
nas fronteiras da vida. Vem em salvaguarda do ser humano: na singularidade
da individualidade, mas também na universalidade da sua humanidade.
Não pretende ser restritiva, mas tem a tarefa de colocar limites
éticos a fim de salvaguardar a pessoa humana, sua vida e humanidade.
O progresso tecnológico da biomedicina levanta problemas éticos,
que requerem da bioética reflexão prática. A
questão “o que posso fazer?” Deve estar acompanhada
das perguntas do imperativo ético “o que devo fazer?
O que é bom fazer? Qual é o bem a ser preservado e o
bem a ser promovido”.
A ética ao falar de valores e agir humano, parte do pressuposto
que todo ser humano age por uma motivação em vista de
uma finalidade. É sabido que entre a motivação
e a finalidade não existe uma transparência que determine
ser todo ato bom e responsável. Vários fatores psicológicos,
sociais e culturais podem influenciar estes atos. Um ato humano, mesmo
os atos médicos e científicos, podem ser maus e irresponsáveis
se as motivações forem egoístas ou se a finalidade
for a ganância de fama, poder ou riquezas.
A reflexão ética visa identificar os valores humanos
e a elaboração de normas de comportamento, para a garantia
do bem humano e social. A bioética identifica a vida como um
bem, e quer compreendê-la melhor, identificando os valores que
a acompanham e favorecem como um bem. Busca também a elaboração
de normas de comportamento que garantam este bem. Normas que são
regidas pela humanidade presente em cada um de nós. Esse progresso
depende da educação.
O projeto de declaração sobre o genoma humano, do comitê
internacional da UNESCO, proclama a necessidade do ensino:
“art.16: os Estados
se comprometem a promover um ensino específico concernente
às implicações éticas, sociais e médicas
da biologia e da genética humana.”
É um ensino que deve
permitir a todos exercerem responsabilidades próprias ante
as novas situações derivadas do avanço das ciências
da vida. Os novos e diferentes desafios precisam ser apreendidos em
toda a sua complexidade.
Produzir profissional qualificado implica em aquisição
e produção de conhecimento; de capacidade técnica
e de atitudes profissionais. Assim existe a necessidade de contínua
informação, atualização técnica
e formação permanente. Ser informado das novas técnicas
implica em saber executá-las, mas também em saber posicionar-se
diante dos problemas éticos que dela decorrem.
O salto de qualidade no ensino será o da informação
para a formação de uma nova consciência profissional,
integrada a um universo biomédico com a sua especificidade
humana, capaz do diálogo, da clareza de percepção
dos problemas éticos e da objetividade de apresentação
destas questões em vista da decisão a ser tomada em
conjunto com outros envolvidos naquele ato biomédico, seja
ele um atendimento ou uma pesquisa.
Em síntese: um profissional ético com consciência
crítica, livre, criativa e responsável, capaz do diálogo.
O preparo para a reencarnação
Existe algum preparo para o espírito
reencarnar? Se existe, qual é? O espírito pode ser obrigado
a reencarnar? A lei de hereditariedade influi no espírito?
Ele reencarna consciente ou inconsciente? Quando termina o processo
da reencarnação? Por que o esquecimento?
"Missionários da Luz", capítulo 12, Preparação
de experiências, André Luiz, psicografia de Francisco
Cândido Xavier:
"Segismundo voltará
ao rio da vida física. A situação assim exige
e não devemos perder a oportunidade de encaminhá-lo
ao necessário resgate... Tudo está preparado afim
de que Segismundo regresse à companhia da vítima e
do inimigo do pretérito, no sentido de santificar o coração.
Será ele, de conformidade com a permissão de nossos
Maiores, o segundo filhinho do casal... Infelizmente, Adelino, que
lhe será o futuro pai transitório, repele-o com calor,
tão logo surgem as horas do sono físico, trabalhando
contra os nossos melhores propósitos de harmonização.
Em vista disso o trabalho preparatório da nova experiência
tem sido muito moroso e desagradável."
Palavras de Alexandre, instrutor
de André Luiz, sobre o preparo da reencarnação:
"Temos bons amigos no Planejamento
de Reencarnações. Nesta instituição,
durante alguns dias, você terá idéia aproximada
da nossa tarefa, portas adentro de semelhante trabalho. Grande percentagem
de reencarnações se processa em moldes padronizados
para todos, no campo das manifestações puramente evolutivas.
Mas outra porcentagem não obedece ao mesmo programa. Elevando-se
a alma em cultura e conhecimentos, e, em responsabilidade, o processo
individual é mais complexo, fugindo à expressão
geral, como é lógico. Em vista disso, as colônias
espirituais mais elevadas mantêm serviços especiais
para trabalhadores e missionários."
"As entidades sob nossos olhos são trabalhadores da
nossa esfera interessados em reencarnações próximas.
Nem todos estão diretamente ligados a semelhantes propósitos,
porque grande parte está no trabalho de intercessão,
obtendo favores desta natureza para amigos íntimos. Os rolos
brancos que conduzem são pequenos mapas de formas orgânicas,
elaborados por orientadores do nosso plano, especializados em conhecimentos
biológicos de existência terrena. Conforme o grau de
adiantamento do futuro reencarnante e de acordo com o serviço
que lhe é necessário estabelecer planos adequados
aos fins essenciais."
E a lei da hereditariedade?
"Funciona com inalienável
domínio sobre todos os seres em evolução, mas
sofre, naturalmente, de todos aqueles que alcançam qualidades
superiores ao ambiente geral. Além do mais, quando os interessados
em experiências novas no plano da crosta e merecedor de serviços
“intercessórios”, as forças mais elevadas
podem imprimir certas modificações à matéria,
sede de atividades embriológicas, determinando alterações
favoráveis ao trabalho de redenção." Após
conseguir o perdão e a permissão dos futuros pais
para a reencarnação encontramos Segismundo momentos
antes de reencarnar: "Já estive mais animado –
disse-me ele, triste -, entretanto agora falecem-me as energias...
sinto-me fraco, incapacitado... agora tenho receio de novos fracassos...".
Em “O Livro dos Espíritos”,
questão 339: O momento da encarnação é
acompanhado de uma perturbação semelhante aquela que
tem lugar na desencarnação?
– Muito maior e sobretudo
mais longa. Na morte, o espírito sai da escravidão,
no nascimento, entra nela.
"Existem, então aqueles
que reencarnam inconscientes do ato que realizam?
Certamente – respondeu Alexandre,
solícito - assim também como desencarnam diariamente
na crosta milhares de pessoas sem a menor noção do
ato que experimentam, somente as almas educadas tem compreensão
real da verdade que se lhes apresenta em frente da morte do corpo.
Do mesmo modo, aqui, a maioria dos que retornam a existência
corporal na esfera do globo é magnetizada pelos benfeitores
espirituais, que lhe organizam novas tarefas redentoras, e quantos
recebem semelhante auxílio são conduzidos ao templo
maternal de carne como crianças adormecidas. O trabalho inicial,
que a rigor lhes compete na organização do feto, passa
a ser executado pela mente materna e pelos amigos que os ajudam
de nosso plano. São inúmeros os que regressam a crosta
nessas condições."
Emmanuel em "Esquecimento e
reencarnação", do livro Religião dos Espíritos:
"Encetando uma nova existência
corpórea, para determinado efeito, a criatura recebe, desse
modo, implementos cerebrais completamente novos, no domínio
das energias físicas, e, para que se lhe adormeça
a memória, funciona a hipnose natural como recurso básico,
de vez que, em muitas ocasiões, dorme em pesada letargia,
muito tempo ates de acolher-se ao abrigo materno. Na melhor das
hipóteses, quando desfruta de grande atividade mental nas
esferas superiores só é compelida ao sono, relativamente
profundo, enquanto perdure a vida fetal. Em ambos os casos, há
prostração psíquica nos primeiros sete anos
de tenra instrumentação fisiológica dos encarnados,
tempo que se lhes reaviva a experiência terrestre..."
"E isso, na essência, e o que verdadeiramente acontece,
porque, pouco a pouco, o espírito reencarnado retoma a herança
de si mesmo, na estrutura psicológica do destino, reavendo
o patrimônio das realizações e das dívidas
que acumulou, a se lhe regravarem no ser, em forma de tendências
inatas, e reencontrando as pessoas e as circunstâncias, as
simpatias e as aversões, as vantagens e as dificuldades,
com as quais se afinizado ou comprometido...".
"A moldura social ou doméstica, muitas vezes, é
diferente, mas, no quadro do trabalho e da luta, a consciência
é a mesma, com a obrigação de aprimorar-se,
ante a benção de Deus, para a luz da imortalidade."
(2)
Anomalias fetais: abortar?
Anencéfalo tem alma? Que é
a alma? Seria válido o aborto diante de anomalias fetais graves
e incuráveis? Como detectar a presença do espírito?
Há um espírito encarnado?
Segundo estimativas extra-oficiais, existem hoje no Brasil mais de
350 alvarás judiciais autorizando a prática da interrupção
seletiva da gravidez em nome de anomalias fetais incompatíveis
com a vida extra-uterina.
Sabe-se que há relação
direta entre fetos anencéfalos e abortamento espontâneo.
Cerca de 65% morrem no período intra-útero. Dos que
sobrevivem, cerca de 2/3 falecem nas primeiras três horas. Alguns
registros mostraram que, de 180 anencéfalos vivos, 58% não
sobreviveram após as primeiras 24 horas. Quando a alma está
presente?
Que é a alma? A resposta é encontrada em “O Livro
dos Espíritos”, na questão 134 e diz que é
“um espírito encarnado”. Mas, que era a alma antes
de se unir ao corpo? “Um Espírito”. O corpo pode
existir sem alma, não sendo um homem mas massa de carne sem
inteligência (questão 136). Na agonia (processo de desencarnação),
algumas vezes, já tem deixado o corpo havendo apenas vida orgânica.
Cabe perguntar, sob o ponto de vista prático, como saber se
o espírito já deixou o corpo e como saber se está
ligado ao corpo do anencéfalo. Nas questões deste capítulo
de "O Livro dos Espíritos" vamos encontrar novamente
o vocábulo (alguns/ algumas) na questão 356, onde verificamos
que entre os natimortos há alguns onde não foi destinada
a encarnação de espíritos. Por outro lado, “O
Livro dos Espíritos” é claro quando informa que
se a criança vive após o nascimento ela tem forçosamente
encarnado em si um espírito e é um ser humano (questão
356b). Interessante é que não tendo sido destinado à
encarnação de espíritos, corpos podem chegar
a termo de nascimento, algumas vezes (de novo o vocábulo),
mas não vivem (questão 356a). Essas questões
parecem explicar (percentuais referidos anteriormente) os 65% de anencéfalos
que morrem no período intra-útero e ainda os outros
42% que sobrevivem após as primeiras 24 horas.
Uma mulher tem o direito de levar
a termo uma gestação com uma criança seriamente
afetada, quando isso representa uma carga financeira e social imensa
para toda a sociedade?
No momento de decisão vamos nos debruçar sobre a resposta
dada pelos Espíritos Superiores (na questão 356b) –
“há forçosamente um espírito encarnado”.
Fontes é enfático: “decretar viver ou morrer não
é poder do juiz.” Certamente ele vai deixar os calouros
de direito em reflexão profunda, quando adjetiva: “mais
inviável do que o nascituro tido como anencéfalo é
a pretensão de alcançar judicialmente uma autorização
de aborto, porquanto injusta, ilegal, inconstitucional, juridicamente
impossível, irrelevante e inútil.” (3)
“Ora, minha amiga, estamos discutindo
a existência de alguém que ainda nem é uma pessoa.
É apenas um amontoado de células. Eu estou defendendo
a mulher e você vai ficar defendendo um feto!” (...) “A
mulher é sempre ignorada. Essa é a grande questão
do nosso século. As mulheres que abortam, no Brasil, não
o fazem por opção. Quando falo no direito de abortar
falo em direito à vida humana, decente e digna. É preciso
existir estrutura para gerar filhos, foi você mesma quem colocou!”
“Sim”, veio a resposta: “e deve ser aí que
devemos gastar a nossa energia e não tentando desumanizar o
outro! Sempre que se quer humilhar, castrar, limitar ou matar o outro,
recorre-se a esta técnica consagrada. O primeiro ato é
desumanizar. Se o embrião é um "vir a ser",
mas não é ainda por que não suprimi-lo em favor
dos que são? Hitler e Stálin tinham idéias, até
nobres, pelas quais se delegaram o direito, e até o dever,
de matar judeus, dissidentes, capitalistas, comunistas e católicos.
O que se quer é “desumanizar” o embrião
para adormecer as consciências com uma legitimidade. "A
ciência não tem uma definição de vida,
portanto não pode justificar um procedimento tão grave
sobre o que desconhece.”. (4)
Com relação às
pesquisas no campo das células tronco, dos embriões
congelados, há divergências entre a opinião da
ciência e a da religião. O que você nos diz sobre
essa questão? Responde o médium Divaldo Pereira Franco.
- Quando for possível fazer uma ponte entre ciência e
religião, fica muito mais fácil. A tarefa da ciência,
indubitavelmente, é pesquisar. Se a ciência tivesse limites,
hoje nós não teríamos a tecnologia de ponta que
nos facilita tanto a comunidade, inclusive o prolongamento da vida.
Mas, nessa busca da investigação científica,
às vezes alguns pesquisadores exorbitam. Toda vez, quando a
vida corre ameaça, é compreensível que haja uma
bioética. As grandes nações trabalham isto e
o Brasil também, para que se estabeleça uma bioética.
Nem tudo deve ser permitido na área da investigação.”
(...) "No caso das células tronco, a Doutrina Espírita,
na sua visão religiosa, é totalmente favorável.
Toda e qualquer pesquisa que objetive o progresso, a diminuição
das dores, a mudança de situação da criatura,
é válida, mas para tanto é necessário
respeitar a vida que está em processo de desenvolvimento.”
(...) “A ciência vai descobrir que essa vida embrionária
não é de espontaneidade da matéria, mas sim da
presença do Espírito. Ao destruí-los se interrompe
uma futura existência, com menos conseqüências negativas,
porque os Espíritos que ali se encontram imantados estão
também cumprindo um período de provas e essa própria
prova é uma maneira de resgatar débitos do passado.”
(5)
Transdisciplinaridade (6)
Artigo 13. A ética transdisciplinar
recusa toda atitude que recusa o diálogo, a discussão,
seja qual for sua origem – de ordem ideológica, científica,
religiosa, econômica, política ou filosófica.
O saber compartilhado deverá conduzir a uma compreensão
compartilhada baseada no respeito absoluto das diferenças entre
os seres, unidos pela vida comum sobre uma única e mesma Terra.
Artigo 1 - Qualquer tentativa de reduzir
o ser humano a uma mera definição e de dissolvê-lo
nas estruturas formais, sejam elas quais forem, é incompatível
com a visão transdisciplinar.
Artigo 2 - O reconhecimento da existência
de diferentes níveis de realidade, regido por lógicas
diferentes é inerente à atitude transdisciplinar. Qualquer
tentativa de reduzir a realidade a um único nível regido
por uma única lógica não se situa no campo da
transdisciplinaridade.
Artigo 12 - A elaboração
de uma economia transdisciplinar é fundada sobre o postulado
de que a economia deve estar a serviço do ser humano e não
o inverso.
Artigo 3 - A transdisciplinaridade
é complementar à aproximação disciplinar:
faz emergir da confrontação das disciplinas dados novos
que as articulam entre si; oferece-nos uma nova visão da natureza
e da realidade. A transdisciplinaridade não procura o domínio
sobre as várias outras disciplinas, mas a abertura de todas
elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa.
Artigo 5 - A visão transdisciplinar
está resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o
domínio das ciências exatas por seu diálogo e
sua reconciliação não somente com as ciências
humanas, mas também com a arte, a literatura, a poesia e a
experiência espiritual.
Artigo 9 - A transdisciplinaridade
conduz a uma atitude aberta com respeito aos mitos, às religiões
e àqueles que os respeitam em um espírito transdisciplinar.
Artigo 10 - Não existe um lugar
cultural privilegiado de onde se possam julgar as outras culturas.
O movimento transdisciplinar é em si transcultural.
Artigo 7 - A transdisciplinaridade
não constitui uma nova religião, uma nova filosofia,
uma nova metafísica ou uma ciência das ciências.)
Artigo 14 - Rigor, abertura e tolerância
são características fundamentais da atitude e da visão
transdisciplinar. O rigor na argumentação, que leva
em conta todos os dados, é a barreira às possíveis
distorções. A abertura comporta a aceitação
do desconhecimento, do inesperado e do imprevisível. A tolerância
é o reconhecimento do direito às idéias e verdades
contrárias às nossas.
O Biodireito e a Tendência da Constitucionalização
do Direito Internacional:
A Dignidade da pessoa Humana como Valor Universal (7)
Conclusão
É indiscutível, nos
dias atuais, que a humanidade está assistindo a uma verdadeira
“revolução” provocada pela biotecnologia
e pela biomedicina, trazendo uma série de questionamentos jamais
pensados por qualquer ramo do conhecimento.
Questões como aborto, eutanásia, ortotanásia,
clonagem humana, são assuntos que envolvem vida e morte de
seres humanos. Ética e direito, bioética e biodireito,
direito constitucional e direito internacional devem estar agindo
em conjunto para que se encontre o famigerado “ponto de equilíbrio”
entre a ânsia pelo desconhecido, a vaidade desenfreada e o senso
comum daquilo que é ético, digno, justo.
Neste prima, questões éticas são suscitadas,
aliadas às legislações nacionais e internacionais
para que se alcance uma espécie de “freio” à
ciência para aquilo que for considerado como ofensor à
dignidade do ser humano.
Sabe-se que, o avanço científico sem reflexão
ética é um salto no vazio. A ética, em efeito,
deve orientar o avanço científico e a harmonia entre
eles.
A busca do “ponto de equilíbrio” entre o direito/
a ética ao conhecimento científico, concretizado pelas
descobertas científicas e, de outro lado, a dignidade da pessoa
humana aliada à proteção internacional dos direitos
humanos é de extrema importância para o futuro da humanidade.
Encontrar esse tênue ponto de equilíbrio em face do indivíduo,
sociedade e meio ambiente, visando estabelecer os limites para a evolução
científica, paralelamente ao desejo de uma melhor qualidade
de vida para a espécie humana, inter-relacionada com a fauna,
flora e o ecossistema, é a função reservada à
Bioética. E, o Biodireito apresenta-se diante da necessidade
de o Direito entrar em ação.
Para que isso aconteça, a ética deve estar aliada ao
direito, que lhe dará sustentação legal para
tanto. O Direito Constitucional deve estar em consonância com
o Direito Internacional, ou seja, a Constituição deve
estar apta a reconhecer mecanismos internacionais eficazes de proteção
à dignidade da pessoa humana, à prevalência dos
direitos humanos, em relação ao prazer em testar seres
humanos. A idéia de criar um tribunal internacional de ética
para cientistas, médicos, profissionais que atuam com experiências
em seres humanos, é que exista realmente aplicabilidade de
regras e a conseqüente coerção caso haja desrespeito
aos preceitos éticos e jurídicos. As declarações
internacionais apresentadas neste trabalho, são um prenúncio
disso.
O que se espera é que esta tendência da constitucionalização
do direito internacional possa, aos poucos, chegar na criação
de um tribunal de ética para apreciar essas novas situações
que estão surgindo, envolvendo direito e ciência, ética
e responsabilidade, Biodireito e Bioética, para assegurar um
bem maior, a ser tutelado não só pelo Estado, mas pelo
Direito Internacional dos Direitos Humanos e da Bioética: a
dignidade, a vida, o valor, a essência da pessoa humana.
Como diz o direito nacional e internacional, confirmado pelo seqüenciamento
do genoma humano, só existe uma raça: a raça
humana.
Células-tronco
As totipotentes e pluripotentes
só são encontradas nos embriões.
Totipotentes (ou embrionárias) - Conseguem se diferenciar em
todos os 216 tecidos (inclusive a placenta e anexos embrionários)
do corpo humano.
Pluripotentes – Diferenciam-se em quase todos os tecidos humanos,
menos placenta e anexos embrionários.
Multipotentes - Formam diversos tipos de tecidos, mas não espermatozóides
e óvulos.
Oligopotentes - Diferenciam-se em poucos tecidos.
Unipotentes - Diferenciam-se num único tecido.
“O médico interfere
no campo do sujeito, em seu corpo e, por vias indiretas não
apenas contingentes, em sua vida pessoal, suas emoções,
sua “socialidade”, suas economias. Por isso é
a medicina uma profissão moral. A medicina não é
uma ciência, campo de exatidões, de estatísticas,
de generalizações. É, na verdade, uma aplicação
prática das ciências médicas, fisiológicas
e biológicas em alguém em particular, num tempo e
local particular.” (8)
Médicos têm
obrigação moral na hora de “receitar remédios”
Em princípio, os remédios
devem ser eficazes, eficientes e efetivos. Eficazes são os
que os que foram validados por método rígido e demonstraram
que solucionam o problema investigado (podem não chegar a 100%).
Comete injustiça quem gasta dinheiro público com um
produto que não demonstra eficácia. Se os benefícios
superarem os custos é eficiente. Será efetivo se for
eficiente em condições reais.
Algumas questões que
precisam ser respondidas:
Primeira - Qual a responsabilidade
do médico que implanta um número excessivo de embriões,
vindo a gerar uma gravidez múltipla que poderá gerar
danos à saúde da mãe, colocar em risco a sobrevivência
dos fetos e trazer desequilíbrio financeiro e emocional à
família da gestante?
Segunda - No caso de gestação
múltipla ocorrida pela implantação de grande
quantidade de embriões, vir a gerar problemas de saúde
à mãe, poderão ser retirados alguns embriões?
Quais deles? Quem poderá decidir tal questão? Poderíamos
usá-los como fontes de células-tronco?
Terceira - Qual seria o procedimento
cabível para a empresa que possui embriões e material
genético criopreservados em caso de falência, insolvência
ou decisão de término de atividades? Qual seria o destino
de tal material?
Quarta - Que células-tronco
parecem mais eficazes, eficientes e efetivas?
Doutrina Espírita e discriminação
(9)
"Há necessidade do enfrentamento crítico
da ideologia discriminatória de todo tipo. Nas ciências
biomédicas é emblemático o exemplo do estigma
da lepra que aterroriza pacientes da curável hanseníase.
"Enquanto não for desenvolvido um programa educativo
adequado, hanseníase continuará sendo sinônimo
de lepra. Persistirão os graves problemas psicossociais por
ela acarretados". (10)
O Espiritismo, a despeito de ter surgido através
do método científico, também é alvo da
postura discriminatória. Na origem do preconceito estão
menos os argumentos religiosos (filosóficos) e mais os instrumentos
políticos.
Em alguns temas os argumentos “religiosos” são
recusados e se procura refletir apenas com os das ciências,
incluindo as jurídicas. A discussão do início
da vida e do aborto são exemplos que exigem altos vôos
da razão e do sentimento.
Apesar da alergia que o “antígeno religião”
pode causar, gostaria de contar que ao término da conferência
pública com o médium Divaldo Franco, realizada no Grupo
Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, 26 de julho
de 2007, o espírito assim se pronunciou:
"Nós que nos comprometemos em tornar
melhores os nossos próprios dias deveremos avançar
semeando bênçãos e distribuindo consolações.
A humanidade necessita mais de exemplos dignificantes do que de
palavras retumbantes."
Destacamos o exercício prático
da transformação pessoal e a ciência como promotora
da esperança.
O médico Arthur Conan Doyle, criador da série Sherlock
Holmes, escreveu a "História do Espiritismo", que
foi traduzida por Júlio de Abreu Filho. O filosofo José
Herculano Pires é o autor do prefácio que nos fala da
obra e do escritor de renome mundial:
"O médico Arthur Conan
Doyle, o homem voltado para os problemas científicos, o pensador,
debruçado sobre as questões filosóficas, e
o religioso, que percebe o verdadeiro sentido da palavra religião
- todos eles estão presentes nesta obra gigantesca, suficiente
para imortalizar um escritor que já não se houvesse
imortalizado."
Da obra (Editora Pensamento, SP,
SP, 500 p) vamos ficar com a página 174, 5º capítulo,
"A Carreira de D. D. Home", porque atende ao nosso objetivo.
É um parágrafo onde o médico escritor faz uma
afirmação que comprovei ao longo da vida acadêmica.
Sua clareza nos obriga a citá-lo ad litteram:
"Os homens de ciência
se dividem em três classes: os que absolutamente não
examinaram o assunto - o que não os impede de pronunciar
opiniões muito violentas; os que sabem que a coisa é
verdadeira, mas temem confessá-lo; e, finalmente, a brilhante
minoria dos Lodges, dos Crookes e dos Lombrosos, que sabem que é
verdade e não temem proclamá-lo."
Para Ellen Gracie, presidente do
STF, no zigoto a "pessoa humana não existe..." (Luiz
Carlos Formiga)