A palavra cisco pode ser definida
como pó, miudezas de carvão. Sendo a morte hereditária,
a vida do espírito reencarnado na Terra é menos que
um cisco, comparada à eternidade da alma imortal.
“Desencarnação Processo de Transição”
(1) explica que a morte é a cessação
da vida orgânica e que a desencarnação é
a libertação do Espírito. Não é
a partida do Espírito imortal que causa a morte do corpo, uma
vez que é exatamente essa que determina a sua partida, para
outro plano.
As drogas, incluindo o álcool, aprisionam o homem, tornando-o
dependente. Libertar-se delas equivale, ainda na Terra, a verdadeiro
renascimento. Também aqui, alguns não se libertam com
facilidade, porque ainda psiquicamente acorrentados aos prazeres da
carne, assim como o espírito nem sempre está em condições
de deixar o corpo na morte biológica. Disse um suicida, na
reunião mediúnica: “não estou morto, no
entanto sinto os vermes a me roerem”. Provavelmente a vida deste
espírito na Terra estivesse fortemente ligada a valores materiais,
carência de fé e ausência de Deus.
Em julho de 2013, em visita ao hospital São Francisco de Assis
no Rio de Janeiro, outro Francisco tocou no problema das drogas: "é
necessário enfrentar os problemas que estão na raiz
do uso". Apelou para que as pessoas se esforcem para construir
um mundo mais justo e solidário: “sempre se pode colocar
mais água no feijão”.
Francisco, o papa, disse ainda: “na sociedade atual prevalece
o egoísmo. O tráfico de drogas semeia a morte. O ter,
o dinheiro, o poder, podem gerar um momento de embriaguez, a ilusão
de ser feliz, mas, no fim de contas, são eles que nos possuem
e nos levam a querer ter sempre mais, a nunca estar saciados”.
“Coloque Cristo na sua vida, deposite nele a sua confiança
e você nunca se decepcionará".
O espírito André Luiz, pelo médium Francisco,
diz: “a vida física é uma escola abençoada,
mas se você não se aproveitar dela a fim de aprender
suficientemente lições que se destinam ao seu engrandecimento
espiritual, em nada lhe valerá o ingresso no aprendizado humano.”
(2)
As drogas, como o álcool, não
são boas opções, pois podem nos conduzir desde
a morte violenta até ao suicídio inconsciente. O próprio
espírito André Luiz passou por essa experiência
dolorosa. Hoje nos elucida “que o caminho do bem é laborioso
e difícil. No entanto, se você não se dispuser
a segui-lo, ninguém o livrará da perigosa influência
do mal.
A compaixão se apodera de nós quando ouvimos
relatos semelhantes ao da reunião mediúnica acima referida
e acreditamos ser fundamental divulgar a conclusão do livro
Agenda Cristã. Nela, André Luiz diz que “ a felicidade
eterna incontestavelmente é realização superior,
fora dos quadros transitórios da carne, no entanto se você
deseja perseverar no campo dos prazeres fáceis e inferiores
das esferas mais baixas, dentro delas perambulará, indefinidamente.”
Aprendemos, com Kardec, que a condição de espírito
incrédulo reencarnado, distante de Deus, pode ser uma dura
expiação (3). Toda expiação
é construção pessoal e intransferível,
uma vez que somos arquitetos do próprio destino quando fazemos
escolhas e tomamos decisões. Mas, se Deus desejasse a dor,
não teríamos a anestesia. Cabe-nos optar pela solidariedade,
procurando aplacar sofrimentos e também procurar evitá-los.
Uma boa oportunidade aproveitou o espírito André Luiz,
quando nos deixou esses esclarecimentos. Diz ele que Deus está
conosco em todas as circunstâncias; todavia, se não estivermos
com Ele, ninguém pode prever até onde, como espírito,
desceremos aos domínios da intranquilidade e da sombra.
O Centro Espírita Jacques Chulam, em 2013, criou uma nova equipe
para estudos semanais das dependências humanas (4).
No mês, são quatro dias para estudar e discutir cada
um dos 12 passos dos Alcoólicos Anônimos. Buscar-se-á
compreender como a aplicação dos 12 passos pode ajudar
na superação da dependência, num ambiente de interação
com postulados da Doutrina Espírita.
Estamos também procurando refletir sobre o melhor modo de adequar
o funcionamento, por longo prazo. Enumeramos, ainda que de forma imperfeita,
doze lembretes, são “ passos” nesse sentido:
1. Organizar uma estrutura de poder
coerente com a busca espiritual;
2. Acreditar que a força de uma Instituição
está na clareza e na nobreza de suas metas; na eficiência
dos seus métodos; na intensidade do seu trabalho e na confiança
recíproca dos seus membros;
3. Procurar usar a ciência e a arte de formar cidadãos
conscientes, saudáveis e equilibrados nos seus atos pessoais
e sociais;
4. Privilegiar o poder solidário. Aquele que se organiza
para facilitar a ajuda mútua;
5. Exercitar a capacidade do trabalho em equipe, procurando se motivar
para objetivos e metas do grupo;
6. Desenvolver a inteligência espiritual;
7. Libertar-se da ilusão de possuir grande saber e da infalibilidade;
8. Perseverar mantendo foco no objetivo da missão pessoal,
lembrando que Jesus lecionou no sentido do atemporal e ilimitado;
9. Assumir a postura de parceiro, voltado para a formação
de novos líderes;
10. Procurar lembrar que “autoridade” é crédito
de competência, oferecido a quem o merece por direito;
11. Constituir um grupo de trabalho onde a unidade se dê em
torno do objetivo comum, onde cada um seja estimulado no seu potencial
e nunca se coloque superior ao grupo;
12. Iluminar o conceito de democracia com conhecimento, trabalho
e intenção solidária.
Doze também são passos trilhados
por Francisco Cândido Xavier, homem de bem, cidadão consciente
e equilibrado que teve Jesus como modelo (5).
Ressaltamos de sua personalidade a permanente solidariedade,
a capacidade de autocrítica. Quando comparado a espíritos
de grande envergadura demonstrava sua verdadeira humildade, dizendo
que se sentia diante deles como um cisco. Brasileiros o indicaram
ao Prêmio Nobel da Paz.
Outro exemplo de solidariedade é a Irmandade dos Alcoólicos
Anônimos que recebeu merecido prêmio (6).
Ensina a vencer a adversidade ao admitir a existência de uma
inteligência suprema. A pessoa, na Irmandade, passa a adquirir
uma força interna capaz de ajudá-la a se transformar
e se restabelecer.
Em 1950 e 1967, reconhecendo a excepcional contribuição
dos Alcoólicos Anônimos à humanidade, a Ordem
dos Padres Franciscanos outorgou-lhes seu Prêmio Franciscano.
Um incentivo a que todos permaneçam, sem cansaço, neste
exercício de transformação pessoal e solidariedade.
Em 1950, Bill disse que São Francisco de Assis tinha feito
muito por ele e pelos Alcoólicos Anônimos. Francisco
e Clara de Assis cultivavam três paixões ao longo de
toda a vida: a paixão pelo Jesus pobre, pelos pobres e a de
um pelo outro (8,9).
Quando estivermos com Deus e com Jesus poderemos começar a
ver a luz da felicidade que desfrutaremos mais adiante. O passo inicial
pode parecer um cisco, mas o necessário e suficiente para sairmos
lá do fundo do poço.
(2) Livro Agenda Cristã. André Luiz/Chico
Xavier
http://www.limiarespirita.com.br/livros/agenda_crista.pdf
http://bvespirita.com/Agenda%20Crist%C3%A3%20%20(psicografia%20Chico%20Xavier%20-%20esp%C3%ADrito%20Andr%C3%A9%20Luiz).pdf
(4) http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2013/01/dependencias-grupo-de-estudos.html
(5) http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/por-que-considero-inteligente.html
(9) Boff, 25/3/2012. http://leonardoboff.wordpress.com